“Um desafio e uma aprendizagem para toda a equipa”
Uma nova era aconteceu no refeitório do AEFA, desde que o Município de Fornos de Algodres, assumiu as competências na educação, assim tudo ganhou nova vida, com a equipa a ser retocada com mais elementos, na cozinha, onde a coordenação é da nutricionista Mafalda Rodriguez com resultados muito satisfatórios. Assim, recentemente de celebrou o Dia da Alimentação e fomos conversar um pouco sobre este trabalho que está a ser feito com a nutricionista Mafalda Rodriguez.
Magazine Serrano-Um novo ano letivo se iniciou e um desafio se levanta anualmente, a satisfação dos alunos no que diz respeito há comida escolar, verdade?
Mafalda Rodriguez-Sim, a satisfação alimentar é muito importante, no entanto é um grande desafio, uma vez que a satisfação alimentar muitas das vezes é diferente, senão mesmo oposta, de uma alimentação saudável e equilibrada. O que os alunos entendem de uma refeição “satisfatória” por vezes é contrária a hábitos alimentares saudáveis. O principal objetivo do refeitório, é fornecer ementas saudáveis, seguras e nutricionalmente equilibradas o que nem sempre é do agrado das crianças e jovens.
MS- A elaboração das ementas não é uma tarefa fácil sendo que, tem de as elaborar mediante determinados fatores. O que nos pode falar sobre isso?
MR– As ementas são elaboradas tendo em conta as necessidades energéticas e nutricionais das crianças e jovens de acordo com a faixa etária. Portugal tem sido um exemplo na produção de orientações sobre a oferta alimentar, desde o início dos anos 80.
As ementas são elaboradas mensalmente de acordo com as orientações sobre ementas e refeições escolares, que a Direção-Geral da Educação publicou, em agosto de 2018, a Circular n.º 3097/DFE/2018, que veio revogar a Circular n.º 3/DSEEAS/DGE/2013.
MS- Hoje surgem já muitos alunos que se designam vegetarianos, veganos, e também alunos com patologias, como alergia ou intolerância a algum alimento. Podemos dizer que é mais um desafio para si, ao ter de elaborar ementas que satisfação as necessidades de todos os alunos?
MR-Foi um desafio e uma aprendizagem para toda a equipa confecionarmos pratos vegetarianos que fossem atrativos. Sendo um tipo de refeição diferente, devem existir cuidados para que não provoquem algumas carências e desequilíbrios nutricionais. Quando existe uma alergia ou intolerância alimentar, comprovado por diagnóstico clínico, é elaborada uma ementa específica de acordo com a patologia identificada.
MS- No dia de hoje a nutrição escolar, é um ponto muito importante para o desenvolvimento do aluno, no seu entender, o que deve ser feito, a este respeito, para um futuro próximo?
MR-É muito importante consolidar hábitos alimentares saudáveis desde muito cedo e no seio familiar. Deve ser incutido às crianças e jovens desde cedo, a prática de almoçar no refeitório escolar. Não nos devemos esquecer, que é na escola que passam um tempo significativo das suas vidas e onde ingerem a maioria das suas refeições. As refeições escolares, para além de darem resposta às necessidades nutricionais, também têm objetivos sociais, pedagógicos e culturais. A educação alimentar é fundamental.
MS- Neste momento, o feedback que obtivemos exteriormente, é que a qualidade das refeições melhorou, desde que o Município abraçou esta causa. Na sua opinião, muita coisa mudou para alcançar este feito?
Fico contente com o feedback. Anteriormente a cozinha era gerida por uma empresa de restauração coletiva. Embora a equipa se mantenha a mesma, está mais motivada e orientada. Está uma equipa unida com um objetivo claro de confecionar as refeições com qualidade.
A formação de “Reconhecimento, validação e certificação de competências profissionais “, que realizaram também ajudou a aperfeiçoar técnicas culinárias. A escolha de produtos locais, também foi um fator que contribuiu para essa melhoria. Penso que a diversidade alimentar e a escolha de produtos sazonais também contribuem para uma melhor aceitação das refeições.
MS- Nos dias de hoje, o refeitório escolar tem aumentado o número de refeições em relação a quando iniciou este percurso. É sinal de mudança nos produtos utilizados, nas ementas elaboradas, a qualidade dos recursos humanos também aumentou? O que nos pode dizer a esse respeito?
MR-Como já referi vários fatores influenciaram para que as refeições fossem mais bem aceites pelas crianças e jovens. Os produtos frescos e locais, a equipa que conhece todos os gostos e preferências dos alunos, a formação que a equipa recebeu e as ementas que são elaboradas de acordo com as orientações, mas que tentamos que sejam do agrado das crianças e jovens. A equipa tem trabalhado de forma a que haja articulação e comunicação com professores, encarregados de educação e com os jovens, de forma a melhorar sempre o que pode estar a correr menos bem para que o almoço seja cada vez mais atrativo.
MS- Sabemos que na nutrição escolar, nunca existe satisfação total e com todas as restrições impostas pelo Ministério a nível de diminuir o sal, o açúcar, evitar os fritos, entre mais outras exigências. O desafio é mais elevado para manter o grau de satisfação dos alunos? MR-Sim, sem dúvida. Temos que reforçar que o refeitório não é um restaurante, é um espaço educativo e como tal, tem de se assumir também, como um espaço de experimentação a novos sabores e outras ementas. A alimentação escolar deve visar e promover a saúde das crianças e jovens, através de almoços nutricionalmente equilibrados e saudáveis.
Devemos promover formas tradicionais de culinária nomeadamente a promoção da Dieta Mediterrânica. Desta forma, as refeições devem seguir os princípios nutricionais de redução de nutrientes reconhecidos como prejudiciais. Como exemplo, posso referir que não são fornecidos fritos no refeitório, todos os alimentos são confecionados no forno.
MS- Para finalizar, agradecer o seu tempo disponível. Que mensagem deixa nesta fase do ano a alunos, professores, pais, encarregados de educação e restante comunidade?
MR-Antes demais quero desde já agradecer o convite. É cada vez mais importante falar sobre alimentação e hábitos alimentares, nomeadamente em ambiente escolar.
A alimentação é um dos principais determinantes da saúde das populações, é também um condicionante do desenvolvimento cognitivo e do rendimento escolar das crianças e jovens.
As refeições em meio escolar devem ser seguras, saborosas, nutricionalmente equilibradas, integradoras, agradáveis e sustentáveis. É nestas bases que trabalhamos diariamente.
Somos uma equipa que diariamente trabalha em prol das crianças e jovens. Quero aproveitar para deixar o convite aos professores, pais, encarregados de educação, para experimentarem almoçar no refeitório. “Saber comer é saber viver”