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Avisos e Liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum- Ano A

 

Estamos quase a chegar ao final do ano litúrgico. Dar-se-á conta através dos textos evangélicos que proclamaremos e escutaremos nestes últimos três Domingos, contando também com este Domingo. Jesus fala em parábolas, fala sobre o fim dos tempos, fala sobre a vigilância. Neste Domingo ressoa, especialmente, esta afirmação de Jesus: “Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora”. A atitude de um cristão é a vigilância, de estar à espera, não com medo, mas com determinação e confiança em Deus. Na narração da parábola das cinco virgens prudentes e das cinco virgens insensatas, Jesus convida-nos a estarmos preparados para O receber. Umas estavam, tinham azeite suficiente para as suas lâmpadas; as outras cinco, não foram cautelosas e ficaram sem azeite. É um claro convite a estarmos preparados e vigilantes. A vivência cristã não se fundamenta na ideia do “Carpe Diem”, viver o hoje sem preocupações com o amanhã, desfrutar a vida e os prazeres do momento em que se vive, mas na certeza de que em cada dia tem de se subir mais um degrau, dar mais um passo, na nossa amizade com o Senhor. Nas próximas semanas, nas quais iniciaremos um novo ano litúrgico com o tempo do Advento, seremos relembrados a estarmos vigilantes, a prepararmos o nosso coração e a nossa vida para o encontro definitivo e amoroso com o Senhor e, assim, entrarmos na sua festa.

O que podemos fazer para estarmos preparados? A primeira leitura, do Livro da Sabedoria, diz-nos que a sabedoria faz-se encontrar aos que a procuram, “ é luminosa e o seu brilho é inalterável, deixa-se ver facilmente àqueles que a amam”. É este o nosso desafio, ou seja, procurar uma atitude sábia para estarmos vigilantes. Como? Dando testemunho do amor de Deus nas nossas vidas, ou seja, construindo a paz, cuidando dos doentes, ajudando alguém que passa por uma necessidade material ou espiritual, anunciando Jesus com alegria e esperança aos descrentes, etc. Na nossa vida, o que é mais importante não são os prazeres humanos, mas o desejo de Deus, ou seja, que Deus fecunde todo o nosso ser, que sejamos uma imagem do seu amor. E isto realizar-se-á na nossa vida numa atitude sábia com esperança e sem colocar condições a Deus. Os cristãos de Tessalónica queriam controlar o “relógio” de Deus, porque queixavam-se da Sua demora, adiava a sua vinda, mas Deus tem o seu tempo, um relógio diferente do nosso. É evidente que virá, não se demorará; mas só quando Ele achar conveniente. Por isso, é muito importante ter uma atitude de jubilosa esperança e de abertura à sabedoria divina.

Na Eucaristia, o nosso olhar orienta-se para o futuro. Depois da consagração do pão e do vinho, aclamamos: “Anunciamos, Senhor, a Vossa morte, proclamamos a Vossa ressurreição; Vinde, Senhor Jesus!”. O Senhor convida-nos à sua mesa, à mesa da Eucaristia, esperando um dia participarmos no banquete das bodas do Cordeiro no Céu. Para tal, tenhamos acesa a luz da fé, a luz da esperança e a luz da caridade para que quando Ele vier, como as virgens prudentes, possamos entrar para celebrar eternamente o seu amor na sua presença. Que a Eucaristia deste Domingo nos conceda esta vontade de procurar a sabedoria de Deus para assim estarmos vigilantes, dando um bom testemunho, até que Ele venha.

 

«No meio da noite»

Avisos e Liturgia do 27º domingo do Tempo Comum- Ano A

 

 

Neste Domingo, a Palavra de Deus fala-nos do povo judeu, utilizando a metáfora da vinha: “A vinha do Senhor é a casa de Israel”, assim cantamos no salmo. A primeira consideração que se nos oferece fazer desta vinha é que o seu proprietário é Deus. Foi Ele que cavou a vinha, limpou-a das pedras, plantou-a de cepas escolhidas e arrendou-a a uns vinhateiros. Podemos afirmar que a vinha que nos é oferecida por Deus, é a nossa vida em união com as pessoas que nos rodeiam nesta casa comum que é o nosso planeta. Quem é capaz de dar vida a não ser Deus? Todos procedemos graciosamente do seu amor: “Fomos concebidos no coração de Deus e, por isso, cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário”, como afirma o Papa Francisco (‘Laudato si’, 65). As pessoas que nos rodeiam são também um dom do Senhor. Elas enriquecem-nos com as suas qualidades e virtudes que receberam de Deus e, assim, cada um de nós também deve colocar ao seu serviço as qualidades que Deus nos deu. Todas as pessoas têm a dignidade de ser imagem e semelhança do criador, de proceder do seu amor. Finalmente, a terra é um dom do criador que temos de cuidar: “A terra existe antes de nós e foi-nos dada” (‘Laudato si’, 67). “A criação só se pode conceber como um dom que vem das mãos abertas do Pai de todos, como uma realidade iluminada pelo amor que nos chama a uma comunhão universal” (‘Laudato si’, 76).

A vinha tem um único dono que é Deus e a nós foi confiada, ou seja, arrendada, para nela trabalharmos. Sobre os frutos, teremos de prestar contas ao Senhor. Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo pretenderam possuir a vinha como sua propriedade. Esta aspiração destruiu a harmonia da vinha e a cobiça dos vinhateiros levou ao assassínio dos representantes do dono, incluindo o seu próprio filho. A pretensão de possuir a vinha por parte dos vinhateiros, querendo usurpar a Deus a sua propriedade, conduz aos piores desastres. A vinha, em vez de dar boas uvas, produzirá agraços. Quando pensamos que somos donos da vida, acreditamos que temos o direito de decidir sobre o princípio e o fim da mesma. A fraternidade passa para segundo plano e cresce a nossa indiferença perante pobres e os que sofrem. Se a terra é considerada como propriedade e não como um dom, pensamos que temos o direito de a explorar sem olhar a meios: “Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la” (‘Laudato si’, 2).

