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Artigos de Opinião

Artigo de Sara Morais —Quando o Sorriso perde o Caminho – A Hipnose Clínica

Este término do Verão revelou-se avassalador: os fogos, a luta pela sua sobrevivência e pela segurança e perpetuidade dos seus bens… Na verdade, o modo de vida foi posto em causa – falo da valorização dos pressupostos que, maioritariamente, não garantem a sua felicidade, mas apenas e, somente, a funcionalidade daquilo que gravita ao seu redor. É dentro desse eixo que surge a verdade incontornável de que vivemos como imortais, tomando tudo como garantido, mas na verdade somos frágeis em busca da tal felicidade.

Nesta aventura que é a vida, por vezes, é difícil parar para pensar no caminho porque o leitor vai caminhando, inconscientemente, vivendo da melhor forma que sabe e com as ferramentas que lhe foram dadas ao longo da vida. E, por isso, apesar de reconhecer que a vida se foi construindo, de forma, a tornar-se numa pessoa bem-sucedida parece, mesmo assim, sentir um vazio que ecoa pelo seu “eu” interior confundindo o seu sorriso até, que este, se perca dando lugar à tristeza.

Este sentimento é, frequentemente, percecionado como uma fraqueza que atira o leitor para uma posição desconfortável dentro das várias dimensões da sua vida. No entanto, o que naturalmente sucede é a necessidade de fazer desaparecer este “fogo” cálido para voltar a encontrar o equilíbrio que outrora havia no seu dia a dia.

É neste enquadramento que surge a Hipnose Clínica não só como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal, mas, também, como um utensílio preventivo na sustentação da sua saúde mental. A terapia assente num estado fisiológico natural, permite aceder ao seu subconsciente onde todas as suas referências interiores estão guardadas e servem como linhas de orientação no ser e no sentir. Neste âmbito, o leitor desenvolve um olhar mais conhecedor, compreensivo e tolerante sobre os seus próprios limites e capacidades que lhe permitirá enquadrar os seus sentimentos e emoções de uma forma mais equilibrada e saudável. Assim, o seu mindsetting é trabalhado no sentido de expandir a sua capacidade emocional e racional para interagir com uma maior adaptabilidade do “eu” à grande quimera que é a vida.

No próximo artigo poderá saber mais sobre o impacto do sono no bem-estar da mente e o papel interventivo da Hipnose Clínica.

Sara Morais

Hipnoterapeuta

 

 

Artigo de opinião de Augusto Falcão—-O que eu não quero

Acabou o mês de setembro, e por lógica, a época de incêndios rurais, ficando ainda na incógnita o que o mês de outubro nos possa trazer.

Na nossa memória coletiva ficam para trás a horrível semana em que vimos parte do País a arder, em especial nas zonas de Viseu e Aveiro.

Vimos no conforto do nosso sofá as televisões a bombardear-nos com reportagens infinitas, diretos da frente de fogo.

Vimos no conforto do nosso sofá, milhares de comentadores que opinam sobre tudo e mais que possa vir, num exercício de “tudologia” e “achisimos” disfarçados na legenda de “especialista sobre …”

Depois soubemos que afinal, tudo se repetiu da mesma forma de 2017 mas graças a algum poder divino ou ao esforço de alguns, aliados à resiliência das populações afetadas, ardeu muito em pouco tempo e que houve vítimas mortais.

Tal como em 2017, morreram pessoas que até aquela data eram incógnitas, mas que por acaso do destino, a tentar proteger o que era seu, ou a fugir acabaram por sucumbir as “mãos” do fogo.

Entre essas vítimas, a quem todos nós devemos o maior respeito, estavam 4 bombeiros. E embora todas as 9 vítimas (quando escrevo estas palavras é esse o balanço oficial) mereçam o meu respeito de forma igual, sinto a morte dos 4 bombeiros de forma diferente.

