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Artigo de Luís Miguel Condeço—Dia Mundial do Rim

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde do IP da Guarda

 

Todos os anos na segunda quinta-feira do mês de março celebra-se o Dia Mundial do Rim (este ano no dia 9), torna-se por isso um momento oportuno para falarmos de doença renal crónica (DRC).

 A DRC surge de uma diminuição da normal função do rim, evidenciada pela diminuição da taxa de filtração glomerular (capacidade que este órgão tem para eliminar os produtos nocivos presentes no sangue), através de exames complementares de diagnóstico ao rim (biópsia renal e/ou análise à urina).

Estima-se que em Portugal a DRC afete cerca de 800 mil pessoas, e acredita-se que será a quinta causa mais comum de morte a nível global nas próximas décadas. Subdividida pelos seus cinco estádios da doença, a DRC apresentava em 2021 – 13.487 pessoas com doença renal terminal (estádio 5) ou insuficientes renais com necessidade de terapêutica substitutiva da função renal (hemodiálise – 93,4% e diálise peritoneal – 6,6%), segundo dados do Registo Português de Diálise e Transplantação de 2021 da Sociedade Portuguesa de Nefrologia. Nesse mesmo ano (2021), 2240 novos doentes iniciaram hemodiálise, e destes, 33,1% tinham idades entre os 18 e os 65 anos de idade, o que comprova não se tratar de uma doença única e exclusiva da população idosa.

Muitas vezes tenta-se encontrar uma causa ou fator precipitante para a DRC, mas sabemos hoje que a Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial representam quase metade das doenças primárias à DRC (45,7%).

Esta doença é considerada “silenciosa”, pois as pessoas só começam a ter sintomas, quando muitas vezes os rins perderam mais de 90% da sua função. E os primeiros sintomas são: tensão arterial elevada, alterações na urina (número de idas à casa de banho, alterações no aspeto, presença de sangue), inchaço nos pés e pernas, cansaço fácil e falta de ar.

Para preservarmos os nossos rins precisamos de adotar medidas simples e fáceis: as pessoas com Diabetes Mellitus devem prezar por um equilíbrio metabólico, que além de não agravar a DRC, permite um controlo adequado de outras patologias concomitantes; a vigilância da tensão arterial deve ser regular e conjunta com a realização de análises sanguíneas (principalmente ao colesterol), adotando-se medidas que combatam o excesso de sal, o consumo de tabaco e o stress. Devemos ir junto das populações, e incutir hábitos de vida saudáveis como a prática de exercício físico e a adoção de hábitos alimentares adequados e sem produtos nocivos para a organismo.

A DRC acarreta todos os anos uma despesa de vários milhões de euro para o Serviço Nacional de Saúde, sem contarmos com os gastos decorrentes dos transplantes renais. Contudo, o desgaste pessoal e familiar é de longe maior e mais doloroso, quando comparado com os custos económicos. Verifica-se que todos os anos, o número de pessoas em estádio de doença renal terminal tem aumentado, mas devemos travar esta tendência, protegendo o Rim.

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