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Avisos e Liturgia do I Domingo do Advento- ano C

SINTONIZADOS COM O PENSAMENTO DE DEUS

“Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Não seria melhor iniciar o tempo do Advento com um texto evangélico menos aterrador? É um texto com uma linguagem apocalíptica, o qual, longe de querer gerar medo, procura revelar-nos uma grande esperança. Jesus encontra-se no templo de Jerusalém, na última semana da sua vida terrena, no designado átrio das mulheres; ali, os seus discípulos convidam-no a contemplar a sumptuosidade do templo, construído por Herodes. Olhando para essas pedras, admiravelmente esculpidas e adornadas, o Mestre afirma: “virá o dia em que, de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Os discípulos, para quem o templo era o sinal da presença de Deus nesta terra, ficaram cheios de medo, pensando que Jesus falava do fim do mundo. Se o templo era destruído, significava que a humanidade tinha chegado ao seu fim. Mas, o que há de mais estável que os astros do céu e o seu percurso? Na antiguidade, e hoje, contemplamos o céu e sabemos o percurso dos planetas e estrelas. É normal ver o sol, todas as manhãs, no oriente, e a lua manifestar-se nas suas fases. Ao dizer-nos que haverá sinais no sol e na lua, Jesus pretende dizer-nos que esta estabilidade do mundo irá ter o seu fim e que uma grande novidade estará para chegar. Aproxima-se um momento decisivo em que cada um terá de tomar uma decisão para a sua vida. No tempo de Jesus, o mar e as suas criaturas eram considerados como o lugar das trevas, onde habitavam as forças do mal. Ao chegar o novo Reino, estas forças iriam cair no desespero. Como também seria eliminada a forma de conceber a religião e a relação com Deus, simbolizada no templo e nos astros; também chegaria ao fim o reino do mal, que será vencido definitivamente. O Advento coloca diante nós o Natal. E o texto evangélico deste domingo diz-nos que o Natal é um momento radical. É Cristo que vem instaurar um mundo novo, onde o “velho” já não tem sentido e o “novo” é obra do Espírito do Amor. Cristo é aquele “rebento…que exercerá o direito e a justiça na terra”, como afirma Jeremias, na primeira leitura. Neste Domingo, o que Jesus nos anuncia? Não anuncia somente o que acontecerá, mas também nos diz como devemos esperar a sua vinda. Jesus lança o convite: “erguei-vos e levantai a cabeça…não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida…Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem”. “Erguei-vos”. Não cair na resignação diante de toda a espécie de escravidão. Não cair nas garras do pecado ou no remoer da desolação e da tristeza. “Levantai a cabeça”, sede optimistas! Advento é um tempo de espectativa alegre; recordemos que se aproxima a nossa libertação. Não podemos ficar sentados no sofá da vida, quietos, mas erguidos, com o olhar dirigido para um futuro melhor, muito melhor! É Cristo que vem ao nosso encontro. “Cristo pode nascer mil vezes em Belém, mas se não nasce em mim, nasceu em vão” (Mestre Eckhart) Então, o que fazer? Ser vigilantes é estar atentos para que o nosso coração não seja insensível aos verdadeiros valores; é não perder os critérios de Jesus, porque, se tal acontecer, ficaremos escravos das angústias da vida. Cristo convida-nos a não ficarmos bloqueados com as preocupações da vida, mas a levantar a cabeça, alargar horizontes, estar sempre alerta para contemplar a Sua vinda. Tenhamos a coragem de estar sempre em sintonia com o pensamento de Deus. O Evangelho não antecipa o fim do mundo, narra o segredo do mundo: toma-nos pela mão e leva-nos para fora de portas, a olhar para o alto, a sentir o universo pulsar à nossa volta; chama-nos a abrir as janelas de casa para fazer entrar os grandes ventos da história, a sentirmo-nos parte viva de uma imensa vida. Que padece, que sofre, mas que nasce.

01-12-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Vigiai e orai em todo o tempo»

Quem quiser orar em paz não terá em consideração apenas o local, mas o tempo. O momento do repouso é o mais favorável, pois quando o sono da noite estabelece um silêncio profundo, a oração torna-se mais livre e mais pura: «Levanta-te, grita durante a noite, no começo das vigílias; derrama o teu coração como a água perante a face do Senhor» (Lm 2,19). Com que segurança a oração sobe na noite, quando só Deus é dela testemunha, com o anjo que a recebe para a ir apresentar ao altar celeste! Ela é agradável e luminosa, pintada de pudor; é calma e tranquila, já que nenhum barulho, nenhum grito a interrompe; é pura e sincera, não manchada pelo pó das preocupações terrenas. Não há espectador que possa expô-la à tentação, pelos seus elogios ou pela sua adulação. Dizemos, pois, que a Esposa (do Cântico dos Cânticos) agiu com prudência e pudor quando escolheu a solidão nocturna do seu quarto para rezar, ou seja para procurar o Verbo, que é a mesma coisa. Rezas mal se, ao rezar, não procuras o Verbo, a Palavra de Deus, ou se o que pedes na tua oração não é relativo ao Verbo. Porque tudo está nele: o remédio para as feridas, o socorro nas necessidades, a melhoria dos defeitos, a fonte dos progressos, em suma, tudo o que um homem pode e deve desejar. Não há razão para pedirmos ao Verbo outra coisa que não seja Ele próprio, pois Ele é todas as coisas. Se pedimos certos bens concretos, e se os desejamos pelo Verbo, não é tanto essas coisas em si mesmas que pedimos, como Aquele que é a causa da nossa súplica. (São Bernardo, 1091-1153, monge cisterciense, doutor da Igreja, Sermão 86 sobre o Cântico dos Cânticos).

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Avisos e Liturgia do XXXIV Domingo do Tempo Comum – ano B