Sou bombeiro com orgulho. Desde tenra idade ia pela mão do meu Pai, ao quartel de Bombeiros, que me viu nascer para esta vocação, e onde o meu pai também era bombeiro.

As pessoas que me abordam dizem que é preciso coragem para fazer o que nós fazemos todos os dias; entrar num veículo, e “correr” de encontro ao fogo, quando os outros todos fogem; a coragem, não é a ausência de medo, mas a capacidade de algo fazermos apesar desse medo.

Talvez seja essa a nossa coragem; ou talvez não… dentro de cada um de nós, brota essa coragem para na “hora H” nós ajamos apesar de estarmos cheios de medo.

A morte, dizem os mais sábios, é parte da nossa vida; sim, é verdade, mas quando essa parte da vida, acontece no cumprimento de um dever, quando pagamos o preço supremo desse dever, a morte torna-se dolorosa. Para quem, como eu, vive esse estado de coragem tão “sui generis”.

Claro que há sempre alguém, ou alguns que pode dizer que faz parte da vida dos bombeiros morrer em serviço; claro que sim, tal como faz parte da vida desses comentadeiros, levarem para casa uns desaforos.

A vida de certos profissionais torna-os mais apetecíveis à morte, mas isso não significa que eles tenham de pagar esse preço;

Durante a semana que passou, toda a gente, se desdobrou em homenagens aos bombeiros, pelo seu sacrifício, pelo seu altruísmo, pela sua abnegação. Pelo fim da vida de 4 irmãos meus na linha da frente.

Os políticos esses então, desdobraram-se em declarações imensas, sobre esses trágicos acidentes, dizendo que depois iriam pedir responsabilidades e que se tinha que fazer reflexões. Palavras ditas e reditas depois de Pedrógão, depois dos fogos de outubro de 2017.

Desde então, nós bombeiros, fizemos um sem número de serviços; de intervenções; lutamos mais uma vez contra o fogo, ano após ano…

E quando foi votado na Assembleia da República uma proposta de lei depara reconhecer os bombeiros como profissão de desgaste rápido, e para poderem ter acesso à reforma antecipada, o projeto é reprovado, com os votos contra do PS, abstenção do PSD, e os votos a favor do Chega do Bloco de Esquerda.

Não quero ser herói durante uma semana, e não quero, se eu cair em serviço, um funeral com bandas, políticos manhosos, bandeiras ou medalhas. Não quero agradecimentos de circunstância, somente porque é bonito momento.

Quero saber que um dia, se eu cair em serviço, o meu filho e a minha mulher não ficarão desamparados; quero que o meu sacrifício, não seja levado pelo vento; apenas quero ter a merecida dignidade que os políticos apregoam que eu tenho, mas depois não ma concedem…. Coisas simples de se pedir e se calhar de se ter, desde que haja vontade por parte dos manhosos que tudo apregoam, mas depois nada muda.

Sou bombeiro…

 

Augusto Falcão

 

Artigo de Opinião de Luís Miguel Condeço—-50 anos de ensino de enfermagem em Viseu

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

Nos últimos cem anos, os acontecimentos relevantes para a Saúde (como a fundação de novas instituições de investigação e assistência, as descobertas científicas ou o início de tratamentos relevantes para o Homem) contam-se com a ajuda de várias mãos. Podemos até achar estranho, mas o rápido desenvolvimento da ciência, e em particular das ciências da saúde, faz-nos perceber que foi apenas nas últimas décadas que se iniciou a imunização contra o vírus da poliomielite, ou que se começou a utilizar a penicilina (antibiótico) em Portugal, ou ainda, que o Programa Nacional de Vacinação foi implementada há cerca de 60 anos.

Acredito que até os movimentos de rotação e translação do planeta têm alguma dificuldade em acompanhar esta velocidade frenética de descobertas e invenções.

