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Artigos de Opinião

Artigo de Augusto Falcão—-Natal a chegar

E mais um ano está prestes a terminar; dezembro chegou e com ele chegaram as festas.

O Natal está a porta, o fim do ano é daqui a um saltinho. E para trás mais um ano fica.

É nesta época, que começamos a pensar no Natal, no que vamos fazer para o Natal, no que vamos gastar, no que vamos comprar, oferecer etc.

Chegámos à época do consumo desenfreado que as televisões nos oferecem; brinquedos, telemóveis, televisões, enfim a época do consumo.  As ruas vão encher-se de luzes, os miúdos vão aos centros comerciais e está lá o Pai Natal, pedem-se prendas de todos os tipos.

Mas eu lembro-me de um outro Natal; e desse tenho muitas saudades.

Naqueles tempos, a televisão era a preto e branco; em vez de brinquedos, telemóveis, tablets e afins, oferecia-se roupas ou calçado, que era mais que necessário. Pai Natal de chocolate ou as fantasias de Natal que apareciam nos anúncios da RTP; sim porque SIC e TVI nem em sonhos.

A árvore de Natal era um pinheiro normal, que acabava por fazer lixo quando as “folhas” secavam e caíam ao fim do Natal; luzes na árvore nem sonhar. A neve imitava-se com pedaços de algodão; o presépio era simples; três Reis Magos, um menino Jesus, Maria, José, o burro e a vaca; se houvesse mais umas figuras decorativas, ia-se ao musgo e com terra fazia-se os caminhos;

Na escola, os miúdos com papel de lustro tinham recortado as estrelas ou outros motivos de Natal que acabavam por servirem de decoração à arvore e ao presépio.

 Músicas também não havia. As poucas prendas que havia eram lá colocadas, debaixo daquela árvore simples, mas que para nós era algo mágico; havia sempre aquela esperança de um brinquedo por mais tosco que fosse, mas no fundo sabíamos que era tudo roupa ou calçado.

O comer da ceia de Consoada, era o bacalhau com todos quando havia dinheiro para o comprar; o cabrito, o arroz de polvo, isso é tudo, desculpem-me a expressão, modernices. Arroz-doce para a sobremesa e depois sentava-se a família de volta da lareira, a falar…

Televisão era raro, e havia aquele aconchego da família a ouvir o estalar da lenha na lareira; a mesa depois do jantar da Consoada era uma mão cheia de sonhos, filhoses ou qualquer outro doce típico de Natal feito com aquele amor e carinho que as avós e as nossas mães tinham nas suas mãos.

Realmente nunca haverá bacalhau feito na panela de ferro à lareira, ou arroz-doce como o da avó. Não desprezando os dotes culinários de quem nos prepara hoje o jantar de Consoada. Mas recordo tão bem que tudo aquilo, apesar de hoje nos parecer “pobre” tinha um sabor mágico.

À meia-noite ou já se dormia ou se ia à missa do Galo; os miúdos deitavam-se cedo, porque achavam que assim o dia chegava mais depressa para abrir as prendas.

E quando chegava o dia de Natal, aquela manhã do 25, os miúdos levantam-se a correr e iam direitos à arvore, e os presentes eram distribuídos; o papel era rasgado, e as roupas ou calçado eram vistas por eles; não havia brinquedos, mas havia roupa; os brinquedos era algo supérfluo…

Mas havia algo nestes Natais que se perdeu com os tempos; perdeu-se a nossa inocência, e a magia que nós sentíamos…

Hoje, aquilo que no passado para nós era algo diferente e mágico, transformou-se numa época comercial; onde o comer com fartura, o consumismo das prendas, as luzes, as músicas, o Pai Natal sentado num centro comercial, fez perder toda a magia daquilo que nós há muitos anos chamávamos de Natal.

Felizes festas a todos.

