TODOS OS SANTOS
Na solenidade do primeiro dia de Novembro, recordamos todas aquelas pessoas que, de uma forma anónima, deram um bom testemunho de fé em Deus, Senhor da vida. Não celebramos somente todos os santos do calendário “oficial” (Martirológio Romano), mas também recordamos todas as pessoas que passaram neste mundo fazendo o bem e foram fiéis ao Senhor. No dia 2, celebraremos uma comemoração semelhante, recordando os que descansam na paz de Cristo, com a esperança da ressurreição futura. Nestes dias marca-nos muito a oração de louvor, a romagem aos cemitérios e a oração por todos os fiéis defuntos. É desta forma que lembramos as pessoas que procuraram viver a fidelidade a Deus, ou seja, a santidade.
Os santos são a coroa da Igreja, a manifestação do amor de Deus derramado nos nossos corações. Pelo Baptismo, somos filhos de Deus e a nossa missão é dar um bom testemunho do amor que Deus tem por cada um de nós. Foi isto que fizeram tantos homens e mulheres que passaram a vida a fazer o bem, foram fiéis ao Senhor, procuraram viver amando, confiando, perdoando. Ao longo da História da Igreja, encontramos muitos santos e santas que, em momentos bons e maus, confiaram em Deus e a Igreja reconhece-os como santos. Não foram somente aqueles e aquelas que sabemos os seus nomes, mas também tantos desconhecidos e anónimos que deram um grande testemunho de amor e de fidelidade a Deus. Recordar todas estas pessoas é um estímulo para que, como eles, saibamos amar de todo o coração a Deus e ao próximo, dando cem por um de nós mesmos.
Todos somos chamados à santidade, ou seja, a sermos amigos de Deus. A primeira leitura, do Apocalipse de São João, diz-nos que são muitos os chamados (144.000, ou seja, todos), mas, como podemos também alcançar a santidade? A resposta está no texto das Bem-Aventuranças. Não importa cantarolar somente este texto ou recordá-lo como título de uma festa do percurso da catequese. Que pena ficarmos por aqui! Além de cantarolar, medita e vive este texto: sermos pobres de espírito, sermos humildes, construtores da paz, justos, perseguidos, etc. Jesus Cristo foi o primeiro a viver este texto e é este o caminho que Ele nos aponta. Poderá ser um caminho íngreme mas não impossível. Não podemos esquecer que àqueles que vivem as Bem-Aventuranças é-lhes dado o nome de “Felizes” (Bem-Aventurados). Queres também viver esta felicidade? Pois não percas tempo! Os santos e santas, anónimos ou não, procuraram viver neste espírito das Bem-Aventuranças. Celebrar a Solenidade de Todos os Santos é desejar a santidade, é querer ser amigo de Deus, pondo em prática este caminho estreito do Evangelho que nos conduzirá a pastagens eternas e ao banquete que o Senhor preparou para todos. Oxalá que um dia o Senhor te possa chamar “bem-aventurado”, porque viveste amando a Deus e aos irmãos.
«Erguendo os olhos para os discípulos, disse: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus”»
01-11-2020É muito importante apreender o segredo da alegria insondável que está em Jesus e que lhe é própria. Se Jesus irradia uma tal paz, uma tal segurança, uma tal alegria, uma tal disponibilidade, é por causa do amor inefável com que Se sabe amado por seu Pai. No seu baptismo nas margens do Jordão, este amor, presente desde o primeiro instante da sua encarnação, manifesta-se: «Tu és o meu Filho muito amado; em Ti pus todo o meu enlevo» (Lc 3,22). Esta certeza é inseparável da consciência de Jesus. É uma presença que nunca O deixa só (Jo 16,32). É um conhecimento íntimo que O preenche: «Assim como o Pai Me conhece também Eu conheço o Pai» (Jo 10,15). É uma partilha incessante e total: «E tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu» (Jo 17,10). «Tu Me amaste antes da fundação do mundo» (Jo 17,24). Há ali uma relação incomunicável de amor, que se confunde com a sua existência de Filho e que é o segredo da vida trinitária: o Pai aparece como aquele que Se dá ao Filho, sem reservas e continuamente, num ardor de alegre gratidão, no Espírito Santo.
E eis que os discípulos, e todos os que acreditam em Cristo, são chamados a participar desta alegria. Jesus quis que eles tivessem em si mesmos a plenitude da sua alegria (Jo 17,13): «Dei-lhes a conhecer o teu nome e o darei a conhecer, para que o amor com que Me amaste esteja neles e eu esteja neles também» (Jo 17,26).
Esta alegria de habitar no amor de Deus começa aqui em baixo. É a alegria do Reino de Deus. Mas ela é concedida por uma via escarpada, que exige uma confiança total no Pai e no Filho, e uma preferência dada ao Reino. A mensagem de Jesus promete antes de tudo a alegria, esta alegria exigente; não começa ela pelas bem-aventuranças? «Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.» (São Paulo VI, 1897-1978, papa de 1963 a 1978, Exortação apostólica «Sobre a alegria cristã»).
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Ano A - Tempo Comum - Todos os Santos - Boletim Dominical II