Concomitante com este desenvolvimento científico que se tem vivido no último século, e que continua neste que agora nos encontramos, também a evolução no desenvolvimento da assistência às populações tem conhecido vários avanços. E para tal, muito contribuiu a aposta na formação de profissionais técnico de saúde.

Relativamente ao ensino de enfermagem, e apesar da primeira instituição em Portugal datar de 1881, foram os diplomas publicados em 1952 que permitiram a expansão do ensino de enfermeiros por todos os distritos do país, como sucedeu na Guarda, Castelo Branco e Viseu, por exemplo.

Mas é em Viseu, que quero centro o meu foco de atenção. No próximo dia 7 de outubro, terão passados precisamente 50 anos da primeira aula lecionada na então Escola de Enfermagem de Viseu. Aquele que viria a ser o grande “benefício” para a cidade, e concelhos limítrofes, só foi possível devido ao grande investimento da Fundação Calouste Gulbenkian e da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, esta última, que até abril de 1974 era a proprietária do Hospital São Teotónio (maior instituição assistencial da região).

A Fundação Calouste Gulbenkian era dirigida desde a sua criação (1956), pelo ilustre viseense José de Azeredo Perdigão, que desde logo assumiu as expensas na concretização de sonho antigo das gentes de Viseu. E caro ficou este sonho, pois apesar das evidências históricas serem imprecisas quanto à quantia disponibilizada para a obra, é consensual nos meios de comunicação social da época, que o apoio terá rondado os 12.000 contos (na moeda antiga).

Quanto à Santa Casa da Misericórdia de Viseu, sob a liderança do sabugalense Manuel Engrácia Carrilho, homem de visão estratégica e além do seu tempo, que na cidade de Viseu, ainda desempenhou os cargos de Presidente do Município e de Governador Civil. Coube a edificação e administração da escola, num terreno por si oferecido para esse fim, e que ficaria contígua ao agora existente hospital da Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões.

  A Escola de Enfermagem de Viseu formou os seus primeiros 25 estudantes, no seu primeiro curso Curso de Enfermagem Geral que teve a duração de 3 anos. Com o passar dos anos, as escolas de enfermagem portuguesas desvincularam-se do Ministério da Saúde, para serem integrada noa Ministério do Ensino Superior, muito à custa das diversas transformações que este nível de ensino sofreu nas últimas décadas.

  Com a chegada do novo século, a instituição é integrada no Instituto Politécnico de Viseu e o seu primeiro licenciado é graduado no ano de 2003.

  As necessidades de técnicos na área da saúde continua a aumentar, e perante esta premissa a tutela transformou a instituição em Escola Superior de Saúde de Viseu, atual designação, que possibilitou a criação de novos cursos.

  Hoje a escola de enfermagem de Viseu, tem mais de 700 estudantes nos vários ciclos de estudos (licenciatura e mestrados), nas pós-graduações e cursos breves, almejando ministrar nos próximos anos cursos do 3º ciclo (doutoramentos) do ensino superior.

   Referência na formação de profissionais de saúde, a cidade e a região têm obtido importantes ganhos em saúde para as suas populações.

   Parabéns ESSV e que venham mais cinquenta.

Artigo de Augusto Falcão—O Verão está a acabar

Este mês gostaria de vos falar de duas coisas, sendo que uma é um mero apontamento que ficará ao critério de quem de direito resolver ou manter como está.

Há umas noites atrás, pernoitou em minha casa, um amiguinho de futebol do meu filho; jantamos fora de casa, e depois como as crianças precisam de perder e gastar as energias, decidimos ir dar um passeio.

A noite estava agradável, e por essa razão fomos até ao jardim municipal, onde poderia haver mais iluminação pública no interior do referido jardim.

No entanto, decidimos depois ir ao parque junto à GNR, para que os dois miúdos pudessem brincar um pouco.

Afinal nesse mesmo espaço, apenas o campo de futebol tem iluminação ficando o resto do local totalmente às escuras.

Claro que viemos embora, aproveitando a subida para casa para que os miúdos pudessem desagastar mais um pouco de energia.

