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Religião

Celorico da Beira acolhe Festa e Feira Anual Santa Eufémia

Vai realizar-se em Celorico da Beira , nos dias 15 e 16 de setembro, a tradicional Festa e Feira Anual Santa Eufémia.

Trata-se de um evento de cariz religioso e socioeconómico. Neste contexto de coexistência do sagrado e profano, as atividades iniciam no dia 15 de setembro, às 21H00, com a vigília e o terço na capela da Santa Eufémia e a habitual degustação da sopa de grão nos restaurantes locais. A celebração da eucaristia na capela da padroeira, dia 16 de setembro, às 09H00, encerra a programação religiosa.

Composta por atividades socioeconómicas e culturais, a vertente profana do evento tem lugar dia de Santa Eufémia (16/9), e conta com as seguintes atividades: a tradicional Feira Anual, a partir das 07H00, e, às 21H30, no Centro Cultural, a Revista à Portuguesa “Olha que duas”, com as veteranas Florbela Queiroz e Natalina José.

Instituída por decreto régio em 1766, com a finalidade de escoar os produtos agrícolas, muito abundante na região, a Feira Anual de Santa Eufémia tem vindo a perder, ao longo dos tempos, a importância e a grandeza de outrora, tanto no concelho como na região, fruto dos ventos da modernidade.
A Festa Feira Anual é um evento de cariz religioso e socioeconómico, pelo que o profano e o religioso coexistem.

Por:MCB

Avisos e Liturgia do Domingo XXIII do Tempo Comum – ano A

 

A Palavra Divina que a liturgia deste Domingo nos oferece pode ser denominada como norma para a convivência e para a construção de uma comunidade fraterna. O profeta Ezequiel, na primeira leitura, previne sobre a responsabilidade de nos preocuparmos com os outros, sobretudo quando vemos alguém desorientado ou equivocado. Também São Paulo recorda-nos que o nosso único e grande dever é amarmo-nos uns aos outros como nos amamos a nós próprios, sendo esta a norma mais importante da nossa opção cristã. E o texto evangélico, extraído do quarto sermão de Mateus, que é dirigido à comunidade cristã, traça o esboço da correcção fraterna, como uma das aplicações mais importantes e necessárias para a edificação de uma genuína comunidade de vida entre pessoas. Das palavras de Jesus aos seus discípulos sobre a correcção fraterna, encontramos cinco atitudes que são imprescindíveis para não fazer desta prática uma montra de superioridade sobre os outros, mas uma ajuda amorosa entre pessoas. São estas as cinco disposições: – Em primeiro lugar, levar sempre o tema à oração pela pessoa que se pretende corrigir; – Que o primeiro passo seja sempre um encontro pessoal entre as pessoas, para que o diálogo e a presença gerem proximidade; – Se for necessário, discernir as situações mediante a opinião de outras pessoas que possam contribuir de uma maneira edificante; – Contar, também, com a opinião das comunidades onde se encontram as pessoas que desejam o nosso bem; – Finalmente, e como condição sempre presente, não nos cansarmos de oferecer oportunidades de recomeçar e de renascer, como Deus faz sempre connosco. Quando rezamos o Pai-Nosso, dizemos a seguinte petição: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Cumprimos o que rezamos? Será que Deus não nos olha tristemente quando rezamos estas palavras? Por outro lado, também o texto evangélico deste Domingo nos convida a reflectir noutro aspecto, tão pertinente para vida de hoje. Na vida humana, social, política e religiosa, é normal surgirem divergências entre pessoas e é quando surge a grande tentação de pretendermos ser detentores absolutos da verdade, pensando que os outros não sabem nada; por isso, devem ser corrigidos ou afastados da nossa vida. Este é outro aspecto que deve ser reflectido neste Domingo que nos fala de uma justa correcção fraterna e da construção de relações de fraternidade. Não é a mesma coisa um erro e uma opção diferente, como não é a mesma coisa a condenação e a correcção, ou a imposição e o diálogo. No fim do texto do evangelho, aparecem estas palavras: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles”. Não é necessário que dois ou três pensem da mesma forma, mas Ele está se estiverem reunidos. É a confirmação do “tive fome e deste-me de comer”. De certeza que nem todos os que davam de comer aos famintos pensavam da mesma maneira, mas Ele estava lá. Não se passará isto nos dias de hoje? O texto evangélico deste Domingo é um esplêndido hino à comunidade de comunhão de bens e de vida, refutando uma comunidade de condenações ideológicas e partidárias.

 

10-09-2023

LEITURA ESPIRITUAL

«Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles»

 

Vivendo entre irmãos, servos do mesmo amo para quem tudo é comum — a esperança, o receio, a alegria, o desgosto, o sofrimento (pois têm uma mesma alma, vinda do mesmo Senhor e Pai) –, porque crês que eles são diferentes de ti? Porque receias que aqueles que conheceram as mesmas quedas se regozijem com as tuas? O corpo não pode regozijar-se com o mal que acontece a um dos seus membros; aflige-se por inteiro e por inteiro se esforça por curá-lo. Onde dois fiéis estiverem unidos, aí está a Igreja, mas a Igreja é Cristo. Portanto, quando beijas os joelhos dos teus irmãos, é Cristo que tocas, é a Cristo que imploras. E quando, por seu lado, os teus irmãos choram por ti, é Cristo que sofre, é Cristo que suplica ao Pai. Ora, aquilo que o Filho pede é rapidamente concedido. (Tertuliano, c. 155-c. 220, teólogo, A Penitência, 10).

 

 Programação de Missas da Unidade Pastoral das Paróquias de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã, Algodres e Freixiosa.

