Início » Tag Archives: religião (Pagina 20)

Tag Archives: religião

Avisos e Liturgia -Epifania do Senhor (Ano A)

a)     Pastoralmente, neste dia não deveremos esquecer de anunciar depois da proclamação do evangelho, como nos propõe o Missal, todas as festas do Ano Litúrgico, como expressão de que Natal, Páscoa e Pentecostes formam uma unidade. Assim, a encarnação é o ponto de partida da redenção, porque consiste na transformação do homem velho em homem novo. A celebração deste domingo é um outro aspecto da encarnação, porque os seus efeitos têm uma dimensão universal. A Oração Colecta desta Solenidade dá-nos as duas ideias fundamentais a realçar: 1ª guiados por uma estrela Deus revela-se aos pagãos; 2ª o pedido de sermos também guiados à contemplação da glória divina.

b)      Deus revela-se aos pagãos. Perante esta realidade, no evangelho, encontramos três posturas distintas. A primeira é a atitude de Herodes, imagem de um tirano, de um poderoso injusto e egoísta que não tem escrúpulo em fazer uma carnificina quando suspeita de algo contra ele. Com medo de perder o poder, procura eliminar quem lhe pode tirar o poder. São Mateus escreveu o seu evangelho para cristãos que tinham conhecido as três gerações da família de Herodes e este nome soava-lhes a terror como o nome de Nero para os cristãos de Roma. A segunda é a atitude dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas do povo. Eles conheciam a profecia que anunciava este acontecimento, mas não procuram como os Magos, estão como que cegos, a luz da fé não ilumina a sua inteligência; eles esperavam um Messias poderoso (não o entendiam na pobreza); eles não viram a estrela como também toda a cidade de Jerusalém. A terceira é a atitude dos Magos que são a imagem de todos os homens e mulheres que procuram a fé. Na realidade que os rodeiam, procuram o sentido que explique as suas vidas. Apesar de virem de longe, não quer dizer que tenham valores diferentes das nossas tradições. A fé trespassa o local geográfico e abre-se ao universo. Deus também lhes fala através de sinais (neste caso por uma estrela), para que procurem o sentido das suas vidas. Os Magos são a expressão de todos aqueles que têm o coração aberto para acreditar e confiar, dispostos a fazer caminho que pode ser muito longo, sendo necessário, por vezes, vencer vários obstáculos. Quantos se questionam ao ver a luz de homens e mulheres que seguindo Jesus Cristo, longe de todo o sinal de poder, estão próximas dos outros, amando e servindo. O sinal e a luz de Jesus Cristo é para todo o mundo, é universal.

05-01-2020

Os protagonistas do evangelho deste Domingo são os Magos, mas o centro e o objectivo é Jesus: Deus Encarnado, o Messias que hoje é visitado pelos magos. Diz o evangelho que “prostrando-se diante d’ Ele, adoraram-No”, oferecendo-lhe ouro como rei, incenso como Deus e mirra como homem. Os Magos têm a única atitude cristã perante Jesus: adorar Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Adora-se Deus, devido à sua infinita grandeza. Cada acto litúrgico tem este sentido, apesar de nele reconhecermos a nossa fraqueza e limitação diante de Deus que nos criou. Por isso, somos convidados a imitar os Magos: reconhecer em Jesus a sua grandeza, expressa nas manifestações do seu mistério, desde o nascimento, da sua vida privada em Nazaré e depois na sua vida pública, no sofrimento, na morte, ressurreição e ascensão à glória.