 Augusto Falcão

FNAM reage em comunicado

Em comunicado, a FNAM relativamente ao anúncio feito pelo Ministério da Saúde, a FNAM esclarece que não houve qualquer alteração do Acordo Coletivo de Trabalho. Houve uma proposta do Governo, de atualização de salarial com valores baixos, mas que se aplicam a todos os médicos. As tabelas remuneratórias são comuns a todos os médicos, aplicam-se a todos os médicos sindicalizados ou não, internos ou especialistas, em função publica ou com contrato individual de trabalho, que trabalham no SNS. A FNAM não se opõe à Constituição que salvaguarda que para trabalho igual salário igual.

Artigo opinião-Telemóveis nas escolas? Não, obrigado

Quando na política não se quer resolver um assunto, costuma-se dizer “crie-se uma comissão “ou “peça-se um parecer”.

A indecisão socialista do costume, mais precisamente do ministro da Educação, na questão do uso dos telemóveis nas escolas, teve a intenção deliberada de deixar passar o arranque das aulas até todas as escolas terem as suas regras definidas quanto ao uso dos aparelhos eletrónicos. O ministro da Educação João Costa pretende que este assunto saia da agenda política para nada decidir, fazendo lembrar as indecisões guterristas de outros tempos.

Enquanto a ansiedade, a dependência e vício dos alunos pelos telemóveis é uma realidade nas escolas, o governo andou nos últimos dois anos no sentido contrário, com uma política que pôs os alunos dentro de sala de aula a realizar provas digitais e a aderir em massa aos manuais digitais. O uso dos computadores foi privilegiado, o telemóvel na escola não foi proibido, colocando os alunos do 2º ano e 5º ano de escolaridade, que ainda não têm a caligrafia definida entre outras debilidades no domínio da escrita, a efetuar provas de português no final de ano através do computador.

Devido a esta política do Governo totalmente virada para as novas tecnologias constatamos que hoje em dia os alunos cabo-verdianos, por exemplo, detêm uma caligrafia melhor do que os alunos portugueses, por estarem menos habituados aos computadores e aos telemóveis do que os alunos portugueses.

A regressão cognitiva que os países nórdicos detetaram nos seus alunos é reveladora de que os aparelhos eletrónicos têm um efeito nefasto não só na retenção de conhecimentos pelos alunos, mas também na socialização nos tempos livres na escola entre as nossas crianças e jovens que passam os seus intervalos das aulas agarrados ao telemóvel.

Por outro lado, seria bom o senhor ministro da Educação lembrar-se que muitos alunos manuseiam melhor os aparelhos eletrónicos do que a maioria dos professores com mais de 50 anos, muitos deles avessos à tecnologia, sem saber como controlar o uso de computadores.

Sr. Ministro, veja a escola real e não uma escola virtual. Veja uma escola que tem de ser moderna no ensino tecnológico por parte dos professores, mas mais moderada na aprendizagem pelas novas tecnologias por parte dos alunos.

Sr. Ministro, é salutar a existência de tempo para o uso do computador numa sala de aula, mas também é salutar a existência de tempo numa sala de aula para o trabalho real.

Paulo Freitas do Amaral

Professor de História

Artigo de Vítor Santos—S4 Congress em Viseu: boas práticas no Desporto

O futebol não é apenas um golo espetacular, uma finta excelente ou uma defesa sensacional de um guarda-redes. O futebol é também a participação do adepto, a inclusão da comunidade e o cheiro da relva ou de um pelado molhado. O futebol é muito mais do que a perceção que se tem do jogo. Participar num jogo de futebol tem de ser sempre uma vivência fantástica para os intervenientes, quer estejam dentro ou fora das quatro linhas.

O futebol é muito mais do que se vê. É uma experiência que marca qualquer criança. Uma memória que transcende a imagem e que perdura no tempo. É esta magia que nos move na paixão pelo jogo. É esta magia que temos de preservar.

A Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência (APCVD) organizou em Viseu um notável Congresso que, para além de promover a segurança nos espetáculos desportivos, ressaltou a partilha de excelentes ideias e práticas que temos na hospitalidade. Foquemo-nos nesta. É de nos fazer pensar. Porque não sabemos nós o que de excelência temos?! Porque não existe jornalismo desportivo que faça reportagens sobre estes clubes, empresas, ações, etc.? Sobre este evento?!

