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Tag Archives: Terapeuta da Fala

Artigo de Ana Carolina Marques—Afasia, Disartria e Disfagia

Estes conceitos acabam por ser três nomes estranhos mas ambos são as patologias mais frequentes após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e é o Terapeuta da Fala, o profissional de saúde, apto para intervir e reabilitar as mesmas.

Embora a Terapia da Fala seja uma atividade profissional relativamente recente e desconhecida em Portugal, devido à diversidade das suas áreas de intervenção tem vindo a ganhar destaque e um conhecimento alargado dentro da comunidade e como tal a sua importância, benefícios e pertinência são cada vez mais procurados e reconhecidos pela população. O papel do Terapeuta da Fala já é conhecido nas crianças, principalmente ao nível da linguagem, fala e leitura/escrita, mas é ao nível das perturbações em idade adulta que se encontram as maiores dúvidas quanto à atuação.

Enquanto profissional de saúde, o Terapeuta da Fala é capaz de intervir em perturbações pós AVC, em doenças degenerativas como Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica e Esclerose Múltipla, em perturbações vocais como Nódulos e Pólipos entre outras… A Terapia da Fala é assim a especialidade médica, integrada na medicina física e de reabilitação que se dedica à prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana e das perturbações a ela associadas.

Estas perturbações podem ser ao nível da fala e da linguagem mas também relacionadas com as funções auditivas, visuais, cognitivas, oro-muscular, respiratórias, de deglutição, voz e comunicação. Além da diversidade de patologias em que pode intervir, também está apto a atuar em todas as faixas etárias, desde o nascimento até à idade adulta e em diferentes contextos, como hospitais, escolas, clínicas privadas, lares e domicílios.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, que define a saúde não só como a ausência de doença mas sim como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, o Terapeuta assume um papel fundamental no desenvolvimento global, na reabilitação e na prevenção de patologias, que independentemente da mesma, o acompanhamento precoce é fundamental e essencial para a recuperação do utente, evitando agravamentos do problema e potencializando a eficácia da intervenção.

Em suma, o principal objetivo é potencializar a funcionalidade, aumentar as competências, melhorar a qualidade de vida do utente e fornecer dicas e estratégias para que todo o percurso de desenvolvimento seja o mais normativo possível.

Ana Carolina Melo Marques C-046322175

Terapeuta da Fala na APSCDFA, na Clínica Nossa Srª da Graça e na CliViseu

 

Artigo de Ana Carolina Marques- Perturbação do Espetro do Autismo

A Perturbação do Espectro do Autismo pode ser descrita como uma perturbação que afeta todas as áreas de desenvolvimento da criança, sendo caracterizada por alterações nas interações sociais e na comunicação, apresentando regularmente movimentos corporais atípicos e estereotipados e, por vezes, alguns comportamentos desafiantes. A criança apresenta dificuldades de regulação, processamento, experiência sensorial e percetiva.

As dificuldades não se focam só no desenvolvimento da linguagem e fala mas também na compreensão e no uso de comportamentos não-verbais em interações comunicativas. O atraso do desenvolvimento da linguagem é uma das queixas mais comuns do pais que os leva a procurarem uma resposta especializada.

Nestas crianças, é comum a ausência de motivação para a comunicação (verbal e não verbal) e a tendência para ver “o outro” como objeto ou meio para atingir um fim. Este défice linguístico está presente, quer nos aspetos recetivos, quer expressivos da  comunicação. Por um lado, estas crianças são pouco recetivas aos atos comunicativos, por outro, as suas próprias iniciativas comunicativas são raras e acontecem mais como função reguladora do que declarativa, o que influencia bastante as dificuldades de comunicação. Quando esta área está com défices, existem alguns sinais a que pode estar atento:

  • Ausência de contato ocular;
    • Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral;
    • Ausência de reconhecimento da voz dos familiares mais próximos;
    • Uso repetitivo das mesmas palavras, expressões ou movimentos;
    • Nas crianças com um discurso apropriado, uma grande dificuldade em iniciar e manter uma conversa com os outros;
    • Muitas dificuldades em jogos conhecidos como os “faz-de-conta”.

Sendo o terapeuta da fala o profissional responsável pela prevenção, avaliação e tratamento das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à  compreensão e expressão da linguagem oral e escrita, mas também outras formas de comunicação não-verbal, torna-se claro que este será muito importante no processo de desenvolvimento destas crianças. A sua área de atuação passa pela promoção da comunicação, linguagem e fala, de acordo com as necessidades de cada criança. Desta forma, um dos grandes objetivos é a promoção de uma comunicação funcional, o que poderá envolver o uso da comunicação aumentativa e/ou alternativa, com o uso de gestos, signos gráficos, construção de cadernos ou tabelas de comunicação, imagens fotográficas, entre outros.