 

d)      Como os Magos, teremos de aprender a ver a estrela, ou seja, Deus, em todos os lugares: ver na natureza as marcas da sua presença, porque Ele a criou e a colocou ao serviço da humanidade. Para adorar a Deus, temos também de ter em conta todos aqueles acontecimentos que nos põem à prova e nos tentam a “fugir” de Deus, como aconteceu com os Magos que não se iludiram com o desejo “hipócrita” do rei Herodes. Há que deixar bem claro que Deus tem de ser sempre o primeiro, Aquele que tem a primazia, Aquele por quem procuramos, pondo-nos a caminho ao seu encontro. Encontrando-O, como aconteceu aos Magos, Deus torna-se próximo de nós, como um menino nos braços de sua mãe. Também a atitude dos Magos nos diz que a adoração deve expressar um sentimento interior, através de um gesto corporal: a adoração não é um acto intelectual, mas supõe toda a vida, a cabeça, o corpo, o coração. Finalmente, a adoração torna-se mais profunda à medida que o conhecimento de Deus vai progredindo. A adoração é um conhecimento amoroso que fará crescer o desejo de servir o Senhor até à adoração plena e definitiva.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo do Natal - Epifania do Senhor - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 4º Domingo Advento (ANO A)

a)      Neste último Domingo de Advento, destaca-se o anúncio do mistério do Natal que foi preparado ao longo da história. A Liturgia da Palavra deste domingo apresenta-nos a reacção de três pessoas diante deste anúncio: Acaz, Maria e José.

b)      Jesus, o Messias, é Filho de David. Todos os evangelistas têm a preocupação de sublinhar a descendência davídica de Jesus, situando-a na esperança dos tempos messiânicos. Jesus quer dizer “Deus salva”. O tempo messiânico, no sentido profético, significa vencer a maldição do paraíso (Jardim do Éden), uma nova maneira de compreender a paz, a renovação da solidariedade e da harmonia entre as pessoas, como se se voltasse de novo ao paraíso do Génesis. A história da humanidade seria uma nova história, porque o homem seria verdadeiramente homem. Além disto, apresentar Jesus como filho de David é insistir no carácter humano da intervenção de Deus. Jesus integrar-se-á na História, apesar de ficar “marcado”, ou seja, vinculado a um determinado lugar, a circunstâncias concretas, à maneira de pensar do tempo e do local; mas tudo isto não impede de anunciar que a sua mensagem é universal. Jesus pertence ao povo judeu e é no seu seio que nasce; por isso, tem muitos sinais de pertença a este povo; é um entre muitos.

22-12-2019

c)       O Prefácio do Advento II/A apresenta-nos o papel de Maria no contexto deste último Domingo. Começa por nos ajudar a reconhecer que devemos estar gratos pelo mistério da Virgem Maria. Depois, vai explicando a força do mistério. Maria é a nova Eva. Por ela, a relação que existia entre os homens e Deus pode ser restaurada: “A graça que em Eva nos foi tirada, foi-nos restituída em Maria. Nela, Mãe de todos os homens, a humanidade, resgatada do pecado e da morte, recebe o dom da vida nova”. Todos devemos viver para Deus; em Maria vemos isso concretizado. Porém, sabemos que não foi somente Maria que desejou Deus, mas que Deus também a desejou, porque a escolheu e pelo Espírito Santo tornou-se presente, fez-se comunhão na sua vida e na vida de todas as pessoas. Se Maria, como nos recorda o Concílio Vaticano II, é mãe e modelo para a Igreja, também a comunidade cristã, como Maria, tem de estar disposta a acolher o amor de Deus no seu seio, deixando que o Espírito Santo actue.

d)      José é a imagem do crente, crê mas não compreende o que se está a passar à sua volta. Desde este ponto de vista, é muito parecido connosco. O que ele vê, o que ele espera e deseja não é o que está a viver. Mas, José é um crente como Abraão, ou seja, confia no projecto de Deus. É flexível nas suas decisões depois de escutar; não se distancia dos problemas, mas assume-os; pondo o nome de Jesus, compromete-se no plano de Deus; seguindo as orientações do anjo, a sua responsabilidade também proclama que Deus salva. Comprometer-se em algo não significa caminhar por um caminho fácil: exige a disponibilidade de modificar os próprios sentimentos, projectos e opções. A fé abre a José uma nova luz na escuridão, porque lhe faz ver o novo sentido que têm os acontecimentos que está a viver.