O adepto esteve no centro de um painel em que foram debatidos casos práticos como o Ranking Puro Futebol – Liga 3 (FPF), Campanha de sensibilização “Sintam-se em casa”, Audiodescrição – relato inclusivo, entre outros.

O adepto de hoje quer uma experiência positiva. Não quer ir para um jogo conflituoso, perder um tempo interminável para estacionar, estar à chuva, não poder usufruir do bar por ser tudo muito vagaroso, etc., etc. E já existem respostas para estas situações que visam proporcionar ao adepto uma experiência feliz.

O Ranking Puro Futebol – Liga 3 (FPF) tem sido uma pedrada no charco. Cândido Costa é o embaixador desta liga e confessou-se apaixonado por ela. A verdade é que a Liga 3 parece uma ilha ali no meio das competições seniores.

O Caldas Sport Clube é uma referência na arte de bem receber. Se, no distrito de Viseu, o Nespereira FC marca a diferença pela positiva e tem muito a ensinar a quem se diz grande, o CSC é já um marco no futebol nacional pela sua responsabilidade social e por se destacar ao longo da época desportiva nos valores do desportivismo, fairplay, respeito e paixão pelo jogo. Orgulho é o que se vê nos olhos de quem veste as cores deste clube nas mais diversas funções.

A audiodescrição já existe em alguns jogos. A partilha do Pedro Lima, adepto invisual do F. C. Porto, foi especial. A energia do poder do desporto. A paixão pelo futebol. Estava lá tudo. O Pedro mostrou-nos a sua força e a força do futebol. Muitos de nós não sabemos, nem queremos saber dos Pedros. Felizmente, hoje já existe audiodescrição em jogos e são estas vitórias que contam verdadeiramente.

E quanto à inclusão de adeptos com daltonismo? É verdade que já temos empresas a trabalhar com os clubes para proporcionar uma melhor leitura do espetáculo desportivo a adeptos daltónicos. Os casos de daltonismo não são raros. Em Portugal estima-se que 500 mil homens e 27 mil mulheres sofram dessa condição. Tê‑los em conta é fazer com que o desporto e os seus valores sejam de todos e para todos.

Parabéns à APCVD por organizar este excelente congresso internacional em Viseu. Foi um evento em que se partilhou o que de melhor se faz. Um evento que valorizou o Desporto.

Vítor Santos

Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

Artigo opinião-Adriano Moreira e o desencadear da “Guerra Colonial”

Corria o ano de 1961 quando o ministro do Ultramar Adriano Moreira recebeu, antes de António Salazar, um relatório “ultra secreto” do intendente de distrito Custódio Ramos com cerca de mais de 200 páginas com factos hediondos ocorridos no Uíge, a norte de Angola, no dia 15 de Março desse corrente ano.

O relatório em causa continha fotografias originais de algumas famílias de portugueses assassinados à catanada e de um grande número de corpos de angolanos do movimento UPA que lutava pela autodeterminação de Angola. O número de angolanos mortos pelos portugueses constantes nas fotografias desse relatório é impressionante; apresentavam-se amontoados da forma como nos habituámos a ver nos filmes dos campos de concentração da 2ª guerra mundial e muito provavelmente prontos para serem levados para valas comuns.

O relatório de Custódio Ramos para Adriano Moreira aborda o modo “desprotegido” como alguns portugueses viviam no meio do mato e também a forma “desarmada” com que os angolanos atacavam os portugueses, muitas vezes sob efeito de drogas, o que os levava a pensar que as balas dos “brancos” não lhes causariam a morte.

Este relatório, de que existe uma cópia no Museu Militar em Lisboa, leva-me a pensar se a abordagem que o ministro Adriano Moreira fez a António Salazar foi a mais “Humana” para poder resolver o conflito sem sujar as mãos de sangue, com uma guerra que custou muitas vidas aos portugueses, além dos traumas ainda existentes nos ex-combatentes.