 

Ana Carolina Melo Marques C-046322175

Terapeuta da Fala na APSCDFA, na Clínica Nossa Srª da Graça e na CliViseu

 

Artigo de Opinião de Ana Carolina- A Terapia da Fala em época de pandemia

A pandemia do COVID-19 provocou consequências na sociedade e em várias profissões. A Terapia da Fala não foi exceção e, de acordo com os diferentes contextos, sofreu alterações e adaptações. Em contexto hospitalar, em que existem serviços de internamento com doentes críticos, agudos e subagudos, os Terapeutas da Fala tiveram que garantir a continuidade da intervenção dos utentes, mas noutros contextos como clínicas, escolas e outras instituições, estes foram obrigados a interromper as intervenções e a reformular o modelo de intervenção, privilegiando assim uma intervenção à distância. Não existe um termo definitivo e o Terapeuta da Fala pode optar por diferentes designações, como teleterapia, telemedicina ou teleconsulta, uma vez que não existem normas neste sentido. Em Portugal, a investigação científica sobre a eficácia e eficiência da intervenção à distância em Terapia da Fala é, ainda, escassa mas noutros países, existem estudos que comprovam a eficácia e que se realizam, regularmente, intervenções de diferentes áreas por teleterapia.

O Terapeuta da Fala enfrenta assim, perante esta situação, mais um desafio profissional, com a necessidade de alterar a sua forma de intervenção. As sessões, por teleterapia, parecem ser funcionais, no entanto, existem algumas dificuldades sentidas como a limitação no acesso a tecnologias por parte de alguns pacientes, assim como alguns receios com a privacidade dos dados dos mesmos devido à necessidade de utilização de uma plataforma online. Por isso e embora pareça fácil, a teleterapia exige do Terapeuta da Fala ainda mais cuidados, preparação e monitorização.

A avaliação à distância deve refletir a validade dos procedimentos/resultados. No que respeita à intervenção, há vários estudos que evidenciam a sua eficácia, sendo que se deve utilizar materiais, metodologias e/ou outros recursos que tenham em consideração todas as variáveis do paciente. Assim, a teleterapia encontra-se num período de enorme evolução e exige treino e formação para aumentar os níveis de experiência e de familiaridade com as mudanças que são impostas.

Os Terapeutas da Fala e a sociedade no geral deparam-se com uma barreira à comunicação, o uso de máscara! Essencial e obrigatória, a máscara limita a interação e intervenção direta e presencial em todas as áreas de atuação do Terapeuta da Fala. Assim, torna-se crucial criar alternativas funcionais para que a intervenção seja o mais normalizada possível e em substituição das máscaras cirúrgicas aconselhadas para uso dos profissionais de saúde, alguns Terapeutas da Fala optam por máscaras de acrílico, certificadas, e viseiras que expõem a cavidade oral, permitindo maior acesso e visibilidade dos movimentos. O contexto pandémico que vivemos veio alterar a nossa forma de nos relacionarmos com os outros, seja na nossa vida familiar, seja em contexto laboral e social. O uso de máscara passou a ser generalizado a todos os contextos da nossa vida influenciando a forma de comunicarmos.

A intensidade média de uma conversa ronda os 60 dB. Com o uso de máscara há perda de 3-4 dB no caso da máscara cirúrgica e cerca de 12dB na máscara N95. Além desta degradação, nas máscaras que não são transparentes, acresce a perda de informação da leitura labial e expressividade facial. Assim e de modo a facilitar a comunicação com o uso de máscara, recomenda-se: olhar diretamente para parceiro comunicativo, eliminar ruídos de fundo, questionar ou dar feedback se a compreensão está a ser eficaz, falar pausadamente e com maior precisão.

A adaptabilidade está diretamente relacionada com o ser capaz de ajustar as respostas às necessidades e às circunstâncias.

Ana Carolina Melo Marques C-046322175

Terapeuta da Fala na APSCDFA, na Clínica Nossa Srª da Graça e na CliViseu

Artigo de Opinião- Terapia da Fala na Neonatologia

Nas últimas décadas, os progressos ao nível da medicina foram evidentes e proporcionaram a sobrevivência de recém-nascidos de baixa idade gestacional, de muito baixo peso, bem como com doenças embrionárias e genéticas, malformações e lesões encefálicas.

O prognóstico de desenvolvimento destas crianças tem mostrado uma grande incidência de sequelas do desenvolvimento global. As disfunções são múltiplas e incluem desde dificuldades na função alimentar, de aprendizagem, comportamentais e alterações neuromotoras.

A intervenção do terapeuta da fala na neonatologia já é uma realidade em muitos serviços. Esta intervenção visa aspetos relacionados com a alimentação, com a relação pais/bebé e com o desenvolvimento da comunicação/linguagem. A intervenção tem um caráter preventivo primário e secundário, pois envolve a orientação e o aconselhamento aos pais, como também a deteção e intervenção direta.