O REI DA VERDADE

Na profecia de Daniel, encontramos a visão de um filho do homem que, com honras reais, veio sobre as nuvens do céu (primeira leitura). Também o Novo Testamento diz que Jesus Cristo, que nos ama, que nos liberta do pecado e faz de nós “um reino de sacerdotes” (segunda leitura), virá como “Príncipe dos reis da terra” (revestido de majestade, como nos diz o salmo). Mas o seu Reino não é deste mundo; veio para dar testemunho da verdade (evangelho). O evangelho deste Domingo recorda-nos que, no momento da condenação, Jesus diz a Pilatos: “sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade”. Mas, que relação existe entre a realeza e a verdade? Para entender isto, é necessário reflectir sobre o que significa ser rei, não no mundo actual, mas na época de Cristo, no âmbito bíblico. No povo judeu, há três elementos muito importantes: a nobreza, a sabedoria e a compaixão. A nobreza não é um título herdado, mas a forma de chamar aquele que, na batalha, vai à frente das suas tropas; aquele que sai, não só para defender os seus interesses pessoais, mas os dos seus súbditos, protegendo-os como próprios. Não fica na rectaguarda a dar ordens, mas vai à frente, dando exemplo. Outro aspecto importante é a sabedoria, muito ligada à imparcialidade. Não se trata, aqui, de saber muitas coisas, mas de enfrentar as dificuldades alheias para proferir uma sentença, procurando o mais justo, como um bom pai faz aos seus filhos. Finalmente, temos a compaixão. Ao cuidado do rei, estavam as viúvas e os órfãos, pessoas desprotegidas, que estavam à mercê da pobreza extrema. Só quem possuía estes valores é que podia ser considerado rei, de tal forma que, no decorrer da sua vida, a autenticidade convertia-se no crisol onde aperfeiçoava a verdade da sua vida. Neste Domingo, Jesus é aclamado, por todas as assembleias católicas do mundo, como rei, porque, decorrido mais um ano, reconhecemos que, em qualquer momento, Ele nos abandonou nas dificuldades, mas que sempre nos escutou, que as nossas preocupações foram as suas, e que procurou sempre satisfazer as nossas necessidades, mais do que os nossos desejos. Por isso, podemos afirmar, como o salmo: O Senhor reina revestido de majestade. Mas, reina onde? Na nossa vida! O reino das trevas é o reino das “meias-verdades”, do egoísmo, da avareza. Parece muito apetecível, porque promete satisfazer todos os nossos desejos. Mas, quando abrimos os olhos à realidade, apercebemo-nos que as promessas não se cumprem, gerando frustração. Só quem vive na verdade pode ter Cristo, como rei. “Tu és o rei dos Judeus”? Pilatos faz um interrogatório político, ou seja, situa-se ao nível dos inimigos de Jesus. Todavia, não podemos esquecer que este procurador romano, mais tarde, decidirá manter, sobre a cabeça de Jesus crucificado, a inscrição, que desagrada aos judeus: Jesus de Nazaré, rei dos judeus. Jesus está num nível superior a Pilatos. Explica qual é a sua realeza: veio ao mundo para dar testemunho da verdade (evangelho). A verdade, da qual Jesus dá testemunho, não é elaborada pela razão humana; é a que procede da Palavra de Deus, Daquele que é, que era e que há de vir (segunda leitura), Daquele que é e concede a Vida. Foi para isto que o Verbo, Cristo, veio ao mundo. Aqueles que O acolhem, recebem o poder de ser filhos de Deus (cf. Jo 1,12), ou seja, são gerados para esta Vida de Deus, pertencem à Verdade e podem esperar viver com Ele no reino do céu (cf. Oração depois da comunhão). Neste Domingo, nós, que fomos gerados para a Vida pelo baptismo, ouvimos esta palavra que ressoa constantemente neste mundo e no coração dos nossos sofrimentos e das nossas alegrias; graças a ela, Cristo faz, de todos os que a acolhem, um reino de sacerdotes dedicados a Deus (segunda leitura), com a missão de anunciar ao mundo a única realeza que nunca será destruída (primeira leitura), e que é capaz de conceder a verdadeira paz, que nunca acabará, porque o seu pacto é “por todo o sempre” (salmo). .

24-11-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«O meu reino não é deste mundo»

Sois Rei, Deus meu, para sempre. Quando se diz no credo que vosso reino não terá fim, isto dá-me quase sempre particular consolação. Louvo-Vos, Senhor, e bendigo-Vos para sempre; enfim, o vosso reino durará para sempre! Nunca permitais, Senhor, que se tenha por bom que quem for falar convosco o faça só com a boca. Não nos devemos aproximar para falar a um príncipe com o mesmo descuido que a um lavrador ou a uma pobre como nós, pois como quer que seja que nos falem, está bem. E assim, já que, por humildade deste Rei, se eu por grosseira não Lhe sei falar, Ele nem por isso deixa de me ouvir nem de me chegar a Si, nem me lançam fora os seus guardas; porque bem sabem os anjos que ali estão a índole do seu Rei, que gosta mais desta rudeza dum pastorzinho humilde, pois vê que se mais soubera mais diria, que dos mui sábios e letrados, por elegantes arrazoados que façam, se não vão acompanhados de humildade, não é razão que, por Ele ser bom, sejamos nós descomedidas. Sequer ao menos para Lhe agradecer o que Ele sofre da vizinhança, consentindo uma como eu ao pé de Si, é bem que procuremos conhecer a sua limpeza e quem é. É verdade que, logo em chegando, se conhece, não como a senhores de cá, que em nos dizendo quem foi seu pai e os contos que tem, nada mais há a saber. Sim, aproximai-vos pensando e entendendo, ao chegar, com quem ides falar ou com quem estais falando. Em mil vidas das nossas, não acabaremos de entender como merece ser tratado este Senhor, diante de quem tremem os anjos. Em tudo manda, tudo pode; seu querer é operar. Pois razão será, filhas, que procuremos deleitar-nos nestas grandezas que tem o nosso Esposo e entendamos com quem estamos casadas e que vida havemos de ter. (Santa Teresa de Ávila, 1515-1582, carmelita descalça, doutora da Igreja, Caminho de Perfeição, 22, Edições Carmelo, 2000).

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Avisos da Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

25 de novembro a 1 de dezembro

Avisos e Liturgia do XXXIII Domingo do Tempo Comum – ano B

  1. a)       Estamos no penúltimo Domingo do Ano Litúrgico. Todo o ciclo litúrgico ajudou-nos não só a conhecer melhor Jesus Cristo, mas também a conhecer melhor o significado do Reino. Progressivamente, Jesus foi revelando o mistério de Deus. Da nossa parte, como será importante assimilar e compreender toda a mensagem divina e destruir no nosso íntimo tudo o que nos impede de ver e de seguir Jesus! Como verdadeiros discípulos, queremos viver a nossa fé. Jesus entregou-se por nós, mas a Igreja propõe uma nova reflexão a partir das palavras que Jesus proferiu diante do Templo para nos sentirmos fortes nos momentos em que os esquemas que nos dão segurança poderão vacilar. Quem poderia prever que o Templo, sinal do orgulho e da vaidade da alma judaica daquele tempo, desapareceria? Quando isso aconteceu, as palavras de Jesus converteram-se numa nova fonte de esperança, de realismo, de conforto. Quando o evangelho de São Marcos foi escrito, já a comunidade cristã tinha vivido a destruição do Templo de Jerusalém e já conhecia com sofrimento o que significava dar testemunho da fé.

  1. b)       O Livro de Daniel diz-nos umas palavras que poderão ser muito actuais e adequadas ao mundo de hoje: “será um tempo de angústia, como não terá havido até então, desde que existem nações. O profeta fala de uma situação de guerra em que o povo de Israel se tinha envolvido e tinha perdido, provocando uma grande mortandade. A linguagem de Jesus, olhando o Templo a partir do Monte das Oliveiras a dois dias da sua paixão, é de desânimo e angústia: “Depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há no céu serão abaladas”. Há que salientar que esta linguagem é apocalíptica. Não se trata de levar à letra esta frase, mas o texto transmite poeticamente uma vivência dura e desesperada. Também hoje há experiências duras e cheias de desespero.

