Início » Tag Archives: liturgia

Tag Archives: liturgia

Avisos e Liturgia do 6º Domingo de Páscoa (Ano C)

Aconselhar os outros em momentos difíceis é uma tarefa muito delicada. Não é fácil, porque nem sempre temos todos os elementos para orientar correctamente os outros e tudo o que fizermos e dissermos será a partir de fora desses momentos. Colocarmo-nos no lugar do outro é quase impossível. Mas, é sempre importante cuidar dos outros. Aconselhar, orientar, acompanhar, animar os outros é sempre a nossa missão. E esta nossa missão tem de ser feita com toda a humildade e serenidade, nunca perdendo de vista que temos de lutar pelo bem dos outros. Esta é a vontade de Deus: que todos sejam felizes. O apóstolo João apercebeu-se o quanto Jesus o amava e não se cansava de transmitir que Ele o tinha mudado por dentro e feito um valente por fora. Também João ouviu a frase de Jesus que se encontra no evangelho deste domingo: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração”. Com esta frase, Jesus pede-nos serenidade e valentia. Estas duas virtudes estão relacionadas uma com a outra. Dificilmente seremos valentes se estivermos inquietos, bloqueados, ansiosos e inseguros.

Mas, quem nos poderá dar esta serenidade? Estaremos inseguros quando nos sentirmos abandonados. Quando nos sentirmos cheios de confiança, em boas mãos, ficaremos tranquilos e reconfortados. A resposta é-nos dada por Jesus no evangelho: “Quem me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas estas coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse”. As palavras de Jesus têm uma grande força, porque expressam a sua vida, os seus gestos, as suas palavras, as suas acções, a sua proximidade com os mais necessitados, curando-os e salvando-os. Por isso, acrescenta: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração”.

26-05-2019

O Espírito Santo ajudar-nos-á a encontrar a serenidade para a nossa vida e tomar as decisões certas a partir da misericórdia de Deus. A primeira leitura narra-nos um exemplo da ajuda do Espírito Santo para gerar serenidade e tomar decisões certas. Nas primeiras comunidades cristãs, começaram a surgir pessoas que queriam seguir Jesus, mas não pertenciam ao povo judeu; eram de outras nações, de outras culturas e tradições. Começaram a surgir dois grupos: os fundamentalistas (rigorosos) e os moderados (que não colocam grandes barreiras a estes cristãos vindos de outros povos). Então, a comunidade cristã de Antioquia decidiu que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém, para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Regressarem a Antioquia com alguns representantes dos Apóstolos para transmitirem de viva voz as suas decisões, porque “alguns dos nossos, sem nossa autorização, vos foram inquietar, perturbando as vossas almas com as suas palavras”. As decisões dos Apóstolos e dos anciãos não são palavras de circunstância, ou a favor ou contra. Dizem claramente o seguinte: “O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além das que são indispensáveis. Procedereis bem, evitando tudo isso”. É uma decisão, fundamentada na vontade de Deus. Não é nenhum decreto mas uma decisão tomada com o coração, iluminado pelo Espírito Santo e pela misericórdia de Deus.

Que o Senhor resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Ele conceder-nos-á a paz, a serenidade e a confiança para enfrentar e governar a vida. Tudo venceremos, orientados pelo Espírito Santo e na certeza de que somos amados por Deus. Se guardarmos as suas palavras, Ele não nos abandonará, mas fará em cada um de nós a sua morada.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Pascal - 6º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 5ºDomingo de Páscoa (Ano C)

A ressurreição de Jesus gera um projecto novo para a humanidade. Os apóstolos sentem-se com forças para ir pregar a Boa Nova. A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos diz-nos que a Igreja nascente, ou seja os primeiros cristãos, é uma Igreja que caminha, as comunidades surgem e crescem por todo o lado. Os primeiros cristãos ajudavam-se uns aos outros, estavam unidos na fé, quando enfrentavam perseguições e sofrimentos. Escutando as palavras que relatam a realidade do início apaixonante da Igreja, ficamos a pensar no seguinte: hoje, somos assim? As nossas comunidades cristãs são assim? Estamos entusiasmados e apaixonados para a missão de anunciar o Evangelho à nossa volta e em todo o lado? Podemos ter a tentação de pensar que para os primeiros cristãos tudo seria mais fácil. Mas não podemos esquecer que eles eram perseguidos e que tinham de acreditar fortemente que Deus “enxugará todas as lágrimas dos seus olhos”; com Deus “nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor”.

Agora, depois da ressurreição de Jesus, aquilo que antes os discípulos consideravam impossível de fazer, sentem que podem conseguir. E não é uma questão de capacidades mas de convicção interior, porque Jesus vai à sua frente. Agora, há a esperança no coração dos discípulos de um futuro melhor. Esta esperança é descrita poeticamente na segunda leitura do Apocalipse, afirmando: “Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido. Aquele que estava sentado no trono disse: Vou renovar todas as coisas”. Trata-se de uma esperança que vem de muito longe. Todos os profetas e sábios, todos os missionários procuraram este novo céu e esta nova terra. Tantas vezes, hoje nós condenamos muitas coisas do passado e não estamos contentes com o presente, onde reina o egoísmo e a corrupção. Mas procuramos e desejamos um mundo novo, mais justo e mais fraterno. Parece uma utopia. Para os cristãos a grande utopia para a humanidade é a Páscoa de Jesus, porque anuncia uma nova maneira de viver, de nos relacionarmos, de partilhar os bens da terra. Não se trata de um paraíso somente desejado, mas de um compromisso concreto de ir renovando as pessoas e as estruturas da sociedade, ou seja, mudar o nosso comportamento pessoal, mudar as instituições e os organismos que terão de estar sempre ao serviço das pessoas e deixar de as explorar e desprezar.

