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Avisos e Liturgia do I Domingo do Advento- ano A

Começar algo de novo tem sempre um pouco de ambição, de expectativa e de desafio. Neste Domingo, iniciamos o tempo do Advento, um tempo propício à vivência da virtude da esperança. Serão quatro semanas, pelas quais tomaremos consciência de que a nossa vida tem um sentido: encontrarmo-nos com o Senhor. Nisto se resume a nossa vida: prepararmo-nos para contemplar face a face o nosso Deus. Muitas vezes, encaramos a morte com medo, ou como algo que não tem remédio, como o fim de tudo. Estes primeiros quinze dias do Advento podem ajudar-nos a pensar em como será o nosso encontro com Jesus. Pois, se de alguma coisa temos certeza, é que esse dia chegará.

As leituras bíblicas deste Domingo apresentam-nos esse encontro através de imagens, onde abundam sentimentos de alegria; como também nos apresenta a vida como um caminho que, pelo facto de o percorrermos é já motivo de agrado. Quando pensamos no momento de fechar os olhos para este mundo, devemos ter a certeza de que os abriremos para outro mundo onde Deus a todos nos acolherá, onde seremos felizes eternamente. Esta certeza não nos pode deixar indiferentes; é nesta certeza que deveremos lutar por viver de tal forma que possamos saborear um pouco de céu aqui na terra. Como diz São Paulo, devemos combater nesta vida com as armas da luz, abandonando as obras das trevas e todas as falsas ilusões de satisfação plena, como comer, beber e viver regaladamente.

Cristo está à nossa espera. E espera-nos com os braços abertos. Irá chegar o dia de avaliar tudo quanto fizemos nesta vida e responder à seguinte pergunta: “Amaste?”. Porque uma vida onde a amargura e a apatia reinam sobre os sentimentos e as acções, é uma vida perdida. Por isso, é importante estarmos vigilantes. O caminho da santidade é uma fonte de paz e alegria que o Espírito Santo nos dá, mas exige que estejamos vigilantes. Ser vigilante implica ser exigente e disciplinado, ter uma vida espiritual séria e profunda, enraizada na Palavra de Deus, sustentada pelos sacramentos e coroada pela procura de uma comunhão visível e autêntica com o Esposo.

O tempo do Advento é um tempo para reavivar a fé e a esperança. Ergamos a nossa cabeça para Cristo. A dureza da vida desgasta a esperança, destrói a nossa vida interior, enfraquece a nossa paciência para perdoar aos nossos inimigos e sermos fiéis ao evangelho. Mas se colocarmos o nosso olhar nesse reino que vai chegar, a alegria e a esperança voltarão. O mal, a tristeza e a morte não têm a última palavra. Ajudemos os nossos irmãos desgastados, tristes e oprimidos a ergueram os seus olhos para Jesus Cristo. O tempo do Advento é o momento propício que Deus nos dá para activar o desejo de O acolher e receber nas nossas vidas. Será sempre um encontro surpreendente, mas ao mesmo tempo regenerador. Preparemo-nos, vigiemos, “caminhemos à luz do Senhor”. 

27-11-2022

 

LEITURA ESPIRITUAL

«Na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem»

 

É justo, irmãos, celebrar a vinda do Senhor com a máxima devoção possível, tanto o seu conforto nos deleita e tanto o seu amor nos abrasa. Mas não penseis apenas na sua primeira vinda, quando Ele veio «buscar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,10); pensai também neste outro advento, quando Ele vier para nos levar consigo. Gostaria de vos ver constantemente ocupados a meditar nesses dois adventos, repousando entre estes dois abrigos, porque estes são os dois braços do Esposo nos quais repousava a Esposa do Cântico dos Cânticos: «a sua mão esquerda descansa sobre a minha cabeça, e a sua direita abraça-me» (2,6).

Mas há uma terceira vinda entre as duas que mencionei, e os que a conhecem podem descansar para seu deleite. As outras duas são visíveis; esta não o é. Na primeira, o Senhor «apareceu sobre a Terra, onde permanece entre os homens» (Br 3,38); na última, «toda a criatura verá a salvação de Deus» (Lc 3,6; Is 40,5). A do meio é secreta: é aquela em que só os eleitos vêem o Salvador dentro de si próprios, e em que a sua alma é salva. Na sua primeira vinda, Cristo veio na nossa carne e na nossa fraqueza; na sua vinda intermédia, vem em Espírito e poder; na sua última vinda, virá na sua glória e majestade.

Mas é pela força das virtudes que chegamos à glória, como está escrito: «O Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da glória» (Sl 23,10); e no mesmo livro: «Para ver o vosso poder e a vossa glória» (62,3). Portanto, a segunda vinda é como o caminho que leva da primeira à última. Na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na sua vinda intermédia, é nosso repouso e nossa consolação. (São Bernardo, 1091-1153, monge cisterciense, doutor da Igreja, Sermões 4 e 5 para o Advento).

 

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