e)       Por outro lado, neste Domingo, encontramos a figura de Acaz, o crente que tem medo de acreditar. Acaz encontra-se entre duas opções políticas: ou aliar-se aos reis vizinhos para lutar contra a poderosa Assíria, ou aliar-se à Assíria. Acaz opta pela segunda hipótese para que a Assíria o auxilie a defender-se. Mas ao tomar esta decisão, abre as portas ao domínio assírio. O profeta Isaías anima-o e aconselha-o a não fazer alianças. Parece que aqui apenas se trata de uma questão de estratégia política. Mas, pela boca de Isaías sabemos que Deus queria dar a Acaz um sinal para alimentar a fragilidade da sua fé. Nota-se que o rei não quer nada: “Não pedirei, não porei o Senhor à prova”. Acaz não quer deixar-se guiar por Deus. Ele não é ateu, porque acredita, mas os critérios utilizados para tomar uma decisão estão, por vezes, longe dos critérios da fé. A opção assíria supunha introduzir no povo valores e uma religiosidade que iriam ferir gravemente a fé do povo. É aqui que radica a sua responsabilidade.

 

f)       José e Acaz são duas figuras muito diferentes. Com o Natal à porta podemos questionar se a nossa atitude é como a de Acaz, seguindo as ideias daqueles que os seus valores nos afastam da fé. Os seus critérios são muito fortes, impõem-se em todos os lugares, mas realmente libertam o homem? Ao rei Acaz e, quem sabe, a muitos de nós que nos deixamos influenciar facilmente, Isaías anuncia que o “Senhor nos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel”. Perante isto, somos fracos? A convicção de que Deus está connosco é a nossa fortaleza, porque Deus salva. Esta é a fé que celebramos no Natal.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo do Advento - 4º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 2º domingo Advento (Ano A)

Solenidade IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

Padroeira principal de Portugal e das Dioceses de Évora,
Santarém, Setúbal e Vila Real – SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.

L 1 Gen 3, 9-15. 20; Sal 97, 1. 2-3ab. 3cd-4
L 2 Rom 15, 4-9
Ev Lc 1, 26-38

 

Segundo a ordem de precedência indicada na tabela dos dias litúrgicos, os Domingos do Advento têm precedência sobre todas as solenidades, devendo aquelas que ocorrem nesses domingos ser transferidas para a segunda-feira seguinte. É o que deveria acontecer este ano com a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.
Porém, pelo significado desta solenidade em Portugal, a Comissão Episcopal de Liturgia obteve da Congregação do Culto Divino permissão para a celebrar no dia próprio, 8 de Dezembro, com as seguintes condições: 1) «que, na Missa, a II Leitura seja a do Domingo II do Advento; 2) que se faça menção deste Domingo na homilia; 3) que a oração conclusiva da oração dos fiéis seja a oração colecta do mesmo Domingo»
.

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

08-12-2019

Ano A - Tempo do Advento - 2º Domingo - Boletim Dominical II

Avisos e Liturgia do 33º Domingo Comum (Ano C)

a)      No próximo Domingo, com a Solenidade de Cristo-Rei, encerraremos o Ano Litúrgico. Por isso, as nossas celebrações têm a tónica do fim dos tempos e também já nos predispõem para o tempo do Advento que nos preparará para bem celebrar o Natal. Neste domingo, chegamos ao final de uma caminhada, de um trajecto feito com Jesus, até Jerusalém, acompanhados, ao longo de todo este ano litúrgico, pelo evangelista S. Lucas. Hoje, estamos com Jesus, no centro de Jerusalém, no coração da fé judaica, contemplando a maravilha que era o Templo, construído pelo rei Salomão. Neste contexto, Jesus fala-nos do fim do mundo de uma forma que parece ser uma “fotografia” da nossa realidade: guerras, terramotos, fomes e epidemias (realidades que todos os dias invadem as nossas casas através dos meios de comunicação social).

