“Alegrai-vos sempre no Senhor. Exultai de alegria: o Senhor está perto” (cf. Fl 4,4.5). Este é o convite do 3º Domingo do Advento, conhecido pelo nome de “Gaudete”, porque antecipa já a alegria das festas natalícias que se aproximam. O Advento convida-nos a viver e a espalhar a alegria do encontro com Senhor, servindo e sendo missionários. “Vivei sempre alegres”. A alegria cristã – “exulto de alegria no Senhor” – não é superficial nem provocada, mas é um dom divino que procede da fé e se manifesta na nossa vida, com a certeza de que ninguém no-la poderá tirar. O mundo necessita de ouvir um anúncio de esperança e de ver testemunhos de verdadeira alegria. Este é um dos compromissos da Igreja – de cada cristão – nestes tempos tão conturbados que nos toca viver, devido à situação actual. “A minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação” (1ª Leitura). A alegria de quem acredita em Jesus é uma alegria interior que dá serenidade e que é capaz de subsistir entre as diversas dificuldades presentes na vida, porque também gera laços de solidariedade. Como renovar esta alegria que vem de Deus? Em primeiro lugar, temos de tomar consciência de que é uma graça que temos de Lhe pedir: “orai sem cessar”, “não apagueis o Espírito”, como afirma a segunda leitura. A oração coloca-nos em contacto com Deus e faz-nos encarar a realidade com os olhos do Espírito. Assim, descobriremos a presença de um Messias consolador e libertador, que actua nas nossas vidas e nas vidas das pessoas que nos rodeiam; por isso, é também uma oração de gratidão, porque, como rezamos no “Magnificat”, “a sua misericórdia se estende de geração em geração”. No evangelho, João Baptista apresenta-se como “a voz que clama no deserto”. O grito é a maneira mais eficaz para nos fazermos ouvir numa situação limite: gritamos quando estamos alegres ou quando estamos irritados, quando estamos nos limites da alegria ou do desespero. Em cada celebração eucarística, a Palavra de Deus grita aos nossos “corações atribulados” quando nos sentimos “cativos”, como diz a primeira leitura, para nos abrirmos à fecundidade da esperança de que o “Senhor Deus fará brotar a justiça”, juntamente com a alegria, fruto da nossa coerência. Mas, alerta, porque “no meio de vós está Alguém que não conheceis”! João Baptista pronuncia estas palavras, referindo-se a Jesus. Para nós, são um aviso. Será que já conhecemos Jesus? Comungamos a sua mensagem? A Igreja, que somos todos nós, é, ou não, uma voz de esperança; é, ou não, um farol transparente e límpido que ilumina as pessoas para Jesus? Há que aprender a ser humildes como Maria que colocou toda a sua força e confiança em Deus que salva. O Advento é o tempo para responder a esta pergunta: “Quem és tu…que dizes de ti mesmo”? Para tal, temos de ter em conta os conselhos paulinos: “avaliai tudo, conservai o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal”. Rezemos para que a Igreja – que somos todos nós – estimule o convite de Deus de ser “testemunha da luz”, da alegria do evangelho. A missão de um cristão é ser uma voz que anuncie a Boa Nova aos pobres de todo o tipo com as suas palavras e as suas obras. Façamos nosso o desejo de Paulo: “O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo – se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
LEITURA ESPIRITUAL
«Ele veio para dar testemunho da luz»
Como foi que Cristo veio? Apareceu como homem. E, porque era homem quase ao ponto de Deus estar escondido nele, foi enviado à sua frente um homem notável, para revelar que Ele, Cristo, era mais do que um homem. Quem era ele, esse que havia de dar testemunho da luz? Era um ser notável, este João, um homem de alto mérito, de graça eminente, de grande elevação. Admira-o, mas como se admira uma montanha, que permanece nas trevas enquanto não é envolvida pela luz, pois «ele não era a luz». Não tomes a montanha pela luz. O que devemos, então, admirar? A montanha, mas como montanha. Eleva-te até Àquele que ilumina esta montanha, que é a primeira a receber os raios do sol, a fim de os reenviar para os teus olhos. Dos nossos olhos se diz também que são luz; e contudo, se não se acender a lâmpada à noite, se o sol não nascer durante o dia, os nossos olhos abrem-se em vão. João também foi trevas antes de ser iluminado e só se tornou luz por essa iluminação. Se não tivesse recebido os raios da luz, teria ficado nas trevas como os outros. E onde está a própria luz, essa luz verdadeira «que ilumina todo o homem que vem a este mundo» (Jo 1,9)? Se ilumina todo o homem, também iluminava João, através de quem se queria manifestar. Ela vinha para inteligências enfermas, para corações feridos, para almas com olhos doentes, para gente incapaz de a ver directamente. Ela cobriu João com os seus raios e, proclamando que ele próprio fora iluminado, João deu a conhecer Aquele que ilumina, Aquele que alumia, Aquele que é a fonte de todos os dons. (Santo Agostinho, 354-430, bispo de Hipona, norte de África, doutor da Igreja, Sermões sobre o Evangelho de S. João, nº 2, 5-7).
Paroquiasagb
Unidade Pastoral P. Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã, Algodres e Freixiosa
Programação de Missas e Celebrações de 20 a 24 de dezembro.

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