No mês em que se comemora o centenário do Armistício da Primeira Guerra Mundial – 11 de novembro de 1918 – vai ser apresentado, no Centro Cultural de Celorico da Beira o filme “ Soldado Milhões” . Desta forma, pretende o Municipio comemorar esta importante data e homenagear um herói português, pouco conhecido, a quem foi atribuída a maior condecoração nacional – a Ordem Militar de Torre e Espada. Estará presente Teresa Milhais, neta de Anibal Milhais, residente na Guarda.
O filme será exibido no dia 16 de novembro, durante o dia para a comunidade escolar e às 21.30h para o público em geral.
A presença portuguesa na Primeira Grande Guerra é ainda desconhecida por muitos, assim como a existência de Aníbal Milhais, o Soldado Milhões.
Os seus atos de coragem durante a Batalha de La Lys valeram-lhe a mais alta condecoração nacional – a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. O soldado estava longe de imaginar que se viria a tornar no maior herói português da Primeira Guerra Mundial.
Aníbal Augusto Milhais nasceu em 1895 na aldeia de Valongo, concelho de Murça. A 9 de abril de 1918 o soldado transmontano integrou a 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português que enfrentou os alemães na batalha de La Lys(Flandres), uma das mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial. Perante o avanço das tropas inimigas, o contingente nacional (em menor número) viu-se obrigado a retirar, mas Aníbal Milhais, contrariando ordens superiores, não virou costas e enfrentou sozinho as sucessivas ofensivas alemãs, possibilitando a retirada dos companheiros para posições de retaguarda. Depois de travar sozinho o avanço das tropas inimigas, o soldado português vagueou pelos campos da Flandes durante quatro dias, exposto ao fogo inimigo e sem conseguir encontrar o que restava da sua divisão. Ainda não estava a salvo no acampamento e já o relato da sua façanha ecoava no espírito combalido do exército português. Aníbal Augusto Milhais demora vários dias até reencontrar o seu pelotão em Saint-Venant, protegido apenas pela sua arma– Luisinha – e um amuleto da sorte oferecido pela sua amada. No Terá sido um médico escocês, salvo por Milhais de morrer afogado, o primeiro a dar conta do seu heroísmo. Quando finalmente chegou, são e salvo, o comandante ter-lhe-á dirigido a saudação que ficaria para a história:-Tu és Milhais, mas vales Milhões.
De regresso a casa, o seu feito não foi esquecido. A aldeia que o viu nascer e morrer, mudou o nome para Valongo de Milhais e o epíteto Milhões transformou-se no sobrenome dos seus descendentes.