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Avisos e Liturgia do III Domingo do Tempo Comum – ano A

O texto do evangelho deste Domingo tem a preocupação de afirmar que em Jesus se cumpre a mensagem de libertação e de paz para os gentios da “terra de Zabulão da terra de Neftali”, “caminho de mar, além do Jordão”, duas tribos de Israel, que estavam sob o domínio assírio. O profeta Isaías anuncia a destruição do jugo assírio: verão uma grande luz, portadora de paz e deixarão de habitar nas trevas. Como esta passagem nos recorda a luz do Natal do Senhor! Na noite de Natal, o profeta Isaías anunciava o nascimento de um menino da linhagem de David, que vem restabelecer a liberdade e a casa de David, garantia de paz e de harmonia para todos os povos. O “dia de Madiã” refere-se à vitória de Gedeão e recorda que a libertação virá, graças à intervenção divina, que trará a paz. Além da terra de Neftali e de Zabulão, o evangelho fala da Galileia, terra de fronteira, de encruzilhada de povos, ou seja, o povo judeu (o povo escolhido) relaciona-se com povos pagãos que acreditam noutros deuses. Todos estes povos são convidados a ser o povo de Deus, um povo de povos. Segundo o evangelista Mateus, é a partir da Galileia que se inicia o anúncio da Boa Nova do Reino. Mas também é para a Galileia que, depois da ressurreição, Jesus convida a ir os seus discípulos, para, daí, os enviar a todos os povos. Jesus situa-se na fronteira, na encruzilhada, na periferia. No evangelho, encontramos três momentos. O primeiro momento introduz a actividade de Jesus com um comentário a revelar o cumprimento da profecia, a visão da luz, e o surgir de um reino de justiça e de paz. O segundo momento narra o chamamento e a resposta dos irmãos Pedro e André, e dos irmãos Tiago e João. É um momento de conversão, ou seja, de mudança de estilo de vida perante o anúncio de Jesus. O terceiro momento descreve a actividade de Jesus em toda a Galileia: o anúncio da “boa nova do reino” e as curas de todas as doenças e enfermidades entre o povo. Enquanto a missão de João Batista, o profeta do deserto, se vai desvanecendo, levanta-se “uma grande luz” que realizará a esperança messiânica anunciada por Isaías em favor dos povos oprimidos. A prisão de João assinala o início da missão de Jesus. Cafarnaum, situada na terra de Neftali e de Zabulão, é o centro de irradiação da missão. Já não estamos no deserto, no lado oriental do Jordão, passagem para a terra prometida; mas em Cafarnaum, “o outro lado do Jordão”, onde já resplandece a luz. Jesus começa a revelar-se como servo do Senhor e como “luz das nações”, anunciando que “está próximo o reino dos Céus”. Para acolher esta mensagem, é necessário arrependimento, conversão. O convite à conversão é acolhido pelos irmãos pescadores que Jesus vê e chama. Jesus propõe-lhes uma nova missão em relação ao seu estilo de vida: seguir Jesus é ser pescadores de homens, ou seja, é salvar todos os homens e mulheres. Para esta missão, é necessário caminhar na luz para que não vivamos com medo e dominados pelas injustiças. Nós temos a certeza de que não caminhamos sozinhos, mas com Jesus, como companheiro de viagem que, sempre nos convida a não nos desviarmos da rota que Ele nos indica. Este esforço chama-se conversão. Quando Jesus nos chama, agrada-lhe muito a nossa prontidão, disponibilidade e desprendimento. Finalmente, Jesus quer discípulos com um coração totalmente entregue a Ele, sem receios e medos. Não lhe agradam conflitos, divisões, porque isso não ajuda na credibilidade do anúncio da Boa Nova. A principal raiz dos problemas e das divisões é a vontade de criar uma Igreja “à minha maneira, segundo os meus critérios, ao meu estilo”, tentações tão presentes na Igreja de hoje. Deus não quer sectarismos, mas quer que as feridas e as mágoas sejam sublimadas pela comunhão e por uma linguagem de tolerância, de respeito e de delicadeza, pois é o que requer uma Igreja que é o Corpo de Cristo.

 

22-01-2023

LEITURA ESPIRITUAL

«Para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou»

 

Cristo, digna-Te acender pessoalmente as nossas candeias, Tu que és o nosso Salvador; fá-las brilhar sem fim na tua morada e receber de Ti, luz eterna, uma luz indefectível. Que a tua luz dissipe as trevas e, através de nós, faça recuar as trevas do mundo. Peço-Te pois, Jesus, que acendas a minha candeia com a tua própria luz, e que assim, com essa claridade, eu possa ver o Santo dos Santos, onde Tu, Pai Eterno dos tempos eternos, dás entrada nos pórticos desse Templo imenso (cf Hb 9,11ss).

Que, sob a tua luz, nunca deixe de Te ver e de dirigir para Ti o meu olhar e o meu desejo. Então, só Te verei a Ti no meu coração, e na tua presença a minha candeia ficará para sempre acesa e ardente. Dá-nos a graça, visto que batemos à tua porta, de Te manifestares a nós, Salvador cheio de amor. Compreendendo-Te melhor, que não tenhamos amor senão para Ti, só para Ti.

Que sejas, noite e dia, o nosso único desejo, a nossa única meditação, o nosso pensamento contínuo. Digna-Te derramar em nós todo o amor necessário para que possamos amar a Deus como convém. Enche-nos do teu amor, até que não saibamos amar-Te senão a Ti, que és eterno. Então as águas caudalosas do céu, da Terra e do mar não poderão apagar em nós tão grande caridade, como lemos no Cântico dos Cânticos: «As águas caudalosas não conseguirão apagar o fogo do amor» (8,7). Que se realize em nós, pelo menos em parte, esse crescendo de amor, pela tua graça, Senhor Jesus. (São Columbano, 563-615, monge, fundador de mosteiros, 12.ª Instrução espiritual, 2-3).

 

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