19-05-2019

Um mundo novo não é um sonho impossível, é uma realidade que começou com a Páscoa de Jesus. Temos de nos convencer mais do que nunca que o velho mundo da violência e da injustiça é, deve ser, história passada e que podemos conseguir um mundo novo onde poderemos viver sem medos, em solidariedade e no amor. Neste mundo sonhado e desejado, Deus será uma realidade viva, íntima, em cada pessoa e em cada nação. Como podemos concretizar este projecto de Deus para toda a humanidade? De que forma, com que força e entusiasmo? Um mundo novo necessita de leis novas. Só há um caminho, uma maneira nova de viver. Qual? Jesus diz-nos no texto do evangelho deste domingo como testamento definitivo e definidor da sua vida e da sua pessoa: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. Este mundo novo é o Reino de Deus que já está no meio de nós, naqueles que lutam pela dignidade das pessoas, em cada comunidade que acolhe, em cada pessoa que descobre que o perdão dá-lhe um olhar e um coração limpos.

Como construir este mundo novo? Enxugando lágrimas, ajudando os que sofrem, colaborando na construção da paz. Amando como Jesus amou. Ele amou não de forma possessiva (para controlar quem quer que fosse), não de uma forma egoísta (para se sentir bem), não amou para ser amado (numa espécie de comércio). Jesus amou para fazer o bem ao outro. Só assim, imitando Jesus, seremos felizes. Amar assim dá felicidade e gosto de viver.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Pascal - 5º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 3º Domingo de Páscoa (Ano C)

A ressurreição de Jesus é a fonte de entusiasmo, força e valentia para dar testemunho, se for preciso com o sangue, diante de todos, da mensagem que nos aparece na primeira leitura deste domingo: “O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro…e nós somos testemunhas disto”. No início, os discípulos tiveram muito medo e trancaram-se em casa. Depois, tiveram o atrevimento de sair e regressar à sua actividade da pesca no Mar de Tiberíades, aquele trabalho que tinham deixado para seguir o Mestre. Quando tudo começou abandonaram as redes de pescadores e agora voltaram a elas, mas ainda muito inseguros. Era a nova etapa da vida. Voltar a começar. Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Continuavam juntos e unidos, mas o esforço não tinha dado o fruto esperado. Estavam desanimados. Jesus vai ao seu encontro. Não o reconheceram, ou seja, não conheceram Aquele que lhes tinha oferecido um projecto extraordinário para as suas vidas.

Jesus faz-lhes uma proposta: “Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis peixe”. Eles lançaram a rede e apanharam uma grande quantidade de peixe. E o discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: “É o Senhor”. Como Maria Madalena, João reconhece Jesus. Como é importante reconhecer Jesus nas diversas circunstâncias da nossa vida! Quando chegaram a terra, viram brasas acesas com peixes. Jesus pede que tragam peixes apanhados naquele momento e diz-lhes: “Vinde comer”. Assim, dão conta que Jesus está no meio deles, em tudo o que fazem e abençoa o seu trabalho. Como isto nos faz sentir que somos instrumentos nas mãos de Deus, que somos profetas de um futuro que pertence a Deus.

05-05-2019

Hoje, como devemos ser profetas? Que mensagem temos para transmitir? Tantas vezes deixamo-nos vencer pelo desânimo, pelo excesso de trabalho, pelas preocupações da vida! Os discípulos entusiasmaram-se novamente, porque sentiram a presença de Cristo vivo e comeram com Ele: “tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes”. A partir das manifestações de Jesus ressuscitado, eles sabem qual é a sua missão, expressa nas palavras de Pedro: “O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conceder o arrependimento e o perdão dos pecados”. Agora, é bem claro para todos que o mundo não está perdido, porque Deus tem um projecto para toda a humanidade: a construção de um mundo mais fraterno, onde as pessoas sejam respeitadas, onde reine a paz, a humildade e o amor. Isto parece uma ilusão, uma utopia, mas é possível. Basta querer e viver, seguindo Cristo ressuscitado.

