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Avisos e Liturgia do XXVI Domingo do Tempo Comum – ano A

A Palavra Divina, proposta para reflexão neste Domingo, convida-nos a clarificar a nossa conduta de vida. Na primeira leitura, o profeta Ezequiel afirma que se o pecador reconhece o seu erro e se converte, viverá. Mas esta conversão tem de ser sincera, como também deve ser toda a nossa acção, não “fazendo nada por rivalidade nem por vanglória”, como diz São Paulo, na segunda leitura. No texto evangélico, através do exemplo de dois comportamentos diferentes, Jesus diz-nos que o que é importante para Deus são as acções, e não as palavras. Por isso, este Domingo é um convite a uma autenticidade de vida. Como no pretérito Domingo, a parábola do evangelho volta a referir-se à vinha, símbolo do povo de Deus, para a qual Ele nos envia todos os dias. Nesta passagem, Jesus faz uma referência aos dirigentes religiosos do seu tempo que se consideravam “bons e perfeitos” e desprezavam os “pecadores e publicanos”. Mas uma coisa é considerar-se e outra é ser; uma coisa é dizer e outra é fazer. É isto o que acontece na parábola: um filho diz que sim, mas não foi, e outro disse não, mas foi, com o qual fica comprovado o texto de Mateus (7,21), no sermão da montanha, quando Jesus disse: “Nem todo o que diz ‘Senhor, Senhor’, entrará nos Reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. Quer dizer que não seremos julgados pelas vezes que erramos, mas pelas vezes que sabíamos rectificar o erro, e não fizemos. Quantas pessoas conhecemos que falam, criticam, que se consideram rectas e se vangloriam de tudo, mas fazem muito pouco ou nada; e outras que protestam, aborrecem-se, revoltam-se, mas depois estão presentes, trabalham, lutam e comprometem-se! Na base da parábola deste Domingo, há mais um aspecto a considerar: é a tendência de dividir a sociedade em bons e maus, justos e pecadores, quando a realidade é muito mais complexa e cada pessoa é como é, com as suas circunstâncias, como afirma Ortega y Gasset. Reflectindo sobre a parábola deste domingo, existe o perigo de destacar os que “fazem”, desprezando os que somente “dizem”. Mas ninguém pode enaltecer-se dos seus êxitos, desprezando os outros. Por isso, Jesus termina a parábola com as seguintes palavras: “em verdade vos digo: os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus”. A fé não consiste em teorias, mas é uma entrega confiante e obediente a Deus. Aquilo que dignifica as pessoas são as suas atitudes e a vontade constante de renovação. Assim, onde me situo: sou daqueles que, apesar das inseguranças, adiro ao evangelho? Ou prefiro ficar no meu casulo, na falsa sensação de cumprimento dos preceitos e de devoções, mas incapaz de me comprometer com o reino de Deus? Perante as leituras deste Domingo, concluímos que ainda estamos a tempo de nos “formatarmos” aos planos de Deus. Para tal, é preciso assumir o que nos diz São Paulo, na segunda leitura: “tende entre vós sentimentos de ternura e de misericórdia…não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas com humildade, considerai os outros superiores, sem olhar aos próprios interesses, mas aos dos outros. Tende entre vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, que assumiu a condição humana, humilhou-se, obedecendo até morte, e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou…e toda a língua proclama que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”.

 

 

LEITURA ESPIRITUAL

Sair do pecado e entrar no Reino de Deus

 

Irmãos, chegou o momento de sairmos, cada um pela sua parte, do lugar do nosso pecado. Saiamos da nossa Babilónia e vamos ao encontro de Deus, nosso Salvador, como nos adverte o profeta: «Apressa-te, Israel, a ir ao encontro do Senhor, porque Ele vem!» (Am 4,12). Saiamos do abismo do nosso pecado e aceitemos partir ao encontro do Senhor, que assumiu «uma carne semelhante à do pecado» (Rm 8,3). Saiamos da vontade do pecado e façamos penitência pelos nossos pecados. Então, encontraremos a Cristo, que expiou pessoalmente o pecado que de maneira nenhuma tinha cometido. Então, Aquele que salva os penitentes dar-nos-á a salvação: «Ele uda de misericórdia com os que se convertem» (Eclo 12,3). Perguntar-me-eis: Mas quem pode sair sozinho do pecado? Sim, na verdade, o maior pecado é o amor ao pecado, o desejo de pecar. Abandona, pois, esse desejo, odeia o pecado e já saíste do pecado. Se odiares o pecado, já encontraste a Cristo. A quem odeia o pecado, Cristo perdoa as culpas, na esperança de arrancar de raiz os nossos maus hábitos. Mas dizeis que até isso é demasiado para vós, e que, sem a graça de Deus, é impossível o homem odiar o seu pecado e desejar a justiça. «Louvai o Senhor pelas suas misericórdias, pelas maravilhas que fez pelos filhos dos homens!» (Sl 106,8). Ó Senhor de mão poderosa, Jesus omnipotente, vem libertar a minha razão cativa do demónio da ignorância e arrancar a minha vontade doente à peste da sua cobiça. Liberta as minhas capacidades, a fim de que eu possa comportar-me com fortaleza, como desejo de todo o coração. (Isaac da Estrela, ?-c. 1171, monge cisterciense, Sermão de Quaresma, SC 207).

 

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