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Avisos e Liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum- ano B

 

O próximo Domingo será o último do ano litúrgico antes de iniciar o Advento. Nestes últimos Domingos encontramos textos que, segundo os especialistas em Sagrada Escritura, pertencem à literatura apocalíptica, porque falam-nos de um futuro um pouco perturbador, descrevendo visões referentes ao momento em que as forças do mal se enfrentam com o poder de Deus, em que os idólatras e os que praticam o mal serão castigados, enquanto os fiéis a Deus serão recompensados. Por causa destes prenúncios tão espantosos, muitas pessoas atribuíram à palavra “apocalipse” o significado erróneo de um tempo de catástrofe, de tragédia, de desgraça. A palavra Apocalipse, em grego, significa “revelação”. É a revelação de uma realidade que bem conhecemos: que o mundo nem sempre se rege segundo os planos de Deus, porque existe o mal, a injustiça, a tristeza. Em todas as épocas da história, as pessoas lamentaram-se que o tempo “presente” de cada momento histórico foi o pior tempo de toda a história. Ouvia-se dizer: “Onde é que isto vai parar?”, “Estamos no fim do mundo!”. Apocalipse é também a revelação de uma esperança: que Deus cuida e salva o seu povo, julga-o com justiça, que todos aqueles que forem fiéis ao Senhor serão recompensados. Na primeira leitura, pode ler-se: “Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento, e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade”. Assim, podemos concluir o seguinte: há que olhar o futuro sem medo, porque o futuro a Deus pertence. Neste Domingo lemos os últimos versículos do capítulo 13 do evangelho de S. Marcos. Este capítulo começa com palavras de admiração, ditas por Pedro, André, Tiago e João (os quatro primeiros discípulos de Jesus) sobre a imponência do edifício do templo. Sentem-se orgulhosos do seu templo, que tinham como residência de Deus e o centro do mundo. Porém, este templo de pedras será destruído para que apareça o templo dos fiéis do Senhor, criado à volta do Ressuscitado. O Filho do homem, vitorioso sobre a morte, será contemplado como Deus era contemplado no Antigo Testamento, na nuvem, anunciando e propondo um futuro em que o mundo já não será dominado pelo mal e pelo pecado, mas um mundo que será transformado. Todos temos a tentação de dar mais atenção àquilo que corre mal do que àquilo que corre bem. Muitas vezes somos pessimistas, negativos, mesquinhos para reconhecer as manifestações e as sementes do Reino que já estão a acontecer. Recordemos o gesto da viúva pobre do texto do evangelho do domingo passado. Jesus soube ver aquilo que era positivo naquele gesto, irrelevante aos olhos dos outros. Neste domingo, o texto do evangelho diz-nos que o Filho do homem “mandará os Anjos, para reunir todos os seus eleitos dos quatro pontos cardiais”. Quem são os eleitos? Aqueles que puseram em prática a Palavra de Deus, aqueles que tiveram o mesmo espirito de Simeão que acolheu Jesus no templo: “era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele”. O eleito do Senhor é todo aquele que espera e acredita que o mundo será confortado pelo Filho de Deus. Neste Domingo, o que deve ficar gravado no meu coração? Que Jesus está sempre próximo de nós, que está sempre à porta. Não temos de O esperar num futuro incerto, porque Ele está no meio de nós. A semente de Deus está já em ti, em mim, no seio do povo de Deus. Para este povo, que é de Deus, somos enviados para anunciar a esperança, a alegria, a proximidade divinas, missão sempre difícil mas sempre pertinente. Estas dificuldades não são novas. Recordemos o medo e a desilusão de S. Paulo em Corinto e o apoio do Senhor: “Certa noite, o Senhor disse a Paulo, numa visão: Nada temas, continua a falar e não te cales, porque Eu estou contigo e ninguém porá as mãos em ti para te fazer mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade” (Act 18, 9-10). Temos de estar atentos na vida para reencontrarmos Jesus ressuscitado no meio de nós, em tantas pessoas e acontecimentos. Jesus nunca desistiu e nunca se foi embora. Está aqui e pede-nos que continuemos a fazer o que Ele fez e anunciou. Para esta missão, contamos com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, o Deus que é, que era e que vem, pelos séculos dos séculos. Amen.

14-11-2021

LEITURA ESPIRITUAL

Para impedir qualquer pergunta indiscreta acerca do momento da sua segunda vinda, Jesus declarou: «Essa hora, ninguém a conhece, nem mesmo o Filho» (Mt 24,36); e, noutro momento: «Não vos pertence conhecer os dias e os tempos» (Act 1,7). Escondeu-nos esse conhecimento para que vigiemos, e cada um possa pensar que tal vinda se produzirá durante a sua vida. Se o tempo da sua vinda tivesse sido revelado, o seu advento seria em vão, pois as nações e os séculos em que se produzisse não o teriam desejado. Ele bem disse que viria, mas não precisou em que momento; dessa forma, todas as gerações e todos os séculos têm sede dele. É certo que fez conhecer os sinais da sua vinda; mas não revelou o seu termo. Na mudança constante em que vivemos, alguns desses sinais já tiveram lugar, outros já passaram, outros duram sempre. Com efeito, a sua última vinda será semelhante à primeira: os justos e os profetas desejavam-na e pensavam que teria lugar no tempo deles. Também hoje, cada um dos fiéis de Cristo deseja acolhê-Lo no seu próprio tempo, tanto mais que Jesus não disse claramente quando apareceria. Assim, ninguém poderá imaginar que Cristo esteja submetido a uma lei do tempo, a uma hora qualquer, Ele que domina os números e o tempo. (Santo Efrém, c. 306-373, diácono da Síria, doutor da Igreja, Comentário do Evangelho ou Diatessaron).

 

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Ano B - Tempo Comum - 33º Domingo - Boletim Dominical II

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