 

Folha Elo de Comunhão

 

Somos convidados a sermos administradores da vinha. Somos administradores de uma propriedade que nos foi confiada como um dom e da qual teremos de entregar os frutos ao Senhor. Para sermos bons vinhateiros, é-nos pedido uma maneira diferente de viver, reconhecendo que Deus é o criador e o proprietário da vinha. Assim, a nossa missão consiste em acolher o dom da vida, do irmão e da terra numa atitude de agradecimento ao criador. Todavia, temos de cultivar e desenvolver este dom procurando para todos uma terra acolhedora e familiar. O Senhor pede-nos que trabalhemos no cuidado da vinha quando esta aparece frágil e em risco. Temos de velar com mimo pela vida a começar (em embrião), sobretudo quando corre o risco de se extinguir ou está ameaçada. “A melhor maneira de colocar o ser humano no seu lugar e acabar com a sua pretensão de ser dominador absoluto da terra, é voltar a propor a figura de um Pai criador e único dono do mundo; caso contrário, o ser humano tenderá sempre a querer impor à realidade as suas próprias leis e interesses” (‘Laudato si’, 75).

 

Dar fruto

 

O Senhor está permanentemente comparando a alma humana com uma vinha: «O meu amigo possuía uma vinha numa colina fértil» (Is 5,1); «plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe» (Mt 21,33). É, evidentemente, à alma humana que Jesus chama a sua vinha, foi a ela que cercou, qual sebe, com a segurança que proporcionam os seus mandamentos e a protecção dos seus anjos, porque «o anjo do Senhor assenta os seus arraiais em redor dos que O temem» (Sl 33,8). Em seguida, ergueu em nosso redor uma paliçada, estabelecendo na Igreja «primeiro, apóstolos, segundo, profetas, terceiro, doutores» (1Cor 12,28). Por outro lado, através dos exemplos dos homens santos de outrora, eleva-nos os pensamentos, não os deixando cair por terra, onde mereceriam ser pisados. Deseja que os abraços da caridade, quais ramos de uma vinha, nos liguem ao nosso próximo e nos levem a repousar nele. Assim, mantendo permanentemente o impulso em direcção aos céus, elevar-nos-emos como vinhas trepadeiras até aos mais altos cumes.

O Senhor pede-nos também que consintamos em ser podados. Ora, uma alma é podada quando afasta para longe de si os cuidados do mundo, que são um fardo para o nosso coração. Assim, aquele que afasta de si mesmo o amor carnal e a ligação às riquezas, ou que tem por detestável e desprezível a paixão pela miserável vanglória foi, por assim dizer, podado, e voltou a respirar, liberto do fardo inútil das preocupações deste mundo.

Mas – e mantendo ainda a linha da parábola – não podemos produzir apenas lenha, ou seja, viver com ostentação, ou procurar os louvores dos de fora. Temos de dar fruto, reservando as nossas obras para as mostrarmos ao verdadeiro agricultor (Jo 15,1). (São Basílio, c. 330-379, monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja, Homilia 5 sobre o Hexâmeron, 6).

 

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Ano A - Tempo Comum - 27º Domingo - Boletim Dominical II

 

Avisos e Liturgia do 17º Domingo do Tempo Comum- Ano A

 

a)         O evangelho deste Domingo narra-nos duas parábolas que nos dizem o que fazem as pessoas que encontraram o tesouro do Reino dos Céus, ou seja, que encontraram Jesus Cristo, Aquele que anuncia e torna já presente este Reino. Segundo estas parábolas, a vida destas pessoas é marcada pelo tesouro encontrado. Não querem ter outra coisa. Deixam tudo o que antes tinham, livram-se de todo o passado, para se entregarem totalmente àquilo que é importante e que acabaram de descobrir. Perante esta passagem evangélica, algumas questões poder-se-ão colocar sobre como o chamamento de Jesus e a vida do Reino marca as nossas vidas de discípulos. Algumas destas questões podem ser pontos de reflexão para a homilia deste Domingo. Mas há um ponto de reflexão que, mesmo que não se desenvolva muito na homilia, está presente: trata-se do Domingo como símbolo desta vida voltada toda ela para o Reino de Deus. Hoje, não podemos pretender que ao Domingo não se trabalhe, como em tempos idos. A sociedade tem a sua autonomia, quanto à religião “cristã”, e também não podemos criar problemas de consciência nas pessoas que, se não trabalham aos domingos, não têm como sustentar-se e sustentar as suas famílias. Portanto, uma “formação” sobre o domingo não deve ter como objectivo o regresso a uma sociedade que já passou, mas descobrir qual a importância que tem para o povo e para os “pastores” a celebração dominical, o Dia do Senhor, sacramento da nossa vida cristã. A importância do domingo, dia em que celebramos a ressurreição do Senhor, reside no facto de que nos recorda semanalmente que estamos convidados a viver uma vida nova. Perderemos o sentido do Domingo, se o seu centro somos nós e não o Reino de Deus. A forma como vivemos o Domingo, em família, na comunidade cristã, com os amigos, expressa que optámos por “vender tudo” para obter o tesouro do Reino dos Céus?