 

b)      A descrição de Jesus é muito idêntica à da primeira leitura da profecia de Malaquias, quando fala da vinda do Senhor, “ardente como uma fornalha”. O povo de Israel, regressado do exílio persa, está em crise, porque a realidade não corresponde ao que se tinha sonhado, porque a paz e a felicidade não são “independentes”; terão de continuar a viver sob o domínio persa. É a decepção perante a realidade nua e crua, onde a religiosidade se banalizou. Apesar de tudo, Malaquias transmite palavras de esperança, vindas de Deus, porque o “Dia do Senhor” trará a salvação aos justos e “nascerá o sol da justiça, trazendo nos seus raios a salvação”.

17-11-2019

c)       Hoje, na segunda leitura, terminamos a proclamação da segunda carta de S. Paulo aos Tessalonicenses. A ideia de que a vinda do Senhor estava iminente provocou em alguns cristãos uma certa passividade (se o final dos tempos está perto, não vale a pena trabalhar, nem investir). Foi por causa desta preguiça que S. Paulo escreveu esta carta. Depois de lhes recordar alguns aspectos doutrinais, reflectidos nos domingos anteriores, termina com alguns conselhos: “quem não quer trabalhar, também não deve comer”. Certamente que o Apóstolo fazia referência ao trabalho a nível geral, mas também ao outro trabalho que está implícito em cada cristão: o anúncio do Reino de Deus.

d)      A tradição judaica acreditava que antes da reconstrução de Israel, como reino, e antes da destruição definitiva dos inimigos de Israel, aconteceria uma grande catástrofe. Assim, as palavras de Jesus podem entender-se hoje como o anúncio da destruição. Mas, Jesus utiliza esta antiga crença para deixar bem claro que não acontecerá qualquer restauração. A destruição do Templo será definitiva. O Templo, entendido como o único lugar de encontro com Deus, acabará, porque, a partir de agora, a relação com Deus não será somente num local, dentro de paredes, sob uma determinada lei, reservada a uma única celebração religiosa, nem será pertença de uma etnia ou nação. Todo este mundo vai acabar! Agora, o novo Templo, o novo mundo, o homem novo, será Jesus Cristo. Para que este mundo novo e esta nova maneira de relacionamento com Deus possa acontecer, é necessário que do outro mundo e da outra relação não fique “pedra sobre pedra”. Não haverá restauração do antigo, mas uma nova criação.

 

e)       Mas, esta nova criação será antecedida por uma destruição? O corpo de Jesus será “destruído” na cruz, para que dele possa surgir o Cristo Ressuscitado, o Homem Novo. Por isso, cada um de nós terá de passar por dificuldades, sofrimentos e provações (purificação e conversão), para ser plenamente uma nova criatura, membro do Corpo de Cristo. Não será missão fácil. Mas, não é preciso ter medo. Jesus prometeu-nos que estaria sempre connosco nos momentos de sofrimento, que seria o nosso Defensor e que nos concederia a vida se lhe formos fiéis e não preguiçosos (como alguns tessalonicenses) e se aproveitarmos os momentos difíceis para dar testemunho. Deixemo-nos inundar pelo optimismo que Jesus nos transmite: “nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas”.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Comum - 33º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 31º Domingo Comum (Ano C)

a)      Neste domingo, começamos a ler a 2ª Carta de S. Paulo aos Tessalonicenses, na Grécia. Iremos ouvir proclamar esta carta em três domingos, porque estamos a aproximarmo-nos do fim do Ano Litúrgico; este documento Paulino fala-nos da esperança na última vinda do Senhor, que existia nos cristãos daquela comunidade. Porém, uma mensagem muito clara é-nos dada pelo evangelho de Zaqueu, pelo extracto do Livro da Sabedoria e pelo Salmo Responsorial. Uma mensagem de bondade e de perdão divinos, que nos ajudará a ter um pouco mais de serenidade e de confiança.