Mas como tornar visível este projecto de amor de Jesus? Respondendo à pergunta que Jesus fez a Pedro: “Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?”. Hoje, Jesus pergunta a cada um de nós: “Tu amas-me?”. Estás disposto a servir Jesus, a lançar as redes com Jesus, a tornar esta sociedade e este mundo um pouco melhor? A missão é grande, sentimos as nossas fragilidades e as nossas inseguranças. Mas tenhamos a mesma coragem para responder a Jesus como Pedro: “Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo”. Amar e seguir o Senhor vale muito mais que obedecer cegamente aos homens. Assim, também ergueremos a nossa voz para, como vimos na segunda leitura, proclamar: “Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen”.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano C - Tempo Pascal - 3º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e liturgia do 5º Domingo da Quaresma (Ano C)

Depois da reflexão da parábola do Pai Misericordioso, neste Domingo, nas leituras bíblicas, encontramos a forma de viver a misericórdia e um grande exemplo de Jesus Cristo a exercer a misericórdia: o perdão à mulher pecadora. Tendo em conta a primeira leitura do profeta Isaías, podemos afirmar que a misericórdia de Deus convida-nos a não recordar o passado, porque as águas da sua graça divina limparam a nossa consciência no dia do nosso baptismo, abriram caminho no deserto da nossa vida e fizeram correr rios na terra árida do nosso coração. Na segunda leitura, São Paulo afirma que a misericórdia divina lança-nos para a frente na vida, sem olhar para trás, rumo à meta da santidade. Jesus Cristo é a expressão máxima da misericórdia de Deus, perdoando quando confessamos os nossos pecados, dizendo: “Vai e não tornes a pecar”. Como se isto não bastasse, Ele avisa-nos para não atirarmos pedras de condenação aos outros, porque não somos juízes de ninguém.

O texto do evangelho diz-nos que os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em flagrante adultério. Esta mulher estava solteira e era noiva. Por isso, os seus acusadores, profissionais da lei, pedem contra ela a pena de morte por apedrejamento. A mulher sabe a morte que lhe espera e não se queixa, sabe que pecou. Mas, onde está o homem com quem foi apanhada em flagrante adultério? Nada se sabe dele, talvez escondido em algum lado ou no meio daqueles que a queriam apedrejar. Ninguém atira uma pedra, porque todos são pecadores! Os mais jovens não começaram atirar pedras, porque ainda eram ingénuos, os mais velhos nada fizeram, porque já sabiam todas as estratégias de atirar pedras aos outros e esconder a mão.

07-04-2019

Os escribas e os fariseus não apedrejaram logo a mulher pecadora, porque queriam armar uma cilada a Jesus e, assim, terem pretexto para O acusar. Será que Jesus iria lançar a primeira pedra sobre esta mulher? Se Jesus fosse contra a Lei, seria já motivo de acusação e da sua condenação. Se Jesus ficasse indiferente perante este caso, perderia toda a sua autoridade, porque iria contradizer toda a sua pregação, fundamentada no amor e na misericórdia. Durante a sua vida, Jesus confundiu muitas vezes os seus inimigos com a sua sabedoria, deixando-os sem resposta e obrigando-os a mudar de atitude. Neste episódio da mulher adúltera, Jesus procedeu do seguinte modo: em primeiro lugar, “inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão”; em segundo lugar, como persistiam em interrogá-lo, Jesus dá uma resposta brilhante, através da qual consegue três coisas: não contradiz a lei e assim não o podem acusar; perdoa a mulher pecadora e assim faz o que o seu coração deseja; e confunde os escribas e os fariseus, afirmando: “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Jesus condena o adultério, mas não condena a mulher adúltera: “Ninguém te condenou? Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”. Coisa impressionante! Condena-se o pecado, mas não o pecador! Em toda a história da humanidade, só existiu um homem inocente que, na hora de atirar a primeira pedra, inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão, espantou os acusadores e perdoou a mulher pecadora.

Com este gesto de Jesus, o que podemos aprender para a nossa vida? Quantos de nós talvez andemos a guardar pedras para atirá-las contra os nossos irmãos pecadores? Quantos de nós já atirámos pedras com a nossa língua afiada, com a nossa inveja, com o nosso desprezo e silêncio? Não desanimemos porque pecamos, porque Deus é misericórdia. Tenhamos a coragem de lhe pedir perdão e mudar a vida. Sejamos firmes contra o pecado, mas cheios de misericórdia com o pecador. Que o Senhor tenha piedade de mim que sou um pecador e que me dê um coração manso e humilde, semelhante ao Seu.

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

 

PREPARAR AS CELEBRAÇÕES PASCAIS

A Congregação para o Culto divino publicou, em Janeiro de 1988, uma “Carta circular” que retoma, explicita e particulariza as normas litúrgicas relativas à preparação e celebração das Festas Pascais e sugere oportunos temas da catequese do máximo interesse para a vivência da Páscoa. Destacamos algumas propostas:

1. “Tal como a semana tem o seu início e o seu ponto culminante na celebração do Domingo, sempre caracterizado pela sua índole pascal, assim também o centro culminante de todo o ano litúrgico refulge na celebração do sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor, preparada pela Quaresma e prolongada na alegria dos cinquenta dias seguintes“. (Carta circular, Preparação e celebração das Festas pascais [PCFP], nº 2). Toda a pastoral e, assim, a pastoral litúrgica, devem brotar da e convergir para a celebração anual da Páscoa.

