Início » Tag Archives: tempo comum

Tag Archives: tempo comum

Avisos e Liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum- Ano A

 

Neste Domingo, iniciamos a leitura do capítulo 13 de S. Mateus, onde se encontram as parábolas do Reino. São breves relatos figurados através dos quais Jesus fala sobre a sua missão e a dos seus discípulos para dar a conhecer a vontade de Deus. Inspira-se não nos ensinamentos rabínicos mas nas situações da vida normal das pessoas. Este capítulo inicia com a parábola mais longa e completa, que é a parábola do semeador.

Neste texto, quem é o semeador? Jesus é o semeador da Palavra do Reino. É um trabalhador entusiasmado e perseverante, que acredita no que faz. Sai diariamente para o campo e lança com abundância a semente da Boa Nova que contém “os segredos do Reino dos Céus”. Confia na qualidade da semente, porque vem de Deus e que completará o seu ciclo quando der frutos (cfr. 1ª leitura). Esta semente irá deitar raízes na terra. A semente é o começo de tudo, ou seja, sem pregação, não há evangelização. Não é o semeador que escolhe o terreno, mas a forma como os que ouvem acolhem a semente ou a rejeitam. Jesus fala em parábolas e utiliza uma linguagem misteriosa para que as pessoas se interroguem sobre a sua vida. Neste sentido, pode entender-se a citação de Isaías no texto do evangelho: “Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando, olhareis, mas não vereis”. Recordemos os sábios e os inteligentes do evangelho do domingo passado. O seu orgulho e prepotência endureceram a terra do seu interior e a semente foi “sufocada e queimada”, como a semente no caminho e nos sítios pedregosos. O anúncio do Reino de Deus não utiliza uma linguagem ameaçadora. A linguagem de Jesus é provocante: interpela, inquieta e renova. O Reino de Deus não é uma mera utopia humana, mas é uma nova criação realizada pelo Espírito Santo, como afirma S. Paulo na segunda leitura. A pregação do Reino tem de provocar, ao mesmo tempo, entusiasmo e conversão.

Depois de Jesus ter contado a parábola à multidão, os discípulos aproximaram-se e disseram-lhe: “Porque lhes falas em parábolas?”. Jesus responde: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não”. “Felizes os vossos olhos porque vêm e os vossos ouvidos porque ouvem!”. De seguida, explica-lhes o que significa a parábola do semeador. Eles deixaram-se conduzir por Deus, acolheram a semente do Reino nas suas vidas. Com paciência, deixaram-se transformar à imagem e semelhança de Deus. Os segredos do Reino tornaram-se mais claros, quando se aproximaram de Jesus. Hoje, tendo em conta as circunstancias actuais, a Igreja tem de aprender a evangelizar novamente: saber lançar uma semente que chegue ao maior número de pessoas e saber oferecer a proximidade de Jesus e dos seus ensinamentos.

12-07-2020

Que frutos produz a Palavra de Deus? Começa por ser palavra escrita, para ser lida, meditada, vivida, proclamada e pregada. Mas, como dizia a primeira leitura de Isaías, é uma Palavra que sai da boca de Deus. É uma Palavra que origina algo de novo. Perante a contaminação e a degradação do pecado, a semente da Palavra de Deus produz vida, como nos afirma S. Paulo na segunda leitura.

 

«Os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra»

 

Senhor, meu Deus, as tuas palavras são palavras de vida, onde todos os mortais encontram aquilo que desejam, desde que aceitem procurá-lo. Mas será de espantar, meu Deus, que esqueçamos as tuas palavras, tomados como somos pela loucura e a languidez que são consequência das nossas más acções? Oh meu Deus, autor de toda a criação, o que seria esta criação se Tu quisesses, Senhor, criar ainda mais? Tu és omnipotente, as tuas obras são incompreensíveis. Faz, Senhor, que as tuas palavras nunca se afastem do meu pensamento.

Tu disseste: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). Que mais queremos nós, Senhor? Que mais pedimos? Que mais procuramos? Porque será que as gentes do mundo se perdem, a não ser porque andam em busca da felicidade? Oh meu Deus, que cegueira tão profunda! Procuramos a felicidade onde é impossível encontrá-la.