 

b)      Há salmos no Saltério que nos mostram um Deus “clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia”. O Salmo de hoje é um deles. É uma “fotografia” de Deus que nos poderá ajudar a ter Dele uma ideia de Alguém próximo e consolador. O Livro da Sabedoria fala-nos de um Deus que se compadece de todos: “não olhais para os seus pecados”. Todavia, muitas vezes terá que corrigir e convidar à conversão. Mas, o perdão é a principal característica de Deus. No evangelho, Jesus manifesta-se como o autêntico “sacramento” e imagem desse Deus que perdoa. Tem palavras amáveis com um publicano, Zaqueu, uma das pessoas mal vistas na sociedade do seu tempo, devido à sua profissão: cobrador de impostos e colaborador dos romanos. Jesus faz-se convidado para a casa de Zaqueu e com aquela refeição faz com que este publicano se converta e repare os males que cometeu. Aos que murmuravam, Jesus, em poucas palavras, explica este gesto e todo o seu projecto salvífico: “O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Os doentes são os  que precisam de médico.

03-11-2019

 

c)       Este episódio de Zaqueu e a 1ª leitura do Livro da Sabedoria colocam-nos perante uma questão: serei capaz de perdoar? Tenho sentimentos de tolerância para com os outros, mesmo para aqueles que são tidos como “pecadores”? Serei capaz de dar “um voto de confiança” aos outros como Jesus fez com Zaqueu, com Mateus e com Pedro? Todos nós precisamos, certamente, de um coração mais compassivo: como o de Deus e de Cristo. Ou seja, temos que ser mais acolhedores, tolerantes para com os defeitos dos outros, não nos fecharmos na nossa santidade, não sermos “severos” para com as faltas dos outros, a começar pela nossa família e pela nossa comunidade. Não esqueçamos que Deus já nos perdoou muitas vezes e que continua a perdoar-nos e que também os outros também nos vão perdoando as nossas fraquezas. Quando celebramos a Eucaristia, damos conta que Jesus Cristo oferece-se a todos, sem fazer distinção de raça, idade, condição social, como Palavra e como Alimento de vida. Na celebração eucarística, comungamos o Corpo e o Sangue do Senhor. Mas, antes deste momento, há o rito do gesto da paz, que é um símbolo do nosso compromisso de crescer na fraternidade e na reconciliação. São estes sinais que nos ajudarão a ser mais acolhedores e solícitos para com o próximo.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Comum - 31º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 30º Domingo Comum (ANO C)

a)             Jesus criticava duramente os fariseus, como poderemos ver no evangelho deste Domingo. Criticava a sua “auto-suficiência” na oração, diante de Deus, na vida e na relação com o próximo. Será muito bom reter nos nossos corações a mensagem do evangelho deste domingo, porque também podemos ser fariseus! Na 2ª leitura, S. Paulo manifesta a Timóteo que está feliz com tudo o que fez na vida: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça”. Mas, nele não se vê o sentimento que Jesus criticava no fariseu que estava a rezar diante do altar. Paulo reconhece que o mérito de todo o seu trabalho não lhe pertence somente a ele e que não foi só ele que cumpriu a missão: “e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda”. Tanto Paulo como os seus colaboradores, sentiram a força e o ânimo de Deus: “O Senhor esteve a meu lado e deu-me força… Glória a Ele pelos séculos dos séculos”.

b)      De vez em quando, na Sagrada Escritura, encontramos extractos que nos manifestam Deus solidário com os pobres, com os que sofrem, com os que são vítimas da injustiça e com os humildes. Maria disse, no Magnificat: “Derrubou os poderosos dos seus tronos e exaltou os humildes”. Na 1ª leitura, vemos que Deus não é indiferente à súplica do pobre e do oprimido: “Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido. A oração do humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino.” É algo parecido com as súplicas da viúva que, no domingo passado, pedia justiça. Como resposta à 1ª leitura, o Salmo convida-nos a rezar: “O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido”. Na parábola do evangelho, aquele que se apresentou humildemente diante de Deus, foi perdoado; o mesmo não aconteceu ao orgulhoso.