2. “A caminhada anual de penitência da Quaresma é o tempo de graça durante o qual se sobe à santa montanha da Páscoa. O tempo da Quaresma, com a sua dupla característica, prepara quer os fiéis quer os catecúmenos em ordem à celebração do mistério pascal… Os fiéis, dedicando-se com mais assiduidade a escutar a Palavra de Deus e a uma oração mais intensa, e mediante a penitência, preparam-se para renovar as suas promessas baptismais. (PCFP, nº 6)

3. “Toda a iniciação cristã comporta um carácter eminentemente pascal enquanto é a primeira participação sacramental na Morte e na ressurreição de Cristo. Por esta razão convém que a Quaresma adquira o seu carácter pleno de tempo de purificação e de iluminação…; a própria Vigília Pascal há-de ser tida como o momento mais adequado para celebrar os Sacramentos da iniciação” (PCFP, nº 7).

4. “…Os pastores recordem aos fiéis a importância que tem para fomentar a sua vida espiritual a profissão da fé baptismal que, “terminado o exercício da Quaresma”, são convidados a renovar publicamente na Vigília Pascal” (PCFP, nº 8). Este é o programa próprio da Quaresma.

5. Durante a Quaresma há que organizar uma catequese para os adultos… Ao mesmo tempo, estabeleçam-se celebrações penitenciais… (PCFP, nº 9).

6. “O tempo da Quaresma é também tempo apropriado para levar a cabo os ritos penitenciais, a modo de escrutínios… também para as crianças, já baptizadas, antes de se abeirarem pela primeira vez do Sacramento da Penitência” (PCFP, nº 10).

7. “Deve ministrar-se, sobretudo nas homilias do Domingo, a catequese do mistério pascal e dos sacramentos…” (PCFP, nº 12).
8. “Os pastores exponham a Palavra de Deus mais a miúdo e com maior empenho, nas homilias dos dias feriais, nascelebrações da Palavra de Deus, nas celebrações penitenciais, nas pregações especiais próprias deste tempo, nas visitas que façam às famílias ou a grupos de famílias para a sua bênção. Os fiéis participem mais frequentemente nas Missas feriais e, se isso não lhes for possível, serão convidados para ao menos ler, em família ou privadamente, as leituras do dia” (PCFP, nº 13).9. “A Igreja celebra todos os anos os grandes mistérios da redenção humana, desde a missa vespertina da Quinta-feira “In Cena Domini” até às vésperas do domingo da ressurreição. Este espaço de tempo é justamente chamado o “tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado” e também tríduo pascal, porque com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da Páscoa, isto é, a passagem do Senhor deste mundo ao Pai. Com a celebração deste mistério a Igreja, por meio dos sinais litúrgicos e sacramentais, associa-se em íntima comunhão com Cristo seu Esposo” (PCFP, nº 38).
10. “É muito conveniente que as pequenas comunidades religiosas, quer clericais, quer não, e as outras comunidades laicais participem nas celebrações do t r í d u o pascal nas igrejas maiores. De igual modo, quando em algum lugar é insuficiente o número dos participantes, dos ajudantes e dos cantores, as celebrações do tríduo pascal sejam omitidas e os fiéis reúnam-se noutra igreja maior. Também onde mais paróquias pequenas são confiadas a um só sacerdote, é oportuno que, na medida do possível, os seus fiéis se reúnam na igreja principal para participar nas celebrações. Para o bem dos fiéis, onde ao pároco é confiada a cura pastoral de duas ou mais paróquias, nas quais os fiéis participam em grande número e podem ser realizadas as celebrações com o devido cuidado e solenidade, os mesmos párocos podem repetir as celebrações do tríduo pascal, respeitando-se todas as normas estabelecidas” (PCFP, nº 43). “Nestas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se unifica a Igreja una, santa, católica e apostólica” (LG 26)
11. “É desejável que, segundo as circunstâncias, seja prevista a reunião de diversas comunidades numa mesma igreja, quando, por razão da proximidade das igrejas ou do reduzido número de participantes, não se possa ter uma celebração completa e festiva. Favoreça-se a participação de grupos particulares na celebração da vigília pascal, na qual todos os fiéis, formando uma única assembleia, possam experimentar de modo mais profundo o sentido de pertença à mesma comunidade eclesial. Os fiéis que, por motivo das férias, estão ausentes da própria paróquia sejam convidados a participar na celebração litúrgica no lugar onde se encontram” (PCFP, nº 94).

Ano C - Tempo da Quaresma - 5º Domingo - Boletim Dominical

Avisos e Liturgia do 1º Domingo da Quaresma (Ano C)

Na passada quarta-feira, iniciámos o tempo da Quaresma com o rito da imposição das cinzas. Este é um tempo favorável para fazer uma revisão da nossa vida: como estou a dar testemunho de cristão nas minhas palavras, nas minhas acções, em casa, no trabalho, com os amigos e nas minhas responsabilidades profissionais e sociais? Estas semanas da Quaresma são também uma oportunidade para conhecer melhor o mistério de Cristo, para aprender a Verdade de Cristo, para reencaminhar a vida segundo o Evangelho e viver com alegria a dignidade de filhos de Deus.

Todos os anos, a Quaresma conduz-nos à Páscoa, ou seja, à paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo e ao seu regresso ao Pai. Regressa ao Pai levando no seu corpo os sinais da Paixão. Vivamos com intensidade este tempo quaresmal para celebrarmos alegremente a Páscoa deste ano. Que a Páscoa de Cristo seja também a nossa Páscoa. Para que tal aconteça, é necessário viver a nossa vida segundo a vontade de Jesus, o Filho de Deus, que se entregou por nós na cruz, na alegria e no entusiasmo da sua Ressurreição.