Oh Criador, tem piedade das tuas criaturas! Repara que, sozinhos, não compreendemos, não sabemos aquilo que desejamos, escapa-nos aquilo que pedimos. Dá-nos luz, Senhor! Vê que temos mais necessidade dela do que o cego de nascença. Ele desejava ver a luz e não era capaz, e agora, Senhor, as pessoas recusam-se a ver. Haverá mal mais incurável do que esse? Será aqui, meu Deus, que ressoará o teu poder, aqui que brilhará a tua misericórdia. Peço-Te que me concedas amar aqueles que não Te amam, abrir a porta àqueles que não batem, dar a saúde àqueles que gostam de estar doentes. Tu disseste, Mestre meu, que tinhas vindo para os pecadores (Mt 9, 13); ei-los, Senhor! E Tu, meu Deus, esquece a nossa cegueira, considera apenas o sangue que o teu Filho derramou por nós. Que a tua misericórdia resplandeça no seio de semelhante infelicidade; lembra-Te, Senhor, de que somos obra tua e salva-nos pela tua bondade, pela tua misericórdia. (Santa Teresa de Ávila, 1515-1582, carmelita descalça, doutora da Igreja, Exclamações, nº 8)

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo Comum - 15º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 14º domingo do Tempo Comum- Ano A

 

 

a)         Depois do Discurso da Missão (capítulo 10) e antes de iniciar a pregação através das parábolas (capítulo 13, o que acontecerá a partir do próximo Domingo), o evangelista S. Mateus apresenta Jesus em plena actividade pela Galileia, a pregar e a curar (capítulos 11 e 12). No meio de toda esta actividade, aparece-nos a oração de Jesus que, hoje, aparece na leitura evangélica deste Domingo. A oração é uma dimensão importante da vida cristã. Para Jesus, a oração também era muito importante: uma oração filial, intensa, fundamentada na unidade do Pai com o Filho (v. 27). A paz e a força interior que Jesus tinha, vinham da sua intensa vida interior e da sua íntima e profunda relação com o Pai. Os momentos de oração e de meditação também são importantes para nós.

 

b)         Jesus inicia a sua oração dando graças a Deus “porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos”. Em muitas outras passagens evangélicas, dá-se conta que Deus está mais próximo dos humildes, dos fracos, dos pobres do que dos poderosos. Para poder contemplar a mão de Deus na nossa vida, para poder captar a bondade de Deus, para poder rezar, para poder viver com optimismo e esperança que vêm da fé, é preciso ter um coração simples e humilde. Os “sábios e os inteligentes” já terão a sua cabeça e o seu coração cheios de outras preocupações, não havendo espaço para Deus. É importante não esquecer que Jesus também viveu na humildade e na “pequenez”. A lógica da cruz salienta que “pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído” (Oração colecta). Jesus era a expressão de Deus que é “clemente e compassivo… bom para com todos” (salmo responsorial). A primeira leitura fala-nos da alegria e do entusiasmo de Israel pelo facto de Deus enviar um rei vitorioso, mas que entra na sua cidade, “humildemente montado num jumentinho”. Esta é a imagem de Jesus Cristo a entrar na cidade de Jerusalém, como podemos recordar no Domingo de Ramos.

05-07-2020

c)         A oração, a simplicidade, a humildade…o evangelho deste Domingo transmite-nos paz, a paz de espírito que tantas vezes precisamos. Numa sociedade onde andamos a um ritmo de vida tão intenso e tão cheios de problemas, é reconfortante ver como Jesus é capaz de nos dar paz, serenidade, alegria interior. Toda a liturgia deste Domingo fala-nos destes sentimentos. Na primeira leitura o profeta Zacarias convida o povo a alegrar-se, porque este rei trará a salvação e “anunciará a paz às nações”. O salmo responsorial apresenta-nos o Senhor “bom para com todos… a sua misericórdia se estende a todas as criaturas… perfeito em todas as suas obras”. Ao Senhor, bondoso e compassivo, temos de dar graças todos os dias (oração depois da comunhão) e pedir-lhe que nos encha de alegria: “dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna” (oração colecta). Não podemos esquecer as palavras de Jesus no evangelho: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”. O discípulo de Jesus já não tem de suportar o peso humilhante da Lei, mas um jugo suave, uma carga leve. Jesus é “manso e humilde de coração”; esta é a melhor imagem de Deus, “lento para a ira e rico de misericórdia”. Colocar a nossa vida nas suas mãos é a melhor maneira de encontrarmos descanso.