É inestimável o contributo que Adriano Moreira deu para a consolidação da democracia, o contributo ideológico que deu para o CDS, apesar dos 4% obtidos em eleições, e toda a sua visão incomparável da política internacional em tempos de democracia, mas de facto ter estado numa posição “Estado” que desencadeou a célebre frase “Para Angola rapidamente e em força” não me parece ter sido a mais correta para um ministro com espírito tolerante e democrático com aspirações à política ativa posterior.

Este relatório confirma que toda a ação de estratégia da UPA constante no relatório de Custódio Ramos estava a ser feita a partir do “Congo Belga” e não em território angolano. Este relatório continha também panfletos distribuídos pela UPA com referências aos patrocínios das grandes potências protagonistas da “Guerra Fria” e uma carta dirigida ao ministro Adriano Moreira dando conta do árduo trabalho dos poucos portugueses que se iam defendendo com armas de fogo dos ataques da UPA e construindo pistas de aterragem para os aviões poderem largar mantimentos naquela zona inóspita, onde o mau tratamento por parte dos portugueses de alguns trabalhadores angolanos nas plantações de café foi a “gota de água” que fez transbordar o copo de uma colonização agressiva neste género de trabalhos agrícolas.

Este relatório, que parece quase uma “tese de doutoramento” devido à sua extensão e pormenor, não me parece ser facilmente esquecido por alguém que o tenha lido, apesar de ter sido elaborado há mais de 50 anos, o que pelo seu valor histórica já nos dá “liberdade” para o analisar com distanciamento temporal que a História exige.

Paulo Freitas do Amaral

Professor de História

Artigo de Sara Morais– A Hipnose e os Mitos

A relação entre a mente e o cérebro sempre suscitou grande interesse e debate, mas quando misturamos a Hipnose na equação parece que surge uma avalanche de mitos e de conceções falsas devido ao desconhecimento sobre este estado.

A hipnose é um estado fisiológico natural que através de um estado profundo de relaxamento, emparelhado com exercícios respiratórios, permite que o leitor consiga aumentar e afunilar a sua atenção e, assim, passar do estado de vigília para um estado mais focado e adequado para aceder a conteúdos internos e, por sua vez, desenvolver uma autoconsciência mental e emocional. Por outras palavras, a hipnose age diretamente sobre o sistema límbico, uma área especifica do cérebro que compreende também o Hipocampo e a Amígdala (estes responsáveis pelos diversos comportamentos, emoções, estímulos sexuais, processos de aprendizagem e memória); permitindo que a consciência fique permeável às sugestões terapêuticas. Seguidamente, o que acontece é que a sua perceção sobre o que o rodeia fica diminuída porque a sua atenção concentrada foi amplificada e direcionada para o seu “eu” interior. Este estado situa-se, exatamente, entre o estar acordado e o estar a dormir, estado esse que experiencia várias vezes ao longo do seu dia, por exemplo: quando está concentrado a ver a televisão ou, até, quando tem uma conversa interessante com alguém. Assim, como neste exemplo, não fica inconsciente, nem tão pouco vai adormecer, ou ficar incapacitado de saber o que está a acontecer. Não obstante, o seu corpo ficará completamente relaxado enquanto a sua mente ficará, particularmente, focada e ativada.

O facto de não existir perda de consciência significa, também, que estará no autodomínio da sua capacidade de “despertar”, simplesmente, abrindo os olhos sempre que desejar. Em adição, tudo o que experienciou sobre o estado da hipnose será recordado por si, pois estará consciente durante todo o processo.

   Nesta linha de eventos, o leitor não dirá ou fará nada contra a sua vontade, assim como a indução a esse estado de consciência só poderá acontecer se o permitir, deixando-se envolver pelas sugestões dadas pelo profissional, caso contrário nada acontecerá. O que contrapõe, de igual forma, o mito que só apenas as pessoas com uma personalidade mais fraca são hipnotizáveis, o que tal não corresponde à verdade. O facto do leitor possuir a capacidade de se concentrar, visualizar os seus pensamentos e imaginar os mesmos quer dizer que reúne todas as condições para o efeito. No caso de existir dificuldade no processo de foco e visualização estas capacidades vão sendo desenvolvidas e amplificadas à medida que vai colaborando no seu processo terapêutico.