Não achem que isto é uma crítica, declaradamente destrutiva; pelo contrário, há apenas um apontamento e um pedido para que a situação se possa resolver o mais depressa possível.

O Verão, está a acabar; esse tempo de calor, tempo seco e incêndios na nossa floresta, está a acabar; o setembro é esse mês a que nos habituamos a ser o final do verão.

Este foi particularmente calmo, até agora, em matéria de fogos florestais no continente; tivemos alguns incêndios, alguns no nosso concelho, mas nada que extravasasse o habitual.

Mas nestes últimos dias, estivemos a assistir ao dantesco cenário da Madeira; um incêndio que durou 12 dias, onde se falou das férias do Presidente e do Secretário da PC, da falta de meios aéreos da Madeira, de locais sem acesso, da floresta desordenada.

Mais uma vez voltamos a dizer esses chavões que é a Prevenção primeiro, mas depois acabando o evento, esquecemos os chavões que, mais uma vez, foram ditos e reditos pelos nossos dirigentes e voltamos a esquecer a prevenção estrutural, o ordenamento da floresta, e um plano de intervenção real, e acima de tudo, com o menos burocracia possível, para em caso de incidente, poder-se atuar o mais celeremente possível, de forma a que o combate, esse sim, o último pilar da defesa da nossa floresta, seja sempre o último.

Porque já foi dito, redito e mais que redito, que sem prevenção e ordenamento não nos iremos livrar desse flagelo que é são os incêndios rurais.

Um bom setembro a todas as pessoas que me leram.

Augusto Falcão

Artigo de Luís Miguel Condeço–Urge urgências

 

 

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

As notícias das últimas semanas têm deixado mães e pais assustados, por isso tentei perceber o que de facto significa uma urgência, mas a busca pelo étimo latino deixou-me ainda mais baralhado. Contudo, alguns famosos dicionários definem urgência como algo que é urgente (!), ou uma situação de urgência ou de emergência, ou ainda uma ação indispensável e imprescindível.

Na última segunda-feira do mês de agosto, em Portugal Continental tínhamos várias urgências, ou melhor, serviços de atendimento de pessoas com situações de doença urgente ou emergente, que se encontravam encerrados (sem resposta) ou com condicionamentos (horário reduzidos ou com necessário encaminhamento). Para as pessoas adultos que necessitavam de uma Urgência Geral, 4 destes serviços estavam condicionados. Para as mulheres grávidas que necessitavam de observação em contexto hospitalar, tinham 3 serviços encerrados e 6 condicionados. Já as crianças e adolescentes não poderiam recorrer a um dos serviços continentais (encerrado), mas poderiam fazê-lo com alguma dificuldade a 10 deles que estavam condicionados. Perspetiva assustadora!

No ano em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comemora os seus 45 anos de existência (já no próximo dia 15 de setembro), ao longo dos quais sempre procurou “de forma articulada e sob direcção unificada, gestão descentralizada e democrática, a prestação de cuidados de saúde globais a toda a população”, estarão os cuidados de saúde hospitalares a ficar à margem deste ideal plasmado na Lei de Bases da Saúde?

Na última década o desgaste e falta de investimento no SNS, tem sido notório mesmo para o mais distraído dos portugueses. A baixa taxa de enfermeiros per capita (segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), os milhares de cidadãos sem médico de família, a difícil redução das listas de espera cirúrgica (apesar das inúmeras cirúrgicas a pessoas com doença oncológica nos últimos meses), as precárias condições de trabalho e a fraca atratividade do setor público da saúde, tem provocado uma “migração” massiva para o setor privado.

Nos distritos do interior do “nosso” território, as unidades hospitalares privadas têm-se disseminado e crescido, quer em colaboradores como nas valências disponibilizadas aos “seus” clientes, é a economia em “tempo real” – a procura faz aumentar a oferta.

