Tradicionalmente, neste domingo é-nos apresentado Jesus ressuscitado pela imagem do Bom Pastor que reúne, conhece e acompanha com muita ternura e bondade todos aqueles que estão ao seu cuidado. A imagem de Jesus como Bom Pastor era muito querida nos primeiros cristãos. A primeira pintura de Jesus que encontramos nas catacumbas é como Bom Pastor.
O associativismo à volta de interesses comuns, necessidades, projectos e serviços supõe líderes. Um bom líder assume a missão que lhe é confiada com dedicação e generosidade. Tem de se preocupar em concretizar os objectivos e o plano de actividades da associação e em promover o dinamismo, a coesão e o entusiasmo entre os associados. Para exercer a sua missão, deverá ter respeito, delicadeza e espírito de serviço para com as pessoas e para com a respectiva associação que preside. Se se serve da própria entidade para os seus próprios interesses pessoais, o que acontece? É esquecida a generosidade e a partilha e começam a reinar os privilégios, as falsas promessas, as corrupções, os autoritarismos e os abusos de poder. Com o passar dos tempos, damos conta que sempre existiram bons líderes, reconhecidos e apreciados, como também são descobertos aqueles que se aproveitaram dos outros para “subir” na vida. Infelizmente, todos conhecemos exemplos de ambas as partes!
Há mais de dois mil anos que Jesus de Nazaré é reconhecido, valorizado e amado por milhões de pessoas de todas as condições sociais, culturas e religiões. Não é património exclusivo de nenhum grupo nem de nenhuma Igreja, ninguém o pode açambarcar nem “privatizar”: é património da humanidade! Em todo o caso, os que se declaram, como acontece connosco, serem seus seguidores deveríamos ser capazes de manter viva a sua memória e ser mensageiros dos seus valores e da sua maneira de exercer o serviço em todos os diversos sectores da nossa vida: família, vizinhança, emprego, nas paróquias e nas associações.
O texto do evangelho deste Domingo fala-nos de Jesus ressuscitado e da sua maneira de estar ao serviço. Jesus utiliza uma linguagem habitual na tradição religiosa e política do seu tempo, que aos governantes e líderes dava o nome de pastores. Utiliza esta imagem que era muito comum e acessível aos seus conterrâneos, mas, a nós, não! Jesus faz questão de referir as duas maneiras possíveis de ser líder. A experiência nefasta e negativa de tantos maus pastores (Ez 34) abre-se à esperança de um pastor que seja à maneira de Deus, reconhecido como alguém em quem se pode confiar porque sempre respeita, ama, defende, protege, precede e acompanha todos pelos caminhos da vida e da paz (Salmo 23).
As primeiras comunidades cristãs vêm realizadas em Jesus ressuscitado todas estas promessas, como revelam as mais antigas pinturas e como podemos ver no texto evangélico de S. João: “Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas”. Assim, as principais características de Jesus Ressuscitado, o Bom Pastor, são: conhece pessoalmente cada um, ama, dá vida e dá a própria vida e é conhecido por todos. A sua missão transcende o tempo, a história e toda a classe de fronteiras: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor”.
Viver e celebrar a Páscoa é valorizar e transmitir o mistério e a mensagem de Jesus, o Bom Pastor. A missão da Igreja é servir as pessoas, como Jesus ressuscitado, “para que tenham vida”. Anunciar o Evangelho supõe conhecer, amar, servir os irmãos, sempre.
Elo de Comunhão 25-04-2021
Elo de Comunhão 25-04-2021
LEITURA ESPIRITUAL
“O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11). Enquanto Jesus pronunciava estas palavras, os Apóstolos não sabiam que Ele falava de si próprio. Não o sabia nem sequer João, o apóstolo predilecto. Compreendeu-o no Calvário, aos pés da Cruz, quando o vê oferecer silenciosamente a vida pelas “suas ovelhas”.
Quando chegou para ele e para os outros Apóstolos o momento de assumir esta mesma missão, então recordaram-se das suas palavras. Deram-se conta de que, unicamente pelo facto de lhes ter garantido que Ele mesmo agiria por meio deles, os colocaria em condições de realizar a missão. Disto estava bem consciente sobretudo Pedro, “testemunha dos sofrimentos de Cristo” (1 Ped 5, 1), que admoestava os mais idosos da Igreja: “Apascentai o rebanho que Deus vos confiou” (1 Ped 5, 2).
Ao longo dos séculos os sucessores dos Apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, continuaram a reunir o rebanho de Cristo e a conduzi-lo para o Reino dos céus, conscientes de poder assumir uma responsabilidade tão grande apenas “por Cristo, com Cristo e em Cristo”.
Tive esta mesma consciência quando o Senhor me chamou a desempenhar a missão de Pedro nesta amada cidade de Roma e ao serviço de todo o mundo. Desde o início do Pontificado, os meus pensamentos, as minhas orações e as minhas acções foram animadas por um único desejo: testemunhar que Cristo, Bom Pastor, está presente e age na sua Igreja. Ele está continuamente à procura de todas as ovelhas perdidas, para as reconduzir ao redil e atar-lhes as feridas; curar a ovelha débil e doente e proteger a que é forte. Eis por que, desde o primeiro dia, nunca deixei de exortar: “Não tenhais medo de receber Cristo e de aceitar o seu poder!”. Repito hoje com vigor: “Abri, antes, escancarai as portas a Cristo!”. Deixai-vos guiar por Ele! Tende confiança no seu amor! (São João Paulo II, Homilia no 25º aniversário do seu pontificado, 16-10-2003).
http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/
Ano B - Tempo Pascal - 4º Domingo - Boletim Dominical II