  1. c)       Contudo, a linguagem apocalíptica não fica numa visão negativa. O profeta Daniel fala de Miguel, “o grande chefe dos Anjos”, “que protege os filhos do teu povo” e diz que “muitos dos que dormem no pó da terra acordarão”, ou seja, fala da ressurreição dos mortos. A mensagem de Jesus fala da vinda do Filho do Homem, um título messiânico, da força da salvação. A sua vinda, a Parusia, é a manifestação evidente do seu Poder e da sua Glória e reunirá todos aqueles que se sentiram irmãos na fé e vivem agora unidos ao coração do Pai.

  1. d)       No evangelho, Jesus diz-nos que olhando para uma figueira damos conta que as coisas mudam, “sabeis que o Verão está próximo”. Esta parábola ensina-nos a ler a realidade das coisas (no contexto do evangelho é a destruição de Jerusalém e do Templo) como um sinal de que Ele se aproxima, está já “à porta”. Perante as situações catastróficas, a escatologia bíblica ensina-nos que há coisas terrestres que mudam, mas o Espírito de Deus estará sempre presente. Esta é a consolação que deveremos neste dia gravar no nosso coração. Saber ler a vida é também tomar consciência de que, quando no evangelho lemos a frase “as minhas palavras não passarão”, está a dizer-nos que apesar das coisas naturais mudarem, a realidade eclesial mudar, as transformações culturais e sociais acontecerem, a Palavra de Deus permanece sempre e será sempre sinal de salvação. É importante a convicção de que Deus virá ao nosso encontro. Somos peregrinos, vivemos provisoriamente, a caminho do Paraíso, do Reino, do Céu, para viver na plenitude de Deus.

17-11-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

Quando vier o Filho de Deus…

Meus filhos e irmãos, vinde, adoremos a Cristo, nosso Rei, prostremo-nos diante dele (cf Sl 94,6), ofereçamos de novo as nossas primícias e voltemos a dar fruto! […] Temos como único Rei o Rei de todos os reis, que é nosso Senhor e nosso Deus; a Ele servimos, esperamos impacientemente acolhê-lo em todos os momentos fazendo o bem e desejamos ardentemente a sua vinda (cf 1Cor 15,23; Mt 24,3). […]

Rezamos para ser protegidos, e não só para isso, mas também para estar bem preparados e prevenidos para o tempo das provações, que o Senhor não deixará de nos enviar, porque somos soldados de Cristo, devendo por isso morrer com alegria por Nosso Senhor e, nas palavras do Evangelho, não temer os que matam o corpo, mas os que podem roubar-nos a alma (cf Mt 10,28).

Meus filhos, como diz o divino apóstolo, «o tempo é breve» (1Cor 7, 29); e, se o era então, é-o ainda mais agora, porque está a chegar ao fim. Por isso, «hão de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens», como está escrito, toda a vida, desde a fundação do mundo, ressuscitará, e os justos e os santos serão tornados perfeitos, seja pelo martírio, seja por uma vida recta, e irão ao seu encontro com uma alegria inexprimível, para serem coroados e dançarem sem fim no Céu […].

Que sejais julgados dignos de acolher com boa esperança o fim último (cf Mt 13,39.40.43), quer individual, quer universal, em Cristo Jesus, nosso Senhor, a quem seja dada glória e poder com o Pai e o Espírito Santo, agora e para sempre, e pelos séculos dos séculos. Amen. (São Teodoro Estudita (759-826), monge de Constantinopla, Catequese 30).

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Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos (dias 18 a 24 de novembro)

Avisos e Liturgia do XXXII Domingo do Tempo Comum – ano B

                                                                                                                DISTINGUIR A VERDADE DA APARÊNCIA

No texto do evangelista Marcos, proclamado neste Domingo, é dito que Jesus, exercendo o seu ministério em Jerusalém, pouco antes da paixão, elogia uma pobre viúva e dirige palavras duras aos escribas, condenando a sua hipocrisia. Deus coloca-se sempre do lado dos pobres e dos fracos (primeira leitura e evangelho) e, assim, revela que a salvação, operada por Cristo, não faz acepção de pessoas, é para todos os que esperam o momento para O receber (segunda leitura). A nossa resposta apropriada é de louvor e de acção de graças (salmo).

Podemos ter a tentação de pensar que o fio condutor das leituras deste Domingo é a viuvez. Mas, aprofundando um pouco mais a nossa reflexão, iremos encontrar algo mais agradável. Na carta aos Hebreus, é dito que depois da morte decorrerá o julgamento. O juízo final não é algo estranho na pregação de Jesus; recordemos a parábola do trigo e do joio. E o texto evangélico deste domingo parece que está fora do contexto. Pois, mas estas leituras não se referem ao juízo, mas ao juiz.

A primeira leitura, com o episódio da viúva de Sarepta, recorda-nos que Deus é sempre fiel à sua palavra, aconteça o que acontecer. A viúva estava convicta de que, esgotados todos os seus recursos, iria morrer com o seu filho. Tinha perdido a esperança, já não havia nada a fazer. Todavia, contra todos os prognósticos, Deus entra em acção e não nos abandona.

O nosso Deus não é um juiz gélido e indiferente, que tudo julga sem ter em conta as dificuldades da vida. De facto, o salmista convida a louvar a Deus, porque o nosso juiz não concede o mesmo a todos, mas segundo a necessidade de cada um: aos famintos, o pão; aos cativos, a liberdade; aos órfãos e às viúvas, amparo. No entardecer da vida, quem nos irá julgar não se irá deter no exterior ou no poder, mas irá ler (ou seja, julgará) o que habita na profundidade do nosso coração.

Este é um aviso para aqueles que se esforçam por ter uma boa aparência exterior e escondem aos olhos do mundo o que, verdadeiramente, são. Gostam de se salientar diante dos outros, com as suas palavras e acções. É esta hipocrisia que Jesus denuncia nos escribas. Ela opõe-se à discrição de uma viúva pobre, a qual é elogiada por Jesus. O Mestre deseja que olhemos para mais além do espectáculo visível do mundo e quer conduzir-nos à revelação do invisível que actua num coração humilde, capaz de se desprender de tudo. Com a dor da morte do marido, a viúva do evangelho soube descobrir que só encontrava apoio em Deus. Por isso, ela, como todas as outras viúvas da Bíblia, é o símbolo, por excelência, da pobreza e do desprendimento. Contar somente com Deus é o que já mostrava o episodio do livro dos Reis: o Senhor recompensa a viúva de Sarepta que partilhou tudo o que tinha com o profeta Elias, convidando-o para sua casa (primeira leitura). Oferecendo a sua miséria, a viúva do evangelho revela onde está o verdadeiro tesouro: naquele que penetra o mais profundo do coração. Jesus convida-nos a alegria do abandono total a Deus: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus” (versículo do Aleluia).