26-07-2020 (1)

b)         Sem qualquer tipo de repetições e muito breve, a homilia pode começar por recordar que já há alguns domingos andamos a escutar e a reflectir as parábolas que estão no capítulo 13 de S. Mateus, salientando que o evangelista deixa bem claro que as parábolas são um meio para revelar o plano de Deus. Por isso, a maior parte delas, começa da mesma forma: “O reino dos céus é semelhante a …”. As parábolas do tesouro e da pérola falam-nos do grande valor do Reino de Deus. É tão valioso que, quem o encontra, deixa tudo em função do Reino. Elas também nos falam da alegria de quem começa a conhecer este Reino. Ao mesmo tempo, Jesus, com estas parábolas, convida-nos a uma opção radical pelo evangelho, o que nos coloca a questão sobre a qualidade da nossa correspondência a Ele. Elas estimulam-nos, reconhecendo as nossas limitações, e alertam-nos a não cair no conformismo de seguir Jesus à distância, sem qualquer compromisso. A propósito da parábola da rede, podemos acentuar algumas ideias que já foram expressas na parábola do trigo e do joio (domingo anterior). No mundo, coexistem o bem e o mal. Mas, aqui, não se acentua tanto esta coexistência, que tem que se levar com paciência e sem fazer juízos de ninguém, mas a separação que acontecerá no fim dos tempos, ou seja, o que está reservado para os que, aqui e agora, se inclinam para o mal. Novamente, um alerta: o juízo a pessoas pertence somente a Deus; a nós pertence discernir o que é bom (para o valorizar) e o que é mau (para lutar contra a corrente) e trabalhar pelo Reino, optando radicalmente por Jesus, com a mesma capacidade de discernir pedida por Salomão na primeira leitura deste domingo. A homilia poderá também ter como ponto de partida a segunda leitura que, apesar de breve, é um bom mote para reflexão. É uma boa oportunidade para reflectir sobre o baptismo que define a origem e o destino das nossas vidas, ao mesmo tempo que nos transforma em imagens vivas de Jesus Cristo.

 

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Ano A - Tempo Comum - 17º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum- Ano A

 

Neste Domingo, iniciamos a leitura do capítulo 13 de S. Mateus, onde se encontram as parábolas do Reino. São breves relatos figurados através dos quais Jesus fala sobre a sua missão e a dos seus discípulos para dar a conhecer a vontade de Deus. Inspira-se não nos ensinamentos rabínicos mas nas situações da vida normal das pessoas. Este capítulo inicia com a parábola mais longa e completa, que é a parábola do semeador.

Neste texto, quem é o semeador? Jesus é o semeador da Palavra do Reino. É um trabalhador entusiasmado e perseverante, que acredita no que faz. Sai diariamente para o campo e lança com abundância a semente da Boa Nova que contém “os segredos do Reino dos Céus”. Confia na qualidade da semente, porque vem de Deus e que completará o seu ciclo quando der frutos (cfr. 1ª leitura). Esta semente irá deitar raízes na terra. A semente é o começo de tudo, ou seja, sem pregação, não há evangelização. Não é o semeador que escolhe o terreno, mas a forma como os que ouvem acolhem a semente ou a rejeitam. Jesus fala em parábolas e utiliza uma linguagem misteriosa para que as pessoas se interroguem sobre a sua vida. Neste sentido, pode entender-se a citação de Isaías no texto do evangelho: “Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando, olhareis, mas não vereis”. Recordemos os sábios e os inteligentes do evangelho do domingo passado. O seu orgulho e prepotência endureceram a terra do seu interior e a semente foi “sufocada e queimada”, como a semente no caminho e nos sítios pedregosos. O anúncio do Reino de Deus não utiliza uma linguagem ameaçadora. A linguagem de Jesus é provocante: interpela, inquieta e renova. O Reino de Deus não é uma mera utopia humana, mas é uma nova criação realizada pelo Espírito Santo, como afirma S. Paulo na segunda leitura. A pregação do Reino tem de provocar, ao mesmo tempo, entusiasmo e conversão.

Depois de Jesus ter contado a parábola à multidão, os discípulos aproximaram-se e disseram-lhe: “Porque lhes falas em parábolas?”. Jesus responde: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não”. “Felizes os vossos olhos porque vêm e os vossos ouvidos porque ouvem!”. De seguida, explica-lhes o que significa a parábola do semeador. Eles deixaram-se conduzir por Deus, acolheram a semente do Reino nas suas vidas. Com paciência, deixaram-se transformar à imagem e semelhança de Deus. Os segredos do Reino tornaram-se mais claros, quando se aproximaram de Jesus. Hoje, tendo em conta as circunstancias actuais, a Igreja tem de aprender a evangelizar novamente: saber lançar uma semente que chegue ao maior número de pessoas e saber oferecer a proximidade de Jesus e dos seus ensinamentos.

12-07-2020

Que frutos produz a Palavra de Deus? Começa por ser palavra escrita, para ser lida, meditada, vivida, proclamada e pregada. Mas, como dizia a primeira leitura de Isaías, é uma Palavra que sai da boca de Deus. É uma Palavra que origina algo de novo. Perante a contaminação e a degradação do pecado, a semente da Palavra de Deus produz vida, como nos afirma S. Paulo na segunda leitura.

 

«Os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra»

 

Senhor, meu Deus, as tuas palavras são palavras de vida, onde todos os mortais encontram aquilo que desejam, desde que aceitem procurá-lo. Mas será de espantar, meu Deus, que esqueçamos as tuas palavras, tomados como somos pela loucura e a languidez que são consequência das nossas más acções? Oh meu Deus, autor de toda a criação, o que seria esta criação se Tu quisesses, Senhor, criar ainda mais? Tu és omnipotente, as tuas obras são incompreensíveis. Faz, Senhor, que as tuas palavras nunca se afastem do meu pensamento.

Tu disseste: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). Que mais queremos nós, Senhor? Que mais pedimos? Que mais procuramos? Porque será que as gentes do mundo se perdem, a não ser porque andam em busca da felicidade? Oh meu Deus, que cegueira tão profunda! Procuramos a felicidade onde é impossível encontrá-la.

