Depois da reflexão da parábola do Pai Misericordioso, neste Domingo, nas leituras bíblicas, encontramos a forma de viver a misericórdia e um grande exemplo de Jesus Cristo a exercer a misericórdia: o perdão à mulher pecadora. Tendo em conta a primeira leitura do profeta Isaías, podemos afirmar que a misericórdia de Deus convida-nos a não recordar o passado, porque as águas da sua graça divina limparam a nossa consciência no dia do nosso baptismo, abriram caminho no deserto da nossa vida e fizeram correr rios na terra árida do nosso coração. Na segunda leitura, São Paulo afirma que a misericórdia divina lança-nos para a frente na vida, sem olhar para trás, rumo à meta da santidade. Jesus Cristo é a expressão máxima da misericórdia de Deus, perdoando quando confessamos os nossos pecados, dizendo: “Vai e não tornes a pecar”. Como se isto não bastasse, Ele avisa-nos para não atirarmos pedras de condenação aos outros, porque não somos juízes de ninguém.
O texto do evangelho diz-nos que os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em flagrante adultério. Esta mulher estava solteira e era noiva. Por isso, os seus acusadores, profissionais da lei, pedem contra ela a pena de morte por apedrejamento. A mulher sabe a morte que lhe espera e não se queixa, sabe que pecou. Mas, onde está o homem com quem foi apanhada em flagrante adultério? Nada se sabe dele, talvez escondido em algum lado ou no meio daqueles que a queriam apedrejar. Ninguém atira uma pedra, porque todos são pecadores! Os mais jovens não começaram atirar pedras, porque ainda eram ingénuos, os mais velhos nada fizeram, porque já sabiam todas as estratégias de atirar pedras aos outros e esconder a mão.
07-04-2019
Os escribas e os fariseus não apedrejaram logo a mulher pecadora, porque queriam armar uma cilada a Jesus e, assim, terem pretexto para O acusar. Será que Jesus iria lançar a primeira pedra sobre esta mulher? Se Jesus fosse contra a Lei, seria já motivo de acusação e da sua condenação. Se Jesus ficasse indiferente perante este caso, perderia toda a sua autoridade, porque iria contradizer toda a sua pregação, fundamentada no amor e na misericórdia. Durante a sua vida, Jesus confundiu muitas vezes os seus inimigos com a sua sabedoria, deixando-os sem resposta e obrigando-os a mudar de atitude. Neste episódio da mulher adúltera, Jesus procedeu do seguinte modo: em primeiro lugar, “inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão”; em segundo lugar, como persistiam em interrogá-lo, Jesus dá uma resposta brilhante, através da qual consegue três coisas: não contradiz a lei e assim não o podem acusar; perdoa a mulher pecadora e assim faz o que o seu coração deseja; e confunde os escribas e os fariseus, afirmando: “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Jesus condena o adultério, mas não condena a mulher adúltera: “Ninguém te condenou? Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”. Coisa impressionante! Condena-se o pecado, mas não o pecador! Em toda a história da humanidade, só existiu um homem inocente que, na hora de atirar a primeira pedra, inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão, espantou os acusadores e perdoou a mulher pecadora.
Com este gesto de Jesus, o que podemos aprender para a nossa vida? Quantos de nós talvez andemos a guardar pedras para atirá-las contra os nossos irmãos pecadores? Quantos de nós já atirámos pedras com a nossa língua afiada, com a nossa inveja, com o nosso desprezo e silêncio? Não desanimemos porque pecamos, porque Deus é misericórdia. Tenhamos a coragem de lhe pedir perdão e mudar a vida. Sejamos firmes contra o pecado, mas cheios de misericórdia com o pecador. Que o Senhor tenha piedade de mim que sou um pecador e que me dê um coração manso e humilde, semelhante ao Seu.
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PREPARAR AS CELEBRAÇÕES PASCAIS
A Congregação para o Culto divino publicou, em Janeiro de 1988, uma “Carta circular” que retoma, explicita e particulariza as normas litúrgicas relativas à preparação e celebração das Festas Pascais e sugere oportunos temas da catequese do máximo interesse para a vivência da Páscoa. Destacamos algumas propostas:
1. “Tal como a semana tem o seu início e o seu ponto culminante na celebração do Domingo, sempre caracterizado pela sua índole pascal, assim também o centro culminante de todo o ano litúrgico refulge na celebração do sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor, preparada pela Quaresma e prolongada na alegria dos cinquenta dias seguintes“. (Carta circular, Preparação e celebração das Festas pascais [PCFP], nº 2). Toda a pastoral e, assim, a pastoral litúrgica, devem brotar da e convergir para a celebração anual da Páscoa.
