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Avisos e Liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum- Ano A

 

A conversão é algo que depende do esforço pessoal. Acreditamos que cada um de nós é capaz de se aperfeiçoar, de ir ultrapassando as suas limitações, erros e pecados. Como consequência, este trabalho pessoal agrada a Deus. Antes de tudo, a conversão é um dom de Deus Pai que devemos aceitar e agradecer, ajustando a nossa vida com a sua vontade. Não é fruto do esforço para alcançar a perfeição ou o perfeccionismo, mas é o resultado da abertura à graça de Deus Pai, que é rico de misericórdia. A conversão é a expressão do desejo de obedecer à vontade de Deus.

Porém, a conversão é reconhecer a nossa dimensão de pecadores. Através da profecia de Ezequiel, Deus adverte o seu povo e interroga-se sobre o seu modo de pensar: “Vós dizeis: ‘A maneira de proceder do Senhor não é justa’; Será que a minha maneira de proceder não é justa? Não será antes o vosso modo de proceder que é injusto?”. O profeta alertava o povo sobre o risco das suas acções conduzirem à maldade e à morte e não serem conformes à vontade de Deus. Cada pessoa é responsável pelos seus actos. Na segunda leitura, S. Paulo faz referência à falta de fraternidade que existia na comunidade de Filipos. Por isso apela à consolação, à ternura, à caridade, falando com carinho e realismo àqueles cristãos que estavam a sofrer, para que encontrem remédio para esse pecado. Jesus quer que os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se consciencializem da sua desobediência à vontade de Deus para que possam emendar-se. Fala-lhes duramente, afirmando que os publicanos e as mulheres de má vida irão diante deles para o reino de Deus. Também nós precisamos da Palavra de Deus e do auxílio dos irmãos para que nos ajudem a sermos conscientes da nossa responsabilidade, quando praticamos o mal, e da nossa indiferença e distância, em alguns momentos, da vontade de Deus. Realmente, sentimos uma grande dificuldade para reconhecer o nosso pecado. Muitas pessoas, talvez alguns de nós, perderam a consciência do pecado.

 

27-09-2020

 

A conversão é acolher os sentimentos de Cristo Jesus. Entrar no coração de Deus leva-nos a descobrir como é misericordioso: “Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças, que são eternas” (Salmo). O amor de Deus nunca se desvanece, é-nos dado quando menos o merecemos. Deus derrama a sua misericórdia sobre nós e deseja que acolhamos os sentimentos do seu Filho. São Paulo apresenta-nos os sentimentos de Cristo: a humildade e a entrega. A humildade é a virtude daquele que sabe que não se construiu a si próprio e que a sua vida está nas mãos de Deus. Por isso, não se acha altivo mas coloca-se ao nível dos últimos: “Não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio, assumindo a condição de servo”. A entrega é a virtude de quem acredita que é no servir e dar a vida pelos outros que se encontra a verdadeira alegria e que se cumpre a vontade de Deus: “humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz”. Acolhemos os sentimentos de Cristo quando o contemplamos na sua Palavra, na vida e nos sacramentos.

A conversão é obedecer a Deus. É sua vontade que estejamos empenhados na construção do Seu reino. Perante isto, acontecem duas reacções contrárias: há aqueles que dizem sim e não vão trabalhar e aqueles que dizem não, mas arrependem-se e vão trabalhar na vinha. Também corremos o mesmo risco dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo quando deixamos que a nossa fé se converta em pura ideologia, longe da nossa vida e indiferente ao serviço dos irmãos. Obedecer a Deus é trabalhar na vinha, é viver segundo a Sua vontade.

 

Obedientes ao Pai, a imitação do Filho

 

«Seja feita a vossa vontade!» (Mt 6,10) Isto resume toda a vida do Salvador. Ele veio ao mundo para fazer a vontade do Pai, não apenas para expiar o pecado de desobediência com a sua obediência (Rm 5,19), mas também para conduzir os homens à sua vocação no caminho da obediência.

A vontade dos seres criados não está feita para ser livre sendo senhora de si própria; está chamada a conformar-se com a vontade de Deus. Se com ela se conformar por submissão livre, é-lhe dado participar livremente no aperfeiçoamento da criação. Se se recusar a fazê-lo, a criatura livre perde a sua liberdade. A vontade do homem mantém o livre arbítrio, mas ele é seduzido pelas coisas deste mundo, que puxam por ele e o empurram em direcções que o afastam do desenvolvimento da sua natureza tal como Deus a quis, e da finalidade que ele próprio estabeleceu na sua liberdade original. Para além desta liberdade original, perde a segurança da sua resolução, torna-se vago e indeciso, é importunado por dúvidas e escrúpulos, ou fica endurecido no seu desregramento.

Contra isso, não há outro remédio senão seguir a Cristo, o Filho do homem, que, não só obedecia directamente ao Pai dos Céus, como também Se submeteu aos homens que para Ele representavam a vontade do Pai. A obediência tal como Deus a quis liberta a nossa vontade escrava de todos os laços com as coisas criadas e devolve-lhe a liberdade. É também o caminho para a pureza do coração. (Santa Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, 1891-1942, carmelita, mártir, co-padroeira da Europa, Meditação para a festa da Exaltação da Santa Cruz)

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/ 

Ano A - Tempo Comum - 26º Domingo - Boletim Dominical II

 

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