Continuando o caminho quaresmal para a Páscoa, neste Domingo somos convidados a contemplar Jesus como templo vivo na sua Encarnação, destruído pelos homens na Paixão, mas reconstruído pelo Pai, ao ressuscitá-lo de entre os mortos. Com as palavras e as acções de Jesus, narradas no evangelho, fica abolido o templo feito com as mãos humanas e é construído um novo e único lugar de encontro com Deus: Aquele que será levantado em três dias. Jesus é o templo, de que fala o profeta Ezequiel de cujos umbrais sai água que, por onde passa, tudo fecunda e dá vida. Ele é o templo, manancial inesgotável da vida nova. Jesus Morto e Ressuscitado é o lugar de encontro com Deus e é a fonte da água da vida, oferecida à samaritana. Na sua Páscoa abre-se a porta do santuário invisível que une os homens a Deus. Somos saciados de vida, os baptizados são constituídos santuário de Deus, edificados sobre a rocha, que é Cristo. Crescemos como templos vivos, somos habitados por Cristo. Jesus expulsou os vendedores do templo de Jerusalém. Não quer que a casa de seu Pai se converta numa casa de comércio, numa feira, num sítio onde se pode comprar e vender. A compra de animais era necessária para o culto, pois a lei de Moisés especificava o tipo de animal que tinha de ser sacrificado em cada caso. Jesus não está contra o culto, mas contra o facto de o culto ser ocasião de enriquecimento, negócio, especulação e engano. Talvez, em diversas ocasiões da nossa vida, também procuremos negociar com a fé, desejando descontos e saldos, regateando com Deus sobre o que podemos ou não fazer pelo facto de sermos cristãos. Como se a fé fosse um peso na nossa vida e tudo fazemos para dele nos livrarmos. Esta é uma concepção aterradora da fé, que identifica Deus como alguém cujo objectivo é fazer-nos a vida mais difícil e complicada. Acusa-se o cristianismo de ser uma religião, fundamentada em proibições, tal como está formulado no livro do Êxodo: “não matarás, não cometerás adultério, não furtarás…”. Na verdade, é melhor que Deus nos diga o que não podemos fazer do que o que somos obrigados a fazer. Ao indicar o que não se pode fazer, Deus diz-nos que podemos usufruir de tudo o resto; só existem algumas coisas que nos proíbe para nosso bem. Se Deus nos obrigasse a fazer certas coisas, seria acusado de reduzir consideravelmente a liberdade humana. A primeira leitura e o salmo deste domingo falam-nos do bem que a lei do Senhor concede àqueles que nele acreditam: “os preceitos do Senhor são rectos, alegram o coração”. Não esqueçamos que, sendo Deus um Pai misericordioso e justo, a lei que nos dá é para que sejamos felizes. Todos fazemos a experiência do pecado. E já percebemos que o bem que nos oferece o pecado é somente aparente e momentâneo; depois de cometer o pecado, ficamos sempre decepcionados e tristes. Assim, os mandamentos de Deus não são um jugo, mas a forma mais humana e mais plena de viver. A dificuldade de viver o cristianismo não vem de dentro, mas de fora. Vivemos numa sociedade que anda muito longe da mensagem do Evangelho. Aquilo que conta aos olhos do mundo é o ter, o poder e o controlar. Assim, a relação entre as pessoas converte-se numa correria para conseguir sobreviver e ser distinguido segundo os critérios da sociedade. A segunda leitura recorda-nos que o critério do cristão não é nada disto, nem privilégios nem superioridades, mas Cristo crucificado, escândalo e loucura para os homens. O caminho do cristão não é de possessão, de domínio e de apropriação, mas de despojamento de tudo aquilo que nos afasta de Deus. Deitemos fora todos os propósitos de viver a fé com critérios mundanos. Reconheçamos a nossa fragilidade e que sem Cristo não podemos viver; que a nossa vida depende Dele. .
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Leitura Espiritual
«Destruí este Templo, e em três dias o levantarei»
Somos operários de Deus e construímos o Templo de Deus. A dedicação deste Templo já teve lugar na sua Cabeça, uma vez que o Senhor ressuscitou dos mortos, após ter triunfado da morte; tendo destruído nele o que era mortal, subiu ao Céu. Agora, nós construímos este Templo pela fé, para que também ele seja dedicado aquando da ressurreição final; é por isso que há um salmo intitulado: «Quando se reconstruía o Templo, após o cativeiro» (95,1 Vulg). Recordai-vos do cativeiro onde estivemos outrora, quando o demónio tinha o mundo em seu poder, como um rebanho de infiéis. Foi por causa deste cativeiro que o Redentor veio até nós: Ele derramou o seu sangue para nos resgatar e, pelo seu sangue derramado, suprimiu o bilhete da dívida que nos mantinha cativos (Cl 2,14). Outrora vendidos ao pecado, fomos libertados pela graça. Agora, após este cativeiro, construímos o Templo e, para o edificar, anunciamos a boa nova. É por isso que este salmo começa assim: «Cantai ao Senhor um cântico novo». E, não vás tu pensar que este Templo foi construído num pequeno recanto, como o constroem os hereges que se separam da Igreja, presta atenção ao que se segue: «Cantai ao Senhor Terra inteira». «Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor Terra inteira». Cantai e construí! Cantai e «bendizei o seu nome» (v. 2). Anunciai o dia nascido do dia da salvação, o dia nascido do dia de Cristo. Quem é, com efeito, a salvação de Deus, senão o seu Cristo? Para pedir a salvação, rezamos o salmo que diz: «Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia, e dai-nos a vossa salvação». Os justos desejavam esta salvação; sobre eles, dizia o Senhor aos seus discípulos: «Muito quiseram ver o que vedes, e não viram» (Lc 10,24). «Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor». Vede o ardor dos construtores! «Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome». Anunciai a boa nova! Que boa nova é esta? É o dia nascido do dia; é a luz nascida da Luz, são os Filhos nascidos do Pai, é a salvação de Deus! É assim que se constrói o Templo após o cativeiro. (Santo Agostinho, 354-430, bispo de Hipona, norte de África, doutor da Igreja, Sermão 163, 5).
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Programação de Celebrações e Missas da Semana de 06 a 10 de março da Unidade Pastoral P. Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã, Algodres e Freixiosa.