10-03-2019

Pelas leituras bíblicas, a Quaresma deste ano está marcada pela misericórdia. Bem sabemos que Deus é misericórdia; foi assim que Se foi revelando no decorrer da história da humanidade. Mas para sentir este Deus misericordioso, é necessário assumir que somos pecadores, pedir-lhe perdão e procurar mudar a nossa vida. Deus concede a sua misericórdia generosamente a todo aquele que está arrependido. Depende de nós abrir o nosso coração à misericórdia de Deus, ou seja, com um coração contrito, humilde, disposto para começar de novo e voltar ao caminho recto, deixando a vida e os caminhos do pecado.

Neste primeiro domingo da Quaresma, somos convidados a fazer deserto, a rever e a centrar a nossa vida naquilo que é essencial e mais importante, ou seja, na fé que devemos professar com a boca e com a vida. Na primeira leitura, Moisés pedia ao povo de Israel para fazer a profissão de fé ao oferecer as primícias diante do altar do Senhor. E hoje somos convidados a fazer o mesmo. A profissão de fé não é uma lista de “verdades para acreditar” ou de “preceitos para cumprir”. Para o povo de Israel era o recordar das maravilhas que Deus fez quando o libertou da escravidão do Egipto. Para nós, é voltar a experimentar nesta Páscoa a liberdade trazida pela morte e ressurreição de Cristo, que nos libertou da escravidão do pecado e da morte e nos faz participantes de uma nova vida: uma vida de santidade e de graça, uma vida de liberdade e de plenitude. Não podemos ter saudades das “cebolas do Egipto”, mas voltar a agradecer a liberdade dos filhos de Deus que nos foi dada no dia do nosso Baptismo.

A narração das tentações de Jesus é para nós um aviso. Durante o deserto da nossa vida, a nossa fé será tentada pelas forças do mal, pelo demónio. Seremos tentados nos três pontos mais fracos que todos carregamos como herança do pecado original: ter, poder e desejo de triunfo. O que fazer? Cristo ensina-nos a vencer as tentações, através dos seguintes meios: a oração, a Palavra de Deus, o jejum, a vigilância, o desprendimento e a humildade. Como é importante rezar sempre com a Bíblia entre as mãos! O jejum é a forma de nos afastarmos de tudo aquilo que não agrada a Deus: ambição, ganância, vícios, egoísmo, inveja. A vigilância ajuda-nos a estar atentos e a dar conta por onde o mal nos quer atacar. O desprendimento das coisas faz-nos bem para nos enchermos de Deus, porque quanto mais vazio está o coração de uma pessoa, mais precisa de coisas para comprar, possuir e consumir. A humildade será sempre a arma eficaz contra o nosso orgulho e egoísmo.

Todos somos tentados! Jesus foi tentado mas não pecou. As tentações não são pecado! Todos temos a tentação do egoísmo, da riqueza, do poder, da fama, do prazer, da indiferença, do desespero, da falta de confiança em Deus! Tantas vezes falhamos na solidariedade, na justiça, no serviço aos outros! Em todas as tentações há o perigo de nelas cairmos, mas também são boas ocasiões de amadurecimento, de redescobrir o verdadeiro sentido da vida, são oportunidades para crescermos na fé e na entrega das nossas vidas a Deus.

Ano C - Tempo da Quaresma - 1º Domingo - Boletim Dominical

 

Avisos da Semana e Liturgia 3ºdomingo do Advento Ano C

O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: “e
nós, que devemos fazer?” Preparar o “caminho” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.
A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse
“caminho de conversão”, espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos.

16-12-2018

Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho connosco. A segunda leitura insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.
O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é
necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a
dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é “batizado no Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.
“E nós, que devemos fazer?” A expressão revela a atitude correcta de quem está aberto à interpelação do Evangelho. Sugere-se aqui a disponibilidade para questionar a própria vida, primeiro passo para uma efetiva tomada de consciência do que é necessário transformar.
Os bens que temos à nossa disposição são sempre um dom de Deus e, portanto, pertencem a todos: ninguém tem o direito de se apropriar deles em seu benefício exclusivo. As desigualdades chocantes, a indiferença que nos leva a fechar o coração aos gritos de quem vive abaixo do limiar da dignidade
humana, o egoísmo que nos impede de partilhar com quem nada tem, são obstáculos intransponíveis que impedem o Senhor de nascer no meio de nós. As nossas comunidades e nós próprios damos testemunho desta partilha que é sinal
do Reino proposto por Jesus?
Os publicanos eram aqueles que extorquiam dinheiro de modo
duvidoso, despojando os mais pobres e enriquecendo de forma ilícita. Que dizer dos modernos esquemas imorais (às vezes lícitos, mas imorais) de enriquecimento rápido? Que dizer da corrupção, do branqueamento de dinheiro sujo, da fuga aos impostos, das taxas exageradas cobradas por certos serviços,
das falcatruas? Será possível prejudicar conscientemente um irmão ou a comunidade inteira e acolher “o Senhor que vem”?
“Não exerçais violência sobre ninguém”… E os atos de violência, que tantas vezes atingem inocentes e derramam sangue ou, ao menos, provocam sofrimento e injustiça? E os atos gratuitos de terrorismo, ainda que sejam mascarados de luta pela libertação? E a exploração de quem trabalha, a recusa de um salário justo, ou a exploração de imigrantes estrangeiros? E as prepotências que se cometem nos tribunais, nas repartições públicas, na própria
casa e, tantas vezes, nas recepções das nossas igrejas? Neste quadro, é possível acolher Jesus?
Ser cristão é ser batizado no Espírito, quer dizer, é ser portador dessa vida de Deus que nos permite testemunhar Jesus e a sua proposta. O que é que conduz a nossa caminhada e motiva as nossas opções – o Espírito, ou o nosso
egoísmo e comodismo?

