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Artigo de Luís Miguel Condeço——-VSR

 

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

Ainda há alguns dias começamos a estação mais fria do ano, o inverno, e já vários latentes e crianças padeciam das habituais infeções respiratórias da época.

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), é o principal responsável pela doença respiratória em crianças até aos 2 anos de idade, transmitindo-se facilmente através do contacto com secreções ou objetos que contêm o vírus. O VSR é muito contagioso, podendo sobreviver durante várias horas na pele ou superfícies, é, pois, altamente transmissível nos seios familiares e escolares. Tal como em outras patologias respiratórias, recomenda-se a implementação da etiqueta respiratória: lavagem frequente das mãos (para reduzir a transmissão de vírus), evicção de grandes concentrações de pessoas (evitar disseminação de vírus) e permanência em locais isentos do fumo do tabaco (para não agravar as infeções respiratórias).

Das doenças respiratórias mais frequentes na idade pediátrica, a bronquiolite é a mais frequente e mais comum (nos primeiros dois anos de vida), principalmente nesta altura do ano, estimando-se que anualmente 5,6 dos internamentos por cada 1000 crianças com menos de cinco anos de idade, são devido ao VSR.

Nos casos mais severos, as crianças podem necessitar de hospitalização para suporte ventilatório e hidratação intravenosa. Bebés prematuros, lactentes com cardiopatias congénitas ou imunodeprimidos, estão entre os mais vulneráveis a possíveis complicações.

A bronquiolite manifesta-se essencialmente por febre, obstrução e corrimento nasal, tosse irritativa e pouco eficaz, muitas vezes emetizante (que pode provocar vómitos), dificuldade alimentar (ingestão de alimentos e líquidos), farfalheira e polipneia (respiração ruidosa e rápida), esforço respiratório e cansaço fácil.

A doença apesar de autolimitada, pode durar entre 3 a 7 dias, podendo alguns dos sinais persistir durante vários dias ou semanas, como o caso da tosse. A atuação dos pais e cuidadores, deve centrar-se no controlo da temperatura corporal, em garantir alimentação (fracionada) e hidratação adequada, e na desobstrução das vias aéreas superiores (cavidade oral e nasal).

Atendendo a esta problemática, vários países europeus avançaram no ano transato com a vacinação de recém-nascidos, procurando protegê-los das infeções por VSR, revelando-se esse esforço compensador pela redução abrupta do número de hospitalizações.

Em Portugal, desde o dia 1 de outubro de 2024, o Ministério da Saúde em conjunto com a Direção-Geral da Saúde, disponibilizaram através do Programa Nacional de Vacinação, a imunização gratuita para o VSR de todos os recém-nascidos com menos de 6 meses de idade e de todas as crianças com menos de 2 anos de idade, que sejam de maior risco. Esta imunização é realizada através da administração de uma única dose, que garantirá a proteção durante todo o período sazonal de “circulação” do VSR.

A vacina constituída por anticorpos monoclonais (nirsevimab), previne as crianças mais pequenas de infeções graves por VSR, estimando-se que proteja cerca de 62 mil crianças no nosso país, calculando-se um investimento de 13,6 milhões de euros, que reduzirá a sobrecarga e a pressão nos serviços de saúde pediátricos, mas também no contexto familiar e social/escolar.

A vacinação pode ser efetuada na maternidade (antes do recém-nascido receber a alta hospitalar), nos centros de saúde/Unidades de Saúde Familiares (como as restantes vacinas) e em meio hospitalar (para as crianças com condições clínicas específicas).

Para além da vacinação, é essencial reforçar a sensibilização das famílias sobre as medidas preventivas, como garantir ambientes ventilados, evitar o contacto com indivíduos doentes e promover o aleitamento materno, que são algumas das ações que contribuem para a proteção das crianças.

Os profissionais de saúde desempenham um papel crucial na adesão à vacinação e assegurando o acompanhamento dos recém-nascidos e crianças em situação de risco.

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