“Em 2021, foram comercializadas cerca de 70 toneladas de queijo”
Em vésperas do certame que homenageia os pastores e as queijeiras e promove o ex-libris da região, o Queijo da Serra, fomos conversar com o autarca celoricense, Carlos Ascensão que nos deixou uma perspetiva animadora, que vai ser um grande sucesso esta feira.
Magazine Serrano (MS) -Depois da pandemia, eis que regressa a Feira de Queijo de forma presencial, como espera que seja?
Carlos Ascensão (CA) -Foi um tempo longo de paragem, até mais que estávamos à espera, agora é de grande importância o regresso da feira em formato físico de forma presencial.
Depois do confinamento, as pessoas estão motivadas para participar nestes eventos, neste caso da Feira de Celorico e também nas outras, com as devidas precauções que ainda devemos ter, como o uso de máscara , entre outras, o problema não está totalmente erradicado, mas temos a expetativa que o certame vai ser um sucesso, venha muita gente visitar-nos e decorra dentro da normalidade anterior.
MS-Celorico é a capital do Queijo Serra da Estrela, muitas toneladas são comercializadas? Quantas queijarias existem licenciadas?
CA-Houve aqui uma fase da pandemia, onde todas as barreiras se colocaram, existiram algumas dificuldades, pelo desconhecimento e o medo que geralmente traz, mas as coisas foram normalizando e como todos precisamos de comer, a vida não para, criamos outros mecanismos de resposta às dificuldades inerentes provocadas pela pandemia, nomeadamente a comercialização digital, tivemos uma plataforma celoricocomgosto.pt e na verdade, os produtores verificaram que o queijo teve saída , aliás a produção até foi pouca para as encomendas, ora em 2021, foram comercializadas cerca de 70 toneladas de queijo, isto através das queijarias DOP e das do queijo curado.
Neste momento, temos 6 queijarias ativas DOP, tem havido uma diminuição do que pretendemos e desejamos, a nível de queijo curado temos 19, que fazem parte do protocolo com o Município, através do Solar do Queijo, ao nível de escoamento e comercialização.
MS- A pastorícia é uma atividade que requer muito empenho, como vê os jovens, apesar de ter alguns jovens na atividade como o caso da queijeira Célia Silva?
CA-É um fenómeno transversal a nível da região, mas creio que é a nível do País, até por algum estigma, que existe ao conceito de ser pastor, é verdadeiramente uma atividade digna, mas efetivamente de muito trabalho, lavor, muito esforço e grandes sacrifícios.
A tendência não tem sido de grande renovação, mas tem havido alguma e acaba por ser um sinal de esperança, como falou no caso de uma jovem queijeira, até com uma formação superior, ligada a esta atividade de produzir o queijo da serra, caso da Célia Silva, mas também temos aqui uma exploração que é das maiores, de ovelhas bordaleiras que tem cerca de 1000 ovelhas, o filho do senhor Júlio Ambrósio que tem o nome do Pai e está seguir as pegadas da família, depois o Paulo Belo, um jovem que tem entre 300 a 400 ovelhas.
São alguns exemplos de esperança, renovação, não tanto quanto desejaríamos, mas acreditamos que no futuro possa haver renovação, com novos processos, sem perder a característica do produto, agora a renovação pode acontecer se houver reconhecimento e retorno financeiro, social e outros aspetos.
Agora a maior parte dos pastores e queijeiras andam na casa dos 60, 70 anos, são pessoas que gostam do que fazem, com paixão, agora existe o cansaço e o desgaste do tempo.
MS-A receção do Presidente da República às queijeiras no dia da Mulher foi importante?
CA-Sempre importante, sobretudo vindo do senhor Presidente da República, uma pessoa muito importante no País, logo à partida foi uma mensagem de motivação para as nossas queijeiras da Serra da Estrela, as Guardiãs da Montanha, veio dar-lhe um alento para continuarem, no fundo, um reconhecimento e uma homenagem justa a toda esta vida de trabalho.
Depois a visibilidade, reconhecimento, a importância de um produto que é uma iguaria nacional, trata-se de uma referência nacional e faz parte da nossa cultura e tradição.
Ficamos todos gratos, pelo Presidente da República, neste dia ter tido este gesto e este reconhecimento mais que merecido para com as nossas queijeiras.
MS-Que mensagem deixa a todos que possam visitar o certame?
CA- Vale a pena vir, a Celorico, apesar de haver problemas que se acumulam , como foi da pandemia, a seca, uma questão que queria deixar presente, dado que é, uma situação que afeta os nossos produtores, traz dificuldades para a produção do queijo e implica a nossa atenção, aos apoios para quem trabalha e estamos atentos e vamos dar essa resposta, agora para agravar a situação este clima internacional de guerra , mas como vivemos num Mundo global, também nos diz respeito, dado que pagamos também a fatura, são tudo dificuldades acrescidas para os pastores e produtores, mas neste tempo, para tentar ultrapassar as dificuldades a parte lúdica ajuda, a festa e daí esta feira ser importante para aqueles que são homenageados, mas também para toda a nossa comunidade local, regional.
As pessoas que venham, vai valer a pena estarmos presentes, é importante o contacto a nível presencial, assim como nas redes sociais, mas nada como a presença, a festa, convívio, a animação para mantermos algum equilíbrio também de vida saudável que se faz a nível de corpo , mas também da mente. São todos bem-vindos, são três dias de grande animação, seja um pouco o retomar da normalidade, vai valer a pena, porque temos ingredientes que vão agradar a todos.