 

d)        Com a paz, a alegria e o descanso que vêm de Deus, a vida do cristão é diferente, ou seja, é uma vida segundo o Espírito. São Paulo explica-nos isto no capítulo 8 da sua Carta aos Romanos: “Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito habita em vós”. O Apóstolo diz-nos que nós já não podemos viver agarrados aos valores da “carne”, ou seja, aos valores imediatos, materiais, superficiais, mas a valores mais espirituais e profundos, os quais o evangelho de hoje nos convida a experimentar e que nos podem levar à felicidade, a uma vida diferente, ou seja, à vida dos filhos de Deus: “se pelo Espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis”. Assim, encontramo-nos diante de uma maneira diferente de encarar a vida, as preocupações, porque ficam iluminadas pela alegria, pela esperança e pela paz que vêm da nossa fé. Então, há que procurar orientar a nossa vida nesta direcção, rezando a Deus a oração sobre as oblatas deste Domingo: “Fazei, Senhor, que a oblação consagrada ao vosso nome nos purifique e nos conduza, dia após dia, a viver mais intensamente a vida da graça”.

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo Comum - 14º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum- Ano A

a)         Neste Domingo, no evangelho, termina a leitura e a reflexão do sermão da missão. A modo de conclusão, o trecho deste domingo distingue dois aspectos da missão do discípulo de Jesus. O primeiro (v. 37-39) é a radicalidade que se pede a quem segue Jesus. A linguagem poderá parecer dura e muito exigente. Jesus diz que todo aquele ama o pai, a mãe, o filho ou a filha mais do que Ele, não é digno para O seguir. Evidentemente, não se trata de deixar de amar a família. A fidelidade ao Senhor implica renúncias e dificuldades, como se reflectia no domingo passado: o discípulo de Jesus tem de “tomar” a cruz e segui-Lo. Assim, a fé cristã é uma opção radical, é exigente. Hoje mais do que nunca, existe o risco de um Cristianismo “light”, ou seja, tirar da fé só o que convém. Ao quem segue Jesus, é-lhe exigido muito mais. É uma opção pessoal que significa pôr Deus, Jesus, a fé, em primeiro lugar, e tudo o resto em plano secundário. O objectivo principal é o anúncio do Reino de Deus. Sem exageros, nem masoquismos, é importante deixar claro que seguir Jesus Cristo supõe exigência.

 

b)         A perspectiva de renúncia que nos fala o evangelho é positiva, cheia de esperança: “Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la”. A dinâmica da fé cristã está orientada nesta direcção: aquele que é capaz de renunciar a certas coisas, de se sacrificar, de “tomar” a cruz, de entregar a própria vida, ganhará muito mais, será grande a recompensa. Como modelo, temos Jesus Cristo. Ele entregou a Sua vida por nós, mas “ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai” (2ª Leitura). S. Paulo diz-nos que assim como Jesus morreu e ressuscitou, também nós, “fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte, para que vivamos uma vida nova”. É a vida nova dos filhos de Deus, a vida nova de Cristo Ressuscitado, na qual nos integramos pela fé e pelo baptismo. Em cada dia, somos convidados a renovar o nosso baptismo, a ter viver segundo a nossa condição de filhos de Deus, por Jesus Cristo, a aceitar e a assumir as exigências da fé. A Oração Colecta da Missa deste domingo faz referência aos “filhos da luz”, pela graça do Senhor. Por isso, pedimos para “não sermos envolvidos pelas trevas do erro, mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade”.

