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Apicultura- Conversa com produtor Pedro Arrais

A apicultura tem vindo a aumentar um pouco por toda a parte e Fornos de Algodres não é exceção, face a isso fomos conversar com  Pedro Arrais, da localidade da Matança, que nos deixou um pouco como realiza o seu trabalho e como ganhou paixão pela arte.

Magazine Serrano(MS)-Como surgiu o gosto pela apicultura?

Pedro Arrais(P.A.) – Quando era pequeno ia com o meu pai à quinta do meu avô paterno, que tinha algumas colmeias e também produzia mel, e sempre senti uma admiração e interesse pelas abelhas que ele tinha e pelo trabalho que o via fazer com elas. Um dia, já mais tarde, o meu avô ofereceu-me uma colmeia já mais velhota, onde apanhei o meu primeiro enxame e desde aí nunca mais parei.

MS-Quantas colmeias tem nesta altura? Como se faz o processo, as fases até recolher o mel?

P.A.-Neste momento tenho cerca de 150 colmeias, o que já me ocupa muito tempo do meu dia. A campanha do mel, ou seja, o ano apícula, começa quando acaba outra, isto é um ciclo contínuo, sem paragens. Inicialmente temos de fazer tratamentos por causa da Varroa, um ácaro que prejudica as abelhas. Logo no início do outono temos de cuidar das colmeias e das abelhas, alimentando-as, verificar os níveis de infestação da Varroa e perceber se as colmeias estão fortes de população e alimentação para passar o inverno. No final do inverno fazemos novo tratamento da Varroa e fazemos alimentação líquida às abelhas para estimular a Rainha a colocar mais ovos, para as colmeias estarem mais fortes e terem um bom arranque na primavera, época em que fazemos os desdobramentos, introduzimos as meias alças onde as abelhas colocam o mel, fortalecemos colmeias mais fracas com quadros de criação das mais fortes, trocamos quadros velhos e bloqueados por quadros novos e tentamos impedir enxameação. No verão, normalmente entre o mês de julho e agosto, é colhido o mel e inicia-se nova campanha.

MS- A vespa asiática é um dos obstáculos para a sua produção. Tem métodos de combate?

P.A. – A Vespa já se faz sentir na nossa zona desde 2018, uma praga que enfraquece e chega a matar muitos enxames. Juntando com a Varroa, por vezes torna-se difícil termos abelhas. Atualmente, tento combater as Vespas com armadilhas apropriadas, com um atrativo, onde elas vão ficar presas. Temos tido alguma ajuda do Município, no fornecimento destas armadilhas e do respetivo atrativo e na destruição de ninhos de Vespas Asiáticas.

MS- Quantos quilos produz e como faz o escoamento no mercado? Estar na plataforma “O Bom Sabor da Serra” é importante?

P.A. – Produzo por volta de 1 tonelada, dependendo dos anos. Este ano espero que seja uma boa colheita, pois também aumentei o efetivo de colmeias com essa finalidade, mas não só, para satisfazer todos os pedidos que me têm sido feitos. O escoamento do nosso mel, na maioria ainda se faz através de consumidores privados, que compram ao frasco consoante necessitam, no entanto este ano já fornecemos alguns supermercados ou lojas de produtos típicos. Os nossos produtos, que não é apenas o mel, mas também pólen e extrato de própolis, estão presentes na plataforma “O Bom Sabor da Serra” para venda, que este ano também nos permitiu que os nossos produtos chegassem mais longe, tornando-os mais conhecidos.

MS – Que apoios e incentivo tem um jovem apicultor, para continuar este trabalho?

P.A.- Existem alguns projetos financiados que podem ajudar jovens agricultores a iniciarem a sua vida apícula, embora eu ainda não tenha recorrido a nenhum. Para mim, por enquanto, a apicultura ainda não é o meu único e principal trabalho, tenho vindo a aumentar todos os anos o meu efetivo, mas ainda sem projetos definidos para se tornar a minha principal atividade profissional.

MS- Que mensagem deixa a toda a comunidade nesta fase do ano?

P.A. – Todos nós estamos a passar por uma fase atípica e difícil, que nos tem vindo a prejudicar a vários níveis, o que nos leva a querer investir mais nos poucos negócios que não foram tão afetados pelo COVID-19, como é o caso da Apicultura, em que muitas pessoas procuraram o mel, o pólen ou o extrato de própolis como reforçadores do Sistema Imunitário. Assim, a mensagem que poderei deixar nesta fase, é muito simples, que não desistam e que procurem oportunidades de adaptação aos momentos difíceis que vivemos.

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