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Avisos e Liturgia do IV Domingo de PÁSCOA – ano A

Se perguntarmos a alguém com que animal mais se identifica, raramente dirá uma ovelha. São animais pacíficos, amáveis e submissos. A muitas pessoas não agrada muito a imagem do pastor e do rebanho que Jesus utiliza ao falar de si e dos discípulos, nem quando os bispos e os presbíteros se apresentam como pastores do rebanho dos fiéis! Ora, não nos devemos escandalizar pelo facto de Jesus utilizar esta imagem. No seu tempo, na Palestina, havia muitos rebanhos e a figura do pastor era muito comum. Jesus falava sempre, utilizando imagens da vida quotidiana; por isso, as parábolas estão cheias de semeadores, ceifeiros, vinhateiros, pescadores e pastores.

Se Jesus tivesse vivido na nossa cultura urbana, certamente teria utilizado outras imagens. Podemos imaginar que, em vez do bom pastor, falaria de si como do bom pedagogo ou bom educador. Era usual as pessoas chamarem Jesus por Mestre. Etimologicamente, o pedagogo é aquele que acompanha ou guia as crianças, e o educador é quem conduz, quem ajuda a sair. Nenhuma destas palavras está longe da imagem do bom pastor. Não seria desapropriado falar de um pedagogo ou de um educador como um pastor de crianças.

Em primeiro lugar, é alguém que entra pela porta. Não invade a propriedade privada com intenções perversas. É alguém que tem autorização para entrar, porque é de confiança e relaciona-se facilmente. As ovelhas conhecem a voz do pastor e as crianças a voz do mestre. O bom pastor não força, não intimida, mas convida e atrai.

Se o pastor entrou no curral, a sua missão é fazer sair as ovelhas e conduzi-las aos pastos. Talvez a primeira geração de cristãos, provenientes do judaísmo, ao ouvir estas palavras, recordava a experiência dolorosa que viveram com a expulsão das sinagogas. Aquela incómoda sensação de tempestade foi muito importante e fecunda para a expansão da fé cristã. Os cristãos começaram a anunciar o Evangelho ao mundo pagão; assim, a fé foi expandindo por todo o mundo. Sair, ir às periferias é uma ideia-força que se ajusta com o evangelho deste domingo.

O pastor vai à frente e as ovelhas seguem-no, diz Jesus. É o líder que abre caminho porque sabe para onde vai e confiam nele. O pastor conduz as ovelhas para prados viçosos. O educador conduz as crianças para desenvolver todos os seus talentos. Mas, por vezes, o bom pastor vai no meio do rebanho. Necessita de sentir a proximidade, sentir o cheiro a ovelha e confia nas ovelhas que vão à frente do rebanho, que sabem ir para boas pastagens. Outras vezes, o bom pastor vai atrás para ajudar as ovelhas mais debilitadas e as que têm dificuldade em acompanhar o ritmo. Todas são importantes, nenhuma é descartada.

Tudo isto acontece no mundo da educação. Muitas vezes, o mestre conduz a marcha do grupo; por vezes, tem de se misturar com os alunos para dar conta das suas necessidades e ambições e satisfazer as suas iniciativas. Terá de dar mais atenção aos que têm dificuldades de prosseguir. Isto é válido também para os pastores da Igreja. Da parte dos presbíteros, as comunidades cristãs precisam de liderança que motiva, de proximidade que acompanha e de cuidado que conforta. Jesus, o bom pastor, veio para que as ovelhas tenham vida, e a tenham em abundância. Como o bom pastor, somos enviados a ajudar e a crescer as pessoas que nos rodeiam na família, no trabalho e na igreja.

 

30-04-2023

LEITURA ESPIRITUAL

Jesus, Bom Pastor, protege-me!

 

Que a tua divina omnipotência, a tua sabedoria e a tua bondade, meu Deus, meu doce amor, me abençoem; que me façam caminhar no teu seguimento com vontade apressada, renunciar sinceramente a mim mesma e, com coração, espírito e alma zelosos, seguir-Te da maneira mais perfeita. «Escutai-me e ensinar-vos-ei o temor do Senhor» (Sl 33,12).

Ah, Jesus, Bom Pastor, faz que eu ouça e reconheça a tua voz, que me liberta de tudo o que me impede de ser tua; faz-me repousar no teu seio, eu que sou a tua ovelha, que o teu Espírito tornou fecunda. E ensina-me a temer-Te; ensina-me a amar-Te; ensina-me a seguir-Te.

«Aquele que habita na casa do Altíssimo terá a protecção do Deus do Céu» (Sl 90,1). Protector da minha alma e meu refúgio no dia da solidão, defende-me de todas as tentações, cerca-me com a armadura da verdade. Fica comigo em todas as minhas tribulações, Tu que és a minha esperança, defende-me sempre de todos os perigos do corpo e da alma, e protege-me. Amém! (Santa Gertrudes de Helfta, 1256-1301, monja beneditina, Exercícios IV, SC 127).

 

 

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