Da austeridade e sobriedade da Quaresma, brota a alegria, suavizando o clima penitencial deste tempo litúrgico. A fonte desta alegria é a proximidade da Páscoa. Neste Domingo “Laetare”, Deus convida-nos a alegria por poder saborear o encontro com o Senhor ressuscitado na Palavra e na mesa eucarística. O livro das Crónicas narra-nos, na primeira leitura, o acontecimento mais doloroso do povo de Israel: o exílio na Babilónia. Israel afastou-se de Deus e começou a praticar os “costumes abomináveis” dos pagãos. Nessa altura, o rei Nabucodonosor invade Jerusalém, destrói o templo, e leva para o cativeiro da Babilónia todos os israelitas “que tinham escapado ao fio da espada”. Perderam, assim, a terra prometida que Deus lhes tinha dado, ficaram sem rei e o templo foi destruído, o lugar onde Deus se tornava presente no meio do seu povo. Perderam tudo. Mas, no fim da leitura, aparece a acção de Deus na história. O rei persa Ciro é visto pelos profetas de Israel como escolhido por Deus para libertar o seu povo da escravidão na Babilónia. Um pagão, como Ciro, sem saber, pode estar a cumprir a vontade de Deus ao decretar o regresso dos israelitas à sua terra. A acção de Deus está entrelaçada com a história, de tal maneira que tudo forma uma textura de história de salvação para os filhos de Deus. Aquilo que consideramos que nos prejudica, que é um mal, que parece que está contra nós (como era o exílio babilónico para os israelitas), é uma oportunidade para Deus revelar, no tempo, a sua acção salvífica. O evangelho narra-nos uma parte do diálogo de Jesus com Nicodemos. Em primeiro lugar, Jesus diz que será “elevado. Ele quer revelar-nos o mistério salvífico que começa a despontar, quando for levantado na Cruz. No Calvário, desembocam a morte e o triunfo, a ignomínia e a exaltação, a aniquilação e a glorificação. Jesus entrega-se na Cruz para que se cumpra o que foi profetizado no episódio da serpente de bronze que Moisés elevou no deserto para curar todos aqueles que eram mordidos pelas serpentes venenosas. Apesar de sermos barro e cinza, somos destinatários da misericórdia e do amor de Deus, revelados na Páscoa. As feridas do Senhor curam-nos com o bálsamo do amor do Pai. Em segundo lugar, Jesus revela a causa da condenação dos que não acreditam: “a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz”. Nicodemos saiu, de noite, ao encontro de Jesus, da luz. Regressou, novamente, às trevas, mas aprendeu o caminho que conduz à luz. Também nós percorremos vales obscuros e sombrios, mas sabemos que em Cristo Ressuscitado encontramos a luz verdadeira que destrói todas as trevas. A fé é uma luz que nos permite descobrir o significado da vida e o caminho que conduz ao Pai. Esse caminho é um dom oferecido a todos os homens e mulheres. “É pela graça que fostes salvos, por meio da fé”. A segunda leitura, da carta aos Efésios, recorda-nos que a iniciativa da nossa salvação provém de Deus, e não de nós. Agora, cada um tem de acolher este dom, porque sem a liberdade pessoal, a fé está morta. Deus dá-nos liberdade, como a tinham os israelitas para regressarem à sua terra ou ficarem em Babilónia; diante do dom de Deus, cabe a cada um de nós decidir se quer continuar a viver nas trevas ou aproximar-se da luz que nos revela o sentido da nossa vida. A nossa vida tem de ser o reflexo do amor de Deus, revelado por Cristo na cruz, amando até ao fim.
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paroquiasagb
Leitura Espiritual
«O Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha nele a vida eterna»
Quando o povo pecou no deserto (Nm 21,5s), Moisés, que era profeta, ordenou aos israelitas que fixassem uma serpente a uma cruz para matarem o pecado. Eles tinham de olhar para a serpente porque fora por meio de serpentes que os filhos de Israel tinham sido castigados. E por que razão o foram por meio de serpentes? Porque tinham renovado a conduta dos nossos primeiros pais: Adão e Eva tinham pecado comendo o fruto da árvore; os israelitas tinham murmurado por causa da comida, e proferir queixas porque não se tem legumes, é o cúmulo da murmuração. O salmo afirma: «Eles revoltaram-se contra o Altíssimo no deserto» (Sl 77,17). Ora, também no Paraíso tinha sido a serpente a dar início à murmuração. Os filhos de Israel aprenderiam assim que a mesma serpente que tinha conspirado para levar a morte a Adão conspirara igualmente para os matar a eles. Por isso, Moisés suspendeu-a de um madeiro, a fim de que, ao vê-la, eles fossem conduzidos, por semelhança, a recordar-se da árvore. Com efeito, aqueles que para ela voltavam os seus olhos eram salvos, não por causa da serpente, naturalmente, mas por se terem convertido. Olhando para a serpente, recordavam-se dos seus pecados. Por terem sido mordidos, arrependiam-se e voltavam a ser salvos. A sua conversão transformava o deserto em morada de Deus; o povo pecador tornava-se, pela penitência, uma assembleia eclesial e, melhor ainda, apesar de si mesmo, adorava a cruz. (Sermão atribuído a Santo Efrém, c. 306-373, diácono da Síria, doutor da Igreja, Sobre a penitência).
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Programação de Celebrações e Missas da Semana, de 12 a 17 de março da Unidade Pastoral P. Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã, Algodres e Freixiosa.