As principais situações que requerem intervenção do terapeuta da fala são: alterações do padrão de sucção – deglutição – respiração; utilização de sonda; sucção débil; apneia durante a alimentação; recusa do alimento; perda de peso; reflexos orais ausentes ou exacerbados; alterações da sensibilidade oral e facial; preocupação com possível aspiração do alimento; letargia durante a alimentação; períodos longos de alimentação; engasgos excessivos ou tosse recorrente durante a alimentação; refluxo nasal e gastroesofágico e dificuldades na amamentação.

A primeira abordagem é efetuada em três momentos distintos, sendo eles: a observação do bebé de risco em repouso e enquanto manipulado pela equipa de enfermagem, o segundo momento consiste na avaliação específica do Terapeuta da Fala, ou seja, a avaliação da motricidade orofacial e da alimentação, de posturas e padrões de movimento, dos padrões respiratórios; dos estados de consciência; da prontidão para a alimentação e habilidade de atenção e da resposta à estimulação propriocetiva; da habilidade de regulação e da observação da interação pais – bebé; e o terceiro momento será após a alimentação. Para além da intervenção direta junto ao recém-nascido, cabe ao Terapeuta promover competências comunicativas e de vínculo afetivo entre o bebé e família; cooperar na otimização do ambiente da unidade de cuidados intensivos neonatais e trabalhar em intrínseca parceria com a restante equipa e família, promovendo o bem-estar do bebé e contribuindo assim para a sua alta hospitalar.

Ana Carolina Melo Marques C-046322175

Terapeuta da Fala na APSCDFA e na Clínica Nossa Srª da Graça

 

Artigo de opinião- A Importância da Mastigação

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A mastigação é responsável por quebrar os alimentos em pedaços menores que facilitam a digestão e a absorção dos nutrientes. Sabia que esta pode também promover o desenvolvimento facial harmonioso?

Precocemente, o bebé necessita de realizar movimentos de sucção (seio materno, biberão e/ou chupeta) que promovem o desenvolvimento das estruturas orais (lábios, língua, bochecha e mandíbula). Assim, o aleitamento materno é o alicerce para uma mastigação e desenvolvimento saudáveis.

Como a mastigação é uma função aprendida, necessita de algum amadurecimento cerebral e treino, que deve ser iniciado por volta do 3/4 meses de idade através dos mordedores, brinquedos com diferentes texturas que os bebés colocam na boca. Esta vivência prepara-os para a aceitação dos novos alimentos.

Por volta do 6º mês, o bebé apresenta maturidade fisiológica e neurológica para receber novos alimentos e diferentes consistências. A maneira de preparar os alimentos faz toda a diferença e por isso, as primeiras papas, frutas e legumes devem ser amassadas com o garfo e oferecidas na colher (e também em pedaços maiores para que a criança pegue neles com a mão). É importante a variação das cores e das texturas nesta fase de adaptação e, de igual modo, é essencial a participação/envolvimento da família.

O que pode determinar a aprendizagem da mastigação é o tipo de alimento colocado na boca. As estruturas propriocetoras orais identificam o alimento e enviam sinais ao cérebro. Estes vão determinar o movimento e o tamanho da força necessária à mastigação. Portanto, se o bebé só comer papas com a consistência do puré (por exemplo), não vai desenvolver as estratégias que necessita para mastigar a carne (mesmo que seja desfiada ou picada).

A erupção dos primeiros dentes, por volta do 8º mês, vai tornar o bebé capaz de mastigar melhor. O contacto entre os dentes e o alimento estimulam a perceção da posição espacial da mandíbula, o que é importante porque gera estímulos de crescimento ósseo dos arcos. O bebé aprende a mastigar corretamente, utilizando os dentes (para cortar os alimentos) e realizando movimentos de abertura e fecho da boca. Mais tarde, a mastigação tornar-se convencional com a erupção dos dentes molares.

Os novos alimentos (novas consistências) devem ser apresentados ao bebé até aos 10 meses, na medida em que uma introdução mais tardia pode acarretar uma pior aceitação e uma maior dificuldade mastigatória. Ao completar o ano de idade, deve estar apto a realizar a alimentação da família (com algumas adaptações, se necessário).

As diferentes consistências/texturas alimentares promovem o estímulo e o treino gradual da mastigação, que promove o desenvolvimento muscular e os movimentos de lateralidade da mandíbula. Consequentemente, todos estes fatores levam a um crescimento ósseo harmonioso (ao nível da face). Quando a textura não exige esforço mastigatório suficiente, pode comprometer o crescimento ósseo ou originar um crescimento assimétrico responsável por problemas ortodônticos (eg. falta de espaço para os dentes, mordida cruzada…) e alterações na produção dos sons.

Em caso de dúvidas, não se esqueça que esta á uma das áreas de intervenção da Terapia da Fala, por isso procure um Terapeuta da Fala!

E para saber mais sobre este assunto, não perca o artigo do próximo mês! Sabe o que fazer se o seu filho não mastigar bem? A que sinais deve estar alerta? O que pode acontecer futuramente? Em breve terá todas estas respostas.

Por:Ana Carolina Marques- Terapeuta da Fala na APSCDFA