27-10-2019

c)       Com as personagens “fariseu” e “publicano”, Jesus convida-nos a fazer um exame de consciência. Na relação com Deus e com o próximo, também podemos ser “fariseus”: pessoas que cumprem, que “não matam nem roubam”, que são oficialmente “boas”, mas não amam, não são humildes, mas orgulhosas. Se desejarmos o elogio de Jesus, teremos que imitar o mais humilde publicano que vai ao Templo, não para apregoar as suas boas obras, mas para pedir perdão e ajuda a Deus. Seremos agradáveis aos olhos do Senhor, se tomarmos esta atitude de humildade. Se nos sentimos pobres, pedimos. Se nos sentimos pecadores, desejamos ser perdoados. Se nos sentimos ignorantes, perguntamos. Há que estar sempre aberto a Deus e aos outros.

d)      Todas as vezes que celebramos a Eucaristia, recebemos este convite de Jesus. Começamos a Eucaristia, com um acto de humildade, o acto penitencial: “Senhor, tende piedade de nós”. O que vai modelando o aspecto espiritual da nossa vida, é sentirmo-nos filhos na família de Deus e irmãos uns dos outros. Quando rezamos a “Confissão”, reconhecemos que precisamos de ser perdoados. A frase “por minha culpa” é pronunciada perante Deus e perante os outros e é isso que nos dá uma paz interior e nos faz tomar uma atitude justa em todos os momentos da nossa vida.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Comum - 30º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 29º Domingo Comum (Ano C)

a)      Nos Domingos anteriores, meditámos em questões muito importantes e fundamentais para as nossas comunidades paroquiais: a fé, a gratuidade e a gratidão. Hoje, temos um tema que se integra muito bem neste conjunto: a nossa oração. O que é rezar? Devemos pedir a Deus aquilo que Ele já sabe? Devemos só pedir a satisfação das nossas necessidades, como o fizeram os dez leprosos do pretérito domingo, ou reclamar justiça como a viúva deste Domingo? Porventura, a oração não deverá ser, como reflectimos nestes últimos Domingos, a expressão profunda da nossa fé, ou do nosso desejo de que o Reino de Deus se instaure definitivamente entre nós? Será que basta somente aceitar livre, grata e serenamente a vida e o amor que Deus nos concede? Apesar de tantas questões, tenhamos em conta o seguinte: a nossa oração é eficaz? Serve para alguma coisa? Alguém ouve as nossas orações? Será que sabemos o que devemos pedir na oração? Quantas vezes dirigimos a nossa prece a Deus somente com as nossas necessidades individuais, os nossos pequenos problemas? Quantas vezes as nossas orações não são mais que uma apresentação encoberta dos nossos egoísmos?

 

b)      A parábola deste Domingo centra-se na fé, na confiança e na persistência daquela viúva que espera convicta de que alcançará a justiça a que tinha direito. Este deve ser o sentido da nossa oração. Não precisamos de recordar a Deus o que Ele tem de fazer, mas confirmar a nossa fé e a nossa esperança de que o seu projecto (a sua justiça) se concretizará. Por isso, rezamos. Rezamos não para que Deus se recorde de nós, mas para que nós não esqueçamos o que Ele quer fazer através de nós. Por isso, não podemos ter uma visão “pobre” da oração, afirmando que rezar é somente pedir. Rezar é recordar. Por isso, devemos fazer “sempre” e “sem desanimar”. No evangelho deste domingo, Jesus une a oração à fé e questiona-se no fim do texto se no futuro haverá gente que reze: “quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?

20-10-2019

c)       Mas, há algo muito importante a não esquecer. Hoje, como sempre, no evangelho, Jesus não apresenta Deus como um juiz sem dó nem piedade, mas como um Pai. Deus é o oposto do juiz que adia as decisões por preguiça e por negligência. Deus está sempre pronto para fazer justiça aos seus eleitos. Deus não é um juiz que procede, porque acredita na causa justa, mas porque deseja uma vida tranquila. A justiça de Deus não é a justiça limitada dos homens, mas é amor. Concluindo: Jesus convida-nos a viver por amor e não por justiça. O conselho de Jesus, expresso no evangelho deste domingo, é “orar sempre sem desanimar”.