 

Avisos e Liturgia do XXI Domingo do Tempo Comum- ano A

Na primeira leitura deste Domingo, Isaías narra-nos a expulsão de Chebna, administrador do palácio. Para ocupar o seu lugar, o Senhor chamou Eliacim, filho de Elcias: “porei aos seus ombros a chave da casa de David”, a insígnia simbólica do poder, que são as chaves. Assim, antecipa, de uma forma profética, o gesto que Jesus terá com Pedro ao dar identidade à sua vocação especifica na Igreja; mas as chaves do Reino dos Céus não são símbolo de poder, mas de serviço. Na segunda leitura, encontramos um hino de São Paulo a louvar a sabedoria insondável de Deus. Admirando e glorificando o pensamento do Senhor, que nos conduz, por vezes, por caminhos misteriosos, somos convidados, pelo evangelho, a responder, pessoalmente, à pergunta de Jesus: “e vós, quem dizeis que Eu sou”?

Antes desta pergunta, Jesus faz outra aos seus discípulos: “quem dizem os homens que é o Filho do homem”? Para responder a esta pergunta, não é necessário escrever ou consultar inúmeros livros de sociologia ou de teologia. Assim, hoje, entre as imensas respostas que poderíamos obter, encontraríamos certamente, além de uma grande indiferença, expressões como: Jesus foi um homem que quis protagonismo, foi um moralista prudente, um profeta revolucionário, um libertador, o Filho de Deus, o Salvador, Aquele que se definiu como o Caminho, a Verdade e a Vida. Mas, é a partir da nossa experiência e vivência da vida que devemos reflectir sobre quem é, o que significa, o que representa e que caminhos aponta hoje a maneira de pensar e de viver de Jesus de Nazaré. E, agora, as respostas não podem ser teóricas, nem dos livros. Não servem as palavras vazias, nem as definições não-vividas. As respostas terão de ser expressão do que brota do nosso interior, da nossa vivência, trabalhada ao longo de toda a nossa vida.

A resposta personalizada que damos à pergunta de Jesus não somente coincide com a identidade cristã de cada um de nós, mas é importante para a imagem social que poderão ter aqueles que nos rodeiam sobre a figura de Jesus. O evangelho que, hoje, as pessoas lêem é o evangelho que encontram nos cristãos que se comprometem a seguir Jesus (Cfr. Teilhard de Chardin). Assim, a imagem actual, viva, atraente e activa, ou decadente, pouco sedutora e indiferente, que as pessoas possam ter sobre a figura e os feitos de Jesus de Nazaré depende, em grande parte, de como O vivemos e O apresentamos com as nossas palavras e acções.

Mas, não haverá, hoje, pessoas, que estariam disponíveis para aceitar a pessoa e a obra de Jesus, mas desvinculando-O da Igreja? Certamente, há necessidade de fazer uma reflexão sobre o que se entende por Igreja. Todavia, bem sabemos que a Igreja é humana e pecadora, formada por homens e mulheres fracos; uma Igreja que, tantas vezes, não é a Igreja que Jesus sonhava, uma comunidade de serviço e não de poder, tal como foi confiada a Pedro.

Sobre Jesus, podemos escrever e dizer muitas coisas. Mas peçamos-Lhe que nos ajude a saber e a viver quem Ele é e, sobretudo, a experimentar quem Ele é para cada um de nós. Como Pedro, procuremos, com a vida, dizer que Jesus é, para nós, o Messias, o Filho de Deus vivo. 

 

27-08-2023

LEITURA ESPIRITUAL

A firmeza da Igreja

 

Sentimo-nos cheios de segurança na cidadela da Santa Igreja. Nunca as promessas de Cristo deixaram de se cumprir; pelo contrário, mostram-se-nos ainda mais consolidadas pelas provas de tantos séculos e as vicissitudes de tantos acontecimentos. Os reinos e os impérios desmoronaram-se; povos que a glória do seu nome e da sua civilização tinha tornado célebres desapareceram. Assistimos à desagregação de nações, como que esmagadas pela própria vetustez. Mas a Igreja é, por natureza, imortal; o laço que a liga a seu celeste Esposo não se quebrará jamais, e ela não pode ser afectada pela caducidade, permanecendo, pelo contrário, florescente de juventude, sempre transbordante da força com a qual surgiu do coração trespassado de Cristo morto na cruz. Os poderosos da Terra ergueram-se contra ela; eles desapareceram e ela permanece! Os mestres de sabedoria imaginaram, no seu orgulho, uma variedade infinita de sistemas capazes, pensavam eles, de pôr em causa os ensinamentos da Igreja, de abalar os dogmas da fé, de demonstrar o absurdo do seu magistério. A história mostra-nos que tais sistemas caíram no esquecimento, arruinados em toda a sua dimensão. E, entretanto, do alto da cidadela de Pedro, a verdadeira luz resplandece com todo o fulgor que lhe foi transmitido por Cristo desde as origens, e que Ele alimenta com esta sentença divina: «O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não passarão» (Mt 24,35). Por isso, dirigi os passos da vossa alma, tal como os começastes, para a firmeza desta rocha; foi sobre ela, como sabeis, que o nosso Redentor fundou a Igreja em todo o mundo, de sorte que os corações sinceros, orientando por ela a sua marcha, não se percam. (São Pio X, 1835-1914, Encíclica «Iucunda Sane»).