Há 45 anos, António Arnaut “sonhava” com um SNS aberto a todos e para todos, tendencialmente gratuito, que prestasse cuidados de saúde globais e ajustados a cada população e comunidade. Mas o paradigma tem mudado. Resta saber se os nossos concidadãos, parcos de recursos económicos, conseguem satisfazer as suas necessidades em cuidados de saúde.

Acredito que para a governação da tutela (da saúde), não se avistam bonanças, apenas longos meses de tempestade, com um início de inverno semelhante ao do ano passado (com greves, recusas a mais horas extraordinárias e o aumento exponencial de episódios de urgência, como é costume nesta época sazonal).

Para os menos informados, recomenda-se uma visita ao portal da internet do SNS quando necessário (e espera-se que seja pontual), para conhecerem o panorama da oferta de unidades de saúde/atendimento às situações de saúde urgentes.

Na última segunda-feira do mês de agosto, as populações das terras de D. Sancho I e de Viriato encontraram os seus serviços da saúde abertos e disponíveis, apesar das extremas dificuldades laborais que os profissionais do SNS têm vindo a superar. No futuro, se verá.

Artigo de opinião-Vítor Santos-Época desportiva 2024-2025

Levar e buscar os filhos aos treinos, acompanhar os jogos e estar sempre atento ao
comportamento do filho em campo fazem parte da rotina de um pai ou uma mãe de atleta.
Todos temos a convicção de que o envolvimento parental positivo desempenha um papel muito
importante na vida desportiva das crianças e dos jovens. O suporte familiar está relacionado
com o aumento da confiança dos atletas e até mesmo com a sua permanência na prática
desportiva. No entanto, é comum observarmos um acompanhamento negativo por parte de
alguns pais, que gritam e insultam constantemente. A pressão exercida fora do treino e da
competição é massacrante e desmotivadora. Tais comportamentos levam-nos a refletir
profundamente sobre os limites do acompanhamento que fazemos.
Os pais podem escolher se querem ser facilitadores ou obstáculos no desenvolvimento
desportivo dos seus filhos. Facilitam quando contribuem e se disponibilizam para o crescimento
e a evolução dos filhos, incentivando-os e respeitando as suas motivações, escolhas e
momentos. Contudo, tornam-se obstáculos quando impõem pressões ou não os incentivam.
O início de mais uma época desportiva é o momento certo para uma autorreflexão sobre o seu
comportamento e sobre as melhorias possíveis.
Muitos clubes já têm dificuldades em encontrar treinadores para as suas equipas. Se a estas
dificuldades acrescentarmos a falta de árbitros e de dirigentes associativos, temos de repensar
se não estaremos a afastar recursos humanos qualificados das funções, porque continuamos a
não investir no mais importante: o comportamento!
A forma como, no final de um jogo, a primeira atitude é correr na direção da equipa de
arbitragem revela muito sobre a cultura desportiva dos nossos agentes desportivos. Esta cena
teatral, tão comum em Portugal, é quase sempre um ato de transferência de responsabilidade
e de falta de compromisso da equipa perante um resultado negativo. Quando se trata de um
comportamento pontual, podemos até aceitá-lo — todos temos um dia menos bom. Mas
quando se torna um padrão já não é tolerável. Quando ganham, as equipas já não correm para
o árbitro. Porque será? A verdade é que os melhores não se desgastam com o que vai além do
jogo, focam-se nos aspetos que são da sua responsabilidade e que controlam e incentivam
quem lideram.
Temos de ser exigentes com todos os agentes desportivos e respeitar a modalidade em que
estamos inseridos. Estar constantemente a pôr tudo e todos em causa não é tratar bem a
modalidade que nos apaixona e que, para muitos, é também uma profissão.
Existem muitas ações de formação para treinadores e dirigentes, mas continua a faltar um
investimento na vertente comportamental. É esta que faz a diferença entre os excelentes e os
outros, permitindo que se foquem na sua função.
Votos de uma excelente época desportiva.