Liturgia e avisos do 31ºdomingo tempo comum

Mais de dois mil anos de cristianismo criaram uma pesada
herança de mandamentos, de leis, de preceitos, de proibições, de
exigências, de opiniões, de pecados e de virtudes, que arrastamos
pesadamente pela história. Algures durante o caminho, deixámos que o inevitável pó dos séculos cobrisse o essencial e o acessório; depois, misturámos tudo, arrumámos tudo sem grande rigor de organização e de catalogação e perdemos a noção do que é verdadeiramente importante. Hoje, gastamos tempo e energias a
discutir certas questões que têm a sua importância (como o casamento dos padres, o sacerdócio das mulheres, o uso dos meios anticonceptivos, o que é ou não litúrgico,

04-11-2018
Ano B - Tempo Comum - 31º Domingo - Boletim Dominical

os problemas do poder e da autoridade, os pormenores legais da organização eclesiástica e continuamos a ter dificuldade em discernir o essencial na proposta de Jesus.

O Evangelho deste domingo põe as coisas de forma totalmente clara: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos. Nisto se resume toda a revelação de
Deus e a sua proposta de vida plena e definitiva para os homens. Precisamos de rever tudo, de forma a que o lixo acumulado não nos impeça de compreender, de viver, de anunciar e de testemunhar o cerne da proposta de Jesus.
O que é “amar a Deus”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total dos seus projectos para mim próprio, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo. Esforço-me, verdadeiramente, por tentar escutar as propostas de Deus, mantendo um diálogo
pessoal com Ele, procurando reflectir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretar os sinais com que Ele me interpela na vida de cada dia? Tenho o coração aberto às suas propostas, ou fecho-me no meu egoísmo, nos meus preconceitos e na minha auto-suficiência, procurando construir uma vida à margem de Deus ou contra
Deus?
O que é “amar os irmãos”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor aos irmãos passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos caminhos da vida (seja ele branco ou negro, rico ou pobre, nacional ou estrangeiro, amigo ou inimigo), por sentir-me solidário com as alegrias
e sofrimentos de cada pessoa, por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo, por fazer da minha vida um dom total a todos. O mundo em que vivemos precisa de redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida.
Na realidade, a minha vida é posta ao serviço dos meus irmãos, sem distinção de raça, de cor, de estatuto social? Os pobres, os necessitados, os marginalizados, os
que alguma vez me magoaram e ofenderam, encontram em mim um irmão que os ama, sem condições?
É fundamental que tenhamos consciência de que estas duas dimensões do amor a Deus e o amor aos irmãos não se excluem nem estão em confronto uma com a outra. Amar a Deus é cumprir a sua vontade e os seus projectos; ora, a vontade de Deus é que façamos da nossa vida um dom de amor, de serviço, de entrega aos
irmãos – a todos os irmãos com quem nos cruzamos nos caminhos da vida. Não se trata entre optar por rezar ou por trabalhar em favor dos outros, entre estar na igreja ou estar a ajudar os pobres; trata-se é de manter, dia a dia, um diálogo contínuo com Deus, a fim de percebermos os desafios que Deus tem para nós e de lhes
respondermos convenientemente, no dom de nós próprios aos irmãos. Como é que vivemos a nossa caminhada religiosa? Qual é, para nós, o elemento fundamental da nossa experiência de fé? Por vezes não estaremos a dar demasiada importância a
elementos que não têm grande significado (as prescrições do culto e do calendário, os ritos exteriores, as regras do liturgicamente correcto, as doações de dinheiro para as festas do santo padroeiro, as leis canónicas, as questões disciplinares…
esquecendo o essencial, negligenciando o mandamento maior?

Liturgia dominical e avisos das UPAB/UPFA

22º DOMINGO COMUM (ANO B)

Eis a questão: somos religiosos, homens e mulheres de fé, ou ritualistas? A nossa relação com Deus não consiste em coisas e gestos exteriores, como acreditavam os fariseus, os quais Cristo trata com tanta dureza no texto do evangelho. Através de práticas exteriores, os fariseus esqueceram-se da fidelidade ao Senhor e ficaram pelo ritualismo, ou seja, pelo cumprimento de acções e tradições.

