Depois de mais um prémio, fomos conversar com Claúdio Dias, que para muitos é já apelidado “Ronaldo dos Túneis”, tem sido um percurso de sucesso que este jovem do concelho de Mangualde tem feito, sendo já uma séria referência nesta área.
Magazine Serrano – Ao longo destes anos tem sido premiado em diversas índoles, para um jovem é motivo de orgulho, mas fruto de muito trabalho?
Claúdio Dias – Claro que os prémios são sempre uma conquista e um reconhecimento de um percurso que tem sido de muita motivação, mas também de muito trabalho e persistência. Acho que isso vem do bom exemplo que tive em casa, dos meus pais Alfredo e Cila Dias, que são pessoas muito trabalhadoras e o meu maior exemplo de vida. Gostaria de lhes agradecer todo o apoio que sempre me deram para perseguir os meus sonhos e acreditarem em mim desde o princípio.
Depois de terminar, o Mestrado, teve de sair para o exterior para iniciar e desde aí um percurso de sucesso?
Sim, depois de terminar o meu Mestrado em Engenharia Civil na Universidade do Porto (FEUP) em 2011, era praticamente impossível encontrar emprego na minha área da minha especialização, a Geotecnia, em Portugal. Como muitos colegas e portugueses, optei por ir para o estrangeiro e no meu caso fui para São Paulo, Brasil, o que me permitiu começar a trabalhar na área dos túneis em projetos para os metros de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Felizmente, tive uma formação muito boa na FEUP, o que me permitiu adaptar-me rapidamente a novas metodologias de trabalho nos diversos países onde trabalhei, como foram o Brasil, Reino Unido e agora Espanha.
Depois de receber este último prémio, foi mais uma grande conquista?
O prémio de melhor Engenheiro de Túneis Jovem da Associação Internacional de Túneis foi uma grande realização e conquista de um percurso de 12 anos a trabalhar na área de obras subterrâneas e túneis. O prémio é conhecido como o “Óscar” dos túneis, com nomeados de países onde se constroem centenas de quilómetros de túneis por ano, como a China, a Austrália, a Itália ou a Índia. Fiquei particularmente satisfeito porque é a primeira vez que o prémio é atribuído a um português e é bom ajudar a divulgar a excelente qualidade da engenharia que temos em Portugal.
Tem feito um excelente trabalho na área dos túneis e já vai passando alguma formação a novos engenheiros também?
Sim, há cerca de três anos fui convidado para dar a primeira formação online especializada no domínio da engenharia de túneis e pude desde aí desenvolver a minha paixão pelo ensino da engenharia de projetos. Atualmente, dou dois cursos sobre túneis, um em espanhol e outro em inglês. Já tive mais de 150 alunos nos meus cursos, o que me deixa muito feliz, mas também com um grande sentido de responsabilidade e motivação para fazer mais e melhor. A grande maioria dos alunos é de países desenvolvidos como a Austrália, os Estados Unidos ou de países europeus, mas também tenho muitos alunos de países em desenvolvimento que tiveram pouco contacto com formação académica em túneis e é uma grande motivação ajudá-los nos seus projetos de investimento ou de construção e partilhar a minha experiência e boas práticas internacionais.
Quando visita a sua terra natal de certo as pessoas interpelam sobre as conquistas?
Sim, por vezes dão-me os parabéns e é muito motivador quando me dizem que estou a representar muito bem a minha terra “lá fora”. A propósito, quero agradecer a toda a minha família e amigos de Chãs de Tavares todo o carinho e apoio que me têm dado e é sempre um prazer regressar às minhas origens. Quanto mais viajo, mais descubro que não há lugar como a minha terra.
Depois destas distinções, quais as suas metas para o futuro?
Continuar a minha carreira profissional, aprender e ensinar o melhor que puder e, acima de tudo, ajudar na minha área de engenharia civil em infraestrutura, como são os projetos de Metros. Atualmente, estou a liderar o projeto da Linha Rubi do Metro do Porto. Depois de tantos projetos de Metro por todo o mundo, é um grande prazer trabalhar neste importante projeto para a área metropolitana do Porto.
Gostaria de continuar a dar formação de engenharia e talvez também a nível universitário. Sentir-me-ia especialmente realizado se um dia pudesse regressar à Universidade do Porto como docente.
Que mensagem deixa a toda a comunidade em geral?
Acima de tudo, acreditem nos vossos sonhos e lutem por eles. Muitas vezes me disseram que o que eu queria fazer não era possível, mas quando me empenhei e persisti, consegui realizar muitos dos meus sonhos.
Para a geração mais jovem, o meu conselho é que corram o risco de perseguir os vossos sonhos onde quer que eles vos levem, e sei que não é fácil sair da zona de conforto, mas penso que é muito pior quando não os perseguem e correr o risco de se arrependerem um dia mais tarde, acreditem que é possível e persigam os vossos sonhos porque eles são realizáveis quando acreditam em vocês próprios.