Oferecendo-nos o seu Filho, Jesus Cristo, o Pai deu-nos tudo. Obedecendo ao Pai, Jesus entregou-se totalmente para nos salvar. Contemplando Cristo na cruz, podemos descobrir a nossa pobreza: a de um coração ferido pelo pecado que coloca toda a sua esperança no Senhor, seu Deus, que reina eternamente. Deus bem sabe as nossas fraquezas: invejas, ciúmes, murmurações, imprudências. Por isso, arrependamo-nos do mal cometido, “para que possamos livremente cumprir a vossa vontade”.

 

10-11-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha»

 

Vivo sem viver em mim; e minha esperança é tal, que morro de não morrer. Vivo já fora de mim desde que morro de amor; pois vivo no Senhor que me quis para Si. Quando Lhe dei o coração, nele inscreveu estas palavras: morro de não morrer. Ah! que triste é a vida que não se alegra no Senhor! E, se o amor é doce, não o é a longa espera; livra-me, meu Deus, desta carga, mais pesada que o ferro, pois morro de não morrer.

Vivo só da confiança de que um dia hei de morrer, pois pela morte é a vida que a esperança me promete. Morte em que se ganha a vida, não tardes, que te espero, pois, morro de não morrer. Vede como é forte o amor (Ct 8,6); ó vida, não me sobrecarregues! Vê o que apenas resta: para te ganhar, perder-te! (Lc 9,24) Venha ela, a doce morte! Que minha morte venha bem cedo, pois morro de não morrer.

Esta vida lá do alto, que é vida verdadeira, até que morra a cá de baixo enquanto se viver não se a tem. Ó morte, não te escondas! Que viva porque morro já, pois morro de não morrer. Ó vida, que posso eu dar a meu Deus, que vive em mim, senão perder-te, a ti, para merecer prová-lo! Desejo, morrendo, obtê-lo, pois tanto desejo o meu Amado que morro de não morrer. (Santa Teresa de Ávila, 1515-1582, carmelita descalça, doutora da Igreja, Poema «Vivo sem viver em mim»).

 

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Avisos da Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos e Liturgia do XXXI Domingo do Tempo Comum – ano B

 

TENHO DOIS AMORES

Bem sabemos da importância das normas de conduta na nossa vida. Ajudam-nos, sobretudo, a concretizar um dos trabalhos mais difíceis e, talvez, o mais importante: saber discernir, estabelecer prioridades. Uma vez por ano, na Quaresma, procuramos examinar, discernir e reorientar, novamente, a nossa vida interior. Sempre pedimos a Deus que nos livre de termos os afectos desordenados. Não pedimos a Deus que nos livre de ter afectos, mas que nos ajude a pô-los na sua ordem. As leituras deste Domingo falam-nos do que é prioritário e colocam o amor de Deus em lugar de primazia. É curioso verificar que são poucos os que se preocupam em verificar se as suas obras afirmam que o amor de Deus é o primeiro afecto do seu coração. Devemos, em primeiro lugar, amar a Deus e depois a Igreja. Mas, amar a Deus acima de tudo e de todos? Mais do que o meu marido ou a minha esposa? Como amar a Deus mais do que os meus filhos? Mas do que a mim próprio? Isto entristece-nos e somos incapazes de ceder a Deus o primeiro lugar, que Lhe corresponde. De facto, podemos pensar que colocar Deus acima das pessoas que amamos seria convertermo-nos em fanáticos e isso ninguém o quer. Se não dermos o primeiro lugar a Deus, nunca poderemos ser plenamente felizes. Mas isto não é um anúncio de uma calamidade. Amar a Deus acima de tudo não supõe deixar de amar os outros. A experiência de tantos santos diz-nos que dando a Deus o primeiro lugar, a nossa capacidade de amar (ou seja, de ver o bom e desculpar o mal a quem amamos), expande-se de uma forma inimaginável. Assim, entra a felicidade na nossa vida. Quando Deus toma posse do coração, amas muito mais e melhor. Mas, como saber se o nosso amor a Deus é autêntico e não um integrismo fanático? O Senhor responde-nos no evangelho: amar aquele que está ao nosso lado. Esta é a maior prova de autenticidade do nosso amor a Deus. Eis o duplo mandamento do amor que escutamos neste domingo: amar a Deus e amar o próximo. Devemos ter presente este duplo mandamento do amor quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia. Nela, procuremos dar glória a Deus, mas não nos desliguemos dos nossos irmãos. A salvação não se encontra só na assistência à celebração, nem só na preocupação pelos outros. Ambas são necessárias e estão relacionadas entre si. É importante que, como filhos de Deus, entendamos como deveremos responder a estes dois amores durante a nossa vida. Com as palavras do Deuteronómio, na primeira leitura, e do Levítico (Lv 19,18), o evangelista Marcos coloca nos lábios de Jesus um resumo do núcleo essencial da lei de Moisés. Ele não veio abolir a Lei, mas dar-lhe plenitude (cf. Mt 5,17). O escriba, que faz a pergunta, revela que reconhece Jesus, como Messias, o que levou o Mestre a afirmar: “Não estás longe do Reino de Deus”. A fidelidade a este duplo mandamento leva a superar, tanto no tempo de Jesus como hoje, procedimentos em que a letra está acima do espírito. Paulo afirmava que, sem caridade, de pouco servirão as obras (cf. 1Cor 13). A perfeição da caridade encontra-se, como afirma a segunda leitura, na forma como Jesus se ofereceu em sacrifício para nos salvar; cumpriu, de uma vez para sempre, o compromisso que Deus, seu Pai, tinha contraído em favor do seu povo, dando-lhe a Lei, por Moisés. Quando, na Eucaristia, celebramos este único sacrifício, Cristo torna-se presente; pela sua ressurreição abre-nos o acesso ao Pai e prepara-nos para receber as promessas com que Deus nos quer enriquecer.

03-11-2024

 paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças»

 

Gloriosa e mui querida Mãe, senhora rainha, a vossa indigna Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, escreve-vos no seu sangue precioso, com o desejo de que sejais verdadeira filha e esposa escolhida de Deus. Suplico-vos instantemente, em nome de Cristo Jesus, que consagreis todo o vosso coração, a vossa alma e as vossas forças a amar e a servir este doce e querido Pai, este Esposo que é Deus, Verdade suprema e eterna, que tanto nos amou sem ser amado. Sim, que nenhuma criatura Lhe resista, qualquer que seja a sua categoria, a sua grandeza e o seu poder, pois todas as glórias do mundo são vãs e passam como o vento. Que nenhuma criatura se afaste deste amor verdadeiro, que é a glória, a vida e a felicidade da alma. Então, mostraremos que somos esposas fiéis. Quando a alma apenas ama o seu Criador, nada deseja fora dele. Tudo o que ama e faz, é por Ele que o faz, e detesta tudo o que vê fora da sua vontade: os vícios, os pecados, as injustiças; e o ódio santo que tem ao pecado é tão forte que prefere morrer a violar a fé que deve a seu eterno Esposo. Sejamos, pois, fiéis, seguindo as pegadas de Jesus crucificado, detestando o vício, abraçando a virtude, fazendo por Ele grandes coisas. (Santa Catarina de Sena, 1347-1380, terceira dominicana, doutora da Igreja, co-padroeira da Europa, Carta 36, à rainha Joana de Nápoles).

