“Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O”. A estrela guiou os Magos ao Menino e iluminou o seu caminho. Mas a estrela da humanidade é este Menino. Ele é o caminho, que nos conduz à vida; é o caminho da verdadeira vida. Talvez os Magos do Oriente tivessem conhecimento da profecia: “uma estrela surge de Jacob e um ceptro se ergue de Israel” (Nm 24,17), mas faltava-lhes informação. Apesar de desconhecerem onde tinha de nascer o Rei dos judeus, foram à sua procura; foram à procura de Deus. Ao ver a estrela, puseram-se a caminho. Eram homens aventureiros e de esperança. Apesar das dificuldades próprias da viagem, souberam dialogar entre eles, respeitaram-se, perdoaram-se. Certamente que, ao longo do ano passado, enfrentámos muitas dificuldades, mas também tivemos momentos em que Deus fez brilhar a sua presença: uma conversa com alguém, uma leitura, um momento de oração, uma pessoa…tudo isto são convites a pormo-nos a caminho para não ficarmos instalados no nosso eu, fechados nos nossos palácios do egoísmo, do orgulho…nas jaulas de ouro do lucro injusto, do consumo excessivo, da indiferença para com o “pobre que pede auxílio e o miserável que não tem amparo”, como nos diz o salmo. Os Magos chegaram a Jerusalém guiados pela lógica da razão: se nasceu o Rei dos judeus, encontrá-lo-emos na capital e no palácio principal (de Herodes). Como reagiram as autoridades civis e religiosas? “Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém”. Deus coloca em sobressalto o nosso comodismo e conformismo. Para procurar e ir ao encontro de Deus, é preciso seguir a estrela da fé, que da pequenez faz tudo grande: “Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo”. A pura razão sem a luz da fé não nos deixa ver nem a estrela nem o cumprimento das profecias. É interessante notar que os Magos foram bem orientados por aqueles que se perturbaram e que tinham más intenções: “Herodes enviou-os a Belém”. Quando lá chegaram, a procura converte-se em encontro; procuravam um Rei na capital, mas encontraram-se na periferia com o Filho de Deus e, ao vê-lo, “prostraram-se diante d’Ele, e adoraram-n’O”. Ofereceram-Lhe o melhor que tinham: ouro, sinal da sua realeza; incenso, sinal da sua divindade; mirra, sinal da sua humanidade. “E, avisados em sonhos, regressaram à sua terra por outro caminho”. Já não precisavam de olhar para as estrelas, porque olhando para a terra foi-lhes revelado o “mistério”, como nos diz a segunda leitura: um Deus menino, do qual se convertem em suas testemunhas, como os pastores na noite de Natal, porque “os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho”. Jesus é o Rei, é Aquele que vem trazer a todos os povos a revelação do amor do Pai. Hoje, que “Herodes” andam por aí a reinar? Será que eu sou um “Herodes”? Estas são as palavras dos “Herodes” de hoje: “isto é meu, é só para mim”; “não quero saber dos outros”, “cada um que se governe”, “eu é que sei e só eu tenho razão”, “eu sou o maior, não quero saber dos outros”, “não tens poder nem influência, não prestas e não serves para mim”, etc. “Levanta-te, porque já chegou a tua luz”, como diz Isaías. Levanta o teu olhar, como os três Magos, e descobre a prenda da graça de Deus e da luz do Seu Espírito. Que prendas podemos pedir a Jesus? A Sabedoria da Esperança para as dificuldades que iremos enfrentar neste ano; a Sabedoria da Caridade para não perder de vista a solidariedade; a Sabedoria da Fé para que sempre nos sintamos acompanhados por Jesus, a Sabedoria de Deus encarnada.
LEITURA ESPIRITUAL
«E, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O».
(Na festa da Epifania), estimulada pelo exemplo dos bem-aventurados magos, Gertrudes elevou-se com fervor e prostrou-se com humilde devoção aos santíssimos pés do Senhor, adorando-O em nome de tudo quanto existe no Céu, na Terra e nos infernos (cf Fl 2,10). Não encontrando presente digno que pudesse oferecer-Lhe, percorreu todo o Universo com desejo ansioso, procurando entre as criaturas alguma que fosse digna de ser oferecida ao seu bem-amado. Correndo desta maneira, queimada pela sede do seu fervor ardente, descobriu coisas desprezíveis que qualquer criatura teria rejeitado, considerando-as indignas de serem oferecidas ao louvor e à glória do Salvador. E, apoderando-se delas com avidez, entregou-as ao único que todas as criaturas deveriam servir. Graças ao seu fervoroso desejo, atraiu ao seu coração toda a dor, o temor e a angústia que todas as criaturas suportaram desde sempre, não para glória do Criador, mas por sua culpa e enfermidade, e ofereceu-as ao Senhor como mirra de selecção. Em seguida, atraiu a si a santidade fingida e a devoção afectada dos hipócritas, dos fariseus, dos hereges e outros parecidos, e também a ofereceu a Deus, como sacrifício de incenso suavíssimo. Por fim, procurou atrair ao seu coração toda a ternura humana e o amor adulterado e impuro de todas as criaturas, e ofereceu-os ao Senhor como ouro precioso. Todas estas coisas estavam reunidas no seu coração, e o amoroso desejo com que se esforçou por fazer delas uma homenagem perfeita ao seu bem-amado, qual fogo ardente, livrou-as de todas as escórias, como o ouro é purificado na fornalha, e elas apareceram como nobre e maravilhoso presente para o Senhor. O desejo de Lhe agradar de todas as maneiras, testemunhado por estas oferendas, suscitou no Senhor inestimáveis delícias, qual obséquio de rara beleza. (Santa Gertrudes de Helfta, 1256-1301, monja beneditina, O Arauto, Livro IV, SC 255).
Paroquiasagb
Programação de Missas e Celebrações da Semana, de 10 a 14 de janeiro na Unidade Pastoral P. Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã, Algodres e Freixiosa.