- a) Estamos no penúltimo Domingo do Ano Litúrgico. Todo o ciclo litúrgico ajudou-nos não só a conhecer melhor Jesus Cristo, mas também a conhecer melhor o significado do Reino. Progressivamente, Jesus foi revelando o mistério de Deus. Da nossa parte, como será importante assimilar e compreender toda a mensagem divina e destruir no nosso íntimo tudo o que nos impede de ver e de seguir Jesus! Como verdadeiros discípulos, queremos viver a nossa fé. Jesus entregou-se por nós, mas a Igreja propõe uma nova reflexão a partir das palavras que Jesus proferiu diante do Templo para nos sentirmos fortes nos momentos em que os esquemas que nos dão segurança poderão vacilar. Quem poderia prever que o Templo, sinal do orgulho e da vaidade da alma judaica daquele tempo, desapareceria? Quando isso aconteceu, as palavras de Jesus converteram-se numa nova fonte de esperança, de realismo, de conforto. Quando o evangelho de São Marcos foi escrito, já a comunidade cristã tinha vivido a destruição do Templo de Jerusalém e já conhecia com sofrimento o que significava dar testemunho da fé.
- b) O Livro de Daniel diz-nos umas palavras que poderão ser muito actuais e adequadas ao mundo de hoje: “será um tempo de angústia, como não terá havido até então, desde que existem nações. O profeta fala de uma situação de guerra em que o povo de Israel se tinha envolvido e tinha perdido, provocando uma grande mortandade. A linguagem de Jesus, olhando o Templo a partir do Monte das Oliveiras a dois dias da sua paixão, é de desânimo e angústia: “Depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há no céu serão abaladas”. Há que salientar que esta linguagem é apocalíptica. Não se trata de levar à letra esta frase, mas o texto transmite poeticamente uma vivência dura e desesperada. Também hoje há experiências duras e cheias de desespero.
- c) Contudo, a linguagem apocalíptica não fica numa visão negativa. O profeta Daniel fala de Miguel, “o grande chefe dos Anjos”, “que protege os filhos do teu povo” e diz que “muitos dos que dormem no pó da terra acordarão”, ou seja, fala da ressurreição dos mortos. A mensagem de Jesus fala da vinda do Filho do Homem, um título messiânico, da força da salvação. A sua vinda, a Parusia, é a manifestação evidente do seu Poder e da sua Glória e reunirá todos aqueles que se sentiram irmãos na fé e vivem agora unidos ao coração do Pai.
- d) No evangelho, Jesus diz-nos que olhando para uma figueira damos conta que as coisas mudam, “sabeis que o Verão está próximo”. Esta parábola ensina-nos a ler a realidade das coisas (no contexto do evangelho é a destruição de Jerusalém e do Templo) como um sinal de que Ele se aproxima, está já “à porta”. Perante as situações catastróficas, a escatologia bíblica ensina-nos que há coisas terrestres que mudam, mas o Espírito de Deus estará sempre presente. Esta é a consolação que deveremos neste dia gravar no nosso coração. Saber ler a vida é também tomar consciência de que, quando no evangelho lemos a frase “as minhas palavras não passarão”, está a dizer-nos que apesar das coisas naturais mudarem, a realidade eclesial mudar, as transformações culturais e sociais acontecerem, a Palavra de Deus permanece sempre e será sempre sinal de salvação. É importante a convicção de que Deus virá ao nosso encontro. Somos peregrinos, vivemos provisoriamente, a caminho do Paraíso, do Reino, do Céu, para viver na plenitude de Deus.
paroquiasagb
Leitura Espiritual
Quando vier o Filho de Deus…
Meus filhos e irmãos, vinde, adoremos a Cristo, nosso Rei, prostremo-nos diante dele (cf Sl 94,6), ofereçamos de novo as nossas primícias e voltemos a dar fruto! […] Temos como único Rei o Rei de todos os reis, que é nosso Senhor e nosso Deus; a Ele servimos, esperamos impacientemente acolhê-lo em todos os momentos fazendo o bem e desejamos ardentemente a sua vinda (cf 1Cor 15,23; Mt 24,3). […]
Rezamos para ser protegidos, e não só para isso, mas também para estar bem preparados e prevenidos para o tempo das provações, que o Senhor não deixará de nos enviar, porque somos soldados de Cristo, devendo por isso morrer com alegria por Nosso Senhor e, nas palavras do Evangelho, não temer os que matam o corpo, mas os que podem roubar-nos a alma (cf Mt 10,28).
Meus filhos, como diz o divino apóstolo, «o tempo é breve» (1Cor 7, 29); e, se o era então, é-o ainda mais agora, porque está a chegar ao fim. Por isso, «hão de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens», como está escrito, toda a vida, desde a fundação do mundo, ressuscitará, e os justos e os santos serão tornados perfeitos, seja pelo martírio, seja por uma vida recta, e irão ao seu encontro com uma alegria inexprimível, para serem coroados e dançarem sem fim no Céu […].
Que sejais julgados dignos de acolher com boa esperança o fim último (cf Mt 13,39.40.43), quer individual, quer universal, em Cristo Jesus, nosso Senhor, a quem seja dada glória e poder com o Pai e o Espírito Santo, agora e para sempre, e pelos séculos dos séculos. Amen. (São Teodoro Estudita (759-826), monge de Constantinopla, Catequese 30).
http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/
Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres
Avisos (dias 18 a 24 de novembro)



Magazine Serrano A Voz Serrana para o Mundo