O livro dos Atos dos Apóstolos diz que “estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Mas quem? Na maioria das pinturas, retábulos e ícones, encontramos treze pessoas: Maria e os apóstolos, que voltaram a ser doze com a escolha de Matias, substituindo Judas Iscariotes. Isto leva-nos a identificar facilmente este grupo inicial da Igreja com a hierarquia actual, pois os bispos são os sucessores dos apóstolos. Mas, afinal, quem eram, na verdade, estes “todos” que estavam reunidos no mesmo lugar? Se o texto não diz quem são, o autor deve partir do pressuposto que já sabemos. Pois, um pouco antes, o livro dos Atos dos Apóstolos diz-nos quem eram aqueles que se encontravam reunidos em oração depois da Ascensão do Senhor. Sim, eram os doze. Mas também algumas mulheres; as que tinham cuidado de Jesus e dos seus discípulos, as que se mantiveram firmes perto da cruz de Jesus; as primeiras a ir ao sepulcro e a encontrá-lo vazio, com a pedra removida. Estavam também os irmãos dele, o grupo dos familiares que se tinham afastado dele e que o tinham considerado louco; agora, estavam juntos, pensando, talvez, no benefício que podiam usufruir pelo grau de parentesco com o ressuscitado. A presidir a todo este grupo, como membro da família e discípula, estava Maria, a Mãe.
O Espírito Santo desce sobre todos e transforma-os. Abrem as portas de casa e começam a exprimirem-se nas diversas línguas, de tal maneira que “a multidão ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua”. Pedro tomará a palavra e será como se todos falassem pela sua boca. Todos ficaram surpreendidos e maravilhados; converteram-se e aumentarem o número dos discípulos. A partir daquele dia, o Espírito Santo motiva a Igreja a sair e a ser missionária. Tomando a forma de umas línguas de fogo, o Espírito Santo “poisou uma sobre cada um deles”. Por isso, o Espírito Santo não é propriedade da hierarquia, mas, soprando onde quer e como quer, actua sobre toda a Igreja, homens e mulheres, leigos e ministros, desde o Papa até ao último dos baptizados.
Por isso, neste dia, tomamos consciência de que todos somos apóstolos e missionários, onde quer que estejamos: na família, no emprego, com os amigos e vizinhos, com todos, mesmo nos contactos do Whatsapp e das redes sociais. Somos apóstolos por obra do Espírito Santo. Por isso, temos de caminhar juntos, sinodalmente, em comunhão, e de ir ao encontro do mundo de hoje.
Exprimiam-se em diversas línguas e todos entendiam. Agradeçamos ao Espírito Santo a beleza de uma Igreja que, desde o princípio, é como um corpo humano formado por diversos membros. Quando cada um cumpre a sua função, o corpo actua coordenadamente. Acolhamos e agradeçamos a Deus os diferentes carismas que suscita entre nós. Não esqueçamos que o Espírito Santo “faz-nos” diferentes, mas põe-nos em sintonia para que, juntos, realizemos uma obra que não poderemos conseguir separados uns dos outros. Temos de colaborar na promoção deste trabalho em conjunto, desta comunhão fazendo caminho. Somos Igreja em saída.
Leitura Espiritual
«Envias o teu Espírito e renovas a face da Terra» (Sl 103,30)
Segundo o desígnio de Deus, no princípio, o Espírito de Deus encheu o universo, «alargando o seu vigor de um extremo ao outro do mundo e governando todas as coisas com doçura» (Sb 8,1). Mas no que toca à sua obra de santificação, foi a partir do dia de Pentecostes que «o Espírito do Senhor encheu o universo» (Sb 1,7). Foi hoje que este Espírito de doçura foi enviado pelo Pai e pelo Filho, para santificar toda a criatura segundo um plano novo, uma maneira nova, numa nova manifestação do seu poder e da sua força. Outrora, «o Espírito não tinha sido dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado» (Jo 7,39).
Hoje, vindo da sua morada celeste, o Espírito é dado às almas dos mortais com toda a sua riqueza e fecundidade, e este orvalho divino estende-se sobre toda a Terra, na diversidade dos seus dons espirituais. E é justo que a plenitude das suas riquezas tenha descido sobre nós do alto dos Céus, uma vez que, poucos dias antes, por generosidade da nossa Terra, os Céus tinham recebido um fruto de maravilhosa doçura. A humanidade de Cristo é toda a graça da Terra; o Espírito de Cristo é toda a doçura do Céu. Produziu-se então uma troca salvífica: a humanidade de Cristo subiu da Terra para o Céu; hoje, o Espírito de Cristo desceu do Céu sobre nós.
O Espírito Santo age em toda a parte e em toda a parte toma a palavra. Certamente que o Espírito do Senhor foi dado aos discípulos antes da Ascensão, quando o Senhor lhes disse: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos». Mas, antes do Pentecostes, não se ouviu a voz do Espírito Santo, não se viu brilhar o seu poder. E o seu conhecimento não tinha chegado aos discípulos de Cristo, que não tinham sido confirmados na coragem, uma vez que o medo os obrigava ainda a esconder-se numa sala fechada à chave. A partir desse dia, porém, «a voz do Senhor domina as águas, cria lâminas de fogo e todos exclamam: Glória!» (Sl 28,3-9) (Santo Aelredo de Rievaulx, 1110-1167, monge cisterciense, Sermão sobre as sete vozes do Espírito Santo no Pentecostes, Sermões inéditos).
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Programação de Missas da Semana, de 31 de maio a 04 de junho
Unidade Pastoral das Paróquias de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Cartaz elegante branco de festa da misericórdia – 2
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