Não é à toa que o leitor é a personagem principal da novela da sua existência, e que se sinta como um verdadeiro pináculo da criação, isto porque é dotado de Ego – um arquétipo da perfeição, que caracteriza, por si só, a personalidade de cada indivíduo. Sem este defensor da personalidade era impossível para o leitor diferenciar os seus processos interiores da realidade que o envolvem. No fundo, se o ego não existisse a noção de existência seria posta em causa.
No entanto, o “eu”, por vezes, entra em carência quando as suas necessidades e desejos são postos de parte. No imediato, surgem pensamentos ruminantes e desgastantes, que se espelham numa procura incessante pela aprovação e reconhecimento, como também uma dependência do que os outros pensam, acabando por perder a sua autoestima e ceder ao sofrimento de querer agradar a gregos e a troianos. Neste processo de hipoteca de si mesmo, o seu “eu” fica fragmentado, como se tivesse partido em vários pedaços, e a sua autenticidade – aquilo que representa a sua essência como única – perde-se como um grão de areia entre esses mesmos filamentos do ser. E, tudo o que resta é o medo de rejeição, da crítica, o impedimento em expressar a sua opinião, o medo da rejeição de não se sentir aceite e não agradar, o que apadrinha um grande sofrimento emocional. Neste estado, o passado e o futuro tornam-se presentes e deixa de viver o tempo como ele realmente existe, e os seus problemas sobem à ribalta tornam-se estes protagonistas da sua história.
Neste seguimento, o leitor poderá reconhecer esta necessidade de aprovação e reconhecimento quando se sente inibido de partilhar a sua própria opinião sempre que estiver a conversar com outras pessoas com o objetivo de angariar aceitação e simpatia; ou por exemplo se o seu estado de humor e autoestima dependem de como foi tratado por outrem. Se for elogiado, o seu humor será, certamente, positivo, caso contrário, ficará triste e insatisfeito. Existe, também, a dificuldade em dizer “não” deixando as suas prioridades para atender as necessidades do outro. Por fim, a excessiva atenção à imagem física é comum, pois, é através desta que poderá arrecadar elogios o que acaba por sustentar o seu bem-estar.
Uma das formas para lidar com esta carência é melhorar a sua auto estima. A Hipnose Clínica permite o leitor identificar os pensamentos e explorar as crenças e atitudes irracionais em relação a este sentimento de vazio que o leva a procurar a aprovação e reconhecimento ininterrupto. Neste processo, são trabalhados vários registos que favorecem o autocuidado das suas necessidades e desejos. É validado um novo olhar sobre como o ser humano é sensível e falho e, por esse motivo, não precisa de ser perfeito, cada caminho é um caminho, de aperfeiçoamento e de crescimento. Após a tomada de consciência sobre estes aspetos, é possível que o leitor possa mudar a sua forma de pensar e de agir através da criação de novos objetivos e de um novo registo de crenças que vão alicerçar a sua autoconfiança e, consequentemente, as suas competências.
No próximo boletim de saúde poderá verificar mais sobre a autoafirmação enquanto patologia e o respetivo papel da Hipnose Clínica.
Sara Morais
Hipnoterapeuta
Magazine Serrano A Voz Serrana para o Mundo