Desenho:Miguel Rebelo

Vitor Santos
Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia de Segurança Pública (PSP) recebem pagamento do subsídio de risco já nos próximos dias

Após o acordo celebrado, no passado dia 09 de julho, entre o Ministério da Administração Interna, as associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana (GNR) e os sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP), para o aumento faseado de 300 euros na valorização do subsídio de risco – a aprovação em Conselho de Ministros, bem como promulgação por parte do Presidente da República – o subsídio de risco para as forças de segurança será pago, através de um processamento extraordinário, nos próximos dias.
O pagamento que vai ser processado abrange as quantias referente aos meses de julho e agosto, o que irá representar, para este ano, um aumento para o valor de 300 euros mensais subindo, no próximo ano, o valor para os 350 euros e, a partir de 2026, passará para os 400 euros.
Além do aumento imediato de 300 euros – passando a variante fixa do suplemento dos atuais 100 euros para 400 euros até 2026, o acordo assinado pelas partes prevê também o início das negociações, a 06 de Janeiro de 2025, tendo em vista a revisão do estatuto profissional e remuneratório, bem como a avaliação das carreiras.
O Governo esteve verdadeiramente empenhado em conseguir um acordo histórico e um consenso com os representantes das forças de segurança, mantendo o carácter prioritário destas negociações num diálogo contínuo, franco e aberto, assente na boa-fé de todas as partes – no sentido de estado, de responsabilidade de que ambas as partes comprovaram deter – e que permitiu que este processo negocial culmine, agora, na justa valorização das forças de segurança.

Observador Cetelem-Artigo-86% dos portugueses não sabem o que é o euro digital

Apenas 5 em cada 10 já ouviram falar e 12% afirmam saber o que é o euro digital.
Porém, 3 em cada 10 percecionam que esta forma de pagamento eletrónico poderá ser positiva para a sociedade. 3 em cada 4 estão disponíveis para aderir ao euro digital.

Após uma fase de investigação de dois anos, em novembro de 2023 o Banco Central Europeu deu início à fase de preparação do euro digital, que estabelecerá as bases para a potencial emissão deste método de pagamento electrónico, que se pretende que seja acessível a todos de forma gratuita. Como a moeda física atual, que continuará a existir, o objetivo é que seja utilizado em qualquer parte da zona euro, de forma segura e com privacidade, dando resposta a uma sociedade cada vez mais digital. Prevê-se que este seja armazenado numa carteira digital e permita efetuar todos os pagamentos habituais – numa loja, na Internet ou a outra pessoa – usando um computador, um telemóvel ou um cartão, online e offline.

Apesar do término da fase de preparação estar prevista apenas para 2025, altura em que se decidirá avançar ou não para uma próxima fase, o novo Observador Cetelem, marca comercial do grupo BNP Paribas Personal Finance, procurou saber até que ponto os portugueses já tomaram conhecimento sobre a possibilidade de vir a existir um euro digital. O estudo concluiu que, embora 5 em cada 10 inquiridos afirmem já ter ouvido falar sobre o tema, 42% destes não sabem exatamente do que se trata. Já 44% nunca ouviram falar sobre o tema. Quando se fala em euro digital os inquiridos associam a palavras como: dinheiro, facilidade, digitais, criptomoedas, moeda, moeda digital e dinheiro virtual.

Por outro lado, 48% dos inquiridos percepcionam que o conceito do euro digital ainda é desconhecido pela sociedade. No entanto, quando questionados, por exemplo, sobre a possibilidade de vir a tornar-se realidade a existência de um euro digital nos dispositivos móveis, 3 em cada 10 pessoas consideram que será positivo, sobretudo porque esperam que seja fácil de usar, seguro e prático. Porém, há quem perspective como potenciais pontos negativos a falta de conhecimento, algum risco de exclusão social e de ciberataques.