02-09-2018

A verdadeira religião não é só dos lábios para fora. Jesus recorda a afirmação do profeta Isaías: “Este povo honra-Me com lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos”. Muitas vezes, substituímos a verdadeira religião por ritos, costumes, piedades e tradições: vamos à missa, baptizamos as nossas crianças, fazemos a festa da primeira comunhão dos filhos, casamos pela Igreja, pedimos um funeral cristão para os nossos familiares e ficamos por aqui. Somente isto não basta. Cristo não desprezou as normas de vida dos judeus. Ele disse que não tinha vindo para abolir a lei, mas para dar cumprimento e levá-la à perfeição. Jesus pede-nos que não nos conformemos com a aparência exterior. Ele condena o legalismo formalista, sem alma, sem sensibilidade, sem caridade, que escraviza mais do que liberta. O mais importante é a fé em Jesus, morto e ressuscitado, glorificado pelo Pai. A fé é a atitude transcendental do coração do homem, para quem Jesus é tudo, como a sua escala de valores e princípios e as suas esperanças eternas. A atitude transcendental é a obediência a Deus, ou seja, seguir os princípios de uma reta consciência e bem formada e o serviço desinteressado ao próximo. Assim, a fé é a atitude transcendental do coração como estilo de vida: sem esta fé, não faremos uma experiência de encontro com Deus na celebração dos sacramentos e de alguns exercícios de piedade. Resumindo, é vontade de Deus que cada um de nós seja homem e mulher que acredita e não somente que pratica. É necessário colocar alma, espírito, coração e vida na celebração e na vivência da nossa fé. Alguns exemplos para pensar: algumas festas de primeira comunhão são tão faustosas, sendo um escândalo económico, social e religioso; algumas celebrações de matrimónio são tão “sem sabor”; algumas procissões e peregrinações parecem mais uma feira. Será isto agradável a Deus? Perante estas situações, o que diria Jesus? Agora entendemos o facto de Jesus ter sido tão duro com os fariseus ritualistas que se preocupavam somente com as práticas exteriores e esqueciam-se da fé em Deus. Por isso, Jesus, entre o homem e o sábado, preferiu o homem. É de fixar as palavras de Jesus: “não há nada fora do homem que o torna impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do homem e são eles que o tornam impuro”. É importante reflectir: como sou eu? Religioso ou ritualista? Crente ou só cumpridor? Cumpro a vontade de Deus e estou ao serviço do próximo? Fujamos do farisaísmo e do ritualismo sem fé e sem alma. Foram os “praticantes” que levaram Cristo à cruz e o crucificaram. A principal regra moral do cristão é discernir o que lhe diz a sua consciência e, em seguida, agir em conformidade, ser coerente, traduzir em actos o que lhe vai na alma e no coração.

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Liturgia e avisos 18ºdomingo TC

Depois do milagre da multiplicação dos pães, aquelas pessoas, em vez de regressarem às suas casas, foram à procura de Jesus, porque lhes tinha saciado com pão. Ficaram somente pela alegria de ter comido o pão, ou seja, não perceberam o milagre. Era importante que o olhar da multidão fosse para além do comer o pão, ou seja, procurassem aquele alimento que dá a vida para sempre. Somente Jesus pode dar este alimento e a única maneira de o receber é acreditar Nele.05-08-2018
Quando lhe perguntaram sobre as obras que serão necessárias fazer para ter este alimento, Jesus responde que a única obra necessária é acreditar Nele. Por isso, Jesus apresenta-se assim: “Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede”.
O ser humano não é só corpo. Tem sentimentos e necessita de afectos e carinho. Quem se preocupa somente em saciar o corpo é viver só a nível físico. O pão material é importante, mas também é o pão espiritual.
Na primeira leitura, do Livro do Êxodo, é-nos dito que Israel começou a murmurar contra Moisés e Aarão: “Antes tivéssemos morrido no Egipto, quando estávamos sentado ao pé das panelas de carne e comíamos pão até nos saciarmos. Trouxestes-nos a este deserto, para deixar morrer à fome toda esta multidão”. Por intercessão de Moisés, Deus enviou o maná, o pão descido do céu. O maná é o anúncio de Jesus Cristo, o pão da Eucaristia. O maná não dava vida; todos os que dele se alimentavam iriam, mais cedo ou mais tarde, voltar a ter fome. Jesus Cristo, o verdadeiro Pão, dá a vida para sempre e mata tantas outras fomes: a fome de amor, de felicidade, de verdade, de segurança, de vida. O pão material só restaura as forças, não evita a morte. Mas o pão espiritual dá vida, porque destrói a morte. Por isso, Jesus Cristo é o pão da vida, do qual o maná era somente a figura. Deus continua a dar o seu pão aos que têm fome. Esse pão é o seu Filho que nos é servido em dois pratos: o pão da Palavra e o pão da Eucaristia. Infelizmente, alguns ficam felizes e saciados somente com a “panela de carne” do Egipto! O que é preocupante é não ter fome das coisas mais importantes, ou seja, é ficar satisfeito com a “panela de carne” que nos oferece o mundo: os vícios, as paixões, o egoísmo, a ganância, a indiferença.
Todos sabemos donde surge e como é feito o pão. A semente é lançada à terra, germina, dá a espiga que é cortada. Depois o grão é triturado no moinho. Assim aconteceu com Cristo, o Pão vivo. Durante 30 anos foi crescendo em Nazaré. Tornou-se espiga na sua vida pública, fazendo o bem, ensinando e curando. Depois, passou pelo “moinho” da sua paixão, onde se deixou triturar pelos golpes, pelas chicotadas, pela lança para se fazer Pão da nossa Eucaristia. É verdade que Cristo já se ofereceu por todos nós na cruz uma vez para sempre naquela primeira sexta-feira santa. Mas a Eucaristia torna presente aquilo que aconteceu uma só vez na história da humanidade: fazemos memória da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Eucaristia é o sacramento do sacrifício da Cruz, onde comemos o Pão que é a Palavra e o Corpo de Jesus. Por isso Jesus afirma: “Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede”.
Façamos nossa a oração daquela multidão: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Aquelas pessoas procuravam a solução para os seus problemas. Tantas vezes acontece o mesmo connosco, usando o Senhor! O pão material (a saúde, o trabalho, o alimento…) é importante, mas há algo mais importante: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Procuremos cumprir a vontade de Deus na nossa vida. Não fiquemos satisfeitos somente por “assistir” passivamente à missa. Jesus envia-nos a ser pão fresco e quentinho para os nossos irmãos, ajudando-os, confortando-os e escutando-os. Cumpriremos esta missão divina, quando abandonarmos as “panelas de carne” deste mundo (os vícios, o egoísmo, os nossos interesses) para nos alimentarmos com Jesus Cristo, o Pão da Vida, o verdadeiro Pão descido do Céu.

