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Avisos da Unidade Pastoral de Fornos de Algodres e Aguiar da Beira

SENSIBILIZAR OS JOVENS PARA A LITURGIA

Falar de jovens e de liturgia é quase sinónimo de falar em conflito. Tanto nas conversas como em ambientes cultos, estes dois termos geram algo explosivo. Parece que não se poderão conciliar estes dois aspectos, ou que a problemática que representa este binómio é algo impossível ou muito difícil de resolver.
Em 1969, aquele que seria conhecido como cardeal Daneels, arcebispo de Malines-Bruxelas, escreveu um artigo sobre o problema que era a missa dos jovens. Apesar de fazer referência a “uma autêntica inquietação para alimentar e animar os jovens no seu progresso religioso”, também destacava “os perigos que representa o desencanto dos jovens nas nossas celebrações litúrgicas”. Parece que este problema continua actual ou, até, ter-se-á agravado.
Naquele tempo, há 50 anos atrás, procurava-se aproximar os jovens à liturgia renovada do Concílio Vaticano II. Para tal, ensaiavam-se formas de participação e procurava-se uma nova linguagem. Introduzia-se um novo reportório de cânticos. Utilizavam-se novos instrumentos musicais e adoptavam-se ritmos próprios de outros tipos de celebração e de outras culturas. A ideia da participação activa, introduzida pela reforma litúrgica, propiciava a implantação de novos modos de celebração. Não se participava somente a ler as leituras ou a entoar cânticos, mas também a homilia era participada e comentada por todas pessoas; as intenções da oração dos fiéis eram ditas espontaneamente; as oferendas eram levadas ao altar com alguma criatividade. Em certas ocasiões, a oração eucarística era improvisada no momento ou tomada de certas publicações de pastoral juvenil.
Era digno este esforço pastoral para levar a juventude à compreensão e à vivência da liturgia. Tudo isto servia para ultrapassar a angústia de certos jovens que se sentiam presos da prática religiosa e litúrgica habitual na pedagogia dos colégios, principalmente religiosos, vulgarmente chamados de frades e de freiras. Também servia para os jovens se libertarem da “tirania” familiar que obrigava a ir à missa todos os domingos e dias santos (festas de guarda).
Naquele tempo era habitual ouvir frases mais ou menos idênticas a estas: “não vou à missa, já tenho missas que chegue para a vida”, “isto é que é uma celebração viva, a da minha paróquia (ou colégio) não é”.
Hoje, a participação dos jovens na liturgia continua a ser um problema. Continua a haver as missas jovens, as páscoas jovens, etc. Mas o problema atual já não é como levar os jovens à liturgia, mas como aproximar os jovens a Jesus Cristo, à fé.
A prática religiosa desceu consideravelmente, especialmente entre os jovens. A problemática já não está restrita ao formato da celebração, mas à essência da celebração. A pergunta já não é “como devemos celebrar a fé?” mas a seguinte: “é necessário celebrar a fé?”, ou pior ainda, “há algo para celebrar?”.
Pode ser bom ter missas de jovens ou, em linguagem mais cuidada, missas com jovens, mas é melhor que os jovens participem nas celebrações normais das comunidades paroquiais, pondo a render as suas qualidades.
Então, que fazer? Era importante tirar os jovens da alternativa entre o tudo e o nada. O jovem cansa-se da repetição (a ritualidade) e procura a criatividade. Está farto de normas e de leis e prefere a liberdade. Não aprecia o antigo, mas a novidade. Cansado de coisas aborrecidas, procura a alegria e a festa. Não se contenta em ser rebanho massificado; por isso, refugia-se em pequenos grupos de amigos.
Todavia, a Liturgia prefere a fidelidade à normativa a procurar novas formas, procura a objetividade das coisas e não o subjetivismo, gosta dos símbolos sagrados e não dos convencionais. Evita a confusão e folclore festivo e recria-se numa séria solenidade. Sem esquecer o compromisso humanista, propõe-nos celebrar o mistério transcendente. Perante o perigo de fechar-se em grupos de amigos, procura a abertura de acolher todos.
Perante este dilema, é importante um novo plano de formação: faz falta uma formação catequética e litúrgica que ajude a compreender a importância da celebração, sobretudo dos sacramentos e, especialmente, da Eucaristia. É preciso novos meios para a compreensão do universo simbólico cristão. É necessário ajudar a descobrir a importância da comunidade para a vivência autêntica da fé. É importante formar a capacidade de discernimento para poder comparar o que é essencial e o que é secundário na vivência da fé e da liturgia. Não se pode ter uma agradável vivência da liturgia sem aceitar algumas regras comuns respeitadas por todos. Não se poderá celebrar uma autêntica liturgia separada da vida. Será inevitável uma certa tensão, porque nunca estaremos “confortáveis” na perfeição. Por isso, é importante sensibilizar os jovens na liturgia.

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