 

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos de 04 a 10 de novembro

Avisos e Liturgia do XXX Domingo do Tempo Comum – ano B

O SALTO SUPLICANTE E CRENTE

Neste Domingo, o texto evangélico apresenta-nos o último acontecimento da viagem de Jesus para Jerusalém, encontrando-se com um cego que pedia “esmola à beira do caminho”. O profeta Jeremias anuncia um Deus que liberta e salva o seu povo, e convida o povo a louvá-Lo com brados de alegria. Em Jesus, o sumo sacerdote que se oferece para nos libertar e salvar, esta atitude de Deus será ainda mais credível e visível. “O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo”. Mas, a este povo que chama, espera o momento para, como a Bartimeu, lhe abrir os olhos, o libertar e o salvar. As leituras bíblicas deste Domingo convidam-nos a rever (voltar a ver com o coração) as coisas boas que o Senhor nos concedeu e fez em nós. É um convite ao louvor e a acção de graças. Esta deve ser uma postura perseverante em nós. Todos os dias, devemos agradecer ao Senhor o dom da vida e o facto de não nos abandonar. Podemos ver, no evangelho deste Domingo, duas maneiras de proceder dos discípulos. Quando o pobre cego começa a gritar por Jesus, o evangelista diz que “muitos repreendiam-no para que se calasse”. Mas, quando Jesus lhe dá atenção, dizem: “Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te”. Estas duas reacções tão imediatas levam-nos a pensar que os discípulos eram um pouco inconstantes. Mas, nós também somos assim. Em casa, no trabalho, na paróquia, com os amigos…muitas vezes, reagimos em função dos medos ou interesses. Também nós nos enganamos, nos precipitamos e prejudicamos os outros, originando danos a algumas pessoas, que se sentem vítimas das nossas precipitações, sendo incapazes, depois, de se concentrarem no mais importante. Apesar disto, Deus continua a agir, acima de todas as nossas desavenças. Ao pedido ambicioso de Tiago e João, de se sentarem com Jesus na glória, como recordamos do Domingo passado, segue-se o pedido insistente de Bartimeu, que pede a Jesus que tenha compaixão dele. Apesar da oposição daqueles que o mandam calar, ele insiste no seu desejo de cura. E as palavras de Jesus, além da cura física, abrem-lhe os olhos à luz de Deus, para que, abertos, possa seguir “Jesus pelo caminho”. A fé humilde e perseverante do cego permite que Jesus faça mais um sinal da salvação que veio realizar neste mundo. Assim, revela aos discípulos a forma como deseja conduzi-los: que se deixem transformar por Ele, que é o único que conduz à luz de Deus. Seguir Jesus é converter-se em seu discípulo, renunciando à glória do mundo e aceitando o sofrimento que resulta desta renúncia: carregar com a cruz e seguir Jesus (cf. Mc 8,34). Jesus é o exemplo desta renúncia: não atribuiu a si a glória de ser sumo sacerdote, mas cumpriu a vontade de seu Pai (2ª leitura). Pelos seus padecimentos e pela sua morte, conduziu a humanidade “às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem” (1ª leitura). Em cada Domingo, tenhamos a coragem de Bartimeu: “O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus”. Levantemo-nos e sigamos Jesus pelo caminho. Reconheçamos que, por vezes, o nosso olhar para os nossos irmãos e para o mundo é muito limitado. Procuremos descobrir no rosto da assembleia dominical suplicante um reflexo da luz de Deus e acolher a presença de Cristo que Se transfigura diante de nós, oferecendo-se na sua Palavra e na Eucaristia. para nos transmitir uma Palavra de Vida que nos ajude a revelar e a investir a beleza que temos no mais profundo do nosso ser.

27-10-2024

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Leitura Espiritual

«Senhor, que eu veja»

Em ti, ó Deus vivente, o meu coração e a minha carne estremeceram e a minha alma se alegrou em ti, minha salvação verdadeira (Sl 83,3). Quando Te verão os meus olhos, Deus dos deuses, meu Deus? Deus do meu coração, quando me alegrarás com a visão da doçura da Tua face? Quando preencherás o desejo da minha alma pela manifestação da Tua glória? Meu Deus, Tu és a minha herança, escolhida entre todos, minha força e minha glória! Quando entrarei no Teu poder para ver a Tua força e a Tua glória? Quando então, em vez do espírito de tristeza, me revestirás do manto de louvor (Is 61,10) para que, unida aos anjos, todos os meus membros Te ofereçam um sacrifício de aclamação (Sl 26,6)? Deus da minha vida, quando entrarei no tabernáculo da Tua glória, a fim de cantar em presença de todos os santos e proclamar de alma e coração que as Tuas misericórdias por mim foram magníficas (Sl 70,16)? Quando se quebrará o fio desta morte, para que a minha alma possa ver-Te sem intermediários? (Gn 19,19) Quem se saciará à vista da Tua claridade? Como poderá o olho bastar para ver e o ouvido para ouvir na admiração da glória da Tua face? (Santa Gertrudes de Helfta, 1256-1301, monja beneditina, Exercícios, n°6).

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Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos e Liturgia do XXIX Domingo do Tempo Comum – ano B

A SALVAÇÃO ACOLHE-SE

O “PELOURO” DO PODER GENUÍNO “Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem, para os que esperam na sua bondade”. Esta afirmação de fé, que proclama o salmista, não brota do catecismo, nem de uma alocução do magistério, mas de uma experiência de vida. Ele sabe que quem procura a Deus, com um coração sincero, sente a Sua proximidade. Estas verdades que nasceram da experiência de milhares de crentes que nos antecederam, têm um sabor e uma importância singulares, que devemos valorizar. Deus olha-nos e considera-nos como seus amigos. Todos sabemos que estamos sob o olhar atento de Deus. Mas, o que nos diz a Sagrada Escritura está muito longe, do que, geralmente, pensamos. Nos antigos retábulos de talha dourada, encontramos, por vezes, a imagem de um olho que tudo vê. No texto evangélico deste Domingo, é dito que dois amigos de Jesus tudo fazem para subir na vida, para se fazerem a lugares de honra e de prestígio; e os outros seus companheiros ficam invejosos, por eles se terem antecipado. Este é um dos pecados mais repugnantes da fraqueza humana. Deus não nos olha para nos repreender nem para nos condenar, nem para nos afastar da sua presença. Deus não condena, mas une, congrega. De facto, o evangelista diz que, perante o clima tenso gerado, “Jesus chamou-os”, ou seja, juntou-os à sua volta. Deus não se surpreende com o calibre dos nossos pecados. Ele vê-nos a experimentar o pecado; certamente, não gostará da nossa falta de amor e de honestidade. Mas, não nos rejeita.

Quando gostamos de alguém, depois de ter passado o momento da paixão e do encantamento, segue-se uma outra fase em que se descobrem os defeitos e as incapacidades.