   Em conclusão, a hipnose, enquanto fenómeno natural, fisiológico e mental, favorece o diálogo estruturado entre a mente e o cérebro no sentido de desenvolver uma postura mentalmente construtiva capaz de melhorar a sua saúde física, da mesma forma, que ajuda a superar os vários desafios impostos pelos diferentes estados mentais e emocionais.

   No próximo boletim de saúde poderá verificar mais sobre a identificação projetiva e o papel da Hipnose Clínica.

Sara Morais

Hipnoterapeuta

 

Artigo de Vítor Santos – DESPORTO: gerir expetativas e frustrações

Nas dezenas de ações que tenho dinamizado um pouco por todo o lado, a recetividade é sempre excelente. Mesmo os mais céticos a um Desporto com ética se rendem. Depois, quando fazem a transposição para a prática, nem sempre as coisas correm bem. E aí a minha frustração, por vezes.

Não sou utópico ou ingénuo. Não sou eu que vou em contramão. Os promotores de ódio e usuários de terminologia balística têm palco diário e amplificado. Mas não são genuínos. Não têm as convicções que me movem na promoção da prática desportiva.

Sei que temos de ter em conta que, no desporto, a frustração surge diversas vezes. Mais do que o sucesso. São muitos os fatores que surgem e que não controlamos, e muitas vezes, a definição de obtenção de sucesso é subjetiva.

Cada vez mais a diferença entre adversários é menor, pelo que se torna vital conseguir ultrapassar as contrariedades e as desilusões, de forma a estar sempre em condições de continuar a lutar pelo sucesso. A superação é a base do desporto de competição.

Os aspetos positivos são muito mais o foco do que os negativos. É para os aspetos positivos que temos de orientar a nossa participação. Não devemos ficar agarrados a conflitos e situações que não controlamos. Os próprios treinadores e dirigentes têm de saber quando o jogo acaba e que não podem dar largas a um descontrolo emocional.

Infelizmente, a nossa cultura desportiva é básica. Primitiva. Os adeptos, anónimos, não têm de ser independentes ou isentos. Não têm de proteger o desporto. Ir para uma rede social insultar, ser incoerente ou ser ridículo diz muito sobre essa pessoa. Nada mais. Só a vitória do seu clube lhe importa. A forma é indiferente.

Quando é um agente desportivo o compromisso com o desporto tem de ser total. Sempre ser responsável. Respeitar a modalidade. Aceitar o erro como parte do jogo. Os erros e fracassos fazem parte dos momentos de um atleta, de um treinador ou de um clube. Tentar perceber o porquê e reavaliar objetivos de desempenho são sempre a solução.

Ressabiados, frustrados ou que se acham importantes fazem figuras muito tristes e que colocam em causa a atividade. Nenhum clube ou agente desportivo está acima da modalidade.

Por isso, na formação, o trabalho é de maior responsabilidade. Temos de fazer compreender que o insucesso é uma presença inevitável no desporto e que dele faz parte. Os treinadores devem ser realistas e sinceros, definindo objetivos de desempenho individuais no contexto do objetivo coletivo. O clube deve validar estes objetivos. O que muitas vezes rotulamos de insucesso não é mais do que o facto de o adversário ter sido melhor do que nós. Devemos ajudar a enfrentar a verdade.

Se ensinarmos os jovens a lidar com o insucesso, estamos a aumentar significativamente as possibilidades de eles virem a ter sucesso na atividade, independente da função: atleta, treinador, dirigente, árbitro, médico, jornalista ou adepto.

O espetáculo desportivo tem de ser defendido em detrimento do conflito desportivo. Precisamos e queremos um desporto acolhedor, seguro e festivo.

 

Vitor Santos

Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

Artigo de Opinião de Luís Miguel Condeço—Doce como o mel!

