a) O evangelho deste Domingo narra-nos duas parábolas que nos dizem o que fazem as pessoas que encontraram o tesouro do Reino dos Céus, ou seja, que encontraram Jesus Cristo, Aquele que anuncia e torna já presente este Reino. Segundo estas parábolas, a vida destas pessoas é marcada pelo tesouro encontrado. Não querem ter outra coisa. Deixam tudo o que antes tinham, livram-se de todo o passado, para se entregarem totalmente àquilo que é importante e que acabaram de descobrir. Perante esta passagem evangélica, algumas questões poder-se-ão colocar sobre como o chamamento de Jesus e a vida do Reino marca as nossas vidas de discípulos. Algumas destas questões podem ser pontos de reflexão para a homilia deste Domingo. Mas há um ponto de reflexão que, mesmo que não se desenvolva muito na homilia, está presente: trata-se do Domingo como símbolo desta vida voltada toda ela para o Reino de Deus. Hoje, não podemos pretender que ao Domingo não se trabalhe, como em tempos idos. A sociedade tem a sua autonomia, quanto à religião “cristã”, e também não podemos criar problemas de consciência nas pessoas que, se não trabalham aos domingos, não têm como sustentar-se e sustentar as suas famílias. Portanto, uma “formação” sobre o domingo não deve ter como objectivo o regresso a uma sociedade que já passou, mas descobrir qual a importância que tem para o povo e para os “pastores” a celebração dominical, o Dia do Senhor, sacramento da nossa vida cristã. A importância do domingo, dia em que celebramos a ressurreição do Senhor, reside no facto de que nos recorda semanalmente que estamos convidados a viver uma vida nova. Perderemos o sentido do Domingo, se o seu centro somos nós e não o Reino de Deus. A forma como vivemos o Domingo, em família, na comunidade cristã, com os amigos, expressa que optámos por “vender tudo” para obter o tesouro do Reino dos Céus?
b) Sem qualquer tipo de repetições e muito breve, a homilia pode começar por recordar que já há alguns domingos andamos a escutar e a reflectir as parábolas que estão no capítulo 13 de S. Mateus, salientando que o evangelista deixa bem claro que as parábolas são um meio para revelar o plano de Deus. Por isso, a maior parte delas, começa da mesma forma: “O reino dos céus é semelhante a …”. As parábolas do tesouro e da pérola falam-nos do grande valor do Reino de Deus. É tão valioso que, quem o encontra, deixa tudo em função do Reino. Elas também nos falam da alegria de quem começa a conhecer este Reino. Ao mesmo tempo, Jesus, com estas parábolas, convida-nos a uma opção radical pelo evangelho, o que nos coloca a questão sobre a qualidade da nossa correspondência a Ele. Elas estimulam-nos, reconhecendo as nossas limitações, e alertam-nos a não cair no conformismo de seguir Jesus à distância, sem qualquer compromisso. A propósito da parábola da rede, podemos acentuar algumas ideias que já foram expressas na parábola do trigo e do joio (domingo anterior). No mundo, coexistem o bem e o mal. Mas, aqui, não se acentua tanto esta coexistência, que tem que se levar com paciência e sem fazer juízos de ninguém, mas a separação que acontecerá no fim dos tempos, ou seja, o que está reservado para os que, aqui e agora, se inclinam para o mal. Novamente, um alerta: o juízo a pessoas pertence somente a Deus; a nós pertence discernir o que é bom (para o valorizar) e o que é mau (para lutar contra a corrente) e trabalhar pelo Reino, optando radicalmente por Jesus, com a mesma capacidade de discernir pedida por Salomão na primeira leitura deste domingo. A homilia poderá também ter como ponto de partida a segunda leitura que, apesar de breve, é um bom mote para reflexão. É uma boa oportunidade para reflectir sobre o baptismo que define a origem e o destino das nossas vidas, ao mesmo tempo que nos transforma em imagens vivas de Jesus Cristo.
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Ano A - Tempo Comum - 17º Domingo - Boletim Dominical II