Avisos e Liturgia do 14ºdomingo tempo comum

De certeza que em muitos momentos da nossa vida já experimentámos o fracasso e a humilhação. É uma experiência que não gostamos, porque desejamos ter sempre êxito e que tudo corra bem. Mas nem sempre é assim. Porém, é no fracasso e na humilhação que somos postos à prova. O texto do evangelho deste domingo narra-nos a visita de Jesus à sua terra, a Nazaré, para pregar. Mas Ele e a sua mensagem não são bem recebidos na sua terra. Todos conheciam Jesus desde pequenino e conheciam a sua família: “Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria? De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos pelas suas mãos?”. E ficaram perplexos a seu respeito. Jesus ficou admirado com a falta de fé daquela gente. Que humilhação! Jesus foi apanhado de surpresa, porque não esperava isto e nem merecia. Os habitantes de Nazaré deviam estar felizes e orgulhosos por um grande profeta ter saído da sua terra. Mas não foi assim. Não viram nada da grandeza de Jesus, porque estavam cegos com o seu orgulho, inveja e preocupações diárias. É um momento de grande sofrimento na vida de Jesus, a tal ponto de afirmar: “Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa”. Apesar disto, Jesus não desanimou e continuou a percorrer as aldeias dos arredores, pregando a Boa Nova do Reino de Deus. Se alguém pensa que na vida tudo são aplausos e saúde, será melhor ler de novo o evangelho deste domingo, para não se enganar.

08-07-2018

No episódio da vida de Jesus, narrado no evangelho, cumprem-se as palavras de S. João: “Veio para os seus e os seus não O receberam”. Uma situação idêntica aconteceu ao profeta Ezequiel, como nos narra a primeira leitura. O povo de Israel não dá importância a Ezequiel e é indiferente às suas palavras que transmitem a mensagem de Deus. Mas Deus pede-lhe que continue a profetizar em seu nome, afirmando: “eles e os seus pais ofenderam-me…é a esses filhos de cabeça dura que te envio. Podem escutar-te ou não, porque são uma casa de rebeldes, mas saberão que há um profeta no meio deles”.

Hoje, como enfrentamos situações idênticas à de Ezequiel e de Jesus? A mensagem de Deus que anunciamos, tantas vezes, não é escutada. Em nenhum momento deveremos atirar a toalha ao chão, mas continuar a trabalhar na construção do Reino de Deus não só com as nossas palavras, mas sobretudo com as nossas acções, não pregando as nossas ideias, mas Deus e a sua mensagem de amor.

Na vida, experimentamos momentos de alegria e de felicidade, mas também provas duras, e fracassos. São Paulo também experimentou açoites, prisão, ameaças e perseguições. Hoje, tantas pessoas são humilhadas! Pais são humilhados por filhos ingratos! Trabalhadores humilhados pelos seus patrões! E nas paróquias, tantas humilhações, teimosia e pretensões de superioridade e de protagonismo em pessoas que exercem ministérios e pertencem a movimentos! Mais do que nunca, é nos momentos difíceis que nos devemos abandonar totalmente nas mãos de Deus e continuar a trabalhar para o seu Reino, sem desanimar, confiantes da força e da graça que Ele nos dá. Ezequiel teve a coragem para continuar a sua missão; S. Paulo, perante a sua doença, que nos fala na segunda leitura, continuou a anunciar a Boa Nova da Salvação e Jesus continuou a anunciar o Reino de Deus até ao ponto de dar a sua vida na cruz.

Que o Senhor nos conceda sempre a força para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo aos nossos irmãos, sobretudo àqueles que não conhecem Deus. Se não nos derem atenção, a responsabilidade é deles. Nunca deixemos de ajudar os outros, sem esperar frutos a curto prazo. Perante as dificuldades e os fracassos, saibamos, como canta o salmista, ter os olhos levantados para o Senhor, até que se compadeça de nós.