Por vezes, ficamos surpreendidos que alguém ame uma pessoa, a qual não apreciamos. Porém, quando se ama alguém, não se valoriza o mal do outro, mas valoriza-se o que tem de bom. Pode, até, o bom ser muito pouco, mas é de uma qualidade suficiente que vale a pena partilhar a vida com essa pessoa. Porquê? Porque o amor verdadeiro não desilude ninguém; nem Deus. Ele olha-nos com amor. Por isso, não se importa de se fazer homem e de sofrer a cruz como profetizou Isaías: “Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento…O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades”. A carta aos Hebreus diz-nos que somos felizes, porque o sumo sacerdote (Jesus) é incapaz de não se compadecer de nós. Ele vê-nos, cuida de nós, conhece-nos muito bem. Pelo pouco de bom que temos, muitas vezes escondido, Ele achou que valia a pena morrer por nós. Hoje, o Senhor continua a juntar-nos para nos explicar que o serviço é a nossa vocação. A nossa condição de baptizados faz com que olhemos a vida de uma forma incompreensível aos olhos do mundo. A quem ambiciona, se não for o primeiro lugar, um posto mais vantajoso do que o que já tem, Jesus recorda-lhe que “quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos”. Revestir-se de Cristo é entrar na condição do Filho do homem, que veio para dar a sua vida pela redenção de todos, cumprindo, assim, a vontade do Pai, sendo o Servo Sofredor. Com o seu sofrimento, suportado livre e convictamente, restaura a comunhão entre a humanidade e Deus. Em cada Domingo, Ele convoca-nos para nos ver (olhar de Deus) e para nos transmitir uma Palavra de Vida que nos ajude a revelar e a investir a beleza que temos no mais profundo do nosso ser.

20-10-2024

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Leitura Espiritual

«Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo»

 

Que necessidade tinha o Filho de Deus de sofrer por nós? Uma grande necessidade, que podemos resumir em dois pontos: necessidade de remediar os nossos pecados e necessidade de nos dar um exemplo de conduta. A Paixão de Cristo dá-nos um modelo válido para toda a vida. Se procuras um exemplo de caridade: «Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13). Se buscas paciência, irás encontrá-la na cruz em grau máximo; na cruz, Cristo sofreu grandes tormentos com paciência: «ao ser insultado não ameaçava» (1Ped 2,23), «não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro» (Is 53,7). «Corramos com perseverança a prova que nos é proposta, tendo os olhos postos em Jesus, autor e consumador da fé. Ele, renunciando à alegria que Lhe fora proposta, sofreu a cruz, desprezando a ignomínia» (Hb 12,1-2). Se procuras um exemplo de humildade, olha para o Crucificado; porque Deus quis ser julgado por Pôncio Pilatos e morrer. Se procuras um exemplo de obediência, basta que sigas Aquele que Se fez obediente ao Pai «até à morte» (Fl 2,8). «De facto, tal como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só todos se hão de tornar justos» (Rm 5,19). Se buscas um exemplo de desapego dos bens terrenos, segue Aquele que é «Rei dos reis e Senhor dos senhores», «em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (1Tim 6,15; Col 2,3): Ele está nu na cruz, tornado motivo de escárnio, coberto de escarros, maltratado, coroado de espinhos e, por fim, dessedentado com fel vinagre. (São Tomás de Aquino, 1225-1274, teólogo dominicano, doutor da Igreja, Conferência sobre o Credo, 6).

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Avisos na Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres de 20 a 27 de outubro de 2024.

Agenda Pastoral Paroquial nas Paróquias de Figueiró da Granja, Maceira, Sobral Pichorro, Muxagata, Fuinhas e Mata.

Avisos e Liturgia do XXVIII Domingo do Tempo Comum – ano B

A SALVAÇÃO ACOLHE-SE

Na viagem para Jerusalém, o evangelho de Marcos narra-nos o encontro de Jesus com um jovem inquieto. A questão sobre o que é mais importante na vida não é nova. Para o rei Salomão, a sabedoria tem o lugar de primazia acima de todos os bens (1ª leitura). Esta sabedoria encontra-se escondida na Palavra de Deus (2ª leitura) e nas palavras de Jesus que indicam o exigente caminho que conduz à vida eterna (evangelho). Somente Ele pode saciar-nos com a sua bondade e tornar prósperas as obras das nossas mãos (salmo). Falar de riqueza, de pobreza, de dinheiro, é sempre muito delicado. Tendo em conta a Palavra de Deus deste Domingo, podemos afirmar que a proposta de Deus de participar do seu Reino supõe exigências radicais, mas a fé assegura-nos que Jesus, Sabedoria de Deus, deve ter a primazia, acima de tudo e de todos. A primeira leitura diz o seguinte: “Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria”. A sabedoria é melhor que a riqueza, a saúde e a beleza. Com a sabedoria, é-nos dado todos os bens. O salmo reforça esta ideia, afirmando: “Saciai-nos, desde a manhã, com a vossa bondade, para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias”. E a segunda leitura diz-nos que “a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes”. É ela que julgará as nossas vidas. O texto evangélico apresenta-nos um jovem inquieto que vai ao encontro de Jesus. É de louvar a sua fidelidade aos mandamentos de Deus. Mas a sua riqueza é um obstáculo quando chega o momento de escolher o melhor para si. Com as palavras finais de Jesus a Pedro, conclui-se que a pobreza não é um fim em si mesma; mas é uma forma de nos libertarmos para seguirmos Jesus. O homem rico, que pede conselhos a Jesus sobre como alcançar a vida eterna, não dá conta de que tem diante dele alguém que é mais do que um rabino, do que um sábio conhecedor da Lei. Está a conversar com aquele que o pode conduzir à vida eterna. Recordemos que Jesus está a caminhar para Jerusalém, para a missão confiada pelo Pai, a de salvar a humanidade com a sua morte e ressurreição. Perante este mistério, as riquezas deste mundo não têm qualquer valor, não são de grande utilidade. Jesus conhece a sinceridade deste homem que, verdadeiramente, procura a Deus e que aspira às grandes coisas. É um homem recto e religioso; “Jesus olhou para ele com simpatia”. E atreve-se a fazer-lhe a mesma proposta que fez aos seus discípulos: abandonar tudo. Era o que faltava para ser feliz. Mas, “ouvindo estas palavras, retirou-se pesaroso, porque era muito rico”. Senhor, “ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração”. É Deus que nos ensina a viver, a não perder tempo. Pensemos no tempo que já vivemos. Tantas boas recordações, de pessoas e de momentos, tantas canseiras e sofrimentos! Mas apesar de tudo, estamos aqui; com esses momentos, ganhámos sabedoria e maturidade. Não tenhamos medo de incluir, também, os nosso pecados e erros, pois com eles também aprendemos. Pensemos em toda a nossa vida e digamos com o salmo: “compensai em alegria os dias de aflição, os anos em que sentimos a desgraça”. Esta é a alegria de saber que, apesar de tudo, Deus nunca nos abandonou. Apesar dos tempos difíceis e dolorosos que atravessamos, mesmo dentro da Igreja, a nossa missão é dizer que Deus está connosco. Não importa ser rico ou pobre; a beleza, o dinheiro e a saúde não duram sempre, mas Deus está na nossa vida: silencioso, mas sempre presente. Vivamos os mandamentos de Deus, façamos o bem que pudermos. Assim seremos felizes. E se o peso dos nossos pecados nos faz duvidar do amor de Deus, não esqueçamos: mesmo que não te perdoes, Ele perdoa-te, porque para Ele nada é impossível. A salvação não se ganha, mas acolhe-se.

