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Artigo de opinião- Terapia da Fala na 3ª Idade

tp 3ªO Terapeuta da Fala pode intervir na população mais idosa?

O envelhecimento não tem uma data de início estabelecida. Sem nos apercebermos os cabelos ficam esbranquiçados, a pele enrugada e o tempo parece que voa. Com o envelhecimento surgem as dificuldades em funções e atividades que antes nos pareciam tão simples, como é o caso do falar, do comer ou do escrever. É aqui, que começamos a ter consciência que nem sempre as coisas mais simples estão garantidas. Com todas as alterações na vida da pessoa, muitas das vezes surge a ideia de incapacidade porque se perdeu o seu lugar na sociedade, o que pode desencadear frustrações, alterações emocionais e isolamento (porque reduzem drasticamente as interações).

À medida que as pessoas envelhecem, ficam mais propícias a desenvolver patologias que têm repercussões negativas na comunicação e na deglutição, como é o caso do AVC, Parkinson, Alzheimer, entre outros. A capacidade de articular com precisão as palavras, compreender e expressar mensagens verbais pode também estar alterada nestas patologias.

Se quisesse dizer obrigada ao seu filho ou parabéns ao seu neto e as palavras não saíssem? Como se sentia? O que ponderava fazer? E se não conseguisse comer porque se engasgava com frequência ou porque não conseguia engolir? Como ficava? Onde ia procurar ajuda? Qualquer pessoa pode vir a ter problemas ao nível da comunicação e/ou da deglutição ao longo do processo de envelhecimento, quer este seja fisiológico (natural) ou patológico.

As alterações na comunicação são das mudanças mais evidentes e que por vezes advêm da presbiacúsia (envelhecimento do aparelho auditivo) porque a pessoa não compreende o que lhe é dito. Estas condições influenciam negativamente a pessoa, levando-a à solidão e à deterioração da imagem a nível social. Deste modo, podemos concluir que as alterações comunicativas podem também advir de condições patológicas.

As alterações na voz e na fala dizem muito sobre a nossa saúde. A presbifonia (envelhecimento da voz) pode surgir em qualquer momento e depende da saúde física/psicológica da pessoa, da alimentação, estilo de vida ou mesmo fatores ambientais. Assim, é necessário estar atento aos sinais porque podem ser indicativos de problemas neurológicos, funcionais ou orgânicos que não podemos ignorar.

As dificuldades na alimentação (disfagia), nomeadamente em engolir os alimentos de forma segura, são muito comuns e podem ter como causa os problemas neurológicos (AVC, TCE, Parkinson, Alzheimer, Paralisia Cerebral…). As dificuldades podem evidenciar-se na mastigação, manipulação do alimento ou mesmo no transporte deste. Este tipo de perturbação pode implicar consequências assoladoras na qualidade de vida da pessoa, desde desidratação, subnutrição, depressão, asfixia, até, eventualmente, a morte.

A intervenção direta do Terapeuta da Fala abrange o envelhecimento fisiológico mas também o patológico, onde, de forma geral, se promove sempre a autonomia, qualidade de vida e realização pessoal. É também efetuada uma intervenção indireta, onde os cuidadores fazem parte de todo o processo de reabilitação, já que a comunicação com estes são requisitos fundamentais para manter a qualidade de vida.

A formação do Terapeuta da Fala qualifica-o para dar resposta às necessidades da pessoa idosa considerando os fatores biopsicossociais, aconselhando-a e reabilitando algumas das funções. Deste modo, o tratamento adequado e o envolvimento dos cuidadores permite atuar não só no foco da patologia mas também no contexto da pessoa, tentando ultrapassar as barreiras e superando as suas dificuldades.

Em caso de dúvidas, consulte um Terapeuta da Fala.

Por:Ana Carolina Melo Marques – Terapeuta da Fala na APSCDFA

 

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