 

Liturgia do Domingo XX do Tempo Comum – ano A

A mensagem, que as leituras bíblicas deste Domingo nos transmitem, é muito clara: Deus oferece-se a todos os povos, a todos os homens e mulheres. A mensagem que, na primeira parte da Bíblia parece somente destinada ao povo judeu é, como se encarregará Jesus de nos transmitir e certificar, uma mensagem universal. Já o profeta Isaías, na primeira leitura, nos diz que a salvação é para todos e que as portas da casa de Deus estão abertas para todos: “a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Na segunda leitura, São Paulo afirma que “Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos”. O texto evangélico apresenta um exemplo concreto, o pedido da mulher cananeia, realçando que a salvação universal de Deus tem de ser acompanhada da colaboração dos homens e das mulheres. A história da salvação escreve-se com a participação de cada um de nós. O evangelista Mateus escreveu o seu texto para uma comunidade onde estava muito enraizado a intolerância judaica, como se ela fosse a única destinatária da salvação. Por isso, para instruir a sua comunidade, o texto deste domingo diz-nos que Jesus atendeu uma mulher que não era judia e que, no final, lhe deu um dos maiores elogios que se pode dar a uma pessoa crente: “mulher, é grande a tua fé”. Uma fé que o evangelista contrapõe à incredulidade maioritária do povo de Israel. A cananeia é um modelo de rezar sem desfalecer. É uma oração humilde e confiante, fundamentada na fé num Deus universal. Nada pede para ela, só para a sua filha. A sua fé é grande e desinteressada. Parece um pouco esquisita a primeira reacção de Jesus: “não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos”; mas temos de a entender à luz da mentalidade oriental e não como um insulto ou desprezo para com a cananeia. Na literatura judaica abunda esta metáfora de chamar “cães” aos deuses pagãos e às nações não judaicas; Jesus veio, em primeiro lugar, para o Povo Eleito. A mensagem de Jesus é muito clara: a fé não está condicionada pelas fronteiras de um povo; e, neste caso, a fé fundamenta-se na oração perseverante daquela mulher, pedindo pela sua filha. Os tempos, em que vivemos, são propícios para repensarmos muitas coisas, entre elas, a nossa fé. Alguns poderão estar aborrecidos com Deus, porque sentem-se abandonados, pois Deus não lhes resolve todos os problemas e lhes cura todas as doenças. Outros poderão ter fortalecido a fé, fundamentada num Deus que intervém, através da acção humana para bem de todos. Quanta fé e quanta generosidade podemos ver todos os dias: pessoas que dão tudo para evitar mortes, dores e os sofrimentos dos outros! Quanta generosidade como expressão da generosidade de Deus! Será que ainda não nos convencemos que a fé sem obras está morta? Desejávamos um Deus que nos livrasse dos sofrimentos e problemas e descobrimos um Deus em sofrimento connosco, o Deus das noites escuras, o Deus que não desceu da cruz o Seu Filho, apesar de alguns dizerem que assim acreditariam Nele! O nosso Deus identifica-se com o sofrimento humano: “tudo o que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos, a Mim o fazeis”. O encontro de Jesus com a cananeia foi a grande oportunidade da vida desta mulher para professar a sua fé. Que o nosso encontro com as dificuldades e sofrimentos da vida sirvam para purificar e crescer a nossa fé. Que Jesus diga a cada um de nós: “É grande a tua fé”.

20-08-2023

 

LEITURA ESPIRITUAL

«Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas».

 

O Evangelho mostra-nos a grande fé, a paciência, a perseverança e a humildade da cananeia. Esta mulher era dotada de uma paciência verdadeiramente fora do comum. Ao seu primeiro pedido, o Senhor não responde uma palavra. Apesar disso, longe de cessar de rezar, ela implora-Lhe com redobrada insistência o socorro da sua bondade. Vendo o ardor da nossa fé e a robustez da nossa perseverança na oração, o Senhor acabará por ter piedade de nós e conceder-nos-á o que desejamos. A filha da cananeia era «atormentada por um demónio». Uma vez expulso o nefasto desassossego dos nossos pensamentos e desfeitos os nós dos nossos pecados, recuperaremos a serenidade de espírito, bem como a possibilidade de agirmos correctamente. Se, a exemplo da cananeia, perseverarmos na oração com firmeza inabalável, ser-nos-á concedida a graça do nosso Criador; ela corrigirá todos os nossos erros, santificará tudo o que é impuro, pacificará toda a agitação. Porque o Senhor é fiel e justo, Ele nos perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda a mancha se gritarmos por Ele com a voz vigilante do nosso coração. (São Beda, o Venerável, c. 673-735), monge beneditino, doutor da Igreja, Homilia sobre os Evangelhos, I, 22: CCL 122, 156-160, PL 94, 102-105).

Avisos e Liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum – ano A  

Celebração do Domingo XIX do Tempo Comum – ano A

 

Depois de Jesus ter matado a fome à multidão com o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, como reflectimos no Domingo passado, despede as pessoas e obriga “os discípulos a subir para o barco e a esperá-lo na outra margem”. Parece que não quer que ninguém lhe agradeça o milagre que fez, não dando oportunidade a alimentar euforias entusiásticas das pessoas. Enquanto isto, os discípulos enfrentam uma tempestade. Estão cheios de medo e Jesus vai ao seu encontro, caminhando sobre o mar. O diálogo que faz com Pedro dá-nos a mensagem de que sem a ajuda de Deus e sem uma forte confiança nele somos incapazes de sermos firmes. O Senhor pede a Pedro que venha ao seu encontro, mas o medo, a dúvida e a violência do vento apoderam-se dele e vacila no caminho, começando a afundar-se. Jesus segura-o e repreende a sua pouca fé. Assim sucede quando a nossa vida está cheia de dúvidas, de medos, de apatias diante das dificuldades. Tantas vezes somos incapazes de caminhar na fé, porque nos apoiamos em falsas seguranças humanas; exigimos compreender tudo, preferimos o comodismo vazio que dispensa a presença de Deus, revoltamo-nos com o silêncio de Deus e resignamo-nos diante das dificuldades. Quando dá conta que se está a afundar, Pedro pede ajuda a Jesus. Esta súplica pode servir de modelo para as nossas orações, sem esquecer a importância que Jesus dava “para orar a sós”. É interessante verificar que os apóstolos, os discípulos e tantas outras pessoas que conviveram com Jesus e viram tantas coisas extraordinárias e maravilhosas, feitas por Ele, duvidam, ficam cheios de medo, escondem-se no momento da Paixão…E nós? Será que também precisamos de um sinal espectacular para acreditar e viver a fé? A primeira leitura deste domingo pode ajudar-nos nesta reflexão. O profeta Elias está em fuga. É perseguido por ser fiel à vontade de Deus que lhe promete uma visita. Tudo o que ele experimenta são sinais tradicionais e magníficos da aparição de Deus: uma forte rajada de vento, um terramoto, fogo…, mas Deus não estava neles. “Ouviu-se uma ligeira brisa…Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta”.

