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Avisos e Liturgia- Epifania do Senhor- Ano B

 

Prossegue o tempo do Natal com a celebração da Epifania do Senhor. A oração colecta sempre nos ajuda a alcançar o mistério que celebramos em cada uma das celebrações eucarísticas. Neste Domingo, esta oração recorda-nos que Deus revelou o seu Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela. Também pedimos que o Senhor nos guie para contemplarmos face a face a sua glória. Na narração dos Magos do Oriente encontramos um perfeito itinerário da fé cristã.

Os Magos deixam a estabilidade, o conforto e a segurança dos seus lares para fazerem um caminho, uma viagem. De certeza que preferiam ficar em casa, rodeados da tranquilidade própria de uma habitação confortável. Um sinal no céu despertou-lhes a curiosidade, o espírito de aventura e a vontade de percorrer um caminho, ou seja, de fazer uma viagem que transformará as suas vidas. O caminho que eles fizeram pode ser feito por cada um de nós em qualquer momento da vida. Muitas vezes somos cristãos desinteressados e insensíveis; os nossos pais e avós já eram cristãos e, por isso, também somos e pronto! Os acontecimentos da vida, os sinais dos tempos, despertam-nos da nossa fé acomodada para procurarmos o seu fundamento e alicerce. Da decisão que tomarmos poderão surgir dois caminhos: ou ficamos na mesma e a nossa fé enfraquece, ou decidimos percorrer um caminho que nos leve a contemplar o nosso redentor.

O texto do evangelho de S. Mateus revela-nos que este itinerário não está isento de dificuldades. Os Magos do Oriente também as tiveram. O rei Herodes foi um traidor; aparentemente, desejava conhecer o menino Jesus, mas na realidade pretende servir-se da boa vontade daqueles Magos para concretizar o seu plano: matar o menino Jesus para que só ele possa ser o rei dos judeus. Os Magos poderiam ter-se enganado no caminho, poderiam ter ficado contentes por conhecer o rei Herodes ou poderiam ter atraiçoado o menino Jesus dando a conhecer a Herodes a sua morada. Não o fizeram porque foram fiéis e não se deixaram iludir com as palavras de Herodes. Cuidado! Os falsos ídolos de hoje distraem-nos e separam-nos do que realmente desejamos: o encontro pessoal com o Senhor.

Qual é o momento mais esperado de toda a viagem dos Magos? Aquele em que podemos contemplar face a face a sublime glória de Deus. No ponto de chegada deste caminho encontramos Maria a apresentar-nos Jesus Cristo. Depois da contemplação vem a adoração, porque prostraram-se para O adorar. Não há troca de palavras, não há apresentações; viram o menino e adoram-no. Os Magos ensinam-nos o seguinte: perante o mistério de Deus não há palavras, perante a possibilidade de O conhecer e de O contemplar desponta o silêncio da adoração.

03-01-2021

Abriram os seus tesouros e ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra. Nestas prendas, os Padres da Igreja vêm simbolizadas no ouro a realeza de Jesus Cristo, no incenso a sua divindade e na mirra a sua paixão. Estas prendas são uma representação da identidade de Jesus Cristo. Podemos afirmar que os Magos, depois da viagem, conseguiram descobrir quem é Jesus. Que prendas podemos hoje oferecer ao menino Jesus? É evidente que podemos oferecer ouro, incenso e mirra, mas quem é Jesus Cristo para nós? E se oferecêssemos a nossa vida e a nossa pobreza para que Ele a transforme?

No final da celebração eucarística deste Domingo iremos, como os Magos, regressar às nossas casas. Na Eucaristia temos a oportunidade de nos encontrar e de adorar o Senhor. Celebrando a Eucaristia, transformamos a nossa vida. Que o itinerário dos Magos do Oriente nos ajude hoje e sempre a contemplar face a face a admirável glória de Deus.

 

LEITURA ESPIRITUAL

“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, chegou a tua luz!” (Is, 60,1) Chegou realmente a tua luz; ela estava no mundo e o mundo foi feito por ela, mas o mundo não a conheceu. O Menino nascera, mas não foi conhecido enquanto o dia da luz não começou a revelá-Lo. Erguei-vos, vós que estais sentados nas trevas! Dirigi-vos para esta luz; ela ergueu-se nas trevas, mas as trevas não conseguiram abarcá-la. Aproximai-vos e sereis iluminados; na luz vereis a luz, e dir-se-á sobre vós: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor” (Ef 5,8). Vede que a luz eterna se acomodou aos vossos olhos, para que Aquele que habita uma luz inacessível possa ser visto pelos vossos olhos fracos e doentes. Descobri a luz numa lâmpada de argila, o sol na nuvem, Deus num homem, no pequeno vaso de argila do vosso corpo o esplendor da glória e o brilho da luz eterna!

Nós Te damos graças, Pai da luz, por nos teres chamado das trevas à tua luz admirável. Sim, a verdadeira luz, mais do que isso, a vida eterna, consiste em Te conhecer, a Ti, único Deus, e ao teu enviado, Jesus Cristo. É certo que Te conhecemos pela fé, e temos como seguro que um dia Te conheceremos na visão. Até lá, aumenta-nos a fé. Conduz-nos de fé em fé, de claridade em claridade, sob a moção do teu Espírito, para que penetremos cada dia mais nas entranhas da luz! Que a fé nos conduza à visão face a face e que, à semelhança da estrela, ela nos guie até ao nosso chefe nascido em Belém.

Que alegria, que exultação para a fé dos magos, quando virem reinar, na Jerusalém das alturas, Aquele que adoraram quando vagia em Belém! Viram-No aqui numa habitação de pobres; lá, vê-Lo-emos no palácio dos anjos. Aqui, nos paninhos; lá, no esplendor dos santos. Aqui, no seio de sua Mãe; lá, no trono de seu Pai. (Beato Guerric de Igny, 3º sermão para a Epifania).

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

 

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