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

Foi no século XVII, que Thomas Willis (importante médico inglês, que ficou reconhecido pelos estudos na área da anatomia) analisou a urina de um dos seus doentes e disse ser “doce como o mel”, uma vez que a presença de glicose (açúcar) era notória.

A Diabetes já tinha sido descrita pela primeira vez na Grécia Antiga, por Aretaeus da Capadócia no ano de 150 antes de Cristo, mas só em 1921, depois dos estudos desenvolvidos por Banting e Macleod (que lhes valeu o prémio Nobel em 1923), é descoberta a insulina. Hoje, os adultos e as crianças com Diabetes Mellitus tipo 1 (ou insulinodependentes) podem usufruir de uma vida quase normal desde que tenham um controlo adequado do seu metabolismo.

No próximo dia 14 de novembro comemora-se o Dia Mundial da Diabetes, data criada em 1991 pela International Diabetes Federation (Federação Internacional da Diabetes) e pela Organização Mundial da Saúde, e que pretende sensibilizar a população mundial sobre a doença.

A Diabetes é uma doença crónica endócrina que surge pela destruição das células beta dos ilhéus celulares de Langerhans no pâncreas, e que atinge crianças, jovens, adultos e grávidas, sendo responsável por 3,3% das mortes em Portugal no ano de 2020 e consumindo cerca de 7% da despesa portuguesa em saúde (em 2021).

Dados divulgados este ano pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, indicam que 10,5% da população mundial tem Diabetes, correspondendo a 537 milhões de pessoas, já em Portugal 14,1% da população é portadora da doença, contudo quase metade desta não a tem diagnosticada. Este indicador deve ser um fator de preocupação para o sistema de saúde, pois o consequente diagnóstico, educação terapêutica, tratamento e acompanhamento reduzem drasticamente a incidência de complicações tardias nos rins, olhos, sistema nervoso e cardiovascular.

O crescimento do número de pessoas com Diabetes, cerca de 80.349 novos casos em Portugal Continental no ano de 2021, antevê um acréscimo na despesa do Estado em consultas, internamentos, fármacos, dispositivos e consumíveis. Principalmente na faixa etária pediátrica, onde a incidência da Diabetes aumenta cerca de 3 a 4% ao ano, contabilizando o Observatório Nacional da Diabetes em 2015, 3327 crianças e jovens com Diabetes Mellitus tipo 1.

Apesar de ser uma patologia sem cura (crónica), é possível garantir a qualidade de vida através de um controlo metabólico adequado. Para isso, é fundamental o equilíbrio entre a terapia com insulina, a adoção de uma alimentação saudável, e o exercício físico regular. O envolvimento dos pais, cuidadores e comunidade escolar é fundamental para as crianças e adolescentes portadores da doença.

A escola não deve ser vista como a “extensão da casa”, mas o ambiente familiar e inclusivo da instituição escolar favorece o controlo metabólico, o bem-estar e a qualidade de vida da criança com Diabetes. Devem ser combatidas práticas discriminatórias de afastamento e isolamento de jovens portadores desta doença crónica, e que todos os anos as vivenciam em comunidades educativas espalhadas pelo país. A Direção-Geral da Saúde na sua Orientação 6/2016 apresenta a proposta de um Plano de Saúde Individual e cria uma base de compromisso entre a equipa de saúde que acompanha a criança e adolescente na área da diabetologia, o Agrupamento de Centros de Saúde ou Unidade de Saúde Funcional, os pais ou cuidadores e o Agrupamento de Escolas, para garantir a gestão adequada da Diabetes Mellitus tipo 1 em contexto escolar.

A doença não deve ser limitante, mas sim promotora de competências fundamentais à manutenção da qualidade de vida, principalmente para as crianças e adolescentes. Dia 14, lembremos todos aqueles que continuam a saltar, rir e brincar, mesmo com uma caneta de insulina na mochila ou conectados a um sistema de infusão subcutânea contínua de insulina.

Artigo de opinião-Os tiros nos pés dos sindicatos de professores

Assisti na TV ao eterno Mário Nogueira, líder do sindicato Fenprof a atacar o outro presidente André Pestana, líder do STOP, dando uma imagem de desunião perante o governo. Mas o pior de tudo é que ambos os sindicalistas tiveram afirmações totalmente absurdas a propósito das reivindicações dos professores.