Deus torna-se presente através de uma ligeira brisa, de uma forma discreta, quase insignificante, convidando a estarmos atentos, porque não se impõe, havendo o risco de passar despercebido. Recordemos os momentos da nossa vida, onde sentimos, de uma forma intensa e serena, a presença de Deus, discreto como uma suave brisa. Hoje, somos envolvidos por tanto barulho que nem sempre temos a capacidade de distinguir e discernir a voz de Deus no meio do mundo. Há que procurar espaço e tempo para reconhecer a voz de Deus. Sem isto, não conseguiremos encher o coração para amar ao jeito de Deus; as nossas boas obras estarão despidas da caridade. Jesus continua a dizer: “Não temais. Sou Eu”; e a estender-nos a mão, respondendo, assim, à nossa súplica, que é a de Pedro: “Salva-me, Senhor”. Jesus sabe que a nossa vida tem dificuldades, que podem ser vencidas com empenho, vontade e humildade. Jesus exige risco e confiança. Com a certeza da sua ajuda e da sua graça, cada um de nós poderá, também, dizer: “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus”.

 

 

LEITURA ESPIRITUAL

«Homem de pouca fé, porque duvidaste?»

 

Os discípulos são de novo joguete das vagas, e cai sobre eles uma tempestade semelhante à primeira (Mt 8,24); anteriormente, porém, tinham Jesus com eles, enquanto desta vez estão sozinhos e entregues a si mesmos. Penso que o Salvador pretendia reanimar-lhes o coração adormecido; deixando-os cair na angústia, inspirou-lhes um desejo mais vivo da sua presença. Por isso, não foi imediatamente em auxílio deles, mas apenas «na quarta vigília da noite», «caminhando sobre o mar». Pedro, sempre fervoroso, adiantou-se aos outros discípulos e disse-Lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». Não Lhe disse: «Manda-me caminhar sobre as águas», mas «manda-me ir ter contigo», porque ninguém amava Jesus como ele. E fez a mesma coisa depois da ressurreição: não aguentando seguir lentamente com os outros na barca, deitou-se à água para satisfazer o seu amor por Cristo. Descendo, pois, da barca, Pedro avançou para Jesus, mais feliz de se Lhe dirigir do que de caminhar sobre as águas. Mas, depois de superar o perigo maior, o do mar, acabou por sucumbir a um menos grave, o do vento. Tal é a natureza humana: muitas vezes, depois de termos dominado os perigos mais sérios, deixamo-nos abater por outros menos importantes. Pedro não estava ainda totalmente livre do temor, apesar da presença de Cristo perto dele. De nada nos serve estarmos ao lado de Cristo se não estivermos próximos dele pela fé. «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» Se a fé de Pedro não tivesse enfraquecido, ele teria resistido ao vento sem dificuldade. E a prova foi que Jesus o segurou, deixando que o vento continuasse a soprar. Da mesma forma que a mãe sustenta, com as suas asas, o passarinho que saiu do ninho antes do tempo, quando ele vai a cair no chão, e o volta a pôr no ninho, assim fez Cristo a Pedro. (São João Crisóstomo, c. 345-407, presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja, Homilias sobre o Evangelho de Mateus).

13-08-2023

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Programação de Missas da Semana (Segunda a Sexta) de 14 a 18 de agosto: Unidade Pastoral das Paróquias de Fornos de Algodres, Cortiçô,Casal Vasco, InfiasVila Chã e Algodres.

Cartaz elegante branco de festa da misericórdia – 8

Avisos e Liturgia do Domingo XVII do Tempo Comum – ano A

 

