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Avisos e Liturgia do XXXIII do Tempo Comum- ano C

 

Ao chegarmos ao fim do ano litúrgico, voltamos a saborear o carácter escatológico dos textos de Domingo. O texto do evangelho precede a narração da paixão e revela os sentimentos dos primeiros cristãos acerca do futuro que consideram difícil e incerto, porque as primeiras comunidades cristãs já tinham vivido situações de perseguição e de martírio; muitos cristãos já tinham dado a vida por causa da fé. Depois de Jesus ter chorado por Jerusalém, anuncia a destruição do templo. Porém, Jesus convida-nos a não ter medo, a sermos perseverantes na vida cristã, a ter confiança porque Deus está connosco, ao nosso lado, nos momentos de dificuldade e nos sofrimentos. Ou seja, Jesus sofre connosco e anima os seus discípulos dizendo-lhes que, mesmo que sejam levados para a prisão e arrastados para os tribunais acusados por causa do Seu nome, Ele estará ao nosso lado, dando-nos “sabedoria a que nenhum dos nossos adversários poderá resistir ou contradizer”. Serão tempos propícios para dar testemunho e para a perseverança, tempos de afirmação da nossa liberdade. Porque somos livres, em Jesus Cristo, devemos lutar contra o mal todos os dias, contra todo o tipo de abusos, de opressões, de desprezo dos mais fracos. Todos os tempos são difíceis, mas também favoráveis.

Bem sabemos que, em tempo de dificuldades, algumas vezes aparecem salvadores espontâneos ou profetas que anunciam soluções para todas as situações dolorosas do nosso tempo. Jesus avisa de uma forma clara: “Não os sigais”. Esses novos caminhos não servem e não são autênticos se não estiverem de acordo com o Evangelho. O desafio da nossa vida é viver o Evangelho nos momentos de dificuldade com toda a humildade, sem pretender ter respostas imediatas. Na primeira leitura, o profeta Malaquias diz que os orgulhosos serão reduzidos a nada, mas os que perseveram serão felizes, porque Deus não esquece que é Pai. Malaquias propõe um mundo melhor para sair do pessimismo da experiência judaica marcada pelo exílio na Babilónia. Perante o pessimismo e os profetas da desgraça, temos muito que fazer, temos de amar a fatia de mundo que nos rodeia e não desistirmos do mundo, como faziam os cristãos que São Paulo critica na segunda leitura, como se ele já não tivesse solução. Nem sempre ganham os poderosos. Por isso, Jesus avisa-nos para não nos deixarmos enganar pelos falsos messias, procurando ver onde está realmente o Espírito do Senhor. Na carta aos Gálatas, São Paulo afirma: “há certa gente que vos perturba e quer perverter o Evangelho de Cristo. Mas, até mesmo se nós ou um anjo do céu vos anunciar como Evangelho o contrário daquilo que vos anunciámos, seja anátema. Como anteriormente dissemos, digo agora mais uma vez: se alguém vos anuncia como Evangelho o contrário daquilo que recebestes, seja anátema” (Gl 1,7-9).

Dificuldades, perseguições, catástrofes, desastres sempre haverá, e os tempos difíceis serão sempre ocasião para o martírio, para o testemunho evangélico humilde, mas convicto. Manter a esperança em tempos difíceis significa promover os valores evangélicos. Os tempos difíceis serão sempre propícios a viver uma paciência persistente que nunca perde o estilo da vida cristã, mesmo que não agrade a todos, sobretudo quando se denuncia e condena o mal que fazem aos outros. Hoje, como outrora, os cristãos são perseguidos em diversos países. Rezemos por eles, estejamos unidos a eles, porque sofrem por causa da sua fidelidade a Jesus Cristo.

Jesus não engana ninguém: não promete a facilidade, mas a felicidade; não resolve problemas, mas dá achegas para os ultrapassar; dá-nos esperança e a promessa da sua fidelidade. Um cristianismo light, relaxado, sem testemunho fiel, não convence ninguém. Confiemos sempre em Deus para vencer as dificuldades, conscientes de que nunca nos abandona. Se nos perseguem, que seja por amarmos os mais fracos, por causa do nome de Jesus Cristo e porque estamos a seguir o seu exemplo de entrega aos irmãos. “Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas”. Sofrendo como Jesus, teremos como prémio a vida eterna.

 

13-11-2022

LEITURA ESPIRITUAL

«Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas»

 

Aquele a quem, no tempo da prova, falta a paciência nas aflições que lhe chegam e se distancia do amor dos seus irmãos espirituais não tem ainda o amor perfeito nem o conhecimento profundo da Providência divina.

O objectivo da Providência divina é unificar, pela fé recta e o amor espiritual, aqueles que o mal separou de muitas maneiras. Foi para isso que o Salvador sofreu: para reunir na unidade (cf Jo 11,52) os filhos de Deus que estavam dispersos. Assim, pois, aquele que não suporta o que o perturba, que não sabe sofrer o que o aflige, que não assume o que lhe dói, não anda pelo caminho do amor divino e passa ao lado do objectivo da Providência. Se o amor é paciente e benévolo (cf 1Cor 13,4), aquele a quem falta coragem quado surgem as aflições, e por essa razão faz mal àqueles que o afligiram e se distancia do amor que lhes deve, não realiza o objectivo da Providência divina. É paciente aquele que aguarda o fim da prova e recebe a glória da perseverança.

O homem paciente tem grande sabedoria (cf Prov 14,29, LXX), pois leva até ao fim tudo o que lhe acontece e suporta as aflições aguardando este fim. Ora, o fim é a vida eterna, segundo o Apóstolo (cf Rom 6,22). E a vida eterna é que Te conheçam, a Ti, único Deus verdadeiro, e Àquele a quem Tu enviaste, Jesus Cristo (cf Jo 17,3). (São Máximo, o Confessor, c. 580-662, monge, teólogo, Centúria sobre o amor IV, 16-18, 23-24).

 

Programação Semanal de Missas (15 a 20/11)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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