3 em cada 4 portugueses querem aderir ao euro digital

Perante a possibilidade de o euro digital vir a tornar-se uma realidade nos próximos anos, 3 em cada 4 dos portugueses mostram intenção de aderir à sua utilização, sendo que 16% afirmam querer fazê-lo imediatamente após a sua implementação e 58% talvez apenas depois de se informar melhor. Contudo, há uma percentagem significativa de portugueses que indicam que continuarão a dar preferência a usar dinheiro físico ou outros métodos de pagamento electrónicos.

Ainda assim, a atual percepção dos consumidores é de que euro digital possa vir a ser um dos meios de pagamento mais usados no futuro (tanto como os cartões físicos). De acordo com o inquérito, atualmente 81% afirmam já utilizar formas digitais de pagamento, sendo que a maioria utiliza regularmente estes métodos para pagar compras e despesas online.

De referir que a decisão sobre a emissão, ou não, do euro digital só será considerada quando estiver concluído o processo legislativo da União Europeia, o que deverá acontecer em outubro do próximo ano.

Por:

Artigo de opinião de Luís Miguel Condeço—-Ar Puro

 

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

Além do início das principais festas e romarias, agosto evoca o Dia Mundial do Cancro do Pulmão (no primeiro dia do mês). Este dia procura sensibilizar a população para a principal causa de morte por cancro em Portugal (16% do total de mortes por cancro), segundo os dados de 2021 do Instituto Nacional de Estatística.

Hoje a evidência científica, resultante de diversas investigações ao longo das últimas décadas não deixam esconder a íntima relação entre o consumo ativo do tabaco (tabagismo) ou passivo (exposição ocasional ao fumo), e o risco de desenvolver cancro do pulmão (responsável por 90% de todos os cancro do pulmão), situação que poderia ser evitável.

Reconhecido como uma doença, o tabagismo carateriza-se pelo consumo de produtos resultantes do tabaco e que contêm nicotina, de uma forma continuada e dependente. O fumo do tabaco contém vários químicos (mais de 7000), dos quais cerca de 70 são cancerígenos. A Organização Mundial da Saúde considera o tabagismo como a principal causa de morte evitável no mundo (cerca de 16 mil mortes por dia), declarando-o como um problema de saúde pública, ou até como uma pandemia que deve ser combatida. Estima-se que na Europa, o consumo de tabaco é responsável por 16% de todas as mortes na população adulta com mais de 30 anos de idade.

Mas, nem sempre foi assim.

A planta do tabaco ou a Nicotiana Tabacum, como é conhecida desde o século XVI, altura em que foi introduzida na Europa mais propriamente na corte francesa, é uma planta de folhas largas e flores amarelas e rosa, que já se cultivava na região dos Andes na América do Sul há mais de cinco mil anos. E as indústrias transformadoras e comercializadoras dos produtos obtidos a partir do tabaco tiveram desde o início do século passado uma série de estratégias publicitárias e de marketing encorajando ao consumo dos cigarros.

A imagem do cigarro começou por ser associada ao luxo, ao glamour, e mais tarde à rebeldia e independência. Durante várias décadas esteve presente em anúncios, spots comerciais e cartazes, além de aparecer em vários filmes e entrevistas aos famosos atores de Hollywood, como o caso de Humphrey Bogart (o galã de Casablanca de 1942) ou de Jon Hamm (o publicitário da premiada série Mad Men já deste século). No entanto, nunca a publicidade teve tanto impacto no consumo de cigarros como o esforço feito pela Philip Morris (empresa tabaqueira norte-americana), primeiro na década de 50 do século passado com a criação do Homem da Marlboro (cowboy americano, solitário e de espírito livre no meio das pradarias, protagonizado pelo ator Robert Norris que nunca fumou e que morreu em 2019 aos 90 anos de idade), e mais tarde pela aposta no desporto automóvel, da qual resultou uma das parcerias mais duradouras e lucrativas de sempre, entre a tabaqueira e a McLaren que durou 23 anos e que nos traz à memória os “bólides” de Ayrton Senna ou de Alain Prost.

