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Artigo de Augusto Falcão— Desfibrilhação

Antes de mais nada, devo referir, que tudo o que eu escrever aqui, está devidamente referenciado nos manuais do INEM no capítulo de SBV / DAE adulto.

E digo adulto porque a desfibrilação, apesar de ser indicada em crianças, tem um peso maior nos adultos. Isto porque a grande maioria das paragens cardiorrespiratórias
em adultos tem causas cardíacas, logo passíveis de uso de desfibrilhadores, enquanto nas crianças a maioria das causas das paragens cardiorrespiratórias tem origens respiratórias.

Sendo assim, e antes de falar de desfibrilhadores e do que é a desfibrilhação vamos falar um pouco do coração.

O coração, é um órgão que conjuntamente com os vasos sanguíneos, constitui o sistema cárdio-circulatório, sistema essa que tem como função primordial enviar sangue rico
em oxigénio e açúcar ( de uma forma muito simples) para as células de todo o corpo para que, essas mesmas células possam produzir energia para que a gente possa fazer tudo
o que possam imaginar; é responsável também por receber o sangue que contém dióxido de carbono ( que resulta do uso de oxigénio nas células) e de remover os produtos
resultantes da produção de energia nas células.

O coração é um órgão musculoso, com ritmo próprio; ou seja, todo o coração é um músculo, e que ao contrário dos outros músculos do corpo, não depende de ordens do
cérebro para trabalhar; enquanto os outros músculos do corpo necessitam de ordens do cérebro, para trabalharem (ordens dadas por ritmos elétricos), o coração tem duas
“pilhas” inseridas no próprio coração, que produzem esse ritmo elétrico, que depois faz com o que coração trabalhe de forma organizada.

Ou seja, de uma forma muito simples, o coração tem dois ritmos diferentes; um elétrico que depois, se corretamente feito, se traduz num ritmo mecânica que é aquilo que nós
chamamos de batimentos cardíacos.

O coração tem ainda em termos anatómicos 4 cavidades; duas aurículas e dois ventrículos, sendo o mais importante o ventrículo esquerdo, que é o responsável pelo envio de todo o sangue oxigenado e rico em açúcar para o corpo inteiro.

Falando agora da desfibrilhação, é importante que se perceba em que contexto pode ser usada. A PCR é um acontecimento súbito, constituindo-se como uma das principais causas de morte na Europa e nos Estados Unidos da América. Afeta entre 55-113 pessoas /100,000 habitantes, estimando-se entre 350,000-700,000 indivíduos afetados
por ano, só na Europa. A análise efetuada aos equipamentos de DAE utilizados logo após uma paragem cardíaca, indica uma elevada percentagem (76%) de vítimas com um
incidente arrítmico particular: Fibrilhação Ventricular. Está demonstrado que a desfibrilhação precoce, realizada entre 3 e 5 minutos após o colapso da vítima, resulta em taxas de sobrevivência de 50 a 70%.

O International Liaison Committee On Resuscitation (ILCOR) recomenda que, em muitas circunstâncias, profissionais não médicos possam ser autorizados e incentivados a
utilizar desfibrilhadores automáticos externos e o European Resuscitation Council defende que cada ambulância seja dotada de capacidade de desfibrilhação automática externa.

O desenvolvimento técnico dos denominados “desfibrilhadores automáticos externos” (DAE) permite hoje a sua utilização segura, desde que operados por pessoal treinado
especificamente para o efeito.

Ou seja, o objetivo é que quando alguém sofrer uma PCR, a recomendação é que a desfibrilhação seja o mais precoce possível, sendo que dentro daquilo a que se convencionou
chamar a cadeia de sobrevivência, a desfibrilhação precoce é de extrema importância.

Continuarei a falar disto no próximo artigo com a introdução da cadeia de sobrevivência.

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