Na vida, há coisas, pelas quais vale a pena arriscar tudo por elas. É o que nos dizem as parábolas, proclamadas neste Domingo, no texto do evangelho. A preocupação de perder o que se encontrou, destaca o valor incomparável do Reino de Deus, acima de todas as coisas. Aderir a Jesus e ao Evangelho, supõe reflectir sobre quais são as nossas prioridades. Salomão ouve o que Deus tem para lhe dizer: “pede o que quiseres”. No diálogo com Deus, não pede o que parecia ser lógico para um rei: riqueza, vitórias sobre os inimigos, longa vida, etc. Salomão considera outras coisas mais importantes do que estas. Quer sabedoria para governar, para julgar com rectidão o seu povo. Deus elogiou o pedido de Salomão e concedeu-lhe inteligência e também tudo o que não lhe tinha pedido. É um belo texto sobre a generosidade sem limites de Deus, mas também nos convida a procurar a verdadeira riqueza. A Deus, devemos pedir serenidade para aceitar tudo aquilo que não se consegue mudar, fortaleza para mudar aquilo que se é capaz de mudar e sabedoria para fazer a distinção. Pensemos nas coisas que gostaríamos de mudar. Vamos dar conta que estão relacionadas connosco próprios, e as que não podemos mudar dependem dos outros. Mudar em nós o que gostaríamos de ver renovado à nossa volta. Tudo isto para se chegar à mesma conclusão do texto de Salomão: a sabedoria como orientação para a nossa vida. A sabedoria de Salomão foi reconhecida ao longo dos séculos: todos recordamos como ele soube identificar a verdadeira mãe da criança de entre as duas mulheres que a reclamavam como filho. Esta sabedoria vinha de Deus e todos devemos pedi-la e acolhê-la. Na segunda leitura, São Paulo também nos fala de prioridades, mas com uma outra linguagem, que lhe é muito peculiar. Ele diz que o plano de Deus deve ser uma realidade em nós. Ele destinou-nos a sermos imagens vivas de seu Filho. Ao acolhermos esta missão, alcançaremos a verdadeira felicidade. O projecto de Deus está centrado em Jesus Cristo. Todos são chamados a serem filhos de Deus, por Jesus Cristo, o primeiro de entre todos os irmãos. São Paulo afirma que a esperança cristã está fundamentada na fidelidade de Deus ao seu plano de salvação. Deus não se esquece de cumprir as suas promessas. A nossa prioridade deverá ser o tesouro escondido, a pérola preciosa. O Reino é comparado ao tesouro escondido, porque não é algo que se apresente com clareza, mas exige procura, esforço, empenho, paciência e perseverança. O Senhor sempre recompensa e multiplica os dons a quem não tem medo de arriscar escolher a melhor parte e fazer do Reino dos Céus o critério absoluto da vida. O Reino dos Céus é comparado a uma pérola, que não é mais uma entre tantas, mas a única. Qual é o nosso bem mais precioso? O Filho de Deus. Aderir a Jesus Cristo supõe cortar com ideias e comportamentos da vida passada, porque se recebe uma vida nova, pela conversão. Também o Reino dos Céus é comparado a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes que, depois, serão divididos entre bons e maus. No anúncio do Reino, não se deve fazer escolha de pessoas. A nós, compete-nos anunciar a todos. A Deus, compete fazer a escolha. A nós, compete lançar as redes para que todos sejam “apanhados” pela Boa Nova e se deixem transformar em novas criaturas, em peixes bons.

30-07-2023

 

Leitura Espiritual

Foi vender tudo quanto possuía

 

Nosso Senhor Jesus Cristo insistiu muitas vezes no seguinte: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (Mt 16,24). E noutro passo: «Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá o dinheiro aos pobres»; e acrescenta : «depois, vem e segue-Me» (Mt 19,21). Para aquele que sabe compreender, a parábola do negociante quer dizer a mesma coisa: «O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola». A pérola preciosa designa indubitavelmente o Reino dos Céus, e o Senhor mostra-nos que nos é impossível obtê-lo se não abandonarmos tudo o que possuímos: riqueza, glória, nobreza de nascimento e tudo aquilo que tantos outros buscam avidamente. O Senhor declarou ainda que é impossível ocuparmo-nos convenientemente do que fazemos quando o nosso espírito é solicitado por coisas diversas: «Ninguém pode servir a dois senhores», disse (Mt 6,24). Por isso, o tesouro que está no Céu é o único a que podemos ligar o coração: «Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6,20). Em suma, trata-se de transportarmos o nosso coração para a vida do Céu, de maneira que possamos dizer: «A cidade a que pertencemos está nos Céus» (Fl 3,20). Trata-se, sobretudo, de nos tornarmos semelhantes a Cristo, «que, sendo rico, Se fez pobre» por nós (2Cor 8,9). (São Basílio, c. 330-379, monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja, Regras Monásticas, Regras Maiores, 8).

 

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Clericus Cup em bom ritmo na cidade de Mangualde

Mangualde é o palco do Torneio Clericus Cup, uma competição com a participação de cerca de uma centena de padres, que organizados por Dioceses e movimentos vão jogando e nestes dois dias o fair play tem imperado.

Assim ,na segunda -feira, Vila Real venceu Braga 2 (Augusta) por 7-1, seguido do encontro entre Viseu e Viana do castelo com o triunfo dos vianenses por 4-1. Por fim, o Porto a vencer a turma dos Vicentinos/Alentejanos por 2-0.

Depois ,no dia de terça-feira, nova ronda aconteceu, com Vila Real – Porto, foi interrompido , quando estava em igualdade a uma bola , pela lesão de um dos jogadores. De seguida ,  Braga 1(Bracara) a vencer Viseu por seis bolas a uma. Braga 2 (Augusta) defrontou os Vicentinos/Alentejanos e estes a vencerem por duas bolas a zero.

Fora os jogos, a comitiva tem visitado alguns locais emblemáticos desta cidade de Mangualde.

 

Avisos e Liturgia da Celebração do Domingo X do Tempo Comum – ano A

 

Terminado o Sermão da Montanha, a leitura contínua do evangelho de S. Mateus prossegue com a vocação (chamamento) dos discípulos e com o discurso da missão. Hoje, no evangelho Jesus chama Mateus (nos evangelhos de Marcos e de Lucas é chamado de Levi) para fazer parte do grupo dos Apóstolos. Parece, à primeira vista, um convite como todos os outros: Jesus toma a iniciativa, encontra-se com Mateus, chama-o e ele deixa tudo imediatamente para O seguir. Mas, o chamamento de Mateus tem alguns aspectos importantes. Em primeiro lugar, Mateus é o autor do evangelho, ou seja, é o narrador que relata a sua própria vocação. Em segundo lugar, Mateus era um publicano, um cobrador de impostos, considerado um pecador na sociedade judaica. Este elemento é importante, porque, depois da vocação de Mateus, afirma-se: “Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos”. Como é importante destacar a ideia de que Jesus chama sem ter em conta a condição social do candidato, “sem fazer acepção de pessoas”. Aquilo que mais interessa a Jesus é o desejo de O seguir daquele que é chamado. Esta atitude de Jesus exprime o amor universal de Deus que deseja que todos os homens se salvem, fazendo nascer ao mesmo tempo o sol sobre os justos e os pecadores.

