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Avisos e Liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Continuamos a leitura e a reflexão das parábolas do Reino. Elas revelam a origem simples e humilde de Jesus e das pessoas que O ouviam. Com as três parábolas do texto do evangelho deste Domingo (o trigo e o joio, o grão de mostarda e o fermento), encontramos respostas para as seguintes perguntas: onde se pode ver o Reino de Deus? Quando o conheceremos plenamente? Como podemos colaborar na sua construção?

O Reino é uma realidade em crescimento progressivo, um grande campo de bom trigo plantado pelo divino semeador neste mundo. Mas a parábola faz referência a algo que prejudica esta sementeira que é o joio. O trigo e o joio estarão presentes até ao fim, lutando um contra o outro, mas não se podem comparar. O “dono da casa”, que é Jesus, continua a cuidar zelosamente, juntamente com os seus operários, da sua sementeira; o inimigo, enquanto todos dormiam de noite, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. O trigo e o joio crescem juntos mas não têm o mesmo valor: o trigo é positivo e alimenta, o joio é negativo e destrói. O destino de um e do outro é claro: o trigo será recolhido no celeiro para alimentar as pessoas; o joio será atado em molhos para queimar.

Que lição tirar desta parábola? O mal existe e existirá sempre no mundo, aparecendo de mil e uma maneiras e haverá sempre semeadores do mal. Como na parábola, o mal aparece surpreendendo a boa-fé dos servos, que ficam nervosos e queixam-se ao seu dono. Mas este não perde a paz. Deus vê os sofrimentos que o mal traz e compreende o desânimo dos seus filhos, mas sabe que o bem vencerá sempre. Enganamo-nos ao deixarmo-nos fascinar pelo mal e por quem o faz, perdendo a fé em Deus. Pensamos que o trigo e o joio têm a mesma importância e que têm a mesma possibilidade de vencer. Parece que, às vezes, o mal e as pessoas que o fazem são mais fortes e que deveríamos arrancar o joio o mais depressa possível para não crescer mais. Mas Deus não pensa assim. Só se combate o mal com a força do bem e nunca utilizando as mesmas armas do mal. Por isso, Deus é clemente e compassivo. Na primeira, o livro da Sabedoria diz-nos que o poder de Deus “é o princípio da justiça e o seu domínio soberano torna-se indulgente para com todos”. Deus não se deixa influenciar pelo joio. Jesus sabe que o Reino dos céus cresce num mundo que não é ideal nem maravilhoso, mas a vitória acontecerá somente no final. Será que somos como os servos da parábola? Perdemos a calma facilmente e procuramos logo os culpados das coisas más? Será que andamos a arrancar o trigo e o joio ao mesmo tempo? Nós temos de fazer crescer o bem e evitar que o mal aumente.

A presença do Reino, ou seja do bem, é simultânea com a do pecado. O pecado aparece ao mesmo tempo que o amor fraterno na vida dos cristãos e na dos santos. Mas a acção de Deus é discreta e respeita sempre a liberdade, procura conquistar os corações e não se impõe. Por isso, o Reino de Deus cresce lentamente até à plenitude, como o grão de mostarda que se transforma numa grande árvore, deitando raízes e crescendo pouco a pouco. Na acção de Deus, não há lugar para coisas deslumbrantes mas passageiras. Por isso, o Reino cresce no silêncio, de dentro para fora, como o fermento na farinha. Como o fermento transforma a massa pouco a pouco, assim o amor de Deus cresce em nós, transforma-nos e aquece-nos. Se assim for a nossa vida, seremos bons construtores do Reino de Deus.

19-07-2020

«O Reino do Céu é semelhante ao fermento»

 

Todo o povo de Deus anuncia o evangelho. A evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina para Deus.

A salvação, que Deus realiza e a Igreja jubilosamente anuncia, é para todos, e Deus criou um caminho para Se unir a cada um dos seres humanos de todos os tempos. Escolheu convocá-los como povo, e não como seres isolados (Lumen Gentium 9). Ninguém se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado, nem pelas suas próprias forças. Deus atrai-nos, no respeito pela complexa trama de relações interpessoais que a vida numa comunidade humana pressupõe. Este povo, que Deus escolheu para Si e convocou, é a Igreja. Jesus não diz aos Apóstolos para formarem um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28,19); e São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, «não há judeu nem grego, porque todos sois um só em Cristo Jesus» (Gl 3,28). Gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo e aos indiferentes: o Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!

Ser Igreja significa ser povo de Deus, de acordo com o grande projecto de amor do Pai. Isto implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade; quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, que dêem esperança e novo vigor para o caminho. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viver segundo a vida boa do Evangelho. (Papa Francisco, Exortação apostólica «Evangelii Gaudium / A Alegria do Evangelho», 111-114)

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo Comum - 16º Domingo - Boletim Dominical II

 

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