A notícia divulgada pela Rádio Altitude esta segunda-feira sobre as pressões da estrutura distrital do PS da Guarda ao Ministro da Saúde, devido à ULS da Guarda, é tão bizarra quanto grave. Mas acima de tudo é alarmante e triste. Muito triste.
A notícia começa por ser bizarra, não estivesse uma estrutura do PS a ameaçar retirar a confiança política a um ministro do Governo…PS. Não obstante desta “singularidade”, esta poderia ser uma situação objetivamente justificável. Acreditando nós, e confessamos acreditamos pouco, que o PS da Guarda defende, antes e acima de tudo, os interesses deste distrito, esta poderia ser uma forma corajosa de pressão para proteger os interesses da Guarda, dos Guardenses e, em particular, da ULS da Guarda.
Mas é aqui que a situação se torna grave. Os interesses que o PS da Guarda usa para justificar a sua posição são, afinal, os seus próprios interesses. Diga agora o senhor Presidente da Federação Distrital o que disser, o e-mail que o próprio enviou para o ministério é claro: “Não é possível que um CA (Conselho de Administração) de uma estrutura como a ULS da Guarda, não integre um único elemento de plena confiança das nossas estruturas locais e concelhias”. Esta frase é clara e quer apenas dizer uma coisa: que o PS, ou o seu Presidente, entende que um órgão da administração da Saúde deve integrar pessoas com base na sua filiação partidária. Não são “fait divers” nem interpretações “distorcidas da realidade”. Isto é sim “boyismo” à antiga, um completo atropelo democrático e um desrespeito institucional pela ULS e pelo próprio Ministério da Saúde. A equipa da ULS deve ser constituída por pessoas competentes, com habilitações e experiência comprovada na gestão hospitalar. Foram estes, aliás, alguns dos argumentos para a nomeação da Dra. Isabel Coelho. Se o PS tinha outros nomes a sugerir (e só isto já seria estranho) que pelo menos o fizesse questionando as habilitações da atual equipa e apresentando alternativas credíveis. Mas não, para o PS da Guarda, o cartão de militante é por si só uma carta de acesso a lugares de nomeação. Esta tentativa “sovietizar” a administração de uma forma tão explícita é deveras preocupante. Se o PS quer sentir-se representado, que o faça dando o seu melhor nas eleições autárquicas e legislativas. É em eleições, e não em nomeações, que as estruturas partidárias devem se devem fazer valer.
No entanto, esta situação parece-nos também alarmante, pois acontecendo como aconteceu – através de um simples e-mail para um ministério, vemo-nos obrigados a perguntar: quantas vezes o PS da Guarda fez uso deste “ato diplomático” para “encaixar” os seus militantes nas instituições do distrito? É esta a forma de fazer política dos quadros dirigentes do PS, encher a máquina do Estado com os seus militantes de forma a garantir o controlo da mesma? É difícil acreditar que se aconteceu agora, não tenha acontecido antes… Bom era ver a Federação Distrital do PS exigir com a mesma “coragem e empenho” algumas das “155 medidas concretas para o desenvolvimento do Interior(…)”.
Por fim, esta situação é simplesmente triste. Numa altura em que a política está tão descredibilizada, notícias destas só fazem com que as pessoas se afastem dela ainda mais. Para estruturas como a JSD, ou qualquer outra juventude partidária, que todos os dias tentam fazer política pela positiva e fazer os jovens voltarem a acreditar e a envolverem-se na política, este é um duro golpe.
A JSD Distrital da Guarda espera que o Presidente da Federação Distrital do PS se retrate devidamente e não fique apenas a “chutar para canto” algo que está à vista de todos. Não o fazer é um desrespeito para com a Guarda, os Guardenses e para com a história democrática do Partido Socialista. Confiamos que também a JS Distrital da Guarda, estrutura que tal como a JSD defende os jovens do distrito, demonstrará, nos órgãos próprios, as implicações que atos como estes têm na confiança dos jovens na política.
Por:JSD Guarda