E pronto; no dia 18 de maio, lá cumprimos o nosso dever de ir votar; umas eleições que ninguém queria, mas que todos queriam; umas eleições em que todos se acusavam mutuamente de terem provocado, mas que todos provocaram; o sonho de cada partido era o mesmo: chegar e vencer; todas as sondagens davam a vitoria à AD, ficando o PS em 2.º e o Chega em 3.º; os nossos comentadores de serviço na televisão debitavam comentários sobre a dimensão da vitória da AD e sobre o 2.º lugar do PS, e que o País iria sair ingovernável destas eleições que afinal ninguém queria, nem ninguém tinha provocado; e no meio de tantas acusações uma coisa era certa; não fomos nós eleitores que quisemos ou provocamos estas eleições;
O que nós fizemos, foi num qualquer sofá assistir incrédulos, que pessoas, supostamente de bem, bem formados, agissem como meninos birrentos e mimados em busca do poder que somente o povo lhes pode conceder; e nós, que em nada contribuímos para esta situação, lá fomos chamados a votar e a pagar mais umas eleições que supostamente ninguém quis nem ninguém provocou.
E no fim da noite, espante-se; a vitória da AD confirmava-se; e o espanto da noite; o PS podia perder o 2.º lugar para o Chega; e no fim da noite ambos ficaram empatados em número de deputados ficando o segundo lugar dependente do círculo da eleição onde o Chega o ano passado ficou até bem classificado.
Os dias seguintes, foi ver um desfile de comentadores nas televisões, rádios e dos OCS, a tentar justificar a derrota estrondosa do PS e o resultado espetacular ( nas palavras de um comentador da CNN Portugal) do Chega; crucificou-se o líder derrotado, como único responsável pela derrota do PS, e seguimos em frente; a seguir foram à procura do motivo do resultado do Chega; e mais uma vez, assistimos ao mesmo erro clamoroso; os eleitores do Chega são incultos que não percebem o alcance dos ensinamentos que os comentadores das televisões e rádios vertem sobres eles, tentando guiá-los pela escuridão que o mundo vive; esses comentadores, alheados na sua maioria, do mundo real que o País vive, e onde o comum cidadão vive, continua sem entender, que sem soluções reais para esses problemas vai haver sempre milhares de “fascistas”, “racistas”, “xenófobos” e afins a votar num partido da extrema radical, que é o herdeiro de todos os males do mundo que advêm de Hitler e outros, esquecendo alegremente os herdeiros dos milhões de mortos que são os partidos herdeiros do comunismo.
E como todos os males do mundo, advêm apenas do Chega, diz uma senhora comentadeira (perdoem-me a expressão) no púlpito da liberdade que a democracia onde todos votamos lhe concede que o Povo quando vota nem sempre tem razão; talvez segundo ela necessitamos de campos de reeducação para nos ser ensinadas as virtudes do mundo segundo os olhos dela;
Lamento dizer isto a todos eles; abril é isto; os defensores que rasgam as vestes pela liberdade de abril, e bem, entendam que abril é isto; o povo votou e na sua imensa e infinita sabedoria votou em quem acha que é a melhor solução para os problemas diários que eles enfrentam e que esta turba de comentadores pagos a peso de ouro pelos OCS para debitar umas palavras em horário nobre sobre tudo e todos, e que são formados em tudologia, afinal de contas não percebem o que nós eleitores comuns precisamos ou os problemas que enfrentamos diariamente.
O povo votou; está votado; aceitemos a decisão do povo com elevação e espírito democrático; e não; o povo tem sempre razão; agora somente pedimos que estes novos atores se entendam, como adultos, e que criem para os meus filhos e netos um País melhor. Que sejam merecedores da honra de nos representarem.
Augusto Falcão