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Senense Pedro Oliveira cria plataforma para cura de doenças

Pedro Oliveira lançou a Patient Innovation, uma plataforma onde cuidadores e pacientes partilham soluções para doenças graves

Joaquina
Teixeira, mãe de Gonçalo, cobriu o tecto de sua casa de balões
coloridos. Não que fosse dar uma festa de fim de ano. Longe disso.
Inspirada pelo que viu noutra festa de crianças, foi a solução que
arranjou para que o filho Gonçalo, a quem fora diagnosticada síndrome de
Angelman, uma perturbação genético-neurológica, se sentisse motivado a
levantar-se e a caminhar sozinho pela casa para agarrar os balões.

Já Mariana tem cri du chat, uma doença em que uma das possíveis
perturbações de comportamento é um fascínio por cabelos. O que muitas
vezes acontece é arrancar os próprios cabelos e fazer peladas quando
está mais nervosa. “Os pais repararam que se tivesse o cabelo molhado
não sentia a mesma atracção por cabelos e experimentaram pôr-lhe gel.
Repararam que como não gosta do toque deixou de os arrancar”, conta
Pedro Oliveira, de 43 anos.
É na plataforma online lançada por Pedro em Fevereiro de 2014, a
Patient Innovation, que pais como os de Gonçalo e Mariana partilham
soluções alternativas para doenças mais graves como estas. Multilingue,
internacional e sem fins lucrativos, a plataforma tem como objectivo
“facilitar a partilha de soluções inovadoras desenvolvidas por doentes
de qualquer patologia, bem como pelos seus cuidadores”, explica Pedro.
“Na nossa investigação descobrimos que um elevado número de doentes
inovam e muitas vezes desenvolvem soluções muito importantes para eles e
para as suas famílias ou cuidadores”, continua. “Percebemos também que
se essas soluções fossem partilhadas com outros doentes e cuidadores com
problemas semelhantes, poderiam ajudar muito mais gente.”
O projeto resultou de uma investigação multidisciplinar liderada
pela Católica-Lisbon School of Business and Economics, com a
participação da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e também
do MIT Sloan School of Management e da Carnegie Melon University, dos
Estados Unidos.
Inovadora e made in Portugal, desde que foi lançada, no início do ano
passado, a Patient Innovation já conta com 240 soluções apontadas por
doentes dos cinco continentes. “Algumas são muito simples, enquanto
outras são mais complexas e só foram possíveis graças a várias
colaborações, nomeadamente com a comunidade médica”, sublinha Pedro, que
também é professor e diretor para a investigação da Universidade
Católica.
Qualquer pessoa pode registar-se nesta espécie de rede social e
partilhar a sua solução, que é depois avaliada por uma equipa médica
liderada por Helena Canhão, da Faculdade de Medicina da Universidade de
Lisboa, antes de ser aprovada e estar disponível para quem a visita. O projeto é tão bem sucedido que foi semifinalista no prestigiado Harvard
Health Acceleration Challenge – uma organização conjunta da Harvard
Medical School e da Harvard Business School -, em que estiveram em
competição 475 projectos de todo o mundo e conseguiu ser “o projecto
mais aplaudido, mais visto e comentado entre todos”.
Em 2015, Pedro espera que a Patient Innovation possa chegar a “países
com baixa intensidade tecnológica e pouca penetração da internet, por
exemplo em África ou no Sudoeste asiático”, diz. Ele próprio nasceu “num
dos países mais pobres e problemáticos do mundo”, a República
Centro-Africana.
Neste momento continua a trabalhar em vários projetos na área da
saúde, também em colaboração com Helena Canhão. No próximo mês deverá
lançar um programa de Inovação e Empreendedorismo em Saúde, que conta
com várias colaborações internacionais. “Estamos também a lançar uma
iniciativa destinada às empresas, a que chamámos Health Innovation Lab
(o HiLab), e um grupo multidisciplinar na área da saúde a que chamámos
Health Innovation Research Group (HiResearch).” Segue-se um livro com
histórias de inovações por doentes e cuidadores.
Fonte I online

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