Oh Criador, tem piedade das tuas criaturas! Repara que, sozinhos, não compreendemos, não sabemos aquilo que desejamos, escapa-nos aquilo que pedimos. Dá-nos luz, Senhor! Vê que temos mais necessidade dela do que o cego de nascença. Ele desejava ver a luz e não era capaz, e agora, Senhor, as pessoas recusam-se a ver. Haverá mal mais incurável do que esse? Será aqui, meu Deus, que ressoará o teu poder, aqui que brilhará a tua misericórdia. Peço-Te que me concedas amar aqueles que não Te amam, abrir a porta àqueles que não batem, dar a saúde àqueles que gostam de estar doentes. Tu disseste, Mestre meu, que tinhas vindo para os pecadores (Mt 9, 13); ei-los, Senhor! E Tu, meu Deus, esquece a nossa cegueira, considera apenas o sangue que o teu Filho derramou por nós. Que a tua misericórdia resplandeça no seio de semelhante infelicidade; lembra-Te, Senhor, de que somos obra tua e salva-nos pela tua bondade, pela tua misericórdia. (Santa Teresa de Ávila, 1515-1582, carmelita descalça, doutora da Igreja, Exclamações, nº 8)

 

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Ano A - Tempo Comum - 15º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 14º domingo do Tempo Comum- Ano A

 

 

a)         Depois do Discurso da Missão (capítulo 10) e antes de iniciar a pregação através das parábolas (capítulo 13, o que acontecerá a partir do próximo Domingo), o evangelista S. Mateus apresenta Jesus em plena actividade pela Galileia, a pregar e a curar (capítulos 11 e 12). No meio de toda esta actividade, aparece-nos a oração de Jesus que, hoje, aparece na leitura evangélica deste Domingo. A oração é uma dimensão importante da vida cristã. Para Jesus, a oração também era muito importante: uma oração filial, intensa, fundamentada na unidade do Pai com o Filho (v. 27). A paz e a força interior que Jesus tinha, vinham da sua intensa vida interior e da sua íntima e profunda relação com o Pai. Os momentos de oração e de meditação também são importantes para nós.

 

b)         Jesus inicia a sua oração dando graças a Deus “porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos”. Em muitas outras passagens evangélicas, dá-se conta que Deus está mais próximo dos humildes, dos fracos, dos pobres do que dos poderosos. Para poder contemplar a mão de Deus na nossa vida, para poder captar a bondade de Deus, para poder rezar, para poder viver com optimismo e esperança que vêm da fé, é preciso ter um coração simples e humilde. Os “sábios e os inteligentes” já terão a sua cabeça e o seu coração cheios de outras preocupações, não havendo espaço para Deus. É importante não esquecer que Jesus também viveu na humildade e na “pequenez”. A lógica da cruz salienta que “pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído” (Oração colecta). Jesus era a expressão de Deus que é “clemente e compassivo… bom para com todos” (salmo responsorial). A primeira leitura fala-nos da alegria e do entusiasmo de Israel pelo facto de Deus enviar um rei vitorioso, mas que entra na sua cidade, “humildemente montado num jumentinho”. Esta é a imagem de Jesus Cristo a entrar na cidade de Jerusalém, como podemos recordar no Domingo de Ramos.

05-07-2020

c)         A oração, a simplicidade, a humildade…o evangelho deste Domingo transmite-nos paz, a paz de espírito que tantas vezes precisamos. Numa sociedade onde andamos a um ritmo de vida tão intenso e tão cheios de problemas, é reconfortante ver como Jesus é capaz de nos dar paz, serenidade, alegria interior. Toda a liturgia deste Domingo fala-nos destes sentimentos. Na primeira leitura o profeta Zacarias convida o povo a alegrar-se, porque este rei trará a salvação e “anunciará a paz às nações”. O salmo responsorial apresenta-nos o Senhor “bom para com todos… a sua misericórdia se estende a todas as criaturas… perfeito em todas as suas obras”. Ao Senhor, bondoso e compassivo, temos de dar graças todos os dias (oração depois da comunhão) e pedir-lhe que nos encha de alegria: “dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna” (oração colecta). Não podemos esquecer as palavras de Jesus no evangelho: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”. O discípulo de Jesus já não tem de suportar o peso humilhante da Lei, mas um jugo suave, uma carga leve. Jesus é “manso e humilde de coração”; esta é a melhor imagem de Deus, “lento para a ira e rico de misericórdia”. Colocar a nossa vida nas suas mãos é a melhor maneira de encontrarmos descanso.

 

d)        Com a paz, a alegria e o descanso que vêm de Deus, a vida do cristão é diferente, ou seja, é uma vida segundo o Espírito. São Paulo explica-nos isto no capítulo 8 da sua Carta aos Romanos: “Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito habita em vós”. O Apóstolo diz-nos que nós já não podemos viver agarrados aos valores da “carne”, ou seja, aos valores imediatos, materiais, superficiais, mas a valores mais espirituais e profundos, os quais o evangelho de hoje nos convida a experimentar e que nos podem levar à felicidade, a uma vida diferente, ou seja, à vida dos filhos de Deus: “se pelo Espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis”. Assim, encontramo-nos diante de uma maneira diferente de encarar a vida, as preocupações, porque ficam iluminadas pela alegria, pela esperança e pela paz que vêm da nossa fé. Então, há que procurar orientar a nossa vida nesta direcção, rezando a Deus a oração sobre as oblatas deste Domingo: “Fazei, Senhor, que a oblação consagrada ao vosso nome nos purifique e nos conduza, dia após dia, a viver mais intensamente a vida da graça”.

 

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Ano A - Tempo Comum - 14º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum- Ano A

a)         Neste Domingo, no evangelho, termina a leitura e a reflexão do sermão da missão. A modo de conclusão, o trecho deste domingo distingue dois aspectos da missão do discípulo de Jesus. O primeiro (v. 37-39) é a radicalidade que se pede a quem segue Jesus. A linguagem poderá parecer dura e muito exigente. Jesus diz que todo aquele ama o pai, a mãe, o filho ou a filha mais do que Ele, não é digno para O seguir. Evidentemente, não se trata de deixar de amar a família. A fidelidade ao Senhor implica renúncias e dificuldades, como se reflectia no domingo passado: o discípulo de Jesus tem de “tomar” a cruz e segui-Lo. Assim, a fé cristã é uma opção radical, é exigente. Hoje mais do que nunca, existe o risco de um Cristianismo “light”, ou seja, tirar da fé só o que convém. Ao quem segue Jesus, é-lhe exigido muito mais. É uma opção pessoal que significa pôr Deus, Jesus, a fé, em primeiro lugar, e tudo o resto em plano secundário. O objectivo principal é o anúncio do Reino de Deus. Sem exageros, nem masoquismos, é importante deixar claro que seguir Jesus Cristo supõe exigência.