Esta atitude aberta de Jesus incomodou os fariseus, convencidos que eram os “eleitos”, ou, como se diz na linguagem dos “media”, tinham o “exclusivo”. Jesus responde-lhes: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” e “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”. Estas afirmações de Jesus podem levar-nos a reflectir sobre os destinatários da nossa acção evangelizadora, não esquecendo de que também somos pecadores e, por isso, necessitamos da salvação que vem do Senhor, mas que para a receber é necessária uma atitude aberta e humilde e nunca auto-suficiente. A tentação de pensar que a salvação está assegurada é antiga. O povo judeu considerava-se o povo eleito e, através de ritos e de práticas cultuais, de ofertas e de sacrifícios, pensava que tinha Deus sempre do seu lado. Os profetas foram sempre recordando que a verdadeira fé supõe as obras. Por isso, hoje, Oseias diz-nos na primeira leitura: “Procuremos conhecer o Senhor”, ou seja, em primeiro lugar, amar o Senhor com todo o coração. “Eu quero misericórdia e não sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos”. Jesus usa esta frase no evangelho para justificar a sua presença entre os pecadores que estão mais receptivos a uma mensagem de salvação que os próprios justos. Esta ideia aparece também no salmo responsorial: o que Deus dá mais importância não são os sacrifícios nem os holocaustos, mas a vida, “A quem segue o caminho recto darei a salvação de Deus”.

S. Paulo oferece-nos, neste Domingo, uma reflexão idêntica. A ideia central da sua Carta aos Romanos é a seguinte: o que salva não é o cumprimento escrupuloso da Lei do Antigo Testamento, mas a fé em Deus e a graça obtida por Jesus Cristo. Na segunda leitura, S. Paulo apresenta-nos o exemplo de Abraão que, “perante a promessa de Deus, não se deixou abalar pela desconfiança, antes se fortaleceu na fé, dando glória a Deus”. E isto Deus teve em sua consideração como também tem em consideração a vivência e a firmeza da nossa fé em Jesus morto e ressuscitado “para nossa justificação”.

Hoje, não somos escravos de ritos e de formas legalistas como em outros tempos. Porém, é sempre oportuno recordar que deve haver coerência entre a fé e a vida. Recordemos o evangelho do Domingo anterior: “Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus”. Sendo assim, a nossa fé deve expressar-se não só com palavras, com teorias, com formas externas, mas também com um amor verdadeiro a Deus e aos irmãos, esforçando-nos por viver como Jesus em todos os momentos da nossa vida (“uma vida santa” – oração depois da comunhão). A Oração Colecta deste Domingo é um resumo da nossa reflexão: “ensinai-nos com a vossa inspiração a pensar o que é recto e ajudai-nos com a vossa providência a pô-lo em prática”.

11-06-2023

 

Leitura Espiritual

«Segue-Me»

 

«Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: “Segue-Me”». Não o viu tanto com os olhos do corpo, mas com o seu olhar interior, cheio de misericórdia. Jesus viu um publicano, compadeceu-Se dele, escolheu-o e disse-lhe: «Segue-Me», isto é, imita-Me. Convidou-o a segui-lO, mais que com os passos, no modo de viver. Porque «quem diz que permanece em Cristo deve também proceder como Ele procedeu» (1Jo 2,6).

Mateus levantou-se e seguiu-O. Não devemos admirar-nos de que o publicano, ao primeiro chamamento do Senhor, abandonasse os negócios terrenos em que estava ocupado e, renunciando aos seus bens, seguisse Aquele que via totalmente desprovido de riquezas. É que o Senhor chamava-o exteriormente com a sua palavra, mas iluminava-o de um modo interior e invisível para que O seguisse, infundindo na sua mente a luz da graça espiritual, para que pudesse compreender que Aquele que na Terra o afastava dos negócios temporais lhe podia dar no céu tesouros incorruptíveis (cf Mt 6,20).

«Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos». A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores um exemplo de penitência e de perdão. Foi, na verdade, um belo e feliz precedente: aquele que havia de ser apóstolo e doutor das gentes atraiu consigo ao caminho da salvação, logo no primeiro momento da sua conversão, um numeroso grupo de pecadores. (São Beda, o Venerável, c. 673-735, monge beneditino, doutor da Igreja, Homilias sobre os evangelhos I, 21).

 

 

Avisos e liturgia da Celebração do Domingo da Santíssima Trindade – ano A

 

Neste Domingo, celebramos o “Mistério de Deus”. Talvez seja uma das celebrações que mais nos custa a entender, porque para cada celebração somos congregados “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Ou como diz São Paulo, na segunda leitura: “a graça de Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. Estamos tão habituados a ouvir estas palavras que nem pensamos no que estamos a dizer. Ao menos uma vez por ano, a Igreja convida-nos a reflectir e a celebrar a solenidade do nosso Deus, que é Trindade, aberto ao amor e necessitado de amor. Deus é relação entre pessoas como o amor é relação entre pessoas. O amor esconde e revela Deus.