2. “A caminhada anual de penitência da Quaresma é o tempo de graça durante o qual se sobe à santa montanha da Páscoa. O tempo da Quaresma, com a sua dupla característica, prepara quer os fiéis quer os catecúmenos em ordem à celebração do mistério pascal… Os fiéis, dedicando-se com mais assiduidade a escutar a Palavra de Deus e a uma oração mais intensa, e mediante a penitência, preparam-se para renovar as suas promessas baptismais. (PCFP, nº 6)
3. “Toda a iniciação cristã comporta um carácter eminentemente pascal enquanto é a primeira participação sacramental na Morte e na ressurreição de Cristo. Por esta razão convém que a Quaresma adquira o seu carácter pleno de tempo de purificação e de iluminação…; a própria Vigília Pascal há-de ser tida como o momento mais adequado para celebrar os Sacramentos da iniciação” (PCFP, nº 7).
4. “…Os pastores recordem aos fiéis a importância que tem para fomentar a sua vida espiritual a profissão da fé baptismal que, “terminado o exercício da Quaresma”, são convidados a renovar publicamente na Vigília Pascal” (PCFP, nº 8). Este é o programa próprio da Quaresma.
5. Durante a Quaresma há que organizar uma catequese para os adultos… Ao mesmo tempo, estabeleçam-se celebrações penitenciais… (PCFP, nº 9).
6. “O tempo da Quaresma é também tempo apropriado para levar a cabo os ritos penitenciais, a modo de escrutínios… também para as crianças, já baptizadas, antes de se abeirarem pela primeira vez do Sacramento da Penitência” (PCFP, nº 10).
7. “Deve ministrar-se, sobretudo nas homilias do Domingo, a catequese do mistério pascal e dos sacramentos…” (PCFP, nº 12).
8. “Os pastores exponham a Palavra de Deus mais a miúdo e com maior empenho, nas homilias dos dias feriais, nascelebrações da Palavra de Deus, nas celebrações penitenciais, nas pregações especiais próprias deste tempo, nas visitas que façam às famílias ou a grupos de famílias para a sua bênção. Os fiéis participem mais frequentemente nas Missas feriais e, se isso não lhes for possível, serão convidados para ao menos ler, em família ou privadamente, as leituras do dia” (PCFP, nº 13).9. “A Igreja celebra todos os anos os grandes mistérios da redenção humana, desde a missa vespertina da Quinta-feira “In Cena Domini” até às vésperas do domingo da ressurreição. Este espaço de tempo é justamente chamado o “tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado” e também tríduo pascal, porque com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da Páscoa, isto é, a passagem do Senhor deste mundo ao Pai. Com a celebração deste mistério a Igreja, por meio dos sinais litúrgicos e sacramentais, associa-se em íntima comunhão com Cristo seu Esposo” (PCFP, nº 38).
10. “É muito conveniente que as pequenas comunidades religiosas, quer clericais, quer não, e as outras comunidades laicais participem nas celebrações do t r í d u o pascal nas igrejas maiores. De igual modo, quando em algum lugar é insuficiente o número dos participantes, dos ajudantes e dos cantores, as celebrações do tríduo pascal sejam omitidas e os fiéis reúnam-se noutra igreja maior. Também onde mais paróquias pequenas são confiadas a um só sacerdote, é oportuno que, na medida do possível, os seus fiéis se reúnam na igreja principal para participar nas celebrações. Para o bem dos fiéis, onde ao pároco é confiada a cura pastoral de duas ou mais paróquias, nas quais os fiéis participam em grande número e podem ser realizadas as celebrações com o devido cuidado e solenidade, os mesmos párocos podem repetir as celebrações do tríduo pascal, respeitando-se todas as normas estabelecidas” (PCFP, nº 43). “Nestas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se unifica a Igreja una, santa, católica e apostólica” (LG 26)
11. “É desejável que, segundo as circunstâncias, seja prevista a reunião de diversas comunidades numa mesma igreja, quando, por razão da proximidade das igrejas ou do reduzido número de participantes, não se possa ter uma celebração completa e festiva. Favoreça-se a participação de grupos particulares na celebração da vigília pascal, na qual todos os fiéis, formando uma única assembleia, possam experimentar de modo mais profundo o sentido de pertença à mesma comunidade eclesial. Os fiéis que, por motivo das férias, estão ausentes da própria paróquia sejam convidados a participar na celebração litúrgica no lugar onde se encontram” (PCFP, nº 94).
Ano C - Tempo da Quaresma - 5º Domingo - Boletim Dominical