 

d)      Às nossas comunidades cristãs que se reúnem ao Domingo para rezar na celebração da Eucaristia, é conveniente recordar a importância da oração em comunidade. Pode servir de exemplo a imagem de Moisés, na primeira leitura, despojando-a de toda a conotação bélica. Moisés, no cimo do monte, já não aguentava os braços levantados para Deus, devido ao cansaço e à idade. Aarão e Hur tiveram que lhe segurar as mãos. Se retirarmos o contexto da batalha ou se falarmos das imensas batalhas que temos com o nosso mundo (e não com alguém que queremos aniquilar), é uma bela imagem daquilo que poderemos fazer em comunidade, ou seja, ajudando-nos uns aos outros também ajudar-nos-emos nas nossas orações. Assim, não há uma verdadeira oração sem amor, sem os outros, sem a comunidade.

 

e)       Ao falarmos da oração, não podemos esquecer que deve ser acompanhada pelo testemunho da fé que todos somos convidados a dar nas nossas comunidades. A oração deve ser sempre acompanhada do nosso gesto solidário e comprometido.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Comum - 29º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 28º Domingo Comum (Ano C)

a)      No Domingo passado, os discípulos fizeram um pedido a Jesus: “Aumenta a nossa fé”. Este pedido foi precedido por duas parábolas: a do administrador desonesto e a do pobre Lázaro e do rico avarento. Como resposta ao pedido dos discípulos, Jesus afirma que a fé não está relacionada com a quantidade material mas com a qualidade, ou seja, com a sua gratuidade e confiança que se manifesta no serviço e entrega aos irmãos. Neste domingo encontramos uma continuidade temática. Não temos uma parábola nem um diálogo com os discípulos, mas a narração de uma acção, de um milagre: a cura dos dez leprosos, indo Jesus a caminho de Jerusalém. Todos os leprosos ficaram curados. De seguida, puseram-se a caminho de Jerusalém ao encontro dos sacerdotes, mas só um, que era samaritano, voltou atrás para agradecer a Jesus a sua cura.

 

b)      Neste Domingo, ao tema da fé (explicada nos domingos anteriores) junta-se o tema da gratidão. Que diferença existe entre os nove leprosos que se apresentaram diante dos sacerdotes, cumprindo a ordem de Jesus, com o outro que regressou para agradecer? Não há dúvida que todos foram curados e salvos. Mas só um coloca a sua esperança na confiança e na gratidão e não fica somente na legalização da sua situação (necessidade de se purificar no Templo). Os nove leprosos foram curados por necessidade, porque Deus não é insensível às nossas necessidades, mas o leproso samaritano, como diz Jesus, foi salvo pela sua fé. É esta fé que leva o leproso Naamã, general sírio, a banhar-se no rio Jordão, cumprindo, assim, uma ordem do profeta Eliseu para ficar curado e purificado da sua doença. Na Síria, ele tinha rios com água de qualidade superior, mas a sua fé não residia num rio mas na palavra do profeta, homem de Deus. Por isso, quando se vê curado, regressa a casa de Eliseu, não só para se mostrar curado mas também para reconhecer que não há outro Deus senão o de Israel que se manifesta através do profeta e da sua palavra. Eliseu não aceita qualquer presente de Naamã. Então, o general sírio pede-lhe um pouco de terra daquele país para adorar o Deus de Israel. Este sírio e o samaritano do evangelho descobriram de onde lhes veio a salvação e foram capazes de agradecer.

