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Artigo de Opinião de Luís Miguel Condeço—-50 anos de ensino de enfermagem em Viseu

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

Nos últimos cem anos, os acontecimentos relevantes para a Saúde (como a fundação de novas instituições de investigação e assistência, as descobertas científicas ou o início de tratamentos relevantes para o Homem) contam-se com a ajuda de várias mãos. Podemos até achar estranho, mas o rápido desenvolvimento da ciência, e em particular das ciências da saúde, faz-nos perceber que foi apenas nas últimas décadas que se iniciou a imunização contra o vírus da poliomielite, ou que se começou a utilizar a penicilina (antibiótico) em Portugal, ou ainda, que o Programa Nacional de Vacinação foi implementada há cerca de 60 anos.

Acredito que até os movimentos de rotação e translação do planeta têm alguma dificuldade em acompanhar esta velocidade frenética de descobertas e invenções.

Concomitante com este desenvolvimento científico que se tem vivido no último século, e que continua neste que agora nos encontramos, também a evolução no desenvolvimento da assistência às populações tem conhecido vários avanços. E para tal, muito contribuiu a aposta na formação de profissionais técnico de saúde.

Relativamente ao ensino de enfermagem, e apesar da primeira instituição em Portugal datar de 1881, foram os diplomas publicados em 1952 que permitiram a expansão do ensino de enfermeiros por todos os distritos do país, como sucedeu na Guarda, Castelo Branco e Viseu, por exemplo.

Mas é em Viseu, que quero centro o meu foco de atenção. No próximo dia 7 de outubro, terão passados precisamente 50 anos da primeira aula lecionada na então Escola de Enfermagem de Viseu. Aquele que viria a ser o grande “benefício” para a cidade, e concelhos limítrofes, só foi possível devido ao grande investimento da Fundação Calouste Gulbenkian e da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, esta última, que até abril de 1974 era a proprietária do Hospital São Teotónio (maior instituição assistencial da região).

A Fundação Calouste Gulbenkian era dirigida desde a sua criação (1956), pelo ilustre viseense José de Azeredo Perdigão, que desde logo assumiu as expensas na concretização de sonho antigo das gentes de Viseu. E caro ficou este sonho, pois apesar das evidências históricas serem imprecisas quanto à quantia disponibilizada para a obra, é consensual nos meios de comunicação social da época, que o apoio terá rondado os 12.000 contos (na moeda antiga).

Quanto à Santa Casa da Misericórdia de Viseu, sob a liderança do sabugalense Manuel Engrácia Carrilho, homem de visão estratégica e além do seu tempo, que na cidade de Viseu, ainda desempenhou os cargos de Presidente do Município e de Governador Civil. Coube a edificação e administração da escola, num terreno por si oferecido para esse fim, e que ficaria contígua ao agora existente hospital da Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões.

  A Escola de Enfermagem de Viseu formou os seus primeiros 25 estudantes, no seu primeiro curso Curso de Enfermagem Geral que teve a duração de 3 anos. Com o passar dos anos, as escolas de enfermagem portuguesas desvincularam-se do Ministério da Saúde, para serem integrada noa Ministério do Ensino Superior, muito à custa das diversas transformações que este nível de ensino sofreu nas últimas décadas.

  Com a chegada do novo século, a instituição é integrada no Instituto Politécnico de Viseu e o seu primeiro licenciado é graduado no ano de 2003.

  As necessidades de técnicos na área da saúde continua a aumentar, e perante esta premissa a tutela transformou a instituição em Escola Superior de Saúde de Viseu, atual designação, que possibilitou a criação de novos cursos.

  Hoje a escola de enfermagem de Viseu, tem mais de 700 estudantes nos vários ciclos de estudos (licenciatura e mestrados), nas pós-graduações e cursos breves, almejando ministrar nos próximos anos cursos do 3º ciclo (doutoramentos) do ensino superior.

   Referência na formação de profissionais de saúde, a cidade e a região têm obtido importantes ganhos em saúde para as suas populações.

   Parabéns ESSV e que venham mais cinquenta.

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