 

b)         A perspectiva de renúncia que nos fala o evangelho é positiva, cheia de esperança: “Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la”. A dinâmica da fé cristã está orientada nesta direcção: aquele que é capaz de renunciar a certas coisas, de se sacrificar, de “tomar” a cruz, de entregar a própria vida, ganhará muito mais, será grande a recompensa. Como modelo, temos Jesus Cristo. Ele entregou a Sua vida por nós, mas “ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai” (2ª Leitura). S. Paulo diz-nos que assim como Jesus morreu e ressuscitou, também nós, “fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte, para que vivamos uma vida nova”. É a vida nova dos filhos de Deus, a vida nova de Cristo Ressuscitado, na qual nos integramos pela fé e pelo baptismo. Em cada dia, somos convidados a renovar o nosso baptismo, a ter viver segundo a nossa condição de filhos de Deus, por Jesus Cristo, a aceitar e a assumir as exigências da fé. A Oração Colecta da Missa deste domingo faz referência aos “filhos da luz”, pela graça do Senhor. Por isso, pedimos para “não sermos envolvidos pelas trevas do erro, mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade”.

 28-06-2020

c)         O segundo aspecto da missão do discípulo de Jesus (v. 40-42) é o acolhimento que mereçam todos aqueles que são enviados. Este aspecto vem “preparado” na 1ª Leitura, onde lemos um trecho do 2º Livro dos Reis, em que o profeta Eliseu é bem acolhido por uma distinta senhora de Sunam e pelo seu marido. Esta mulher, que é estéril, está convencida de “que este homem, que passa frequentemente pela nossa casa, é um santo homem de Deus”. Como recompensa pelo seu gesto hospitaleiro, recebe a promessa de gerar um filho. O Salmo Responsorial é um cântico de acção de graças ao amor e à bondade que Deus tem ao Seu povo: “Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”. O profeta itinerante do Antigo Testamento é um bom exemplo para todos os que são enviados pelo Senhor, que continuam a necessitar de ser bem acolhidos. A acção do missionário, porque é exigente, supõe apoio e hospitalidade. Todos somos chamados e enviados por Jesus, mas há alguns (sacerdotes, religiosos, missionários, etc.) que fazem uma opção mais radical de vida. Toda a comunidade é convidada a dar-lhes apoio e carinho, a estar junto deles, do seu lado nessa missão nada fácil (muito menos nos dias de hoje). Acolher o enviado é sinal de acolher O que envia, Jesus Cristo. Se qualquer gesto de amor e de solidariedade é digno de louvor, quando feito a um “destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”.

 

 

 

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Ano A - Tempo Comum - 13º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum – Ano A

 

No texto do evangelho, estamos a ouvir passagens do Sermão da Montanha, proferido por Jesus no início da sua vida pública; é o sermão programático da sua missão. Neste domingo, é proclamada a parte em que Jesus envia os Doze em missão e apresenta-lhes as tarefas que terão de cumprir, dando-lhes, para isso alguns conselhos oportunos. Recorda-lhes, de uma forma resumida, a opção que tomaram, o estilo de vida e a postura pública a ter. Nunca poderão esquecer que, por Jesus, são enviados pelo Pai. Trata-se agora de imitar o Mestre pondo em prática os seus ensinamentos e imitá-lo nas acções. Porém, neste domingo, por três vezes, Jesus dá-lhes coragem e confiança, dizendo: “Não tenhais medo”.

Desde o início, Jesus afirmou que tinha chegado a hora do Reino: “o Reino de Deus está perto, está no meio de vós”. Já não é algo escondido que ainda se está à espera, mas, com as suas palavras e acções e as dos seus, o Reino torna-se presente. Nenhuma perseguição, nenhuma oposição ou estratégia humana poderão destruir este Reino. É a hora da verdade! Acabou-se o tempo da espera! Com a pregação pública do Reino, revela-se o que estava escondido nas mentes e nos corações. Agora, cada pessoa, cada família, cada grupo, têm de decidir a favor ou contra o projecto de Deus que Jesus anuncia. Já não há lugar para posições secretas, cobardes, interesseiras e para as meias verdades. O Evangelho do Reino dissipa as dúvidas e apresenta claramente o caminho de Deus. Hoje, a frase de Jesus “Não tenhais medo dos homens” convida a Igreja a sair à rua, sem medo nem complexos.

De seguida, Jesus continua: “Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma”. Esta é a coragem missionária. A pregação do Evangelho é maior que a voz corporal que a proclama. Esta voz pode ser calada, mas a “alma” da pregação não é possível ser calada, nem com o martírio, nem com a morte.

Finalmente, pela terceira vez, Jesus diz: “Não tenhais medo: valeis muito mais do que os passarinhos”. Bem se pode aplicar esta última parte do texto às resistências que sentimos quando anunciamos o Evangelho. À nossa volta, reina tanto desinteresse religioso e tanta falta de fé! Vivemos uma situação parecida com a de Jeremias na primeira leitura. O profeta estava disposto a sofrer a perseguição dos inimigos de Deus, convertidos em seus próprios inimigos. Mas o que lhe faz mais sofrer é a perseguição que lhe fazem os seus amigos mais próximos, aqueles de quem ele esperava apoio. Hoje, podemos vacilar, mas nunca desanimar, como Jeremias. A perseguição mais dolorosa e que mais desgasta a Igreja é a indiferença das pessoas que não acreditam na fonte da nossa fé e da nossa missão. Por isso, há que confiar em Deus, o Senhor do Universo. Estamos nas suas mãos. Deus não abandona os discípulos do seu Filho.

Tenhamos a confiança e o entusiasmo de S. Paulo, expressos na segunda leitura. Ele foi perseguido por uns e outros. Mas nunca perdeu a fé na missão que recebeu. Até ao fim, lutou contra ventos e tempestades. Como ele, estejamos convencidos que os frutos da nossa missão brotam da acção redentora de Cristo na cruz.