 28-06-2020

c)         O segundo aspecto da missão do discípulo de Jesus (v. 40-42) é o acolhimento que mereçam todos aqueles que são enviados. Este aspecto vem “preparado” na 1ª Leitura, onde lemos um trecho do 2º Livro dos Reis, em que o profeta Eliseu é bem acolhido por uma distinta senhora de Sunam e pelo seu marido. Esta mulher, que é estéril, está convencida de “que este homem, que passa frequentemente pela nossa casa, é um santo homem de Deus”. Como recompensa pelo seu gesto hospitaleiro, recebe a promessa de gerar um filho. O Salmo Responsorial é um cântico de acção de graças ao amor e à bondade que Deus tem ao Seu povo: “Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”. O profeta itinerante do Antigo Testamento é um bom exemplo para todos os que são enviados pelo Senhor, que continuam a necessitar de ser bem acolhidos. A acção do missionário, porque é exigente, supõe apoio e hospitalidade. Todos somos chamados e enviados por Jesus, mas há alguns (sacerdotes, religiosos, missionários, etc.) que fazem uma opção mais radical de vida. Toda a comunidade é convidada a dar-lhes apoio e carinho, a estar junto deles, do seu lado nessa missão nada fácil (muito menos nos dias de hoje). Acolher o enviado é sinal de acolher O que envia, Jesus Cristo. Se qualquer gesto de amor e de solidariedade é digno de louvor, quando feito a um “destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”.

 

 

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo Comum - 13º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e liturgia UP Aguiar da Beira e UP Fornos de Algodres

II Domingo do Tempo Comum

O autor desta reflexão deixa claro que o chamamento é sempre uma
iniciativa de Deus, o qual vem ao encontro do homem e chama-o pelo nome. Ao homem é pedido que se coloque numa atitude de total disponibilidade para escutar a voz e os desafios de Deus. Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viverem de
forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez. No crente que vive em comunhão com Cristo deve manifestar-se sempre a vida nova de Deus.

14-01-2018
Aplicado ao domínio da vivência da sexualidade – um dos campos onde as falhas dos cristãos de Corinto eram
mais notórias – isto significa que certas atitudes e hábitos desordenados devem ser totalmente banidos da vida do cristão.
O Evangelho deste Domingo diz-nos, antes de mais, o que é ser cristão… A identidade cristã não está na simples pertença jurídica a uma instituição chamada “Igreja”, nem na recepção de determinados sacramentos, nem na militância em certos
movimentos eclesiais, nem na observância de certas regras de comportamento dito “cristão”… O cristão é, simplesmente, aquele que acolheu o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo. O que é, em concreto, seguir Jesus? É ver n’Ele o Messias libertador
com uma proposta de vida verdadeira e eterna, aceitar tornar-se seu discípulo, segui-l’O no caminho do amor, da entrega, da doação da vida, aceitar o desafio de entrar na sua casa e de viver em comunhão com Ele.
O nosso texto sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta, sem meias tintas nem hesitações. Os dois primeiros discípulos não discutiram o “ordenado” que iam ganhar, se a aventura tinha futuro ou se estava condenada ao fracasso, se o abandono de um mestre para seguir outro representava uma promoção ou uma despromoção, se o que deixavam para trás era importante ou não era importante; simplesmente “seguiram Jesus”, sem garantias, sem condições, sem explicações supérfluas, sem “seguros de vida”, sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é sempre um salto, decidido e sereno, para os braços de Deus. A história da vocação de André e do outro discípulo (despertos
por João Baptista para a presença do Messias) mostra, ainda, a importância do papel dos irmãos da nossa comunidade na nossa própria descoberta de Jesus.

Ano B - Tempo Comum - 2º Domingo - Boletim Dominical
A comunidade ajuda-nos a tomar consciência desse Jesus que passa e aponta-nos o caminho do
seguimento. Os desafios de Deus ecoam, tantas vezes, na nossa vida através dos irmãos que nos rodeiam, das suas indicações, da partilha que eles fazem connosco e que dispõe o nosso coração para reconhecer Jesus e para O seguir. É na escuta dos nossos irmãos
que encontramos, tantas vezes, as propostas que o próprio Deus nos apresenta.

O encontro com Jesus nunca é um caminho fechado, pessoal e sem consequências comunitárias… Mas é um caminho que tem de me levar ao encontro dos irmãos e que deve tornar-se, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, anúncio e testemunho.
Quem experimenta a vida e a liberdade que Cristo oferece, não pode calar essa descoberta; mas deve sentir a necessidade de a partilhar com os outros, a fim de que também eles possam encontrar o verdadeiro sentido para a sua existência. “Encontrámos
o Messias” deve ser o anúncio jubiloso de quem fez uma verdadeira experiência de vida nova e verdadeira e anseia por levar os irmãos a uma descoberta semelhante.