13-10-2019

c)       Os leprosos da Palavra de Deus deste Domingo representam-nos, porque quando na vida tudo nos corre bem, muitas vezes, esquecemos Deus. Convencemo-nos que tudo o que fazemos deve-se somente ao nosso esforço, ao nosso trabalho e às nossas capacidades. Mas, quando chegam as dificuldades, dizemos: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. Nos momentos de aflição, sabemos clamar ao único que nos pode atender e salvar. E tantas vezes, ultrapassadas as dificuldades, nos esquecemos de agradecer, como se tudo fosse somente fruto do nosso esforço. De facto, nas nossas celebrações eucarísticas, elevamos sempre a Deus as duas petições. No início, dizemos: “Senhor, tende piedade de nós”; e antes do Prefácio: “Dêmos graças ao Senhor, nosso Deus. É nosso dever, é nossa salvação”. De seguida, o texto do Prefácio acrescenta: “Senhor, Pai Santo…, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte”. Nunca esqueçamos que estes dois pedidos são sempre necessários. São o grito dos leprosos e o grito do samaritano que ficou curado.

 

d)      Seria bom recordar às pessoas que nas nossas celebrações “não estamos todos”. Não estão todos os cristãos da nossa cidade, vila ou aldeia. Somos uma pequena percentagem, somos os representantes de tantos irmãos que foram curados e salvos pelo Senhor, mas só nós regressámos para dar graças a Deus. Dêmos graças a Deus também por eles. Não pensemos que os nossos irmãos que não vêm às nossas celebrações são piores que nós; eles cumprem as suas obrigações, seguindo o ritmo, os usos e costumes da sociedade moderna, como acontecia com tantos no tempo de Jesus que seguiam a cultura judaica. Deus também tem compaixão deles e é sensível às suas necessidades. A nós que aqui e agora Lhe agradecemos, Jesus diz-nos: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”. Procuremos a salvação pelo caminho da gratidão, ou seja, pelo caminho da fé.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Comum - 28º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 26ºDomingo Comum (Ano C)

a)      Como nos Domingos passados, a liturgia de hoje tem uma “tonalidade” dupla: por um lado, sentir que na nossa vida e na nossa fé devemos saber escolher; por outro lado, sentir que esta opção livremente escolhida tem consequências, ou seja, supõe uma mudança de comportamento, uma conversão.

 

b)      Tudo isto que acabámos de afirmar enquadra-se muito bem no episódio do pobre Lázaro e do rico com todas as imagens que ilustravam, no tempo de Jesus, a vida para além da morte. Os seres humanos utilizam imagens que ilustram uma realidade que não têm acesso, ou que não conseguem explicar racionalmente. Isto acontece quando nos referimos ao céu ou ao inferno; usamos imagens para falar mais sobre um estado do que um lugar concreto. Mais do que as imagens e algumas “fantasias”, o mais importante é a fé na confiança, na palavra e na experiência de Jesus. Acreditamos, esperamos e queremos que o caminho de Jesus é e continue a ser o nosso, que a vida é única, quer seja aqui na terra como para além da morte.

 

c)       Um aspecto que se destaca neste domingo, mais que as imagens e as “fantasias” é a unidade em que consiste a nossa existência; como as nossas opções e decisões vão conformando uma unidade e têm as suas repercussões. A vida do rico baseia-se em determinadas opções, em determinadas palavras, atitudes e gestos que o levam a viver e a relacionar-se com os outros de uma maneira específica e determinada. Tudo isto modela a sua vida presente e as consequências que daí advêm; consequências que vão para além da morte, porque a pessoa é uma unidade, antes e depois da morte. O chamamento de Jesus supõe uma mudança de opções e de vida (um convite concreto à conversão). Quando este convite é aceite, marca profundamente a unidade de toda a existência humana.

29-09-2019

d)      Paralelamente a esta unidade da existência, segue um tema sempre presente ao longo da Bíblia e que hoje continua actual: a retribuição do justo. Será recordado aquele que sofreu e que não recebeu qualquer reconhecimento nem recompensa nesta vida? Lendo o fragmento evangélico, damos conta que a resposta definitiva não está nas nossas mãos, ultrapassa as nossas possibilidades e a nossa imaginação. A última palavra está nas mãos de Deus, uma palavra que responderá à unidade da nossa vida e ao olhar amoroso de Deus.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Comum - 26º Domingo - Boletim Dominical