 

«Nada há encoberto que não venha a descobrir-se»

21-06-2020

Do alto do céu, Deus oferece a todos os homens as riquezas da sua graça. Ele próprio é a fonte da salvação e a luz de onde emana eternamente a misericórdia e a bondade. Mas nem todos os homens tiram proveito da sua força e da sua graça pelo exercício perfeito da virtude e a realização das suas maravilhas; só o fazem aqueles que puseram as suas realizações em prática e que provaram por actos o seu apego a Deus, aqueles que se afastaram completamente do mal, que aderem firmemente aos mandamentos de Deus e que fixam o seu olhar espiritual em Cristo, Sol de justiça (Mal 3,20).

Do alto do céu, Cristo oferece aos que combatem o socorro do seu braço, e exorta-os com estas palavras do Evangelho: «A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus». Enquanto servidores de Deus, os santos declaram-se por Cristo nesta vida passageira e diante dos homens mortais; fazem-no por um curto espaço de tempo e na presença de um pequeno número de homens. Mas nosso Senhor Jesus Cristo declara-Se por nós no mundo da eternidade, diante de Deus seu Pai, rodeado dos anjos e dos arcanjos e de todas as forças do céu, na presença de todos os homens, desde Adão até ao fim dos séculos. Porque todos ressuscitarão e serão julgados no tribunal de Cristo. Então, na presença de todos e à vista de todos, Ele dará a conhecer, glorificará e coroará aqueles que Lhe provaram a sua fé até ao fim. (Gregório Palamas, 1296-1359, monge, bispo e teólogo, Sermão para o Domingo de todos os Santos).

 

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As Orientações Pastorais em tempo de covid-19 para as Paróquias que me estão confiadas são:

ORIENTAÇÕES PASTORAIS

em tempo de COVID-19

 

Baptizados:

  1. Serão celebrados na sede da Paróquia, somente com os Pais e Padrinhos;
  2. Cumprir-se-ão as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

 

Casamentos:

  1. Devem celebrar-se, preferencialmente, aos Sábados, somente com os Nubentes e as testemunhas…;
  2. Cumprir-se-ão as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa.

 

Reconciliação:

  1. Sempre que for necessário, marcando antecipadamente com o Pároco;
  2. Cumprir-se-ão as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa.

 

Unção dos Doentes:

  1. Sempre que for necessário, marcando antecipadamente com o Pároco;
  2. Cumprir-se-ão as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa.

 

Funerais:

  1. Serão no Cemitério e seguindo as disposições da DGS, do Município e da Diocese;
  2. A Celebração da Santa Missa de sufrágio será acertada com a Família para quando for oportuno;
  3. Cumprir-se-ão as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa.

 

Missas:

Dominical: à hora marcada;

Ferial: à hora marcada. Não haverão celebrações nas Capelas, visto estas não terem as disposições mínimas pela DGS e CEP para este tempo de pandemia. As Missas com intenções particulares serão avisadas e celebradas na Igreja Paroquial;

Cumprir-se-ão, sempre, as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa.

 

Outros actos religiosos:

Peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras actividades similares em grandes grupos, passíveis de forte propagação da epidemia, continuam suspensas até novas orientações da DGS e CEP.

Pe. Jorge Gomes

 

Ano A - Tempo Comum - 12º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 11º Domingo do Tempo Comum – Ano A

 

a)         “Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor”. É uma imagem bíblica que expressa a realidade de muitas pessoas que andam longe dos caminhos de Deus, que andam perdidas e desorientadas neste mundo. O Povo de Israel, por diversas vezes, deixou o caminho de Deus, apesar de ter vivido muitas maravilhas que o Senhor Lhes tinha concedido experimentar. A história dos homens repete-se de diversas maneiras, até hoje. Todavia, Deus continua fiel, a chamar e a anunciar ao Seu povo a promessa salvífica, como poderemos ver na 1ª Leitura deste Domingo, do Livro do Êxodo: “Se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos. Sereis para mim um reino de sacerdotes, uma nação santa”. Quando o homem segue o caminho do Senhor, sente-se membro do povo eleito de Deus, como nos diz o salmo responsorial: “somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho”. Jesus é o Bom Pastor, que se preocupa com as suas ovelhas e que envia os seus discípulos “às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Que pistas de reflexão a partir desta mensagem? Em primeiro lugar, hoje, há muita gente perdida na vida, como ovelhas sem pastor, com problemas, com a tristeza e sem normas de conduta. Jesus “encheu-se de compaixão” por esta gente e também nós somos convidados a imitar o Mestre, levando a todos eles a consolação e a luz de Deus. Em segundo lugar, a comunidade cristã é o Povo de Deus, o rebanho do Senhor, o reino de sacerdotes, a nação santa. É um desafio para as nossas comunidades cristãs.

b)         Acima de tudo, está o amor de Deus. É o que nos diz a 1ª Leitura. Deus faz questão em recordar esta realidade amorosa ao Seu povo, através de Moisés: “Vistes o que eu fiz ao Egipto, como vos transportei sobre asas de águia e vos trouxe até Mim”. É nesta base que se fundamentará a aliança do povo com o Senhor. Esta ideia encontra-se, também, no salmo responsorial. São Paulo insiste nessa primazia da graça de Deus, manifestada em Jesus. O tema fundamental da Carta aos Romanos, que estamos a ler na 2ª Leitura, é que a salvação vem de Cristo. Neste Domingo, São Paulo diz-nos que “Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”. A morte e a ressurreição de Jesus é a prova suprema do amor de Deus à humanidade. “E agora, que fomos justificados pelo seu sangue, com muito mais razão seremos por Ele salvos da ira divina”. “Mais ainda: também nos gloriamos em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem alcançámos agora a reconciliação”.

c)         Jesus convida todos os homens a percorrer o caminho da salvação. Porém, dá conta de que “ a messe é grande e os trabalhadores são poucos”. Precisa de colaboradores, de discípulos que O sigam e que colaborem com Ele no plano de evangelização. A realidade de Deus         que continuamente chama alguém aparece tanto no Antigo como no Novo Testamento. Na 1ª Leitura deste Domingo, Deus chama Moisés no Monte Sinai para ser Seu mensageiro junto do Povo de Israel. Também Jesus chama os 12 Apóstolos e envia-os em missão. No domingo passado, escutámos o chamamento de Mateus. Não podemos esquecer o significado simbólico do número 12, que recorda o novo Povo do Senhor, iniciado com Jesus Cristo. No meio de tantos ruídos e confusões do mundo de hoje, onde é difícil escutar e responder à voz do Senhor, o tema do chamamento (vocação) é um convite à reflexão. O que é que Deus, hoje, nos pede? O que é ser discípulo de Jesus nos dias de hoje? Além disso, hoje, mais do que nuca, é preciso rezar ao “Senhor da messe para que mande mais operários para a sua messe”.