 

13-10-2024

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Leitura Espiritual

Com os olhos fixos em Jesus, o divino pobre Contemplemos Nosso Senhor, que é o nosso modelo em todas as coisas, e a quem queremos seguir por amor.

 

O que nos ensina a sua vida? Ele desposou, por assim dizer, a pobreza. Ele era Deus. E eis que este Deus encarna para nos conduzir a Ele. E que caminho escolhe? O caminho da pobreza. Quando o Verbo veio a este mundo, Ele, que era o Rei do Céu e da Terra, quis, na sua divina sabedoria, dispor os pormenores do seu nascimento, da sua vida e da sua morte de tal maneira que aquilo que neles mais transparece é a pobreza, o desprezo pelos bens deste mundo. Os mais pobres dos homens nascem, ao menos, debaixo de um tecto; Ele, porém, viu a luz do dia num estábulo, sobre a palha, porque «não havia lugar para Ele na hospedaria» (LC 2,7). Em Nazaré, viveu a vida obscura de um artesão pobre (cf Mt 13,55). Mais tarde, na sua vida pública, não tinha onde reclinar a cabeça, embora as raposas tenham as suas tocas (cf Lc 9,58). E, à hora da morte, quis ser despojado das suas vestes e pregado nu à cruz. Deixou a túnica tecida por sua Mãe aos verdugos; os amigos abandonaram-no; dos apóstolos, só tem João perto de Si. Resta-Lhe sua Mãe – mas não, deu-a ao discípulo (cf Jo 19,27). É o despojamento absoluto. Mas Ele ainda encontra maneira de ultrapassar este grau extremo de despojamento. Ainda Lhe restam as alegrias celestes com que o Pai Lhe inunda a humanidade, e também a elas renuncia, pois eis que é abandonado pelo Pai (cf Mt 22,46): permanece só, suspenso entre o Céu e a Terra. Quando contemplamos Jesus pobre no presépio, em Nazaré, na cruz, estendendo-nos as mãos e dizendo: «Foi por ti», compreendemos as loucuras dos amantes da pobreza. Tenhamos, pois, os olhos postos no divino pobre de Belém, de Nazaré e do Gólgota. (Beato Columba Marmion, 1858-1923, abade, «A pobreza»).

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Avisos de 14 a 20 de outubro na Unidade Pastoral das Paróquias de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres.

Avisos nas paróquias de Figueiró da Granja, Maceira,Muxagata, Fuinhas e Sobral Pichorro.

 

Fonte:Caminho de Emaús

Avisos e Liturgia do XXVII Domingo do Tempo Comum – ano B

SER FELIZ OU ESTAR CONTENTE?

Talvez um dos defeitos cometidos, durante décadas, na transmissão da fé, tenha sido investir muitas horas a dizer: “não faças isto”, ou, “não faças aquilo”, como se o Evangelho fosse um código de circulação rodoviária. Contudo, ainda não é tarde para mudar; ainda estamos a tempo de recordar que a cada princípio da moral cristã, deve acrescentar-se o seguinte: “se queres ser feliz”. É deste ponto que deve partir a nossa reflexão das leituras bíblicas deste Domingo: “Feliz de ti que temes o Senhor e andas nos seus caminhos”. Ser feliz não é a mesma coisa que estar contente. Muitas pessoas confundem estas duas situações que, na verdade, são tão diferentes. Podemos não “estar” felizes, mas contentes; e não “ser” contentes, mas felizes. Estar contente é algo transitório, superficial; enquanto a felicidade é algo estável, consistente, que não está submetida às “ideologias e hábitos” passageiros ou à moda de um certo momento social. O próprio salmo diz-nos: “Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem”. Não diz: “acredita em Deus e espreguiça-te no sofá”. Deus não nos promete uma vida fácil, mas uma felicidade que está escondida e brota de uma forma silenciosa, lenta e constante. Ser feliz supõe aceitar a frustração. Mas, podemos ser felizes, no meio das angústias do dia-a-dia da vida? Claro que sim; se quisermos, porque Deus deseja muito a nossa felicidade. O que é difícil, é dar o primeiro passo. Ou seja, aceitar que as frustrações, os conflitos e os fracassos fazem parte da vida. Em teoria, já sabemos disto, mas quando surgem as dificuldades, alguns ficam arrasados pela depressão, e outros vivem, voltando as costas aos problemas, que vão crescendo, até se tornarem monstros que não os deixam viver. Deus mantém a sua aliança de felicidade. É o que nos diz o texto do Evangelho deste Domingo, quando perguntam a Jesus sobre os problemas da vida, como o fracasso da vida conjugal entre um homem e uma mulher. Enquanto os fariseus teimam em criar ciladas a Jesus sobre os problemas da vida e a exigirem culpados, o Senhor diz-lhes que o desejo de Deus sempre foi que o homem e a mulher vivessem em plenitude; que quem acredita em Deus não pode desanimar com as desilusões; nem procurar, obsessivamente, culpados para os acusar dos seus erros. A preocupação do cristão não pode ser outra que a de se integrar nesse grande projecto de felicidade, delineado por Deus, ou seja, uma aliança que se desenvolve entre as canseiras do trabalho e as dificuldades da vida do casal. Porque Jesus não nos prometeu estar sempre contentes, mas vivermos felizes. Neste Domingo, as leituras bíblicas revelam-nos a profundidade dos vínculos que tecem a vida e a história do ser humano: a relação entre o homem e a mulher, inseparável da relação de amor que os une a Deus. A leitura do Genesis diz que Deus dá ao homem “uma auxiliar semelhante a ele”. Depois de um sono profundo, ou seja, completamente abandonado à acção omnipotente de Deus, o homem recebe a mulher, diante da qual exclama: “Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Este misterioso encontro, face a face, entre o homem e a mulher fomenta o vínculo de amor e de unidade do casal, de tal forma que os esposos deixam o pai e a mãe, e “os dois serão uma só carne”. A prescrição de Moisés foi necessária devido ao endurecimento dos seus corações, como recorda Jesus aos fariseus. Ainda hoje, a palavra de Jesus convida a acolher o Reino, como uma criança, para o qual todos, e também os casais, são chamados. Solidário com todos, Cristo, depois da sua humilhação, provocada pelos seus sofrimentos, coroado de glória, inunda-nos de alegria, alimenta-nos na Eucaristia e faz-nos participar, como irmãos, na sua glória. As relações familiares são uma bênção de Deus, um dom de Deus que, uma vez recebido, não pode ser abandonado. A união entre o homem e a mulher é a imagem do amor eterno de Deus que nos ama e que, por Jesus Cristo, a todos guia para a salvação.

