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O uso do ilusionismo na promoção do ensino não formal da ciência

 

A magia (ilusionismo) é uma arte que exerce enorme atrativo à maioria das pessoas pelo seu carácter do imaginário, pela aparente inexplicabilidade, pela surpresa do não previsto. A realidade é, ela própria, mágica, e quando um determinado assunto é assim apresentado, transforma-se numa fonte inesgotável de fascínio, de surpresa e de descoberta, uma pincelada de imaginação no quadro da realidade.

A magia resulta, assim, como uma ferramenta potenciadora da vontade de conhecer as temáticas em análise, promovendo o aprofundamento do seu estudo ou captando a atenção para um tópico que, para alguns, poderia resultar mais ou menos enfadonho ou mesmo desprovido de interesse. Por momentos, a assistência deixa-se levar na arte do mágico que faz crer no impossível, neste mundo, com os pés no chão…! Só que, neste caso, tudo o que se vê é bem real, e até se pode explicar que não perde a graça (bem pelo contrário!). É a Natureza apresentada, para que se possa apreciar melhor.

O uso do ilusionismo em atividades de Ciência, ensinando a brincar, apela à imaginação das crianças e promove o desenvolvimento da sua capacidade de abstração, muitas vezes tão importante na apreensão de conceitos de ciência. É uma forma distinta (e distintiva) de integração da arte para despertar a curiosidade para a Ciência a partir do imaginário de um espetáculo de magia: querer saber como se cria um truque é o mesmo que querer conhecer os fenómenos naturais e perceber a Natureza no seu possível e impossível. Realizar “um efeito mágico” e explicar a ciência que lhe é inerente, estimula essa vontade de aprender, a vontade de querer ser mágico, de querer compreender tudo aquilo. E esta é a verdadeira magia que está contida num efeito mágico!

A diversificação de conteúdos e formas de comunicar e divulgar ciência permite abranger um universo maior de interesses culturais. Os laboratórios das escolas são espaços onde se recriam experiências científicas para melhor compreensão dos fenómenos naturais e a sua apreensão teórica. A recriação artística (neste caso, com o recurso à magia) pode dar uma outra dimensão ao que se aprende com a Ciência e o seu universo. Importa constatar o que leva a querer saber e descobrir o prazer da descoberta. Senti-lo, só é possível a partir do imaginário de cada um, que pode e deve ser explorado também em espaços de enriquecimento cultural.

É, pois, verdadeiramente importante que nestes espaços de promoção cultural, a ciência se cruze e intrinque com o mundo das artes (música, teatro, magia e outras áreas de cultura), a fim de ser assumidamente considerada como uma área de conhecimento acessível, parte integrante da cultura geral de qualquer cidadão, em exercício pleno da cidadania. O STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) a ser STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematic).

Já Galeano dizia que somos feitos não só de átomos, mas também de histórias. Com este “casamento” entre a ciência e a magia (e os livros), a tais átomos e histórias “FMJ Mentes Mágicas” acrescentam também pequenas partículas de deslumbramento.

Filipe Monteiro (Químico, Comunicador de Ciência)

 

 

Nota biográfica do autor:

Filipe LS Monteiro nasceu em Belide, concelho de Condeixa-a-Nova, em Janeiro de 1966, sendo licenciado em Química Analítica pela Universidade de Aveiro desde 1988.

Iniciou a sua aventura literária em novembro de 2011 com o lançamento do primeiro livro infantil, “O Menino que Sonhava Salvar o Mundo”, presentemente na 8.ª Edição. Seguiu-se, em janeiro de 2014, o primeiro romance, “O Segredo da Serra dos Candeeiros”, agora na 2.ª Edição, e um ano depois (janeiro de 2015) um novo livro infantojuvenil, “Mestre Carbono, o Cientista”. Este livro, atualmente na 4.ª Edição, faz parte do Plano Nacional de Leitura, recomendado para “Apoio a Projetos e Temas Científico”s, para o 3.º, 4.º, 5.º e 6.º Anos. Em novembro de 2017 apresentou um novo livro infantojuvenil, “O Brinquedo que estava esquecido”.

Apaixonado pelo ilusionismo, é membro das duas principais associações em Portugal, o Clube Ilusionista Fenianos e a Associação Portuguesa de Ilusionismo, integrando ainda a Associação MagicValongo e o Grupo Mágico de Sintra, colaborando regularmente na promoção desta nobre Arte.

Reunindo esta faceta de “mágico” e “homem da ciência”, produziu também um “Espetáculo de Ciência Mágica” que tem cativado o público que enche as salas onde o mesmo tem sido apresentado. Elaborou ainda (para escolas e centros de ciência) “A Química do Amor”, uma espécie de palestra onde fala das “armas químicas” ao dispor de Cupido. Tudo isto sempre com a magia em pano de fundo…

Acompanhado pela esposa, Maria José Alves, parte integrante em todos estes projetos, têm percorrido o país realizando sessões de grande impacto por aliarem sempre aquilo a que chamaram de “Ciência, Magia e Livros: um casamento perfeito!”. Mais sobre o autor em www.filipelsmonteiro.com/

 

 

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