Apesar dos estudos epidemiológicos realizados na primeira metade do século XX, só na década de 60 desse século é que ficou cientificamente estabelecida a relação entre o tabaco e o cancro do pulmão, contudo as medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento foram sendo politicamente adiadas na sequência de um movimento independente, “de vontade própria” e do “livre-arbítrio” do comum dos cidadãos.

Em 2007, com a publicação da Lei n.º 37/2007 de 14 de agosto, Portugal passou a ter legisladas orientações, recomendações e restrições quanto à venda, consumo, publicidade, promoção e patrocínio de produtos de tabaco, tornando-se efetivas algumas das medidas de prevenção do consumo desta substância.

Há regimes mundiais mais rígidos, como o Butão (reino asiático na extremidade leste dos Himalaias) onde é proibido comercializar cigarros desde 2010 ou a Nova Zelândia (na Oceânia) que proíbe a venda de cigarros a cidadãos nascidos depois de 2009.

Mais importante que restringir ou impor uma medida, é fundamental sensibilizar as crianças e jovens para os efeitos nocivos da inalação de um ar poluído com o fumo do tabaco.

Artigo de opinião de Augusto Falcão:“A coragem nunca é a ausência de medo, mas sim enfrentar a situação mesmo que se sinta medo”

“A coragem nunca é a ausência de medo, mas sim enfrentar a situação mesmo que se sinta medo”

 

Recordo-me daquele dia; sempre me irei recordar dele; 9 de julho de 2006; era um dia normal no heliporto da Guarda; estava quente; abafado até; o sol era típico de verão; vento nem uma brisa para sossegar os efeitos do calor no corpo.

A sombra pouco ajudava e a água quanto mais fresca era mais sede provocava. O dia tinha começado assim e não havia sinais de que iria refrescar ou melhorar.

Na altura, no heliporto da Guarda, 5 bombeiros estavam de serviço ao helicóptero de combate a incêndios aguardavam o fim do turno; com eles estava mais um elemento cuja função era receber as chamadas de alerta.

E esses 6 elementos, tal como referido, aguardavam o fim do turno; sim, porque aguardar o fim do turno, sem ativações é sempre um bom sinal.

Mas quis o destino naquele dia, que já durante o almoço o telefone tocasse. Era um alerta.

Rapidamente, entramos para o aparelho, rotores a trabalhar, patins no ar e aí vamos nós…

Alerta de incêndio em Valhelhas.

A caminho do local, a coluna de fumo era bem visível e não agoirava um trabalho fácil…. Negra e direita… não tombava devido a ausência de vento…

Chegados ao local, decidi que seríamos largados no fundo do vale, num terreno agrícola e iniciar o combate do incêndio de baixo para cima.

O incêndio esse progredia em encosta, a subir essa encosta, em mato e pinhal.

Subia a encosta de forma lenta ainda; começamos o combate nesse terreno difícil, a subir por entre mato cerrado…

De repente, parece que o vulcão explodiu. Um rugido, um trovão. Um barulho infernal.

O incêndio, acabou de subir de forma descontrolada a encosta. Mais alguns minutos e o mesmo barulho. Mais uma subida e o incêndio estava no topo da encosta…

Nesta segunda arrancada, apanhou 6 bombeiros, que sem chance de fuga foram apanhados pelas chamas.

Sem hipótese de fugir, o fogo foi mais forte que eles e ceifou as suas vidas.

Hoje recordo esse dia; com mágoa; 6 camaradas meus partiram e deixaram de estar entre nós; as suas famílias iniciaram uma nova vida. Mas quem ficou vai recordá-los para sempre…

E quem viveu esse dia, nunca vai esquecer-se da perda que naquele dia os bombeiros sofreram….

Em memória deles…..

Augusto Falcão