O seu filho respira pela boca e não sabe o que fazer?
Cada vez mais se observam crianças que respiram pela boca. Este hábito é frequente na infância (cerca de 30% das crianças) e conduz a diversas consequências no crescimento e desenvolvimento global. Uma criança, que apresenta uma respiração oral constante, pode apresentar-se mais agitada, com sonolência diurna, o que pode influenciar os resultados escolares (isto porque o cérebro recebe menor quantidade de oxigénio). Assim, é necessário que exista uma intervenção multidisciplinar com um acompanhamento efetuado por vários profissionais de saúde: otorrinolaringologista, terapeuta da fala, ortodontista, entre outros, dependendo do caso em questão. É extremamente importante que os pais/cuidadores estejam conscientes que quanto mais tarde se deteta o hábito, mais difícil é de o reverter e de diminuir os impactos do mesmo.
O primeiro profissional responsável pela avaliação médica é o Otorrinolaringologista, com o intuito de identificar as causas deste hábito. Antes de consultar o Terapeuta da Fala, é importante descartar a hipótese de uma causa orgânica, que futuramente poderá levar a uma amigdalectomia e/ou adenoidectomia ou ao tratamento farmacológico.
As consequências estruturais e funcionais da respiração oral, muitas vezes, são irreversíveis de forma espontânea. O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela intervenção ao nível da motricidade orofacial e tem como principais objetivos promover a harmonia das funções estomatognáticas (respiração, fala, mastigação, deglutição e sucção), propiciando um equilíbrio miofuncional. Portanto, tem um papel ativo nos casos de reabilitação dos respiradores orais.
Neste seguimento e numa primeira fase, a intervenção foca-se na consciencialização da criança e da família, realçando a importância da respiração oral. Posteriormente, direciona-se para a componente muscular, onde se destaca a correção da tonicidade, da postura e do movimento dos músculos envolvidos nas funções estomatognáticas. É neste sentido que o Terapeuta da Fala pode contribuir para a qualidade de vida destas crianças.
Em jeito de conclusão, ficam algumas ideias de tarefas que as famílias podem efetuar com a criança. Como já foi referido em outras publicações, a intervenção da família é tão ou mais importante que as sessões terapêuticas:
- Limpar bem o nariz da criança com soro fisiológico;
- Fazer bolinhas de sabão inspirando pelo nariz e expirando pela boca;
- Segurar uma espátula entre os lábios ao pintar, fazer um puzzle ou ver um filme.
*É de referir que o artigo aborda as crianças, mas o mesmo sucede quando o público-alvo são os adultos.
Em caso de dúvidas, não hesite em consultar o Terapeuta da Fala. Uma intervenção precoce pode mudar a vida da criança e da família.
Por:Ana Carolina Melo Marques – Terapeuta da Fala na APSCDFA