Chegou o calor; e nestes últimos dias um calor acima do normal, mesmo em tempo de verão;
E pelas previsões, o tempo quente irá continuar para mal dos de sempre; espantou-me que nada tivesse ocorrido na primeira vaga de calor; os incêndios que deflagraram foram de pouca monta se a memória não falha;
Mas, e ainda estamos no início desta vaga de calor, e já os serviços noticiosos abrem com grandes incêndios em vários pontos do País.
À hora que escrevo isto, há pelo menos 3 grandes ocorrências em Portugal; Arouca, Ponte da Barca e Penamacor; e durante os próximos dias logo veremos, até porque o calor, de acordo com as previsões não dá sinal de querer abrandar;
Mais uma vez, as nossas televisões em horário nobre, enchem-nos de veículos de bombeiros, de bombeiros a tentar extinguir as chamas, de populações em desespero, e que veem os seus bens a serem reduzidos a cinzas em questões de minutos.
Mais uma vez…, mas eu recordo-me de o ano passado, termos visto a mesma coisa; e há dois anos também, e há três… e se formos por aí a fora, iremos regressar ao fatídico ano de 2017, onde os incêndios de junho e outubro criaram a página mais negra da nossa história moderna….
E todos os anos, vemos as mesmas imagens; e revoltam-nos; dizemos que tudo tem que mudar; os políticos esses apressam-se a debitar umas frases feitas (há muito tempo) esquecendo-se depois de tudo o que disseram; do governo à oposição, todos debitam uma qualquer verdade, que um dia foi produzida numa daquelas comissões que se criam depois de alguma catástrofe (lembra-se de Pedrógão?) mas que depois não saem disso mesmo – de comissões e de uma página num relatório.
Aliás, lembram-se da mais alta figura da Nação ter visitado Pedrógão e que numa imagem comovente abraçou um idoso que tinha ficado sem a sua casa? Essa individualidade disse que tudo iria ser reconstruído; pelo que li, esse idoso já não está entre nós, mas a sua casa também não foi reconstruída.
Palavras leva-as o vento; todos reclamam e todos concordam na análise; todos aceitam que é preciso mudar; mas onde o poder realmente reside nada muda; em público diz-se umas coisas “giras”, mas depois nos gabinetes onde o verdadeiro “status quo” existe a ordem é para nada fazer porque tudo tem de ficar igual; ou então muda-se algo, na superfície porque na sua essência tudo fica igual;
No início da “época balnear” ou época de incêndios, juntam-se todos, numa exposição de veículos, operacionais e equipamentos, para dar a noção de segurança e que tudo está a postos; mas a verdade é que apesar do esforço de todos os que a esta hora combatem as chamas em Portugal, tudo voltará ao seu rumo normal depois da tempestade de fogo terminar; a terra estará negra, as cinzas ocuparão o lugar do verde da mata e daqui a uns anos tudo estará igual e pronto para arder…
E o que nos vai ainda valendo é este esforço, destes operacionais que tudo darão para que o mal maior não suceda…
Tenham cuidado; evitem comportamentos de risco; sigam os conselhos das autoridades….
Um bom agosto.
Augusto Falcão