Deus é amor (1Jo 4,8). Esta definição da primeira carta de São João revela o dinamismo da história da salvação: Deus faz uma promessa, a Aliança, com a humanidade, e perante a infidelidade humana Deus responde com o perdão e a reconciliação. Isto já podemos constatar no Antigo Testamento. A primeira leitura narrava-nos o momento em que Deus renova a Aliança, depois do episódio do bezerro de ouro. O povo foi infiel ao Senhor, que o tinha libertado da escravidão do Egipto. Moisés intercede pelo povo para que se revele o rosto misericordioso de Deus, a quem não agrada castigar. No decorrer do livro do Êxodo, isto vai repetir-se em diversas ocasiões: Deus responde sempre com perdão às infidelidades do povo.

Também no Novo Testamento, podemos constatar este dinamismo redentor. A salvação depende da opção de acolher ou de rejeitar Jesus; por isso, “acreditar” nele é aceitá-lo, alcançando, assim, a vida eterna. Esta parte final do diálogo de Jesus com Nicodemos insiste, sobretudo, na ideia de que a vinda do Filho ao mundo é a realização deste amor salvífico e sem limites de Deus. Mais que enviar o seu Filho, Deus oferece-o a todos nós.

Como podemos exprimir um mistério tão insondável? É tão conhecida a imagem do Pai sentado, sustentando nas mãos a cruz, onde está pregado o seu Filho; por cima deles, está o Espírito Santo, em forma de pomba, iluminando-os e unindo-os no seu amor! É uma imagem que nos recorda que Deus assumiu a nossa natureza humana e que nos convida a participar na sua vida para sempre. Nos braços abertos do Filho, todos podemos sentir o abraço de Deus. O Filho é a imagem da doação e da entrega de Deus; é a melhor expressão de um Deus que é Pai; é a melhor metáfora para revelar a relação, manifestada no Espírito Santo que nos ilumina e cuida. É imenso o amor que nos tem, a dor que sente por nós, a disposição de se sacrificar para o nosso bem, a proximidade a tudo e a todos. Por isso, entrega-se na Cruz, que, ao mesmo tempo, esconde e revela tudo isto. A cruz, cravada no solo, é uma árvore que nos acolhe com os braços abertos. É o sinal da nossa salvação e do nosso perdão. Uma árvore com três braços. Um Deus em três pessoas. Um Deus de relação, comunidade e compromisso.

Não percamos tempo em tentar explicar racionalmente a realidade de um único Deus em três pessoas. Em vez de tentar explicar o “como”, procuremos contemplar “quem” nos espera e não se cansa de esperar: Deus, “clemente e compassivo, sem pressa para Se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade”. É Nele que devemos colocar toda a nossa confiança e esperança.

 

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04-06-2023

Leitura Espiritual

«Para que todo o homem que acredita nele tenha a vida eterna»

 

Insensatos, que não cessais de revelar-vos indiscretos na procura da Trindade, sem vos contentardes em acreditar tão-só que Ela existe, tal como vos orienta o Apóstolo, ao dizer: «quem se aproxima de Deus tem de acreditar que Ele existe e recompensa aqueles que O procuram» (Hb 11,6). Que ninguém se ocupe de questões supérfluas, mas se contente em apreender o conteúdo das Escrituras, que dizem que o Pai é uma fonte — «o meu povo abandonou-Me, a Mim, nascente de águas vivas» (Jr 2,13); «abandonaste a fonte da sabedoria» (Br 3,12) — e é luz: «Deus é luz» (1Jo 1,5). O Filho, em relação a essa fonte, é um rio, de acordo com o salmo: «Enches, a transbordar, o rio caudaloso» (Sl 65,10), e em relação à luz é «resplendor da sua glória e imagem fiel da sua substância» (Hb 1,3).

Assim sendo, o Pai é luz, e o Filho o seu resplendor. E é no Filho que somos iluminados pelo Espírito, como diz também Paulo: «que o Pai vos dê o Espírito de sabedoria e vo-lo revele, para O conhecerdes, e sejam iluminados os olhos do vosso coração» (Ef 1,17-18). É, porém, Cristo quem nos ilumina nele quando somos iluminados pelo Espírito, pois a Escritura diz: «O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9).

Para além disso, sendo o Pai fonte e Cristo rio, é dito igualmente que bebemos do Espírito: «e todos bebemos de um só Espírito» (1Cor 12,13). Dessedentados, pois, pelo Espírito, é de Cristo que bebemos, porquanto bebemos «de um rochedo espiritual que os seguia, e esse rochedo era Cristo» (1Cor 10,4). Ora, sendo o Pai o «único Deus sábio» (Rm 16,27), o Filho é a sua sabedoria, porque «Cristo é poder e sabedoria de Deus» (1Cor 1,24). Por conseguinte, ao recebermos o Espírito de sabedoria, recebemos o Filho e adquirimos a sua sabedoria. O Filho é a vida, pois Ele disse: «Eu sou a Vida» (Jo 14,6).

Mas também se diz na Escritura que somos vivificados pelo Espírito, quando Paulo afirma que «o Pai, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que habita em vós» (Rm 8,11). Ao sermos vivificados pelo Espírito, é Cristo que Se faz vida em nós: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gl 2,20). Existindo assim no seio da Trindade uma tal correspondência e uma tal unidade, quem poderá separar o Filho do Pai, e o Espírito do Filho ou do Pai? O mistério de Deus não é concedido ao nosso ser com discursos eloquentes, mas pela fé e por via de preces respeitosas. (Santo Atanásio, 295-373, bispo de Alexandria, doutor da Igreja, Carta I a Serapião, 19; PG 26, 573).