14-06-2020

d)        Jesus chama e envia. Com o evangelho deste Domingo, inicia-se o “discurso da missão”, que ocupa todo o capítulo 10 do evangelho de S. Mateus. O que é fundamental nesta missão está resumido na leitura de hoje: “proclamai que está perto o Reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Tudo isto, feito desinteressadamente: “Recebestes de graça, dai de graça”. Assim se resume a missão evangelizadora que temos de realizar nas nossas comunidades: pregar e curar; anunciar a Boa Nova da Salvação e concretizá-la em obras.

 

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Ano A - Tempo Comum - 11º Domingo

Avisos e Liturgia – Tempo Pascal- Ascensão do Senhor- Ano A

 

De vez em quando, a homilia de Domingo deveria ser uma breve iniciação bíblica, litúrgica ou catequética, porque a linguagem e a forma de escrita dos tempos antigos, por vezes, são incompreensíveis ou, simplesmente, custam a entender. É o que acontece neste domingo e em outras celebrações festivas. O que se entende por “ascensão do Senhor”? O que queremos dizer quando, no credo, confessamos que Jesus “subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso?”.

De certeza que já assistimos a representações da “Paixão do Senhor” na nossa comunidade, baseadas numa leitura literal das narrações evangélicas, de maneira que com os nossos próprios olhos procuramos tentar perceber como terá sido a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus. A intenção dos evangelistas é, sobretudo, fortalecer a fé das primeiras comunidades em Cristo Ressuscitado. Jesus não desce pelo Natal, nem sobe pela Ascensão. Em linguagem teológica, queremos exprimir o encontro entre Deus e a humanidade e a comunhão entre o ser humano e a divindade. Temos Natal e Páscoa, mas temos de ter cuidado com a linguagem que utilizamos.

A liturgia desta solenidade da Ascensão é influenciada pelo testemunho de S. Lucas que encontramos no final do seu evangelho e no princípio do livro dos Actos dos Apóstolos, na primeira leitura. A narração da Ascensão é a união entre o evangelho e os Actos dos Apóstolos. Tanto um como outro texto dirigem-se a um personagem, Teófilo, que não sabemos se era alguém importante naquele tempo ou é um personagem simbólico. Também é dirigido a nós, que somos, ou queremos, ser amigos de Deus, que confessamos que o Crucificado-Ressuscitado vive em comunhão (à direita do) com o Pai.

Na segunda leitura, S. Paulo pede ao Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo que conceda à comunidade cristã de Éfeso “um espírito de sabedoria e de luz” para que conheça “a grandeza que representa o seu poder… que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus”. Este sentar à direita de Deus recorda-nos aquele pedido da mãe de Tiago e de João. Sem dúvida, Deus tem este lugar reservado somente para o Filho.

24-05-2020

O evangelho deste Domingo é a conclusão do texto de S. Mateus. Não faz referência em subir ao céu nem em sentar-se à direita do Pai, mas fala-nos disto com outras palavras: os discípulos, quando viram Jesus, adoraram-no (só se adora Deus); Jesus aproximou-se e disse-lhes: “Todo o poder me foi dado no Céu e na terra”. Confia-lhes a missão de anunciar a conversão, ou seja, de fazer discípulos em todas as nações. Esta missão consiste em baptizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando a cumprir a vontade de Deus. Perante esta nobre missão, há uma promessa reconfortante: “Eu estou sempre convosco (uma presença continuada) até ao fim dos tempos (uma presença sem fronteiras)”. Com esta promessa, também daremos testemunho de Jesus Cristo sem medo e com muita coragem.

 

«A Ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória, para aí nos chama como membros do seu Corpo» (da oração colecta)

 

Deus e os homens tornaram-se uma só raça, e é por isso que São Paulo afirma: «somos da raça de Deus» (Act 17,29); e, noutra passagem: «somos o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro» (1Cor 12,27). Quer dizer, pela carne que Ele assumiu nós tornamo-nos Sua família e temos assim, graças a Ele, uma dupla garantia: no Céu, a carne que de nós tomou; na Terra, o seu Espírito Santo que em nós permanece. Porque nos havemos de admirar que o Espírito Santo esteja ao mesmo tempo connosco e no Céu, quando o corpo de Cristo está tanto à direita do Pai quanto connosco na Terra? O Céu recebeu o seu sagrado corpo, e a Terra o Espírito Santo. Depois de nos ter trazido o Espírito Santo com a sua Encarnação, Ele levou o nosso corpo para o Céu na sua Ascensão. Tal é o plano divino, grandioso e surpreendente! Como disse o salmista: «Senhor, nosso Deus, como é admirável o vosso nome em toda a terra!» (Sl 8,2)

A divindade foi, assim, elevada. Como é dito expressamente, «Elevou-Se à vista deles» (Act 1,9) Aquele que em tudo é poderoso: o Deus forte, o poderoso Senhor, «o grande Rei de toda a terra» (Sl 47 [46],3). Grande Profeta (Dt 18,15-19), Sumo Sacerdote (Hb 7,26; 8,1), Luz verdadeira (Jo 1,9), Ele é grande em tudo, não só na sua divindade, mas também na sua carne, pois Se tornou Sumo Sacerdote e poderoso Profeta. E como? Escutai o que diz a Escritura: «uma vez que temos um grande Sumo Sacerdote que atravessou os céus, Jesus Cristo, o Filho de Deus, conservemos firme a fé que professamos» (Hb 4,14). Então, se Ele é Sumo Sacerdote e Profeta, é bem certo que «surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo» (Lc 7,16). E se Ele é Sumo Sacerdote, grande Profeta e Rei, também é Luz dos povos: «a Galileia dos gentios, o povo que andava nas trevas, viu uma grande luz» (Is 8,23-9,1; Mt 4,15-16). Temos, pois, o Fiador da nossa vida no Céu, para onde Ele, que é Cristo, nos levou consigo. (Homilia atribuída a São João Crisóstomo, c. 350-407, Sobre a Ascensão, 16-17).

