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Avisos e Liturgia do III Domingo da Páscoa – ano B

O texto evangélico deste Domingo situa-nos depois do encontro de Jesus com os discípulos de Emaús que, de regresso às suas casas, iam comentando o que se tinha passado nos últimos dias em Jerusalém, com a crucifixão e morte do seu Mestre e Senhor. Em dado momento, Jesus torna-se presente e ajuda-os a entenderem o sentido das Escrituras e parte o pão. Os seus corações ardentes e os seus olhos cheios de luz reencontraram o Crucificado que, agora, é o Ressuscitado. Mas, como nos acontece a nós, quando a notícia é boa demais ou muito má, custou-lhes acreditar. Também nós gostamos de tudo verificar e confirmar. Recordemos Tomé, como ele expressa a sua incredulidade. Mas, os outros discípulos, sem o manifestarem tão claramente, também são lentos a reagir a esta notícia. Jesus torna-se presente entre os seus discípulos e tem de lhes mostrar as mãos e os pés, para se certificarem de que é Ele mesmo. Novamente, os ajuda a entender o sentido das Escrituras. E para eliminar todas as dúvidas, come à frente deles uma posta de peixe assado, para que eles não pensem que é um fantasma, algum espírito. Nós somos como os discípulos, com dúvidas e medos, com a necessidade de tocar as feridas do crucificado e verificar que realmente Ele está vivo. Não lhes foi fácil assumir a morte de Jesus na cruz, mas também tiveram dificuldades em assumir a ressurreição. Não nos admiremos que, hoje, haja tanta gente, especialmente nas gerações mais jovens, que resiste a fazer o seu acto de fé em Cristo. Vivemos numa sociedade exigente, em que tudo tem de ser provado cientificamente, que se fundamenta no consumo e no materialismo. Bem sabemos que a fé não é sempre clarividente. Necessitamos, também, de ler e reler as Escrituras, de rezar e de escutar o testemunho de outros cristãos. Necessitamos de “tocar” de Jesus! Hoje, também podemos “tocar” e “ver” as feridas de Jesus. Como? Ele está presente nos doentes, nos pobres, nos abandonados. As circunstâncias da vida ajudam-nos a repensar tudo: a perda do emprego, a instabilidade relacional nas famílias, a morte de pessoas queridas, a solidão, a viuvez e tantos outros momentos difíceis. Além de nos interrogarmos sobre o sentido da vida, também repensamos a nossa fé. É a partir da vida que nos encontramos com Jesus. É Ele que nos convida a sentar e a comer, a recuperar as forças, depois de tanto tempo de provação. Tantas vezes, nos evangelhos Jesus convida a comer à volta de uma mesa! E como Ele sabe que necessitamos de recuperar as forças, por causa do jugo da vida, convida-nos à ceia eucarística, a celebrá-la como seu memorial. O texto evangélico termina com o convite de Jesus a sermos “testemunhas de todas estas coisas”. A conversão e o perdão dos pecados serão a melhor forma de expressar a nossa adesão a este convite. Era isto que dizia Pedro ao povo, depois de curar o paralítico (1ª leitura). Temos consciência de que não somos perfeitos, que há ainda um longo caminho a percorrer, procurando sempre novas formas de sermos fiéis a Cristo. Além de Jesus, também cada um de nós pode ajudar os outros a compreender a Escritura e a encontrar Jesus na Eucaristia. Não sabemos como estão as pessoas à nossa volta; podem estar desiludidas, desesperadas, desorientadas (como na viagem de ida para Emaús); ou entusiasmadas (como na viagem de volta de Emaús para Jerusalém). Ajudarmos as pessoas a descobrir Jesus presente no caminho das suas vidas é actualizar o caminho de Emaús. Na coerência entre a fé e a vida, amando a Deus e ao próximo (2ª leitura), seremos “testemunhas de todas estas coisas”.

Ver: https://liturgia.diocesedeviseu.pt/LITURGIAEVIDA/index.html

14-04-2024

Paroquiaagb

Leitura Espiritual

«Sou Eu mesmo; tocai-Me»

Como é que o corpo do Senhor, uma vez ressuscitado, continuou a ser um corpo verdadeiro, podendo, ao mesmo tempo, entrar no local onde os discípulos se encontravam apesar de as portas estarem fechadas? Devemos estar cientes de que a acção divina nada teria de admirável se a razão humana pudesse compreendê-la; e que a fé não teria mérito se o intelecto lhe fornecesse provas experimentais. Sendo, por si mesmas, incompreensíveis, tais obras do nosso Redentor devem ser meditadas à luz das outras acções do Senhor, de forma que sejamos levados a acreditar nestes seus feitos maravilhosos por força daqueles que ainda o são mais. Com efeito, o corpo do Senhor que se juntou aos discípulos, não obstante estarem as portas fechadas, é o mesmo que a natividade tornou visível aos homens, ao sair do seio fechado da Virgem. Não fiquemos, pois, admirados de que o nosso Redentor, depois de ter ressuscitado para a vida eterna, tenha entrado com as portas fechadas, porque, tendo vindo ao mundo para morrer, Ele saiu do seio da Virgem sem o abrir. E, como a fé daqueles que O viam era ainda hesitante, o Senhor convidou-os a tocarem essa carne que atravessara portas fechadas. Ora, aquilo que podemos tocar é necessariamente corruptível, e o que não é corruptível é intocável. Porém, após a sua ressurreição, o nosso Redentor deu-nos a possibilidade de ver, de forma maravilhosa e incompreensível, um corpo que era a um tempo incorruptível e palpável. Mostrando-o incorruptível, convidava-nos à recompensa; dando-o a tocar, confirmava-nos na fé. Fez, pois, com que O víssemos incorruptível e palpável para manifestar firmemente que o seu corpo ressuscitado continuava a ter a mesma natureza, mas tinha sido elevado a uma glória absolutamente diferente. (São Gregório Magno, c. 540-604, papa, doutor da Igreja, Homilias sobre os Evangelhos, nº 26; PL 76,1197).

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