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Avisos e Liturgia do Domingo Ascensão do Senhor- Ano B

 

A Solenidade da Ascensão do Senhor leva-nos a contemplar os últimos momentos da missão de Jesus com as “aparições do Ressuscitado” e o início das comunidades cristãs.

Esta Solenidade baseia-se no texto do livro dos Actos dos Apóstolos, proclamado na primeira leitura deste domingo. A Ascensão ao céu é a descrição de um momento da vida de Jesus Ressuscitado com alguns pormenores importantes: “elevou-Se à vista deles”, para dizer que subiu ao céu, o lugar de Deus; “uma nuvem escondeu-O a seus olhos”, ou seja, tornou-se invisível; “dois homens vestidos de branco” que disseram aos discípulos: “porque estais a olhar para o Céu?”. Por um lado, a Ascensão de Jesus mostra-nos os discípulos a olharem para o céu, e por outro, eles são repreendidos por permanecerem neste olhar “fito no Céu”. Esta elevação do Ressuscitado não significa uma ausência de Deus, mas uma nova maneira de presença, somente visível no íntimo do ser humano através de uma fé plena de alegria e de esperança.

E hoje, para onde devemos orientar o nosso olhar? À nossa volta, longe ou perto, podemos observar momentos, aos quais não podemos ficar indiferentes: as circunstâncias da vida das famílias, da educação, das leis que se querem aprovar sem ter em conta a dignidade da pessoa humana, da cultura, da política, da assistência social, de todas as coisas que são consequência de crises financeiras e económicas e de tantas preocupações e receios que se têm sobre o futuro. Nestes últimos tempos, há uma ideia geral e sempre presente de que as coisas não estão bem não só a nível político, económico e social, mas também a nível moral e espiritual; há desilusão, resignação, tristeza, desânimo. Todavia, existe uma crescente consciência social e solidária, a nível pessoal e de algumas associações para ajudar os que mais sofrem e os mais necessitados, a começar pelos nossos familiares.

Com a Ascensão, Jesus transpõe as barreiras do tempo e do espaço, ou seja, a partir deste momento está presente em todo o tempo e espaço. A Ascensão marca um antes e um depois. Um antes: Jesus termina a primeira parte da sua missão, iniciada Nazaré e Belém até ao Cenáculo e ao Calvário, encerrada pelas suas “aparições” gloriosas. Um depois: A Ascensão de Jesus é início dos novos tempos da Igreja. É evidente que temos de olhar, de sermos sensíveis e próximos com tudo o que acontece à nossa volta, mas sempre com a luz da fé que nos leva a acreditar em Jesus “sentado à direita de Deus”, amando o nosso mundo, porque é o mundo de Deus e o nosso. Pela fé, temos consciência de que Jesus se torna presente na Palavra de Deus, que nos fala através da vida, nos sacramentos e, por excelência, na Eucaristia. Mas também se torna presente no próximo, nos irmãos pobres, doentes, abandonados. Não podemos esquecer a seguinte frase de Jesus: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40). Para estar com Deus não precisamos de nos afastar das circunstâncias da vida, ficando a olhar para o horizonte, porque Ele está em nós, nos outros, na natureza, no universo como princípio, fundamento e horizonte de todos e de tudo. Por isso tem sentido olhar para os outros numa atitude de generosidade, de serviço, de solidariedade, de amor. É assim que colaboraremos na edificação de um mundo mais solidário e fraterno.

A Solenidade da Ascensão é, com efeito, a festa da esperança e do compromisso evangelizador. Também é a festa da alegria: no meio das circunstâncias da vida, podemos viver a alegria imensa dos discípulos que reconhecem que Aquele que foi elevado ao céu, continua sempre a abençoar e a acompanhar a todos, continua a ser a nossa força e o nosso companheiro de viagem da vida.

Elo de Comunhão 16-05-2021

LEITURA ESPIRITUAL

Deus e os homens tornaram-se uma só raça, e é por isso que São Paulo afirma: «somos da raça de Deus» (At 17,29); e, noutra passagem: «somos o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro» (1Cor 12,27). Quer dizer, pela carne que Ele assumiu nós tornamo-nos Sua parentela e temos assim, graças a Ele, uma dupla garantia: no Céu, a carne que de nós tomou; na Terra, o seu Espírito Santo que em nós permanece. […] Porque nos havemos de admirar que o Espírito Santo esteja ao mesmo tempo connosco e no Céu, quando o corpo de Cristo está tanto à direita do Pai quanto connosco na Terra? O Céu recebeu o seu sagrado corpo, e a Terra o Espírito Santo. Depois de nos ter trazido o Espírito Santo com a sua Encarnação, Ele levou o nosso corpo para o Céu na sua Ascensão. Tal é o plano divino, grandioso e surpreendente! Como disse o salmista: «Senhor, nosso Deus, como é admirável o vosso nome em toda a terra!» (Sl 8,2)

A divindade foi, assim, elevada. Como é dito expressamente, «Elevou-Se à vista deles» (At 1,9) Aquele que em tudo é poderoso: o Deus forte, o poderoso Senhor, «o grande Rei de toda a terra» (Sl 47 [46],3). Grande Profeta (Dt 18,15-19), Sumo Sacerdote (Hb 7,26; 8,1), Luz verdadeira (Jo 1,9), Ele é grande em tudo, não só na sua divindade, mas também na sua carne, pois Se tornou Sumo Sacerdote e poderoso Profeta. E como? Escutai o que diz a Escritura: «uma vez que temos um grande Sumo Sacerdote que atravessou os céus, Jesus Cristo, o Filho de Deus, conservemos firme a fé que professamos» (Hb 4,14). Então, se Ele é Sumo Sacerdote e Profeta, é bem certo que «surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo» (Lc 7,16). E se Ele é Sumo Sacerdote, grande Profeta e Rei, também é Luz dos povos: «a Galileia dos gentios, o povo que andava nas trevas, viu uma grande luz» (Is 8,23-9,1; Mt 4,15-16). Temos, pois, o Fiador da nossa vida no Céu, para onde Ele, que é Cristo, nos levou consigo. (Homilia atribuída a São João Crisóstomo, c. 350-407, Sobre a Ascensão,16-17).

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Ano B - Tempo Pascal - Ascensão do Senhor - Boletim Dominical II

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