Mário Nogueira ficou preso na questão do tempo de serviço e ataca desalmadamente uma nova geração de professores que não usufruiu de profissionalização paga pelo Estado como havia no tempo em que ele se formou e André Pestana faz afirmações em que convoca uma greve de duas semanas dos professores estando com este anúncio a provocar uma viragem da opinião pública contra a sua própria classe profissional que está farta de greves.

Estes dois sindicalistas estão cada vez mais a barricar-se nas suas lutazinhas pessoais dos professores unicamente com mais de 20 anos de serviço e a abdicar das situações de todas as gerações mais novas.

O governo entendeu bem o “calcanhar de Aquiles” dos professores e a melhor forma de os dividir, pondo os sindicatos a falar contra os colegas de profissão mais novos e sobre o seu pouco tempo de serviço.

Os sindicatos caíram na esparrela e atacaram os professores que têm de pagar um mestrado do seu bolso graças ao tratado de Bolonha para serem professores, ao contrário da profissionalização financiada que havia no tempo dos professores que se queixam de terem ficado com as suas carreiras congeladas por Passos Coelho.

Tenho muitas dúvidas que haja novamente uma mobilização de professores como vimos no passado e até posso arriscar dizer que o Governo ganhou a luta de levantar avante as suas decisões.

A divisão numa luta enfraquece e fere de morte. A meu ver, foi o que aconteceu com a luta dos professores com o governo.

Paulo Freitas do Amaral
Professor de História

Artigo de opinião-A geração “rasca” já é idosa por inércia de ministros compreensivos

“No meu décimo ano de escolaridade, eu e um pequeno grupo de amigos minha da turma de Humanidades do colégio Salesiano de Lisboa, organizou-se para participar na manifestação que viria a apelidar a minha geração de “rasca”.
Esta manifestação tinha como objetivo contestar a decisão da ministra da educação do governo de Cavaco Silva, na intenção de introduzir as provas globais no ensino secundário com um grande peso na avaliação que era necessária na altura para entrar na faculdade.

Éramos na altura, uns meninos do colégio, colegas do atual ministro socialista Duarte Cordeiro que infelizmente ficou nas aulas. No entanto este pequeno grupo a que eu pertencia, sentimos e compreendiamos verdadeiramente que o ativismo da juventude era necessário para a educação e por isso não nos importamos de ter uns carimbos vermelhos de faltas na nossa caderneta salesiana e lá fomos manifestarmo-nos contra a maioria laranja e contra a decisão de Manuela Ferreira Leite.

Não nos passava pela cabeça que esta manifestação iria apelidar a nossa geração praticamente durante a vida toda pois somos uma geração à rasca durante toda a nossa vida neste país.

Senão vejamos: apanhámos a explosão de licenciados que nos bloqueou o acesso ao emprego em 2001, apanhámos pouco depois de organizarmos a vida, casarmos, etc…a crise imobiliária de 2008 que estoirou com as nossas residuais poupanças, depois apanhámos a troika em 2011 até 2015 que ainda nos deixou mais de rastos, depois foi a pandemia em 2019 e agora as guerras em 2023…

O único sonho que ainda resta a esta geração que é filha dos revolucionários de Abril e que prometeram aos sete ventos construir um Portugal melhor, é ambicionar um pouco de dignidade na sua reforma pois estes governos que mandam no país mostram muita compreensão por quem sofre dizem-se compreensivos mas continuam “sem sair da sala” para irem saberem realmente o sentimento de quem sofre…

Os partidos responsáveis por nos trazerem até aqui não podem continuar a ser vistos pelos portugueses como um clube de futebol que se torce durante toda uma vida porque senão do outro lado da barricada, onde está o povo, também haverá quem toda a vida viva em sofrimento e esteja até aos últimos dias numa geração idosa mas ainda “à rasca”…

Paulo Freitas do Amaral
Professor de História