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Avisos e Liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum do Ano A

O autor da carta aos Hebreus afirma que a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes, ou seja, é capaz de cortar, de separar aquelas realidades que pertencem ao domínio de Deus das que são fruto do sentir e agir humanos. Para o discípulo, a Palavra de Deus converte-se no principal critério de discernimento. É importante aprender a distinguir os planos de Deus dos nossos. É isto que nos é proposto neste domingo. Por muito que queiramos não é fácil harmonizar os nossos planos com os de Deus, sem haver o risco da vontade de Deus ser falseada e deturpada. Uma vez discernidos, os planos de Deus podem ser acolhidos como nossos.

É vontade de Deus Pai que todos os seus filhos estejam junto Dele, disfrutando da sua companhia. Ele nunca faz acepção de pessoas e quer salvar todos. “Com efeito, manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens” (Tit 2,11). Jesus apresenta-nos este projecto de salvação universal de Deus com uma comparação. O seu Reino é como uma vinha, na qual todos somos chamados a trabalhar. O dono da vinha saiu à praça pública em diversos momentos do dia e convidou a trabalhar na sua propriedade todos quanto encontrou. Se estivéssemos no lugar deste empresário, teríamos feito uma selecção do pessoal, contratando os mais fortes, os que nos foram recomendados ou aqueles que nos pediram. Mas Deus não faz isto. Não são os operários que se aproximam do proprietário a pedir trabalho. É o dono que sai e vai chamando os que vai encontrando. Trabalhar na vinha do Senhor não é, em primeiro lugar, fruto do nosso desejo e das nossas capacidades. É consequência de uma escolha e de um chamamento de Deus que temos de acolher com alegria e gratidão. São todos convocados e o salário ajustado com os da primeira hora é um denário. Este salário que Deus nos oferece é a sua própria presença ao nosso lado. Oferece-se como salário, porque sabe que nós seremos plenamente felizes com a sua companhia. Mas quando nos afastamos dele ficamos fracos. Esta experiência fez S. Paulo. Ele descobriu que só com o Senhor a vida tem sentido: “Para mim, viver é Cristo”.

20-09-2020

Os nossos pensamentos e os nossos caminhos não são como os de Deus. Nós pensamos que aqueles que renderam bem no seu trabalho têm de ser recompensados e receber mais do que os seus colegas. Achamos que isto é justo e nisto somos como os que foram contratados no início do dia. Deus tem um modo de pensar e de agir caracterizado pela misericórdia. Quanto à nossa maneira de pensar, poder-se-ia fazer as seguintes perguntas: Por que é que se paga menos aos que são mais fracos? Não têm todos uma família para sustentar? Os operários da última hora terão o suficiente para levar algo para jantar com a sua família? Deus pensa sempre a partir dos últimos, dos pobres, dos que têm menos oportunidades. Por isso paga a todos por igual, porque Ele é o salário. Perante esta atitude do dono da vinha, os primeiros operários contratados protestaram. Tiveram inveja do patrão e dos colegas de trabalho. Recordam-nos o filho mais velho da parábola do Filho Pródigo. Não conseguiram reconhecer a imensa alegria que é trabalhar na vinha do Senhor, gozando da sua companhia; por isso, não se sentiram recompensados. São muitos os cristãos a quem a rotina não lhes deixa perceber a felicidade de estar junto de Deus. Todos somos irmãos chamados por Deus a trabalhar na sua vinha e nenhum tem o direito a cobrar nem mais nem menos do que aquilo que Deus nos quer dar, que é Ele próprio.

 

«Ide vós também para a minha vinha»

 

Meus bem-amados, perseverai nas boas obras que começastes. Há homens infelizes que servem um rei terreno correndo risco de vida e passando por enormes dificuldades em troca de um benefício que rapidamente desaparece; como não haveis vós de querer servir o Rei do Céu para obter a felicidade do Reino? Uma vez que, pela fé, o Senhor já vos chamou à sua vinha, ou seja, à unidade da Santa Igreja, vivei e comportai-vos de tal maneira que, graças à generosidade de Deus, possais receber a moeda de prata, isto é, a felicidade do Reino dos Céus.

Que ninguém desespere por causa da grandeza dos seus pecados, dizendo: «Numerosos são os pecados nos quais perseverei até à velhice e à velhice extrema; não poderei já obter perdão, sobretudo porque foram os pecados que me deixaram, não fui eu que os rejeitei.» Que essa pessoa não desespere de todo da misericórdia divina, porque uns são chamados à vinha do Senhor à primeira hora, outros à terceira, outros à sexta, outros à nona e outros à décima primeira – ou seja, uns são conduzidos ao serviço de Deus na infância, outros na adolescência, outros na juventude, outros na velhice e outros na velhice extrema.

Que ninguém desespere, pois, se quer converter-se a Deus, seja qual for a sua idade. Trabalhai fielmente na vinha da Igreja, para receberdes o salário da felicidade eterna e reinardes com Cristo por todos os séculos dos séculos. (Autor anónimo do século IX, na actual Itália, Homilia para a Septuagésima, 4-7)

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano A - Tempo Comum - 25º Domingo - Boletim Dominical II

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