A campanha «Mangualde, o nosso património!», que voltou a ser quinzenal, destaca nesta segunda quinzena de abril o Portal Quinhentista de Pinheiro de Tavares. Promovida pela autarquia, esta campanha tem como objetivo aproximar a população do património mangualdense do mais belo que existe no concelho.
A aldeia de Pinheiro de Tavares, da freguesia de São João da Fresta, é rica em vestígios arqueológicos que são a evidência científica que aquele lugar foi, desde muito cedo, escolhido pelo homem para aí assentar modos e formas de vida. São inúmeras as pegadas da ocupação romana – várias lápides ainda ali existentes, reaproveitadas na construção das casas -, cerâmicas de origem romana, elementos arquitectónicos, mas, também, no aglomerado da localidade, podemos ver um vão de porta quinhentista, ou seja, do século XVI. De arestas chanfradas, quer nos umbrais quer na torça, a dimensão do portal é pequena. Não percebemos se a casa que hoje compreende o portal é a original – com as naturais e necessárias alterações e adaptações -, ou se o portal foi para ali, algures no tempo, transladado, vindo de outra casa vizinha, ou apenas destacado nalgum momento de remodelação da casa. Atesta, de qualquer das formas, uma permanência humana nestas paragens, ao longo do século XVI.
A ilação histórica mais interessante deste dado da arqueologia da arquitectura não é tanto dar solução à questão levantada, mas fundamentalmente concluir da continuidade de povoamento da localidade. Isto é, os vestígios romanos e o portal quinhentista deixam, de alguma forma, perceber a continuidade de povoamento naquelas paragens, com seguimento até aos dias de hoje, apesar do hiato de vestígios entre os dois períodos históricos (não por que não existam, mas tão só porque não os distinguimos ou não nos temos interessado por eles e, por isso, entram na categoria de “invisíveis”).
Terão sido a pastorícia de gado ovino e caprino e o fabrico secularmente artesanal de queijo as bases da economia, suficientemente fortes para ali fixarem pessoas ao longo da História. Ainda hoje, essas actividades são ali as mais evidentes.
Admitindo, então, em Pinheiro, um processo histórico de continuidade de povoamento, a realidade dos dias de hoje é a inevitável disrupção desse processo, bem como noutras vizinhas localidades das antigas Terras de Tavares. Dramática e irremediavelmente.
Coordenadas geográficas: 40º 37.947’N; 7º 34.043’O
António Tavares, Gabinete de Gestão e Programação do Património Cultural da CMM
Com esta campanha todos ficam mais próximos do vasto esplendor patrimonial do nosso concelho. Nesse sentido, continua a ser colocada, nos meios digitais do município, a informação sobre o monumento/património apresentado.
Foram já vários os bens patrimoniais destacados por esta campanha nos últimos anos. A título de exemplo, Já foram destacados os Refrigerantes Condestável de Abrunhosa do Mato, os Bordados de Tibaldinho, a Casa dos Condes de Mangualde, a Fonte de Ricardina, vestígios arqueológicos ao tempo do Império Romano em Pinheiro de Tavares, a Capela de São Domingos de Ançada, a Carvalha, a Capela de Santo António em Mesquitela, a Fundação de Nossa Senhora da Saúde de Cunha Alta, os símbolos maçónicos e o Solar de Santa Eufémia. Mais recentemente, estiveram em destaque o Santuário de Santa Luzia, em Freixiosa; a Casa de Darei, na aldeia de Darei, freguesia de Mangualde, a Igreja Matriz de Várzea de Tavares, a Calçada Romana de Mourilhe; a Igreja de São Pedro de Cunha Alta; e a Capela de São Sebastião, em Santiago de Cassurrães, a Alminha de Tabosa, a Capela de São Domingos de Vila Mendo, o Pontão da Amieira, em Quintela de Azurara, o Depósito da Cruz da Mata e a “Senhora da Graça, ou do Alqueve – Fortaleza de Deus?”.