 

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Solenidade de Corpus Christi Festa Santo Padroeiro Cartaz – 1

Avisos e Liturgia do Domingo de Pentecostes- ano A

 

O livro dos Atos dos Apóstolos diz que “estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Mas quem? Na maioria das pinturas, retábulos e ícones, encontramos treze pessoas: Maria e os apóstolos, que voltaram a ser doze com a escolha de Matias, substituindo Judas Iscariotes. Isto leva-nos a identificar facilmente este grupo inicial da Igreja com a hierarquia actual, pois os bispos são os sucessores dos apóstolos. Mas, afinal, quem eram, na verdade, estes “todos” que estavam reunidos no mesmo lugar? Se o texto não diz quem são, o autor deve partir do pressuposto que já sabemos. Pois, um pouco antes, o livro dos Atos dos Apóstolos diz-nos quem eram aqueles que se encontravam reunidos em oração depois da Ascensão do Senhor. Sim, eram os doze. Mas também algumas mulheres; as que tinham cuidado de Jesus e dos seus discípulos, as que se mantiveram firmes perto da cruz de Jesus; as primeiras a ir ao sepulcro e a encontrá-lo vazio, com a pedra removida. Estavam também os irmãos dele, o grupo dos familiares que se tinham afastado dele e que o tinham considerado louco; agora, estavam juntos, pensando, talvez, no benefício que podiam usufruir pelo grau de parentesco com o ressuscitado. A presidir a todo este grupo, como membro da família e discípula, estava Maria, a Mãe.

O Espírito Santo desce sobre todos e transforma-os. Abrem as portas de casa e começam a exprimirem-se nas diversas línguas, de tal maneira que “a multidão ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua”. Pedro tomará a palavra e será como se todos falassem pela sua boca. Todos ficaram surpreendidos e maravilhados; converteram-se e aumentarem o número dos discípulos. A partir daquele dia, o Espírito Santo motiva a Igreja a sair e a ser missionária. Tomando a forma de umas línguas de fogo, o Espírito Santo “poisou uma sobre cada um deles”. Por isso, o Espírito Santo não é propriedade da hierarquia, mas, soprando onde quer e como quer, actua sobre toda a Igreja, homens e mulheres, leigos e ministros, desde o Papa até ao último dos baptizados.

Por isso, neste dia, tomamos consciência de que todos somos apóstolos e missionários, onde quer que estejamos: na família, no emprego, com os amigos e vizinhos, com todos, mesmo nos contactos do Whatsapp e das redes sociais. Somos apóstolos por obra do Espírito Santo. Por isso, temos de caminhar juntos, sinodalmente, em comunhão, e de ir ao encontro do mundo de hoje.

Exprimiam-se em diversas línguas e todos entendiam. Agradeçamos ao Espírito Santo a beleza de uma Igreja que, desde o princípio, é como um corpo humano formado por diversos membros. Quando cada um cumpre a sua função, o corpo actua coordenadamente. Acolhamos e agradeçamos a Deus os diferentes carismas que suscita entre nós. Não esqueçamos que o Espírito Santo “faz-nos” diferentes, mas põe-nos em sintonia para que, juntos, realizemos uma obra que não poderemos conseguir separados uns dos outros. Temos de colaborar na promoção deste trabalho em conjunto, desta comunhão fazendo caminho. Somos Igreja em saída.

 

28-05-2023

Leitura Espiritual

«Envias o teu Espírito e renovas a face da Terra» (Sl 103,30)

 

Segundo o desígnio de Deus, no princípio, o Espírito de Deus encheu o universo, «alargando o seu vigor de um extremo ao outro do mundo e governando todas as coisas com doçura» (Sb 8,1). Mas no que toca à sua obra de santificação, foi a partir do dia de Pentecostes que «o Espírito do Senhor encheu o universo» (Sb 1,7). Foi hoje que este Espírito de doçura foi enviado pelo Pai e pelo Filho, para santificar toda a criatura segundo um plano novo, uma maneira nova, numa nova manifestação do seu poder e da sua força. Outrora, «o Espírito não tinha sido dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado» (Jo 7,39).

Hoje, vindo da sua morada celeste, o Espírito é dado às almas dos mortais com toda a sua riqueza e fecundidade, e este orvalho divino estende-se sobre toda a Terra, na diversidade dos seus dons espirituais. E é justo que a plenitude das suas riquezas tenha descido sobre nós do alto dos Céus, uma vez que, poucos dias antes, por generosidade da nossa Terra, os Céus tinham recebido um fruto de maravilhosa doçura. A humanidade de Cristo é toda a graça da Terra; o Espírito de Cristo é toda a doçura do Céu. Produziu-se então uma troca salvífica: a humanidade de Cristo subiu da Terra para o Céu; hoje, o Espírito de Cristo desceu do Céu sobre nós.

O Espírito Santo age em toda a parte e em toda a parte toma a palavra. Certamente que o Espírito do Senhor foi dado aos discípulos antes da Ascensão, quando o Senhor lhes disse: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos». Mas, antes do Pentecostes, não se ouviu a voz do Espírito Santo, não se viu brilhar o seu poder. E o seu conhecimento não tinha chegado aos discípulos de Cristo, que não tinham sido confirmados na coragem, uma vez que o medo os obrigava ainda a esconder-se numa sala fechada à chave. A partir desse dia, porém, «a voz do Senhor domina as águas, cria lâminas de fogo e todos exclamam: Glória!» (Sl 28,3-9) (Santo Aelredo de Rievaulx, 1110-1167, monge cisterciense, Sermão sobre as sete vozes do Espírito Santo no Pentecostes, Sermões inéditos).

 

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Programação de Missas da Semana, de 31 de maio a 04 de junho

Unidade Pastoral das Paróquias de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Cartaz elegante branco de festa da misericórdia – 2