06-10-2024

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Leitura Espiritual

«Deixai vir a Mim as criancinhas»

Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a educação integral, pessoal e social, dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade. Mas é sobretudo na família cristã, ornada da graça e do dever do sacramento do matrimónio, que os filhos devem ser ensinados, desde os primeiros anos, segundo a fé recebida no baptismo, a conhecer e a adorar a Deus, e a amar o próximo; é aí que eles encontram a primeira experiência, quer da sã sociedade humana, quer da Igreja; é pela família, enfim, que são a pouco e pouco introduzidos no consórcio civil dos homens e no Povo de Deus. Caiam, portanto, os pais na conta da importância da família verdadeiramente cristã na vida e no progresso do próprio Povo de Deus. (Concílio Vaticano II, Declaração sobre a educação cristã, «Gravissimum Educationis», 3).

Ver: https://liturgia.diocesedeviseu.pt/LITURGIAEVIDA/index.html

 

Unidade Pastoral das Paróquias de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres.

Missa de Tomada de Posse do Sr. Padre Eurico Sousa, será realizada no dia 13 de outubro (Domingo) às 15:30h na Igreja Matriz de Fornos de Algodres.

 

Avisos Pastorais Paroquiais nas Paróquias de Figueiró da Granja, Fuinhas, Maceira, Muxagata e Sobral Pichorro.

Fonte:Paróquia de Fuinhas

Avisos e Liturgia do XXVI Domingo do Tempo Comum – ano B

 

CHAMOU OS QUE ELE QUERIA

Jesus dirige-se, com os seus discípulos para a cidade de Jerusalém. E nesta viagem, ia ensinando claramente os discípulos (Mc 8,32). Se no Domingo passado, os discípulos ficaram incomodados e calados, depois de terem discutido sobre qual deles era o mais importante, agora, um dos Doze, João, toma a iniciativa e espera encontrar complacência em Jesus, quando denuncia a acção de alguém que se vale do Seu nome para expulsar demónios, apesar de não pertencer ao grupo. A semelhança é muito grande com a passagem do livro dos Números quando Josué, jovem como João, ousou dirigir-se a Moisés para lhe pedir algo parecido: “Moisés, meu senhor, proíbe-os” (1ª leitura). Quando defendemos a verdade sem caridade, caímos no descrédito. É inadmissível pensar que podemos controlar a acção do Espírito de Jesus a partir dos nossos cálculos e segundo as estratégias humanas. “O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,8). O discípulo João pensava que tinha autoridade para decidir quem podia fazer, ou não, parte do grupo dos seguidores de Jesus, ou, o que é pior, quem podia agir em nome de Jesus. Mas, o Mestre respondeu-lhe: “Quem não é contra nós é por nós”. O coração humilde e misericordioso de Jesus alarga o horizonte humano, deformado pelo egoísmo. Bem conhecemos qual foi o critério de escolha dos Doze. Não foi como uma selecção para uma empresa. Jesus nunca pediu o “curriculum vitae” aos que iriam fazer parte do grupo dos Apóstolos: “chamou os que Ele queria e foram ter com Ele” (Mc 3,13). É Ele quem escolhe os discípulos sem levar muito em conta as capacidades de cada um. Esta perspectiva é fundamental, se quisermos compreender os direitos e os deveres que se têm dentro da Igreja, num espírito de serviço e de entrega humilde. A intervenção de João diante de Jesus exagera no “nós”, acima do “tu” (referido a Jesus). Não tinha entendido, ainda, que pertencer à comunidade dos apóstolos não dá nenhuma exclusividade nem privilégio. Fora de Jesus, que é a Verdade, ninguém pode dizer que possui a verdade na sua plenitude. “Cristo, mediador único, estabelece e continuamente sustenta sobre a terra, como um todo visível, a Sua santa Igreja…Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica; depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (1Tim. 3,5). Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja Católica… embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica” (LG 8). A Igreja, pois, guarda a verdade, a ela confiada por Cristo, mas não a possui plenamente. Por isso, é importante dar valor a tudo o que existe de bom, de belo e verdadeiro para além das fronteiras estruturais da Igreja, porque a Bondade, a Beleza e a Verdade, têm uma origem comum em Deus. A missão dos apóstolos, escolhidos por Jesus para pregar o Evangelho e anunciar o Reino de Deus, supõe a abertura a uma realidade imensa onde Deus vai escrevendo a história da salvação. Nesta história, têm prioridade, aos olhos de Cristo, os mais pequenos, os simples, os pobres, os necessitados, para os quais tem de se dedicar tempo e energia. A grandeza da fé consiste, pois, não em sentirmo-nos superiores por uma espécie de privilégio recebido, como se os que não a tivessem fossem inferiores, mas em viver sem extinguir o Espírito Santo, examinando tudo à sua luz e valorizando tudo o que é bom. Aqueles que presidem à Igreja e, sobretudo, à celebração dos santos mistérios, dos quais somos somente dispensadores e não proprietários, têm de exercer o seu ministério com generosidade e celebrar com dignidade, evitando escândalos e protegendo os mais pequeninos, para que muitas pessoas possam acolher nos seus corações a graça e a misericórdia de Deus.

29-09-2024

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Leitura Espiritual

«Quem vos der a beber um copo de água por serdes de Cristo, não perderá a sua recompensa. Dá os bens deste mundo e receberás os bens eternos. Dá na Terra e receberás no Céu. Mas a quem os darás? Escuta o que te diz a Escritura: «Quem dá ao pobre empresta ao Senhor» (Pr 19,17)

Deus não precisa de ti, seguramente: mas outro precisará. O que deres a um, outro o receberá. Porque o pobre nada tem para te dar; bem quereria, mas nada encontra para dar; nele, há apenas essa vontade vigilante de rezar por ti. Mas, quando um pobre reza por ti, é como se dissesse a Deus: «Senhor, recebi um empréstimo, sê Tu a minha caução». Se o pobre com quem lidas está insolvente, tem um bom fiador, pois Deus diz-te: «Não tenhas receio de dar, Eu respondo por ele, Eu darei, sou Eu que recebo, é a Mim que dás». Acreditas que Deus te diz: «Sou Eu que recebo, é a Mim que dás»? Sim, seguramente, pois Cristo é Deus, e nisto não há dúvidas. De facto, Ele disse: «Tive fome e destes-Me de comer». E, quando Lhe perguntamos: «Senhor, quando foi que Te vimos com fome?», Ele mostra-nos que é de facto o fiador dos pobres, que responde por todos os seus membros, e diz-nos: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,35s). (Santo Agostinho, 354-430, bispo de Hipona, norte de África, doutor da Igreja, 3º Sermão sobre o Salmo 36).

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Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres.

Programação de Celebrações da Semana, 05 e 06 de outubro.