 

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Ano A - Tempo Pascal - Ascensão do Senhor

Liturgia do Domingo V da QUARESMA – Ano A

 

Jesus disse a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim… nunca morrerá”. Estamos quase a terminar a nossa caminhada quaresmal; por isso, é necessário preparar os nossos corações para ir ao encontro de Cristo ressuscitado, ou seja, para celebrar digna e solenemente as festas pascais. A partir da nossa fragilidade, da nossa escravidão, da escuridão da nossa morte, erguemos o nosso clamor ao Senhor, afirmamos que dele procedem a misericórdia, o perdão e a redenção. Na 1ª leitura, é-nos proclamada a promessa do Senhor: “Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo. Infundirei em vós o meu espírito e revivereis”. No coração dos baptizados já habita o Espírito de Deus, o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus de entre os mortos. Ao celebrarmos a Eucaristia, encontramo-nos com Cristo ressuscitado, com o Senhor que vive entre nós, com Aquele que para todos é a ressurreição e a vida.

O evangelho da ressurreição de Lázaro é a última das catequeses baptismais da Quaresma deste ano. Jesus de Nazaré, a fonte de água viva para os que têm sede, a luz do mundo enviada por Deus para que os cegos vejam, é também a fonte de vida para os que habitam nas sombras da morte. Nós, os sedentos, procuramos a água que jorra para a vida eterna; nós, os cegos, procuramos a luz que vem de Deus; nós, os escravos da morte, seremos surpreendidos pela vida com Cristo ressuscitado. Seduzidos pelo mal, quisemos ir longe, subir mais alto, quisemos ser como Deus; andámos por um caminho, com sede e cegos, que nos levou à morte. Até que chega Jesus, Aquele que é “a ressurreição e a vida”.

No silêncio das nossas sepulturas, ouviram-se as palavras que chamam à vida: “Lázaro, sai para fora”. A cegueira dos nossos olhos viu, num milagre de luz, não só Jesus, o amigo que tínhamos perdido ao morrer, mas também Cristo, o rosto de Deus, o Messias de Deus, o Amor encarnado de Deus. Jesus, que é Vida, desceu ao seio dos mortos para nos fazer sair dos sepulcros; Jesus, que é Vida, fez-se carne e habitou entre nós, chorou a nossa morte, comoveu-se e perturbou-se profundamente, encontrou-se com a morte; Jesus, que é Vida, desceu ao seio da morte e do sepulcro, e uma morte de cruz, para que os mortos “subissem” para a vida!

29-03-2020

A ressurreição de Lázaro prefigurou profeticamente a ressurreição de Cristo. Aquela morte, aquele sepulcro e aquela ressurreição são também um sinal profético do mistério que se realiza na celebração do baptismo: na fonte baptismal, que é a imagem sacramental do sepulcro de Cristo, encontramo-nos com Cristo, somos configurados e enxertados Nele. “Todos nós que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na sua morte…para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova”. As nossas vidas não são para a morte, mas para a Vida com Cristo e para a glória de Deus.

 

«E Jesus chorou. Diziam então os judeus: “Vede como era seu amigo”».

Porque eras Deus verdadeiro, Tu conhecias, Senhor, o sono de Lázaro e preveniste os teus discípulos. Mas na tua carne – Tu que não tens limites – vens até Betânia. Como verdadeiro homem, choras sobre Lázaro; como verdadeiro Deus, ressuscitas pela tua vontade aquele que estava morto há quatro dias. Tem piedade de mim, Senhor; muitas são as minhas transgressões. Traz-me de volta, eu Te suplico, do abismo dos males em que me encontro. Foi por Ti que eu gritei; escuta-me, Deus da minha salvação.

Chorando sobre o teu amigo, na tua compaixão puseste fim às lágrimas de Marta; pela tua Paixão voluntária, secaste todas as lágrimas do rosto do teu povo (Is 25,8). «Bendito sejas, Deus de nossos pais!» (Esd 7,27). Guardião da vida, chamaste um morto como se ele dormisse. Com uma palavra, rasgaste o ventre dos infernos e ressuscitaste aquele que começou a cantar: «Bendito sejas, Deus dos nossos pais!» A mim, estrangulado pelas amarras dos meus pecados, ergue-me também e eu cantarei: «Bendito sejas, Deus dos nossos pais!»

Em reconhecimento, Maria traz-Te, Senhor, um vaso de mirra que estaria preparado para o seu irmão (Jo 12,3) e canta-Te por todos os séculos. Como mortal, invocas o Pai; como Deus, despertas Lázaro. Por isso nós Te cantamos, ó Cristo, pelos séculos dos séculos. Tu despertas Lázaro, morto há quatro dias; fá-lo erguer-se do túmulo, designando-o assim como testemunha verídica da tua ressurreição ao terceiro dia. Tu andas, falas, choras, meu Salvador, mostrando a tua natureza humana; mas, ao despertares Lázaro, revelas a tua natureza divina. De maneira indizível, Senhor, meu Salvador, de acordo com as tuas duas naturezas e de forma soberana, Tu operaste a minha salvação. (São João Damasceno, c. 675-749, monge, teólogo, doutor da Igreja, Matinas do sábado de Lázaro).

 

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Ano A - Tempo da Quaresma - 5º Domingo - Boletim Dominical II